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Sou Fernanda Luccas, doutoranda em Ciência Ambiental na USP e diretora da APG USP Capital.
A Associação de Pós-Graduandos Helenira ‘Preta’ Rezende, que representa os pós-graduandos do campus capital da USP, lançou no último dia 18/11, terça-feira, durante a 962a sessão do Conselho Universitário da USP, carta denúncia sobre os casos de estupro e discriminações de gênero, sexualidade, etnia e assédio moral, tanto na Faculdade de Medicina como em toda a universidade. Na visão da entidade, a instituição tem sido negligente e lenta em dar respostas à comunidade.
Venho aqui portanto, para pedir a divulgação desta carta e também, caso seja interessante, oportunamente gostaríamos de pedir um espaço para falarmos de nosso programa, pois entendemos que a pós graduação no Brasil tem muito a contribuir com a politização sobre diversos assuntos em pauta no Brasil. Muito Obrigada!
CARTA DENÚNCIA
Exmo Srs. Membros do Conselho Universitário (CO) da Universidade de São Paulo.
É com imensa preocupação que observamos nos últimos dias o nome de nossa universidade estampado nos jornais de maiores alcances regional e nacional de nosso país.
As notícias não são boas, associam o nome da Faculdade de Medicina da USP ao descaso e à completa falta de apoio frente a denúncias de preconceito, racismo, homofobia, abusos morais e violência sexual, resultando muitas vezes na perseguição das vítimas.
Isto ocorre frente à lentidão e ausência de posicionamento institucional no trato dos casos denunciados nas instâncias internas da faculdade, culminando no afastamento do Prof. Dr. Paulo Saldiva da Universidade de São Paulo, obrigando portanto, as vítimas a buscarem justiça em instâncias externas à Universidade.
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Há aproximadamente dois meses o Ministério Público Estadual (MPE) solicitou à Faculdade de Medicina da USP informações sobre casos de trotes violentos e violação de direitos humanos em festas.
Somente sob os holofotes e atenção da grande mídia, o diretor da FMUSP se pronunciou, afirmando que até a próxima semana seriam tomadas todas medidas necessárias para evitar a repetição de tais violações, bem como, enviados os documentos que relatam os incidentes questionados pelo MPE.
Se não fosse o suficiente, no dia 14/11/14 (sexta feira) foi publicado pela Rede Brasil Atual a denúncia de que o mesmo diretor da FMUSP, pressionou os Deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo para não realizarem a audiência pública das denúncias de abusos, tentando exaustivamente por telefone, realizar uma manobra para inviabilizá-la por falta de quórum.
A Universidade de São Paulo têm colecionado e protagonizado, ao longo de pelo menos os últimos 5 anos, denúncias de múltiplas formas de violência e desrespeito, afetando especialmente as categorias menos prestigiadas da universidade, como alunos de graduação, pós graduação e funcionários.
Denúncias relatando violência moral, como por exemplo, o constante e velado assédio moral por parte de professores aos seus alunos graduandos e pós graduandos, sobretudo ao gênero feminino e à comunidade LGBT, como também a violência sexual, moral e de cunho preconceituoso, praticada entre alunos em festas e trotes universitários, têm sido parte da rotina desta universidade.
Aqui colocamos uma reflexão: se os próprios diretores, professores, alunos e sociedade civil concordam que qualquer tipo de violência não pode ser naturalizada e deve ser punida, então essa rotina de violência mais velada ou mais extrema, porém causadora de danos humanos profundos, deveria ser investigada, punida e prevenida.
Contudo, o discurso por parte dos gestores da USP observado na mídia está diametralmente distante da prática que encontramos em nosso cotidiano, como demonstrou a recente tentativa de esvaziamento da audiência da ALESP.
Este fato configura uma absoluta negligência de quem deveria, por obrigação, dar o melhor exemplo, seja investigando e punindo com o rigor da lei os responsáveis pelos abusos, seja pela criação de instrumentos, orgãos e políticas educacionais que evitem a ocorrência de novos casos.
Esta negligência demonstra também, os valores ultrapassados, machistas,sexistas, despotistas e antidemocráticos praticados e afirmados nesta instituição e portanto, torna seus gestores coresponsáveis e coautores de todos os casos e práticas violentas em vigor na universidade.
O mais grave e mais estarrecedor é que, em sendo a USP uma universidade pública, sustentada pelos impostos de toda a população paulista, dos mais pobres aos mais ricos, ela têm por obrigação moral servir à sociedade e estar sempre na posição vanguarda em tudo, não apenas em sua produção acadêmica ou nos títulos de seus professores que embelezam as paredes da instituição.
Essa rotina violenta quase enraizada, institucionalizada pela negligência de seus gestores, se tornou uma importante força motriz do declínio da qualidade do ensino e de formação humanística oferecida ao corpo discente como também, do conhecimento que ultrapassa os muros da instituição e chega para a sociedade.
