Cabula: Movimentos sociais pedem que governador se retrate

Tempo de leitura: 4 min

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Nós, movimentos sociais e entidades da sociedade civil, organizados  em todo território nacional, tornamos pública nossa declaração de repúdio VEEMENTE a mais um episódio parte de um projeto genocida contra o povo negro, que atinge com incidência os jovens em nossa história. Lamentavelmente a ferramenta genocida do estado militarizado sucumbiu mais uma vez a vida e os sonhos da juventude brasileira.

O estado opressor e violento tirou a vida de 13 jovens na noite da ultima sexta feira (06/02) no bairro Cabula, em Salvador – Bahia.

Entendemos que quando uma operação policial termina com treze mortos ela não pode ser vista como normal. Tal sintoma de naturalização da violência policial só demonstra a falência do sistema de segurança pública no Estado da Bahia, que se assemelha a todos os outros estados do país.

Ainda corremos o risco de ver essas mortes serem invisibilizadas quando a grande mídia manipula a contagem das vítimas, alegando constar apenas doze mortos e não treze, como os moradores da comunidade relataram, assim como não divulgar os outros três jovens mortos entre sábado e domingo em bairros próximos ao Cabula.

Compreendemos o genocídio do povo negro como algo estrutural em nossa sociedade. Todos os dias, vários jovens negros são violentados nas periferias, morros e favelas das cidades.

No Brasil, classe e raça andam lado a lado. E, como consequência disso, o povo negro é o que mais sofre com a violência policial, uma vez que a Polícia Militar é um aparato repressivo do Estado, que, por sua vez, atende aos interesses da classe dominante.

A chacina do Cabula não é um caso isolado, mas associado aos casos de Sussuarana, onde a abordagem violenta, o sumiço de jovens e a ameaça a outros tantos é constante, vide o caso do jovem Davi; ela obriga a população negra e pobre a viver à mercê da violenta militarização da sociedade.

A morte dos 13 jovens, traficantes ou não, se agrava pela declaração do governador Rui Costa que, ao elogiar a polícia militar e ilustrar o caso comparando-o com um gol de uma partida de futebol, abre a margem para que outras chacinas ocorram.

Os relatos da população do bairro do Cabula revelam que os jovens assassinados estavam desarmados e rendidos no momento da chacina policial.

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As mortes desses jovens não entrarão na conta dos homicídios cometidos por policiais, mas sim em mais um fraudulento registro de ‘Auto de Resistência’.

Tal política pública, garantida pelo código penal brasileiro, reverbera para a sociedade a utilização legal da pena de morte nas incursões e intervenções da polícia Militar.

Assim, exigimos uma retratação pública do governador da Bahia pelas suas declarações infelizes e a apuração imediata referente aos responsáveis pelas mortes desses jovens negros, além de que sejam identificados e punidos com todo rigor da lei.

Junto a isto, cobramos do Governo do Estado da Bahia o fim imediato das execuções, o afastamento IMEDIATO dos policiais envolvidos no caso, Proteção às testemunhas e famílias, a investigação transparente e independente, com envolvimento do Conselho Nacional de Justiça, do Ministério Público Federal e Estadual e o acompanhamento do Governo Federal na investigação e na implementação de políticas públicas que diminuam a vulnerabilidade da juventude negra à violência.

Neste mesmo sentido, fazemos um apelo à Câmara Federal e aos parlamentares desta casa para que aprovem imediatamente o PL 4471/12, pelo fim dos Autos de Resistência.

Este recurso foi criado no período da Ditadura Militar, no intuito de coibir a investigação de crimes cometidos por policiais e até hoje ele é usado como meio para legitimar a repressão e violência policial.

O que queremos é a igualdade de condições e combater essa lógica racista e repressora. Queremos um Estado mais democrático e anti-racista. Por isso, nossas vozes não ficarão entaladas em nossas gargantas e vamos falar e lutar até sermos ouvidos/as.

Solidarizamos-nos com as famílias das vítimas e com seus vizinhos que ainda em estado de choque tentam compreender o porquê desta chacina. Contra a violência policial, nem um passo atrás!

Brasilia, 11 de fevereiro de 2013.

