A disparada de 30% das ações do Itaú na bolsa e o papel dos bancos públicos
Tempo de leitura: 5 minSorrindo à toa
por Luiz Carlos Azenha
No Facebook, escrevi que sinto falta de “um jornalista como o Aloysio Biondi, para ir fundo e nos mostrar quem está ganhando dinheiro no mercado financeiro especulando com resultados das pesquisas eleitorais. As páginas econômicas dos jornais brasileiros separaram política de economia. São vitrines do deus mercado. Um deserto. Entre nelas e você corre o risco de morrer de sede”.
Biondi, no livro O Brasil Privatizado, fez um raio xis do entreguismo de Fernando Henrique Cardoso, e concluiu que a venda de todas as estatais no período FHC deu ao Brasil um prejuízo de R$ 2,4 bilhões.
Em seguida, recebi mensagem de um amigo, que escreveu: “Quando a Marina começou a subir [nas pesquisas], as ações da holding Itausa (itsa4) chegaram a se valorizar 30%. É a empresa em que a Neca [Setubal, que ajudou a formular o programa de Marina Silva] é sócia. Para você ter uma idéia [o valor da ação] chegou a bater em R$ 12,00. Hoje fechou a R$ 9,83”.
Numa recente entrevista com o economista André Biancarelli, da Unicamp, ele se mostrou surpreso com a ousadia das propostas econômicas adotadas por Marina e encampadas pelo Partido Socialista Brasileiro: “A agenda financeira para essa questão de banco público, [fim do] crédito direcionado, é a agenda do setor financeiro brasileiro, que é muito forte, muito lucrativo, muito influente. É muito complicado um partido assumir de forma tão linear a agenda de um setor da economia. A indústria corre riscos!”
André está se referindo ao fato de que Marina propõe reduzir o papel dos bancos públicos (BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal), o que vai ao encontro dos interesses do Banco Itáu. Consideremos que Neca Setubal, como diz Marina, de fato é apenas uma educadora e — ainda que acionista da holding Itausa — não tenha palpitado sobre o programa econômico da candidata.
Atentem, no entanto, para o que disse o presidente do Itaú, Roberto Setúbal, em entrevista a O Globo em dezembro de 2013, sobre o papel dos bancos públicos:
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Sobre o BNDES e os projetos de infraestrutura com financiamento público:
O programa de Marina, portanto, adota as linhas mestras do pensamento de Roberto Setubal, o principal executivo do Itaú.
Vendo aí uma oportunidade política, a campanha de Dilma Rousseff reagiu oficialmente e disparou a seguinte mensagem, por e-mail:
Bancos públicos permitem crescimento econômico com inclusão social
“Diminuir o papel dos bancos públicos vai acabar com o financiamento do investimento, da agricultura, de todas as obras de infraestrutura. Quando cheguei ao governo, o financiamento de longo prazo no Brasil era de 5 a 7 anos. A taxa de juros era de duas casas. Não existe obra de infraestrutura se não tem financiamento de 30 anos, que não tenha taxa de juros compatível com longo prazo”.
Quando fez a afirmação, durante entrevista em um telejornal, a presidenta Dilma Rousseff, candidata à reeleição, chamou atenção para a possível paralisia nos investimentos em políticas sociais e em infraestrutura, caso vigorem as propostas de candidatos opositores, de dar independência ao Banco Central e de deixar nas mãos dos bancos privados decisões sobre crédito e juros, por exemplo.
Os bancos públicos brasileiros, especialmente Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), funcionam como financiadores das obras de infraestrutura do país, promovendo o desenvolvimento da matriz energética (hidrelétricas, linhas de transmissão, projetos de geração de energia eólica), da matriz logística (rodovias, ferrovias, portos e aeroportos) e da Mobilidade Urbana (trens, metrôs, VLT, BRT).
Sem a alavanca dos bancos públicos, estes investimentos não sairiam do papel e o Brasil estaria estagnado nestes setores.
Segundo a presidenta Dilma, a ampliação da presença dos bancos públicos na economia ao longo dos governos Lula e Dilma foi decisiva para o estabelecimento de parcerias com o setor privado para as obras de infraestrutura que já estão concluídas e as que estão em curso em todo País.
“Estou falando de obra de energia elétrica, de metrô, rodovia, ferrovia, portos e aeroportos. Sem essas condições de financiamento, não terá investimento nesse País”, disse.