A negligência e porque não, a negação de todas as formas de violência moral e sexual existentes na USP é outrossim, uma faceta pouco palatável à opinião pública, de um projeto violento e segregador que vem sendo construído pelos gestores e governo do estado de São Paulo, que a cada dia torna a universidade menos pública.
Isto ocorre na medida em que se dificulta o acesso do público em geral aos acervos nas bibliotecas e de todos os espaços que poderiam ser utilizadas coletivamente, mas não o são em função das catracas, câmeras de vigilância e PM dentro de campus que supostamente protegeriam o patrimônio estrutural e a integridade física das pessoas que utilizam tais espaços, o que também não procede, considerando os dados divulgados na mídia, que mostram o crescente aumento de roubos e outras formas de violência desde a instauração da PM dentro do campus.
Muitas das vezes em que vítimas denunciam os erros ocorridos no interior desta instituição, imediatamente são colocadas na posição de agentes que visam depreciar a imagem da universidade, têm suas denúncias dissolvidas sob a alegação de exagero ou pouco discernimento político, passando portanto por um processo de silenciamento e responsabilização por todos os malfeitos.
Desta forma, aqueles que violentam ou permitem a violência na instituição, sentem-se protegidos e tudo continua como sempre, em prol de uma moral e um nome a ser zelado diante da opinião pública.
Portanto, os diretores, a reitoria, o governo do estado de São Paulo e todos os que têm vetado as investigações é que são o cerne da violência observada nesta universidade e isto precisa ser revisto, investigado, modificado e retirado.
Que se retire o cerne do mal pela raiz.
Neste contexto, viemos por meio desta carta, a denunciar a violência e negligência alertando que todas estas situações são de integral responsabilidade da instituição e que, se queremos zelar pelo nome, pela qualidade e pela credibilidade dela, investigar e punir com rigor e transparência, doa a quem doer, sendo exemplo no combate e prevenção do racismo, sexismo, machismo e homofobia é a atitude que se espera dos gestores daquela que foi por muito tempo, uma das mais importantes, conceituadas e arrojadas universidades do país.
Respeitosamente, Associação dos Pós Graduandos Helenira “Preta” Rezende (APG USP Capital)
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Comentários
Marlene
As faculdades de direito e medicina nas universidades públicas são as mais INACESSÍVEIS para estudantes de classes menos privilegiadas economicamente, mesmo com o PROUNI.
A empáfia paulista sequer permitiu políticas de cotas (qualquer tipo, para negros, para estudantes com notas do Enem ou para alunos provenientes de escolas públicas) nesta Universidade, a USP. Essa universidade é apropriada pele elite paulista, então ela só reflete o que pulsa nas veias desse grupo que se apropriou desse recurso mantido com dinheiro público para fins individuais.
Uma saída para isso é a APROPRIAÇÃO desse espaço pela população, políticas de inclusão popular (cotas para estudantes de escola pública, negros, para ingresso com notas do enem) no mínimo 80% das vagas desses dois cursos para estudantes provenientes destas modalidades de acessos seria um bom começo.
L@!r M@r+e5
Os médicos pediram castração química de nordestinos por, em sua concepção, terem determinado, sozinhos e sem ajuda dos votos do sul e sudeste, a vitória de Dilma. Não é o caso agora de pedir castração química de estudantes de medicina?
Brancaleone
Não tem nada de “PSDB quer privatizar a universidade” ou de não gostar de ensino de qualidade…
É pior que tudo isso. É INCOMPETÊNCIA DE GESTORES – Só isso. Preguiça, inação. Nada de cunho ideológico ou político. Incompetencia, apenas burrice administrativa aliada é claro A CUMPLICIDADE DE MUITOS ALUNOS – NÃO SE PODE NEGAR…
Não tem gente do PSDB fazendo trotes violentos ou estuprando – são alunos mesmo, gente quase como a gente praticando estes crimes.
`Pedro Ribeiro
O PSDB é gestor da USP há quanto tempo meu amigo?
Observe o quanto decaiu essa universidade no período. A USP já foi a nossa maior referencia em educação e pesquisa. Se aprofunde nesse assunto e tenho certeza que irás lamentar. Procure se informar a respeito do que está ocorrrenddo com o HU-Hospital Universitário.
Léo
É caso de policia. Investigue e puna todos os maus feitos.
Para mim A Assembleia Legislativa de São Paulo tem que ir fundo neste caso da USP.
Reitores e Diretores não sejam omissos.
A imagem da USP esta sendo maculada no governo Tucano.
Roberto
A tentativa de destruir a USP por parte do Governo do PSDB em São Paulo ocorre porque o PSDB primeiro não gosta de Universidade Pública, tem que privatizar. Segundo, não gosta de Universidade Pública de alto padrão, pois gente que estuda e entenda o jogo de corrupção e desmanche do Estado de São Paulo, por exemplo, não pode existir. PSDB gosta de pobre insolvente, gosta de drogados aos montes e de um Brasil que está sempre pronto a passar a caneca. Eles sempre governaram o País para isso. Sempre governaram estados e municípios para isso. Com miséria e droga se ganha muito dinheiro. Não há oposição aos desmandos.
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