Gilson Caroni Filho: O caráter conservador das bancadas parlamentares
Tempo de leitura: 2 minLições do primeiro turno
por Gilson Caroni Filho, via e-mail
1) Antes do golpe de 1964, o Brasil já demonstrava sua vocação para o bipartidarismo com a crescente divisão do eleitorado entre PTB e UDN. Com a redemocratização, esta vocação continua com a polarização PT-PSDB. Qualquer tentativa de criação de uma “terceira via” tem levado água para os setores mais reacionários do espectro político. O exemplo mais recente é a candidatura Marina Silva que aglutinou mais antipetismo do que qualquer proposta que representasse um avanço ou amadurecimento da democracia brasileira.
2) Ao contrário de alguns militantes petistas, considero um segundo turno com Aécio bem melhor do que seria com Marina. Se eles têm máquina partidária, nós também temos. O apoio da mídia a qualquer candidatura que se oponha ao PT é incondicional. O mesmo não pode se dizer da transferência de votos do terceiro colocado. Neste ponto, o PT sai ganhando ao enfrentar Aécio e não Marina.
3) Sobre as manifestações de junho, os resultado das bancadas parlamentares do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas mostram o caráter conservador que tínhamos detectado. Para ficar no Rio, a votação expressiva em alguns parlamentares do PSOL se dá no mesmo processo que consagrou a famílias Bolsonaro e Garotinho, esta última com os votos obtidos por Clarissa Garotinho. O segundo turno para governador, que é até bom para a presidente, deixa patente o conservadorismo do eleitor fluminense. E é bom destacar que é ingênuo atribuir a votação de Crivella apenas ao eleitorado evangélico.
4) São Paulo é um caso à parte. Boa parte do eleitorado conservador da classe média paulista, principalmente no interior do estado, ainda chora a derrota de suas oligarquias no movimento constitucionalista derrotado por Getúlio em 1932. Desde então, votou contra Getúlio, teve participação ativa na derrubada de Jango, votou contra Lula, Dilma e continuará votando contra qualquer candidatura progressista.
5) Não isento o PT de culpa. Deixou de ser um partido ligado aos movimentos sociais para se encastelar em um discurso eleitoreiro. Mas conclamo os inconformados com isso a se filiarem, e travarem a luta interna com a burocracia do partido. É necessário entender que, sem a oxigenação trazida por novos quadros progressistas, a oligarquização é inevitável. Sem novas lideranças oriundas das comunidades periféricas, da luta LGBT e do movimento negro, entre outras, o partido tende a se torna refém da ladainha do “vocês não sabem o que nós fizemos pelo país”.
6) Vamos para o segundo turno confiantes. Chamo a atenção dos jovens para o que está em jogo: os tucanos são contrários às regras do marco do pré-sal e são ligados a representantes das indústrias petroleiras estadunidenses como demonstram os documentos diplomáticos obtidos pelo WikiLeaks. A pergunta que fica para os que votam em Aécio é a seguinte: além de serem contra as políticas de inclusão, vocês querem passar à história como a juventude mais entreguista que esse país já teve?
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Comentários
Maria
O MPL, tão combativo contra o aumento do Haddad abaixo da inflação, ao que consta foi mais suave com os aumentos acima do IPCA anteriormente dados por Kassab. Recentemente, Alckmin liberou aumento para os ônibus intermunicipais na região metropolitana de São Paulo, e o MPL ficou na moita
Mauro Assis
“Boa parte do eleitorado conservador da classe média paulista, principalmente no interior do estado, ainda chora a derrota de suas oligarquias no movimento constitucionalista derrotado por Getúlio em 1932.”
Eu tenho 50 anos, minha mãe 80. Ela nasceu em 1934…
FrancoAtirador
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“A Primeira Como Tragédia, a Segunda como Farsa”
Está de volta a Aliança Renovadora Nacional (ARENA).
NANHDP houve Delírio de Ignorância tão Obscurantista.