Além da infraestrutura, diminuir a atuação dos bancos públicos significa diminuir também as condições essenciais para a existência de programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida. Dilma explica que, para uma família que ganha R$ 1,6 mil, nas condições do mercado praticadas pelos bancos privados, a prestação de um apartamento no valor de R$ 60 mil sairia a R$ 940. “Hoje, com o financiamento da Caixa, a prestação do Minha Casa Minha Vida é de 5% da renda do beneficiário”, exaltou.
Riscos
O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, afirma que é um grande risco terceirizar instrumentos fundamentais que os governos democráticos dispõem para a implementação da política fiscal e orçamentária e o enfrentamento de crises.
Segundo ele, essas medidas “levam para o caminho da recessão, com o choque de preços de energia, o encarecimento do crédito, o aperto monetário e fiscal, a terceirização da política fiscal e, consequentemente, o rompimento completo com os compromissos sociais e com a própria estrutura produtiva do país”.
A presença e atuação dos bancos públicos têm sido fundamentais no financiamento de projetos estratégicos para o desenvolvimento econômico do Brasil, como grandes obras de infraestrutura e de modernização da indústria.
“É evidente que é importante desenvolver o crédito privado e novos instrumentos de crédito de longo prazo, mas é um equívoco privatizar o mercado de crédito e abrir mão de instrumentos públicos, para o investimento de longo prazo”, disse Mercadante.
Para o ministro, a atuação dos bancos públicos foi muito importante não apenas para a reação à crise de 2008, mas também para a manutenção de boa parte do dinamismo do mercado doméstico e para a recuperação do investimento, que permitiram combinar crescimento econômico com inclusão social.
“Diante da crise internacional, a política industrial e os bancos públicos têm sido utilizados pelos governos como instrumentos de política anticíclica e de renovação da estrutura produtiva”, disse.
Mercadante acredita que seria um retrocesso retomar uma velha proposta do sistema financeiro, que acabaria com o crédito direcionado e barato para atividades estratégicas em áreas como agricultura, habitação e investimento de longo prazo.
“Estariam comprometidos os R$ 180 bilhões de reais/safra para a agricultura comercial e familiar, previstos no plano Safra 2014-2015, os R$ 190 bilhões de reais/ano destinados pelo BNDES principalmente à indústria e infraestrutura, e os recursos destinados aos programas de financiamento à habitação popular, como o programa Minha Casa Minha Vida. Com isso, o crédito ficaria mais caro, tanto para quem produz, quanto para quem quer comprar sua casa própria, derrubando assim os Investimentos e empurrando nossa economia para um ajuste ortodoxo e recessivo”, disse.
Banco Central
O ministro Mercadante explica, ainda, que a proposta de independência legal do Banco Central, retira da população o direito de influir, ainda que indiretamente, em decisões que afetam o seu dia a dia, como, por exemplo, se o Banco Central deve considerar os impactos de suas decisões sobre o emprego e a renda.
“O que está se propondo é praticamente um quarto poder, o poder dos bancos, traduzido em um Banco Central com uma diretoria blindada diante de qualquer governo democraticamente eleito pelo povo. A autonomia operacional do Banco Central vem sendo praticada há décadas no Brasil, mas a independência completa representa um retrocesso na relação entre o governo democraticamente eleito e o capital financeiro”, explicou.
Mercadante cita economistas renomados como Joseph Stiglitz, Paul Krugman e Simon Johnson, que destacaram que os excessos dos bancos centrais independentes, sempre dispostos a atender os pleitos dos mercados financeiros em matéria de regulação bancária e política monetária, estão na raiz da crise de 2008.
“Também ressaltam que os países com bancos centrais menos independentes, como o Brasil, a Índia e a China, foram aqueles que melhor enfrentaram a recente crise internacional”, afirmou.
Leia também:
Stiglitz: Banco Central independente de quem?
O relatório da Moody’s sobre o Brasil e o viés da mídia conservadora
Comentários
Hell Back
Supondo um mundo econômico ideal – um objetivo bem utópico de ser conseguido – com todos os bancos praticando juros baixos vigentes no mercado internacional. O que aconteceria com os bancos em caso de uma crise qualquer? Quem iria socorrê-los? O “BC independente”? Quais as taxas de juros que o mesmo iria cobrar desses bancos que ficaram em “apuros”? E o governo? Mas se o BC é independente, o governo não tem nada com isso! O BC independente que os banqueiros querem é aquele que quando precisarem de dinheiro, o socorro virá dos cofres públicos! Foi isso que aconteceu nos EUA e a crise se alastrou pelo resto do mundo. Quem pagou – e ainda está pagando – foram os países mais pobres do mundo.
