Altamiro Borges: Quatro anos de fortes emoções e muita adrenalina

Tempo de leitura: 3 min

Posse da Dilma

Alegria e apreensão na posse de Dilma

por Altamiro Borges, em seu blog

Alegria pela vitória nas urnas e apreensão diante das turbulências dos próximos quatro anos. Estes dois sentimentos estiveram presentes na posse de Dilma Rousseff nesta quinta-feira (1) – seja entre os militantes que ocuparam o gramado da Esplanada dos Ministérios, entre os convidados para solenidade oficial no segundo andar do Palácio do Planalto ou na festa realizada do Itamaraty.

Segundo o comando da Polícia Militar, cerca de 40 mil pessoas participaram das atividades na tarde de intenso calor em Brasília. Alguns veículos da imprensa jogaram as estimativas para baixo – falaram em 10 mil participantes –, numa cobertura “jornalística” nitidamente negativista, baseada em futricas e intrigas. Mas a festa foi bonita e deve ter irritado o cambaleante Aécio Neves, os mais hidrófobos da oposição demotucana e da mídia golpista e os fascistas que rosnam pelo impeachment da presidenta e pela volta dos militares ao poder.

Inimaginável numa posse de FHC ou Geraldo Alckmin, a manifestação em Brasília foi popular e juvenil. Milhares de pessoas se descolaram dos seus Estados, em ônibus fretados e rodando dezenas de horas. Com cartazes e faixas, eles saudaram a presidenta reeleita – que desfilou em carro aberto –, registraram os nomes de suas distantes cidades e apresentaram suas demandas. Várias faixas estampavam a reivindicação da “reforma política”.

Esbarrei em petroleiros, metalúrgicos, operários da construção civil e bancários. Havia muitos jovens, alegres e irreverentes, gritando palavras-de-ordem. A primeira que ouvi foi “Fora Rede Globo, o povo não é bobo”. Caravanas de movimentos de luta pela moradia e de trabalhadores rurais sem-terra também se fizeram presentes.

Nas conversas durante o longo percurso na Esplanada dos Ministérios, sempre procurando uma árvore para fugir do sol escaldante, aquele misto de alegria e preocupação. Abnegados ativistas, maiores responsáveis pela vitória épica de Dilma Rousseff “contra tudo e contra todos”, ele se abraçavam e descreviam como foi a campanha eleitoral na sua localidade.

Na sequência, muitos indagavam sobre as dificuldades que a presidente reeleita irá enfrentar: a economia em retração, a agressividade da direita, como suas marchas fascistas de estímulo ao ódio e ao preconceito, a ofensiva midiática de manipulação e golpismo. Também muitas dúvidas sobre o novo ministério, que reúne algumas expressões do conservadorismo. “Não vai ser nada fácil” – muitos argumentaram.

Já no segundo andar do Palácio do Planalto, o clima era o mesmo. Havia ministros – alguns de saída e outros prestes a serem empossados –, governadores, prefeitos e parlamentares e inúmeras lideranças da sociedade civil. Cumprimentei vários sindicalistas da CUT, CTB, UGT, NCST, CSB e Contag. Conversei com as presidentas da UNE, UBES e da ANPG.

Esbarrei em ativistas destacados do movimento negro, de mulheres, de moradia e dos sem-terra. Blogueiros e ativistas da cultura também circulavam pelo amplo salão, como convidados oficiais. Todos festejavam a quarta derrota eleitoral consecutiva da direita – com inúmeras piadinhas sobre a ressaca do cambaleante Aécio Neves –, mas também explicitavam as suas preocupações sobre o segundo mandato de Dilma Rousseff.

Nas conversas, os maiores temores eram sobre as mudanças na política econômica para fazer o Brasil voltar a crescer e sobre a composição conservadora do Congresso Nacional. No geral, todos aplaudiram os dois discursos da presidenta Dilma. Já na posse dos novos ministros, ninguém vaiou ninguém. Mas, de forma civilizada, as simpatias e as desconfianças foram explicitadas no anúncio dos nomes.

Joaquim Levy, o ortodoxo ministro da Fazenda, e Kátia Abreu, a ruralista que comandará a Agricultura, geraram certo burburinho. Este é o “ministério da defensiva”, comentou um deputado federal. Um jornalista amigo brincou: “É o ministério da retranca” para enfrentar as dificuldades. Um blogueiro mais atrevido arrematou: “Não é um ministério, é uma esquizofrenia”. 

Já na festa no belíssimo salão do Itamaraty, o clima foi mais descontraído. Embaixadores de dezenas de países circulavam com as suas vestimentas e línguas distintas. Os novos ministros, agora empossados, eram questionados sobre seus planos de trabalho. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, era uma das autoridades mais assediadas, na esperança que se faça realmente Justiça no Brasil.

O deputado Jean Wyllys, do PSOL, foi bastante cumprimentado por sua coragem e altivez na batalha do segundo turno. Apesar da descontração, muito conversa rolou sobre os novos desafios políticos. No geral, todos concordavam: o próximo período será de fortes emoções e muita adrenalina. O Brasil não será o mesmo após a eleição de outubro passado!

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Comentários

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Nelson

Então ficamos assim: o país não tem problema nenhum, basta acabarmos com a “midía golpista” que tudo estará resolvido. Como seria este país sem a tal “mídia golpista”, onde as atrocidades cometidas pelo desgoverno não seriam? Não ficariamos sabendo da roubalheira, da corrupção, dos conhavos, do dando que se recebe, das mentiras, etc, etc. Que a mídia tem lado, isto é fato, mas é fato também que vocês chegaram ao poder prometendo acabar com tudo de errado que tem neste país. O que fizeram até então além de potencializar tudo o que de mais errado já existia?

    museusp batista neto

    A midia não pode ter lado porque, na maioria (TV e rádios – que definem a linha golpista), é exercida em meios de comunicação concedidos com regras claras que obrigam o atendimento ao interesse público e não partidário. Em primeiro lugar. Em segundo, o que fizeram esses que são tão odiados e caluniados foi construir as fundações de um novo país soberano que será configurado e consolidado nos próximos anos se vc e os seus comparsas escravocratas colonizados deixarem que ele siga no seu rumo ao encontro da auto determinação do seu grandioso povo.

Fabio Passos

O PiG/psdb continua transtornado com a quarta derrota seguida.
Perdedores que não escondem seu desprezo pela democracia e a decisão soberana da população.

Mas os grandes desafios em ambiente hostil, além de riscos, traz oportunidades de avanços significativos.

Enquanto os golpistas vagabundos estão gastando todo esforço conspirando contra a democracia e isolados na extrema-direita… o governo pode promover avanços sociais, políticos e econômicos significativos com apoio do centro.

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