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Porém, é preciso compreender com maior profundidade
as origens dos fundamentos morais e pseudocientíficos
que transformaram um pensamento difuso e heterogêneo
em uma aparente idéia embasada, concreta e homogênea,
passando a (des)nortear por completo a maioria frágil.
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(http://www.gespublica.gov.br/folder_rngp/folder_nucleo/MA/leituras/pasta.2010-07-01.1729046576/UM%20TOC%20NA%20CUCA%20-%20OK.pdf)
(http://www.peripeciaspsicologicas.com.br/2011/06/20-coisas-ridiculas-que-e-preciso.html)
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Urbano
O caráter puro e simples seria até saudável… Mas vão ver a cadaverina.
O Mar da Silva
Os coxinhas elegeram Bolssonaro, Feliciano, Tirica, Serra, Jereissati, Álvaro Dias. Só faltou eleger o Bornhausen Jr.
Enquanto isso, o Nordeste derrotou os candidatos de ACM na Bahia e de Sarney no Maranhão.
O PT abriu mão de muitas bandeiras para governar com o PMDB e abandonou as esquerdas. O preço está sendo cobrado a cada eleição.
Sidnei Brito
Neste 2014, por volta de março, teve a reedição da “marcha da família com Deus”, fazendo parte das “comemorações”, por parte de saudosos, dos 50 anos do golpe civil-militar de 1964.
Foi um movimento fraquinho e virou motivo de piada nos blogs progressistas – com razão, pois, além de fiasco, teve um quê de ridículo.
Grande erro. Aquilo não foi a marcha da família com Deus em sua versão contemporânea. A verdadeira “marcha da família com Deus” se deu em junho de 2013.
Muita gente boa, como Azenha, Nassif e Paulo Nogueira, por exemplo, certamente por romantismo, recusam-se a ver o que aquilo realmente foi: o cavalo do golpe passando selado. A notícia boa foi que, em 2013, não havia clima para quarteladas.
Quem melhor entendeu o que aconteceu foi a direita, com gente como Arnaldo Jabor não se fazendo de rogado, desdizendo hoje o que disse ontem sem nenhum pudor. Lembro-me até de um artigo do Miguel do Rosário (muito bom, como sempre) em que ele admitia não ver problemas na atitude de Jabor, até porque ele, Miguel, fizera o mesmo com sinais invertidos, ao perceber a furada que era aquela “primavera brasileira”.
Há muito que penso em postar isso aqui. Vinha me segurando. Acho que chegou o momento.
Bandeiras do PT rasgadas e militantes do partido apanhando nas ruas; sede do partido depredada, conforme noticiado aqui no próprio Vi O Mundo; manifestante parando o trânsito com bandeira do Brasil vilipendiada com a palavra “lixo”; cartazes contra o ProUni e o Bolsa Família. Os exemplos, que mostram que José Paulo de Andrade entendeu melhor aquele movimento do que a Luciana Genro, infelizmente são muitos e os leitores decerto lembrarão de inúmeros outros.
Mas há algo para mim mais marcante nisso tudo, sempre a assombrar minha memória. Num dos dias mais violentos daquelas manifestações, com invasão do Itamaraty e tudo mais, voltava pra casa do trabalho, numa caminhada a pé que fazia todo dia, de cerca de meia hora. Meti o fone de ouvido, ligado numa dessas rádios noticiosas. O jogral dos âncoras me assustou: “a presidente Dilma Rousseff não sai, não fala nada…”, diz um rapaz; ao que responde uma moça: “pois é, fulano, a impressão que se tem é que o país está à deriva, sem comando”. E assim prosseguiram, com um tipo de discurso que se, naquele momento, a presidenta fosse destituída, decerto no outro dia eu faria o mesmo caminho a pé novamente, talvez, quem sabe, ouvindo músicas de celebração.