FrancoAtirador
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Futuro Ministro de Aério Naves (PSDB)
fez negócio de mais de R$ 180 milhões
na Bolsa de Valores de São Paulo.
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Gestora de Fundos Gávea Investimentos,
criada por Armínio Fraga,
ex-presidente do Banco Central
[no Governo de Fernando Cardoso (PSDB)] –
nome escalado pelo candidato tucano Aécio Neves (PSDB)
como ministro da Fazenda, em caso de vitória na eleição -,
vendeu todas suas ações na Autometal (AUTM3),
fabricante de peças para a indústria automobilística.
A participação da Gávea no capital da empresa global
era de 7,44%, segundo informações da BM&FBovespa.
A OPERAÇÃO FINANCEIRA ULTRAPASSOU OS R$ 180 MILHÕES.
|12h06 | 25-09-2014
InfoMoney
Gestora de Armínio Fraga vende ações na Bolsa;
operação passa de R$ 180 milhões
Participação da gestora era de 7,44% do capital da empresa,
segundo informações da BM&FBovespa, atualizado em junho
Por Paula Barra
SÃO PAULO – A gestora Gávea Investimentos, criada pelo ex-presidente do Banco Central [no Governo Fernando Henrique (PSDB)] Armínio Fraga –
o nome escalado por Aécio Neves (PSDB) como ministro da Fazenda
em caso de vitória na eleição de outubro -,
vendeu todas suas ações na Autometal (AUTM3),
fabricante de autopeças para indústria automobilística global.
A participação da gestora era de 7,44% do capital da empresa,
segundo informações da BM&FBovespa, atualizado em junho.
Em comunicado enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) hoje,
a Gávea não informou por quanto vendeu os papéis,
mas atualmente são negociados na Bolsa a R$ 19,40.
Segundo dados da BM&FBovespa, o capital social da companhia
é composto por 125.907.641 ações, ou seja,
caso a venda tenha sido feita pelo valor atual,
a Gávea pode ter embolsado R$ 181,7 milhões com a operação.
A Autometal está de saída da Bolsa.
Em abril deste ano, a espanhola CIE Automotive informou
que fará uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) da companhia
com o objetivo de fechar o capital da empresa,
em uma operação que pode chegar a R$ 607 milhões.
A CIE Automotive visa concluir a operação ao preço de R$ 19,11 por papel, segundo edital da oferta, publicado em agosto deste ano.
Segundo informações da Autometal, a Gávea informou
que a alienação da participação não tem objetivo
de alterar o controle ou estrutura administrativa da empresa,
tendo resultado apenas do critério adotado para seleção de investimentos.
Além desse comunicado, hoje uma reportagem do blog Primeiro Lugar, da Exame,
apontou que a gestora está com planos de vender também
sua participação de 32% na Camil Alimentos,
maior beneficiária de alimentos da América Latina.
Segundo a publicação, o BTG Pactual teria sido contratado
para assessorar os acionistas nessa operação
e já começou a procurar potenciais interessados.
Vale lembrar que o mercado cogitava há alguns meses
que a Gávea iria comprar o Fleury.
Rumores indicavam que a gestora estaria em conversas
com fundos soberanos para levantar cerca de R$ 1 bilhão
para adquirir a participação dos médicos acionistas do laboratório.
Pouco depois, surgiram mais especulações
de que a gestora estaria interessada também
em adquirir a BR Insurance (BRIN3).
A empresa, no entanto, disse à época
que não recebeu proposta formal do fundo Gávea.
(http://www.infomoney.com.br/autometal/noticia/3597441/gestora-arminio-fraga-vende-acoes-bolsa-operacao-passa-180-milhoes)
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Leia também:
InfoMoney
Mercados [Abutres]
Eleições 2014
INVESTINDO NAS ELEIÇÕES
Quanto já rendeu a “Carteira Política” na Bolsa?