Assinam a nota:
ABL
AfroMack
Agência de Redes para Juventude – RJ
APNs – Agentes de Pastoral Negros do Brasil
Articulação Brasileira de Jovens Gays
Articulação Política de  Juventudes Negras -APJN
Cenpah – Centro de Pastoral Afro Pe. Heitor Frisotti
Centro de Estudos e Cultura Afro brasileira do Acre – CERNEGRO
Cernegro/AC
Coletivo de Entidades Negras – CEN
Coletivo nacional de Juventude Negra – Enegrecer
Coletivo Negrada – ES
Coletivo No Batente
Coletivo Quilombo
Coordenação das Organizações Indigenas da Amazônia Brasileira (COIAB)
DCE UFRRJ
Diversidade Amazônica
Espaço da Diversidade Paraná
FEJUNE SP
Forum de Mulheres da Amazonia Paraense
Fórum Nacional de Juventude Negra
Grupo Cultural Anastácia Òmìnira
Grupo Ellos Pela Livre Orientação Sexual
Gt Juventude de Terreiro.
Instituto Cultural Afro Mutalembê
Instituto IMANATARA
Instituto Paulista de Juventude – IPJ
Intervozes
JCONEN
JPT
JRECID
Juventude da CONEM
Juventude da CONEM
Juventude da CUT
Juventude negra Kalunga
Koletivo Filhxs do Abassá – KOFILABA
MNC – Movimento de Mulheres Negras Capixaba
Movimento Arte e Coesao – ARCO
Movimento Kizomba
Movimento Negro Unificado – MNU
O Estopim
Pastoral da Juventude
PJMP – Pastoral da Juventude do Meio Popular
Rede de Adolescentes e Jovens pelo Direito ao Esporte Seguro e Inclusivo (REJUPE)
Rede de Adolescentes e Jovens pelo Direito ao Esporte Seguro e Inclusivo (REJUPE)
REDE DE JOVENS DO NORDESTE -RJNE
Rede Ecumênica da Juventude (REJU)
Rede FALE
Rede Nacional de Articulação de Juventude de Matriz Africana e Terreiros
Rede Nacional de Religiões de Matrizes  Africanas e Saúde
RENAFRO
RENAFRO
União de Negros Pela Igualdade – UNEGRO

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Comentários

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FrancoAtirador

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Um Dia Conseguiremos

Abolir a Escravidão

e Proclamar a República.
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Leo V

O pedido de retratação é o menos importante da nota, por isso acho que nao deveria vir no título da chamada.

FrancoAtirador

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HÁ ALGO DE PODRE NO REINO DA GLOBOMARCA

A NATURALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA POLICIAL
“A Naturalização da Violência Policial só demonstra
a Falência do Sistema de Segurança Pública no Estado
que se assemelha a todos os outros estados do País.

Ainda corremos o Risco de ver essas Mortes serem
Invisibilizadas quando a Grande Mídia Manipula.”

CLASSE E RAÇA ANDAM JUNTAS EM TODO O BRASIL
“A Chacina do Cabula não é um caso isolado,
mas associado aos casos onde a Abordagem Violenta,
o Sumiço de Jovens e a Ameaça a Outros tantos é Constante,
ela obriga a População Negra e Pobre a viver
à Mercê da Violenta Militarização da Sociedade.

Compreendemos o Genocídio do Povo Negro
como Algo Estrutural em Nossa Sociedade.

Todos os dias, vários Jovens Negros são Violentados
nas Periferias, Morros e Favelas das Cidades.

No Brasil, Classe e Raça andam Lado a Lado.

E, como consequência disso, o Povo Negro é o que mais sofre
com a Violência Policial, uma vez que a Polícia Militar
é um Aparato Repressivo do Estado, que, por sua vez,
atende aos Interesses da Classe Dominante.”

PELO FIM DOS AUTOS DE RESISTÊNCIA
“Fazemos um apelo à Câmara Federal e aos Parlamentares
para que aprovem imediatamente o PL 4471/12,
pelo fim dos Autos de Resistência.

Este Recurso foi Criado no Período da Ditadura Militar,
no Intuito de Coibir a Investigação de Crimes Cometidos por Policiais
e até hoje Usado como Meio para Legitimar a Repressão e a Violência Policial.

O que queremos é a Igualdade de Condições
e combater essa Lógica Racista e Repressora.

Queremos um Estado mais Democrático e Anti-Racista.

Por isso, nossas vozes não ficarão entaladas em nossas gargantas
e vamos falar e lutar até sermos ouvidos/as.”
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