Luciano Martins Costa: O cenário do escândalo e as manchetes dos jornalões

Tempo de leitura: 3 min

Graça e Dilma

CRISE NA PETROBRAS

O cenário do escândalo

por Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa

A demissão coletiva de diretores da Petrobras, que obriga à substituição urgente da presidente da empresa, é manchete em todos os jornais de circulação nacional nesta quinta-feira (5/2). O noticiário vem recheado de especulações sobre o nome a ser indicado para o lugar de Graça Foster, e essa escolha poderá diminuir o empenho da imprensa em desconstruir a reputação da estatal: um dirigente simpático ao mercado fará concentrar o foco dos jornais exclusivamente no campo político.

A presidente demissionária personificou, nos últimos dias, todos os vícios da empresa, no esforço que faz a mídia tradicional para desviar o dedo da Justiça: pela primeira vez, num escândalo de corrupção, a investigação havia colocado no centro do palco os corruptores, empresários e executivos até então intocáveis. Aos poucos, as evidências de que parte do dinheiro desviado foi destinada ao caixa de partidos, dominaram a cena midiática.

Mas, como observa o colunista Janio de Freitas na Folha de S. Paulo, há duas versões da Petrobras – a de uma empresa destruída pela incúria e a corrupção, e a de uma empresa vencedora, que bate recordes de produção e produtividade e ganha prêmios pela inovação tecnológica. Os editores escondem que a Petrobras segue operando em plena capacidade, que o grosso dos investimentos para exploração do pré-sal já foi feito, porque sabem que ela aguenta o impacto negativo do noticiário.

Esse noticiário tem outros objetivos, como o de justificar o pedido de impeachment da presidente da República, imaginado na cabeça coroada do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O parecer que insere a tentativa de golpe na agenda política, assinado pelo tributarista Ives Gandra Martins, conselheiro espiritual do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, tem o curioso critério de limitar o período de investigação do escândalo da Petrobras ao mandato da atual presidente.

Esse seria seu argumento básico para uma defesa técnica do impedimento da chefe do governo. Outro parecer poderia argumentar que o inquérito intitulado Operação Lava Jato alcança um período maior, mas isso não ajudaria a concentrar o foco na presidente demissionária da Petrobras e, por extensão, na presidente da República.

Atiçando apetites

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Os juristas costumam citar o bordão do Direito romano segundo o qual “Quod non est in actis non est in mundo”, ou seja, o que não está nos autos de um processo não está no mundo (jurídico). Ora, o mesmo se pode dizer do noticiário: o que não está na mídia não está na agenda pública.

A imprensa se esforça em manipular essa agenda, se possível tirando de cena, ou colocando em segundo plano, os autores da corrupção, e trazendo para o círculo do holofote a figura da presidente da Petrobras, para, através dela, atingir a presidente da República. A manobra estimula o apetite de aventureiros que ocupam cadeiras do Congresso Nacional, cujas biografias têm como característica comum a facilidade com que trocam de chapéu entre as bandas da situação e da oposição.

A única barreira que impede o ingresso do Parlamento na manobra armada pelo ex-presidente Fernando Henrique é o imenso cacife eleitoral de seu sucessor, o ex-presidente Lula da Silva. Essa circunstância cria um roteiro bizarro: quanto mais a imprensa bate na presidente Dilma Rousseff, mais aumenta o potencial de Lula vir a se eleger em 2018, porque, ao contrário dele, a atual presidente não conta com o apoio incondicional da massa de militantes de seu partido.

Seria necessário sustentar nas manchetes um bombardeio sem tréguas durante quatro anos – ou obter rapidamente o afastamento da presidente da República – para minar esse patrimônio que poderia reconduzir o ex-líder metalúrgico ao Planalto.

A observação dos movimentos da mídia tradicional é facilitada pelo fato de que ela se anima por um único interesse: reverter o modelo que coloca o Estado como condutor e regulador da política econômica – e não apenas como observador das disputas entre as forças do mercado. A Petrobras se tornou símbolo desse modelo, quando trocou o sistema de concessão, criado por Fernando Henrique Cardoso em 1997, pelo sistema de partilha, instituído por Lula em 2009.

As grandes multinacionais do setor petrolífero ficaram sem concessões no principal manancial de óleo do mundo que não está sendo operado em região sob conflito. A imprensa brasileira aplaudiu o fim do monopólio da Petrobras, em 1997, e condenou o modelo do pré-sal em 2009.

Esse é o contexto por trás das manchetes de quinta-feira (5/2), mas não se pode afirmar que se trata de uma conspiração internacional. Trata-se apenas, e vulgarmente, da velha disputa política doméstica.

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Comentários

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Messias Franca de Macedo

[É GUERRA SUJA! II]

‘O Mau Dia Brasil’ do rádio!