Acompanhe em Tempo Real o Desempenho do ‘Portfólio’…
Entenda o “Rali Eleitoral”
Desde 17 de março, dia em que teve seu menor fechamento do ano,
o Ibovespa engatou um movimento de alta que já chega a 30%,
saltando daqueles 44 mil pontos para os 62 mil pontos –
maior patamar desde janeiro de 2013 -,
em um movimento chamado de “Rali Eleitoral”,
já que a disparada teve início
com a divulgação das pesquisas eleitorais.
As ações de empresas estatais –
Petrobras (PETR3, PETR4), Eletrobras (ELET6) –
e do setor financeiro –
Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3) –
foram as que mais subiram nesse período, com algumas delas chegando
a duplicar de valor de mercado de março pra cá.
A explicação dada pelos ‘Especialistas do Mercado’
era que as pesquisas eleitorais começaram a apontar
uma queda na popularidade de Dilma Rousseff –
até então amplamente favorita para ser reeleita -,
aumentando as chances de que um candidato adversário
assumisse a presidência na disputa eleitoral.
Uma eventual mudança de governo acabou sendo bem recebida
devido ao descontentamento dos investidores da Bovespa
com a maneira intervencionista que a atual gestão
tem tocado importantes segmentos da economia brasileira.
Uma das intervenções mais “sentidas” pelos investidores
foi no setor elétrico, onde a implementação de uma medida provisória
em 2012 obrigou as empresas a reduzirem suas tarifas.
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Será que ninguém vai pedir à Comissão de Valores (CVM)
uma rigorosa investigação dessa especulação escandalosa?
Donos de Prostitutos de Pesquisa e de Empresas de Mídia,
que têm informação privilegiada, também estão especulando?
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Maria
Aluisio diz que o preju é de 2 bi pois é jornalista.
Qualquer economista ou contador sabe que isso é uma bobagem.
Se apenas alguns prédios de algumas estatais bem poderiam ser vendidos por esse valor, e a maior fatia da privataria foi paga com os titulos podres do governo, e o balanço da privataria foi feito em cima de valores falsos, vemos que
o preju é do total da privataria, e não 2 bi. Não entendo.
FrancoAtirador
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(http://imgur.com/x7bq5kk)
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13 razões para votar contra a independência do Banco Central
O projeto vencedor da eleição
não pode ser usurpado
por um Quarto Poder não eleito,
composto arbitrariamente
por tecnocratas do setor financeiro.
Por Fernando Nogueira da Costa*
A primeira razão para votar contra a Independência do Banco Central é
Política:
a defesa do direito político do cidadão de votar, ser votado, e escolher o programa socioeconômico estratégico para o País de maneira autônoma.
O projeto vencedor da eleição não pode ser usurpado por um Quarto Poder não eleito, composto arbitrariamente por tecnocratas de uma linha de pensamento econômico oposta.
A segunda razão para votar contra a Independência do Banco Central é
Cívica, isto é, em defesa dos direitos cívicos do cidadão como elemento integrante do Estado.
A civilidade relaciona-se também ao dever de observar as formalidades que os cidadãos adotam entre si para demonstrar mútuo respeito.
Cabe evitar o corporativismo dos funcionários do Banco Central. Eles não podem ser servidores públicos autônomos sem prestar contas e voltados para seus próprios interesses particulares.
A terceira razão para votar contra a Independência do Banco Central é
a Separação entre os Poderes.
É essencial para a manutenção da liberdade política que o Estado seja dividido em apenas três poderes: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Em regime democrático, os representantes do povo são eleitos para legislar e fiscalizar, assim como é eleito o(a) presidente(a) da República.
Não há como comparar as exigências das carreiras dos magistrados do Poder Judiciário com as das carreiras de economistas que compõem o COPOM – Comitê de Política Monetária.
A quarta razão para votar contra a Independência do Banco Central é
o Critério de Escolha da Diretoria.
O verdadeiro objetivo dos assessores econômicos que fazem a cabeça para uma candidata defender o anacronismo dessa independência é escolher colegas de pensamento econômico ultraliberal para o dominar esse Quarto Poder.
A quinta razão para votar contra a Independência do Banco Central é
o Viés da Validação Ilusória.
Os membros de sua Diretoria buscariam só dados que corroborassem suas projeções como fosse um pensamento único coletivo.
Sem pluralismo, falariam só com analistas que pensam da mesma maneira, selecionariam apenas informações que apoiassem sua decisão.