E confesso que quis também ver o lado bom daquilo tudo, com o MPL, a causa justa pela redução das passagens, por mais investimentos em educação e saúde. Mas nem isso sobrevive a uma análise simples. O MPL, tão combativo contra o aumento do Haddad abaixo da inflação, ao que consta foi mais suave com os aumentos acima do IPCA anteriormente dados por Kassab. Recentemente, Alckmin liberou aumento para os ônibus intermunicipais na região metropolitana de São Paulo, e o MPL ficou na moita. Plano Diretor, IPTU progressivo, coisas que afetam – ou afetariam – a questão da mobilidade, e que fizeram o prefeito Haddad apanhar sem dó da mídia e da “sociedade civil”, também não sensibilizaram os nossos amigos do MPL. Pessoas pedindo educação e saúde ao mesmo tempo que esbravejavam contra os impostos (?!?!) – por favor, se eu estiver errado quanto à postura de uns e outros em relação a tais assuntos, me corrijam.
Tudo isso só para dizer que os resultados das urnas, sobretudo a escolha para os parlamentos, em nada me surpreendem. Elas são o resultado na guinada conservadora que ficou clara nos movimentos de junho de 2013. A cereja do bolo seria a derrota de Dilma, que, acho, não ocorrerá. Mas a vitória macérrima que ela terá provavelmente vai convocar novas manifestações, as quais deixarão novamente a esquerda perplexa e – de novo – com medo de dizer que não gostou do que viu.
Antônio Carlos
Infelizmente tenho de concordar que as manifestações de 2013 foram feitas pelos conservadores contra os partidos de esquerdas.
Pablo
De forma alguma. Em parte, a culpa tbm é do PT. Não soube trazer os revoltados para o seu lado. Demorou a ver que a rede estava infestada de grupos pró-direita com seus discursos vazios contra a corrupção e que de alguma forma conseguiram “ganhar” o legado das manifestações. A distância entre as correntes majoritárias e as ascendente dentro do partido, nos movimentos sociais e no sindicato é muito grande e as vezes até ditatorial. Chamar o jovem para aplaudir o Lula não cola.
José X.
Resultado das jornadas de junho…
FrancoAtirador
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Ficou definitivamente comprovado nesta Eleição
que as tais ‘Jornadas de Junho’ foram ‘O Golpe’
no Avanço Trabalhista que vinha sendo construído.
O ‘TúduÍssuQuisTaí’, na verdade, eram unicamente
os Movimentos Sociais, o Sindicalismo de Esquerda
e o Partido dos Tralhadores e seus Representantes.
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FrancoAtirador
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Queriam e conseguiram evitar que a população brasileira
tivesse acesso à discussão e ao debate sobre propostas
para Democratização dos Meios de Comunicação de Massa.
Entrevista
06/10/2014 13:20, última modificação 06/10/2014 15:00
Rede Brasil Atual (RBA)
Dirigente do PT diz que falta de reformas
política e da comunicação explicam eleições
Para Valter Pomar, partido tem dificuldade de angariar votos
da juventude trabalhadora, por falta de educação política.
São Paulo é cenário crítico que pode inviabilizar projetos.
“Nestes últimos anos a burguesia girou para a direita,
mas na classe trabalhadora, que é maioria,
não houve um giro total para a esquerda.
Se essa nova geração que entrou no mercado de trabalho agora,
devido às políticas do PT, tivesse acesso a uma mídia
e uma educação mais democrática teria virado para a esquerda.
Como isso não ocorreu, o que prevalece é a ideologia dominante,
de uma guinada conservadora”
“O partido vai ter que fazer um esforço redobrado
de sindicalização e de mudanças nos currículos educacionais.
Vamos ter de fazer nos próximos quatro anos
o que não fizemos nos últimos 12”
Por Sarah Fernandes, na RBA:
(http://www.redebrasilatual.com.br/eleicoes-2014/dirigente-do-pt-diz-que-falta-de-reformas-politica-e-da-comunicacao-explicam-eleicoes-7238.html)
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