Ilustração de Vitor Teixeira/Revista Fórum
A esquerda não controla o processo político. Deve, por isso, cuidar do que põe em marcha
No governo Fernando Henrique – e em todos os governos conservadores, exceto o de Collor, que serviu para barrar a esquerda, iniciar a privatização e, em seguida, foi defenestrado – o controle da política se fez não por uma amordaçamento direto da mídia, mas pela política do próprio sistema de comunicação, assim como fazia o Procurador-Geral Geraldo Brindeiro, “engavetar”, logo depois que estouravam, os escândalos políticos.
Sivam, Pasta Rosa, negociatas na privatização, compra de votos para a reeleição e uma montoeira de outras “bombas atômicas” foram, em prazo mais ou menos curto, desarmadas e relegadas ao armário dos guardados, depois de uma, outra ou meia-dúzia de matérias, muitas delas boas reportagens, admita-se.
Mas num governo do campo popular (e por isso um inimigo para a mídia e para boa parte da elite judicial e parajudicial – ou alguém duvida que estes segmentos, privilegiados em meio à nossa pobreza, tendam ao conservadorismo?) tudo é diferente.
Vêem-se eles, pois, numa encruzilhada: para agir de forma “republicana” e honrada, muitas vezes partem a expor suas próprias entranhas – e alguém já falou sobre política e a fabricação de salsichas – fornecem elas próprias a matéria prima para as explorações e campanhas midiáticas, que amplificam os atos criminosos (ou mesmo outros, simplesmente equivocados) de dirigentes públicos no “mar de lama” que fizeram contra Getúlio Vargas.
A honestidade da Presidenta Dilma Rousseff e de Graça Foster, da Petrobras, além de não ser objetivamente atingida por nada que se tenha apurado só podem ser ratificada por suas decisões, sobretudo a de afastar da empresa, desde 2012, Paulo Roberto Costa, o ladrão confesso.
Mas incorrem em amadorismos políticos que só agravam a “onda” de que seus adversários políticos fazem, não apenas por objetivos políticos mas, também, contra a nossa maior empresa, alavanca do desenvolvimento brasileiro e marco de nossa soberania.
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A produção de um relatório de diferenças contábeis na avaliação de ativos totalmente “troncho”, onde se misturam, além dos sobrepreços oriundos da roubalheira de Costa, fatos tão díspares quanto variações cambiais, de preço do petróleo, de ajustes de projetos, de especificações errôneas em projetos foi um destes.
Produziu-se um número gigantesco e fantasioso: R$ 88 bilhões.
Um número que, sabe qualquer um que entenda um mínimo de contabilidade empresarial, não serve para nada, ainda mais com ativos que não têm “valor de mercado”. Não se compra e vende uma refinaria como quem vende um Golzinho, em bom estado, tinindo de novo….
Não reflete coisa alguma, nem do ponto de vista do valor contábil de um ativo nem de seu valor econômico para o país, porque este também é critério de mensuração numa empresa que tem compromisso com o desenvolvimento nacional: muitas vezes é melhor fazer algo aqui, mesmo por 5 ou 10% mais caro, do que importar: é o caso de navios, equipamentos de conteúdo nacional, instalações industriais, etc…
E ainda tem a questão de saber com que preço do petróleo e derivados se faz o cálculo: o da época, mais ou menos o mesmo de há alguns meses, ou o atual, metade disso? E se amanhã for o dobro?
Essa conta terá de ser feita a partir de cada negócio escuso: quanto custaria sem falcatruas e quanto custou, de fato.
Mas a direção da Petrobras, na ânsia de se mostrar confiável e honrada, produziu este número que, afinal, ela própria reconhece imprestável, como de fato é.
E entregou carne às hienas.
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Comentários
FrancoAtirador
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A incrível história de um cheque administrativo de R$ 500 milhões
emitido pelo Bradesco em favor da Filha do ladrão famoso PRC.
(http://jornalggn.com.br/noticia/a-incrivel-historia-de-um-cheque-administrativo-de-500-milhoes)
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Álvares de Souaz
Embora tudo indique que a Graça Foster é ilibada, e muito provavelmente uma técnica capaz, a hora requer uma mudança na Presidência da Petrobrás, colocando-se nela alguém que, além de reconhecida idoneidade ética, moral, tenha condições políticas de enfrentar, aguerridamente, esses ataques sem trégua à que a Empresa está submetida, cuja origem, todos os que são lúcidos e de boa fé sabem, está nos interesses inconfessáveis que os antinacionalistas de sempre, entreguistas degenerados, os “neoliberais” de hoje, mascaram sob todo tipo de engodo, sob todo tipo de artimanha perversa.
bira
tudo indique ? e a denúncia de que ela está transferindo bens para o nome dos filhos ? qualquer um sabe que uma obra de 2 bilhões que se transforma em uma de 20 bilhões tem algo errado.
se graça foster não sabia o que se passava, é incompetente. se sabia, é conivente.
simples, né ?
bira
Julio Silveira
Nada que Dilma não tenha feito antes e que motivou tudo isso. A sinceridade e a franqueza, até inocencia, de nossos dirigentes governistas diante dessa mídia, trepidantemente oposicionista, é algo que impressiona.
Lukas
Ah, se houvesse o controle social da mídia…
Almir
Advinha quem está torcendo pelo “salvamento” da Petrobrás –
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sete_irm%C3%A3s
Carlos de Sá
Quando parece que estávamos dando um passo adiante com o regime de partilha e o conteúdo nacional para fortalecer a indústria nacional em várias frentes acontece uma coisa dessa! Esse governo de coalizão com o PMDB só leva a isso. Essa política da tal “governabilidade” vai acabar entregando o pré-sal e a Petrobrás de vez! E pra piorar o pessoal de confiança do governo ao tentar limpar a merda, fazem outra cagada!
Exemplos nãos faltam, olhem só a disputa ferrenha do Cunha para a presidência da câmara!! Dá pra confiar nesta corja do Sarney, Renan, Jucá, etc. O primeiro passo para defender o projeto que ganhou as eleições de outubro, pra mim tá claro a muito tempo, passa pela constituinte exclusiva do sistema político.
Se continuarem com essa política de governo de coalizão vai chegar em uma situação insuportável, que levará o governo do PT a recuar com o Pré-Sal, gerações de Brasileiros vão amargar um futuro dificílimo, de total submissão aos interesses das multis que decorrerá a aceleração do processo de desindustrialização!
Por outro lado, como vamos convencer os operários, como os trabalhadores da construção civil e aqueles que ascenderam à classe média, a defender a Petrobrás?? Quando ao mesmo tempo temos que nos defender de ataques a direitos como as medidas provisórias 664 e 665 encaminhadas pelo governo?? Não venham me dizer que não é restrição de direito!!! Por que não encaminharam alterações nas alíquotas de impostos dos “trabalhadores” que recebem dezenas de milhares de reais por mês ou para aquisição de produtos de luxo da playboyzada?? Até que saia a regulamentação do imposto sobre grandes fortunas!!!
Pra virar o jogo só a constituinte!!!
Isso vai depender do engajamento dos trabalhadores com suas organizações como os sindicatos, associações de bairros, movimentos sem teto e sem terra, principalmente seus partidos (inclusive os esquerdistas que abandonaram esqueceram a luta da frente única operária e anti-imperialista)!!!
Constituinte quando? JÁ!!!
Quando? JÁ!!!
Quando? JÁ!!!
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