O correto seria ter contatos com pessoas com pensamentos distintos ou fontes que questionassem suas hipóteses, fazendo-os refletir, procurar por pontos que não seriam capazes de prever.
A sexta razão para votar contra a Independência do Banco Central é
a Rejeição da Tecnocracia.
Democracia é governo no qual o povo, direta ou indiretamente, toma as decisões importantes a respeito das políticas públicas, não de forma ocasional ou circunstancial, mas segundo princípios permanentes de legalidade.
Não se confunde com Tecnocracia, isto é, o sistema de organização política e social fundado na supremacia dos técnicos, e/ou com Meritocracia, quando há predomínio social daqueles que supostamente têm mais méritos intelectuais segundo o julgamento com o viés de auto validação de seus próprios pares de pensamento similar.
Independência do Banco Central é um Golpe Tecnocrata!
A sétima razão para votar contra a Independência do Banco Central é
Histórica.
Ser cidadão brasileiro representou conquistar direitos civis,
como ter direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante à lei, com um século de atraso, apenas com a extinção da escravidão e a proclamação da República, em 1888-89, em relação às conquistas inglesas, norte-americanas e francesas no Século XVII-XVIII.
Somente um século depois, com a Constituinte de 1988, após 1/3 do período republicano com ditaduras (1930-1945 e 1964-1984), quando predominou o Poder Tecnocrático, conquistamos plenamente os direitos políticos de eleger a direção da sociedade, votar, ser votado, associar-se em sindicatos e partidos, liberdade de expressão, etc.
Na transição do Século XX para o XXI, começamos a conquistar direitos sociais à educação, à saúde, à aposentadoria, à segurança pública.
No Século XXI, nosso grande desafio está sendo conquistar direitos econômicos: ao trabalho, ao salário justo, a uma renda mínima, acesso aos bancos, isto é, a crédito e produtos financeiros.
Não podemos permitir o retrocesso à autonomia dos tecnocratas na colocação de obstáculos a essas conquistas!
A oitava razão para votar contra a Independência do Banco Central é
a Descoordenação entre Instrumentos de Política Econômica.
É necessário obter consistência no uso dos dois instrumentos de política de controle da demanda agregada (política fiscal e política monetária), dois regimes de câmbio (estabilizado e flexível) e quatro graus de mobilidade de capital.
A Diretoria do Banco Central e a equipe econômica do Ministério da Fazenda não podem atuar de maneira descoordenada, uma tomando decisões que prejudicam a outra [1].
A nona razão para votar contra a Independência do Banco Central é
o Argumento de Autoridade.
Milton Friedman afirma que “a proposta do Banco Central independente não é a proposta monetarista”.
Ele é contra o arbítrio colocado à disposição da diretoria de Banco Central independente.
Joseph Stiglitz, economista keynesiano ganhador do prêmio Nobel de Economia, em 2001, e ex-vice-presidente do Banco Mundial, se opõe à autonomia dos bancos centrais porque esses “tomam decisões que afetam todos os aspectos da sociedade, incluindo as taxas de crescimento econômico e do desemprego.
Porque existem trade-offs, essas decisões só podem ser feitas como parte de um processo político”.
Ele assinala que os “trabalhadores, que têm muito a perder se o Banco Central persegue uma política monetária excessivamente rígida, não têm um lugar na mesa.
Mas os mercados financeiros – que não têm muito a perder com o desemprego, mas são afetados pela inflação [devido à “eutanásia dos rentistas” que aplicam em títulos de renda fixa] – são tipicamente bem representados”.
Por fim, observa que “China, Índia e Brasil enfrentaram com mais êxito que diversos países centrais a crise econômica internacional porque evitaram conceder autonomia a seus bancos centrais”.
A décima razão para votar contra a Independência do Banco Central é
que Correlação não é Causalidade.
Eventual correlação entre grau de autonomia do Banco Central e baixa taxa de inflação significa apenas que esta é resultante de outros fatores como abertura comercial, finanças públicas em ordem, taxa de câmbio estável, etc., existentes em países com ou sem Banco Central independente, indicando espuriedade.
A décima-primeira razão para votar contra a Independência do Banco Central é
a Tropicalização Antropofágica Miscigenada.
Ao longo da história econômica brasileira se impuseram duas sabedorias.