Em seu indefectível e fascigolpista comentário matinal (06/02/2015), o ex porta da voz da ditadura militar, o *Alexandre Garcia, afirmou que “a bola de neve das denúncias de corrupção na Petrobras cada vez mais se aproxima do ex presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff”!
Para em seguida – e abruptamente – mencionar, pasme , o fato de a Polícia Federal ter encontrado 500 relógios em um fundo falso nas dependências da sede da Arxo.
A tentativa torpe de achincalhar as figuras do Lula e da Dilma, potencializando o ódio figadal contra o PT na população!
O (ir)responsável pelo mesmo programete acusou ainda a presidente Dilma Rousseff de gestão temerária da Petrobras em função de a empresa petrolífera não ter valorizado os acionistas da Bolsa de Valores!
“Dane-se a nação brasileira!” “O povo brasileiro que se exploda!”
*NOTA: todas as manhãs, os comentários desse capacho são difundidos para todos os rincões do país pela ondas potentes das emissoras de rádio!
É o infausto e lúgubre fascigolpista ‘Mau Dia Brasil’ do rádio!
O mecanismo que o Garcia “das organizações (sic) Globo” estabeleceu para, digamos, capilarizar o PIG!

RESCALDO: se o governo federal e o ‘[tíbio] PT da Governança’ não reagirem à altura, ficarei convencido de que o PT foi cooptado no sentido de dar uma ‘maozinha’ para a consolidação do golpe jurídico-midiático por enquanto ainda ora em curso!
E a militância?!
Comendo poeira, tendo crises paroxísticas de azia – e ouvindo os desaforos do pessoal da DIREITONA [eterna] oPÓsição ao Brasil!

Messias Franca de Macedo

A GUERRA “dos cheirosos” É SUJA!

(Não tem ‘lava jato’ que dê conta!)

No ‘Mau Dia Brasil’ [da TV!] de hoje, mais um capítulo horrendo do massacre midiático ao governo brasileiro, eleito pela vontade da maioria do povo!
Ao invés de condenar o arbítrio e a ilegalidade abjeta em relação à condução coercitiva do senhor João Vaccari pela Polícia Federal, o episódio espetaculoso foi analisado pelos âncoras do [nefasto] Telejornal da seguinte forma:
“É totalmente descabida essa argumentação do tesoureiro do PT de que ‘ansiava o momento para prestar os devidos esclarecimentos’!”
Seguiu-se uma ironia calhorda:
“Se realmente o senhor João Vaccari tivesse essa disposição, não teria havido a necessidade de os policiais federais saltarem o muro da casa dele!”
Canalhas: os âncoras do ‘Mau Dia Brasil’, que formam mais um [abominável] ‘casal -20’ da sórdida TV Globo!
Na mesma edição do telejornal, os mesmos âncoras se reportaram ao fato de um dos delatores ter confessado que praticava atos de corrupção desde os anos de 1997!
No entanto, nem de longe uma menção ao fato de que a cronologia aponta para o período do DEMoTucano FHC!
Covardes e canalhas: os chefes do jornalismo imundo das organizações (sic) Globo sonegadoras das verdades – e dos impostos!

    Messias Franca de Macedo

    EM TEMPO: paralelamente à omissão da declaração do Pedro Barusco de que “o esquema de desvios começou em 1997, o ano em que o monopólio da Petrobras, instituído por Getúlio Vargas em 1953, foi revogado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. E de que o esquema que agora sitia a presidente Dilma Rousseff foi consolidado e institucionalizado na empresa no ano 2000…

    Paralelamente à essa omissão CRIMINOSA, os mesmos âncoras enfatizaram que o mesmo denunciante teria afirmado que o processo de corrupção na Petrobras – sob investigação – teria começado em 2003!

edmilson

Quem ataca a Petrobras quer entregar nossas riquezas a estrangeiros. Isso não é mera disputa doméstica…

ed nelson

Afinal, as propinas e prejuízos na Petro são somente uma ilusão, uma mentira inventada pela direita?

José Maurício

O negócio é o seguinte:Esqueçam conflitos no Oriente-Médio. Daqui pra frente o Brasil será o palco das trapaças malditas que assolam o Oriente-Médio.
Luciano Martins, sempre leio suas matérias, brilhantes por sinal. Mas discordo de que se trata apenas de disputa política doméstica.
As grandes corporações, principalmente as de mídia tem um interesse único:sugar o quanto puderem da riqueza destas terras.E mesmo com a internet repleta de INFORMAÇÕES que a grande mídia não fornece, o povo vem sendo usado como massa de manobra. E o que acontecerá? Esse mesmo povo que já sofre bastante com a situação de hoje, colherá frutos muito amargos por se deixar cegar pela grande mídia

Marat

Se tentarem os golpistas tentarem impichar, haverá guerra civil!

    Leo

    Vc… vai?? Pq os avestruzes estão com a cabeça escondida no buraco.

FrancoAtirador

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O Petróleo? ‘Apenas uma disputa política doméstica’?
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Cláudio Sena

É Guerra Total, a última derrota nas eleições doeu no fundo da alma desta mídia vendida. Não há concessão que dê jeito, eles querem a cabeça da Dilma, do Lula e do PT, estão como bicho acuados.

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