Primeira, “independentemente dos homens e de suas intenções, sempre que o Banco Central se entrega à austeridade financeira, os Bancos Públicos escancaram os cofres, com a inevitabilidade quase de uma lei natural”.
Segunda, “o comportamento dos Bancos Públicos é, por definição, o desejado pelo Governo da Ocasião, seja ele monetarista, seja desenvolvimentista, ou, quase sempre, apenas pragmático”.
A dosagem de suas operações é instrumento básico de política monetária. O direcionamento setorial do crédito dá-lhe flexibilidade.
Em outras palavras, cada país tem suas próprias instituições ou costumes.
Não são intercambiáveis, pois são construções coletivas de cada povo.
A décima-segunda razão para votar contra a Independência do Banco Central é
o Anacronismo da Ideia.
É uma atitude que não está de acordo com nossa época de inflação estável.
A experiência brasileira de estabilização inflacionária demonstra que ter Banco Central independente não é nem condição necessária nem suficiente, para combater a inflação.
Para o sucesso dessa política, há sim necessidade de adotar política macroeconômica abrangente e coordenada, envolvendo política de abertura comercial, política fiscal, política de rendas, política cambial e política de juros, em condições internacionais propícias ao acúmulo de reservas internacionais e à sobrevalorização da taxa de câmbio.
A independência do Banco Central também não consegue controlar a oferta de moeda endógena, ou seja, a remonetização determinada pela nova demanda por moeda dos agentes econômicos nas condições de estabilidade inflacionária.
Sempre são as forças de mercado que efetivam a oferta de moeda.
A décima-terceira razão para votar contra a Independência do Banco Central é
a Dependência em Relação a O Mercado.
O risco de sua autonomia absoluta em relação ao governo é seus diretores tornarem-se dependentes de apoio de O Mercado para a nomeação e, depois, contratação após a demissão ou a aposentadoria.
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Nota
[1] Por exemplo, a eficácia da política fiscal em regime de câmbio fixo depende do grau de mobilidade de capital:
se forte, o impacto monetário do balanço de pagamentos reforça o efeito inicial da expansão fiscal;
se fraco, o efeito estimulante da política fiscal sobre renda é contrariado, parcialmente, pelo déficit externo que leva à contração monetária.
Outro exemplo é a combinação ótima de políticas econômicas com taxa de câmbio estável:
com controle de capital, uma política fiscal expansionista em simultâneo com uma política monetária contracionista, eleva o juro sem atrair capital suficiente para cobrir o déficit do balanço de pagamentos, obtendo expansão da renda e do emprego.
Já com abertura financeira, a política fiscal expansionista, acompanhada de política monetária expansionista, limita a alta do juro e, em consequência, o superávit da conta capital, estimulando o investimento.
Com regime de câmbio flexível, a política monetária será sempre mais eficaz do que é com regime de câmbio fixo, independentemente do grau de mobilidade de capitais.
Já a política fiscal com mobilidade forte provoca superávit do balanço de pagamentos e apreciação da moeda nacional, desestimulando a exportação e estimulando importações.
Portanto, para ela ser eficaz no sentido expansionista, tem de ser combinada com controle de capital, provocando déficit do balanço de pagamentos e depreciação da moeda nacional, o que reforça a exportação de produtos nacionais.
*Professor Livre-Docente do IE-UNICAMP.
Autor do livro “Brasil dos Bancos” (Edusp, 2012).
(http://fernandonogueiracosta.wordpress.com)
http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/13-razoes-para-votar-contra-a-independencia-do-Banco-Central/7/31840
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Lukas
Azenha, pergunta lá pro seu amigo o que significa a disparada do Banco do Brasil e da Petrobras.
Guilherme
O ITAU tem que torcer para Marina não ganhar. Imagina para qual vidraça vai a primeira pedra na primeira crise de governo???
Lukas
Hoje tem pesquisa Datafolha. Petrobras sobe, agora, 4,79%.
Leo V
Não vi nada nos trechos de entrevista do Setúbal em que ele pregue diminuição da atividade dos bancos públicos. Ele responde perguntas feitas,e nenhuma delas é se ele acha que o BNDES e outros bancos públicos devem ter papel reduzido.
Claro que faz sentido que para um banqueiro seja melhor que os bancos públicos não ofereçam taxas baixas, por uma questão de competição de mercado, mas na entrevista ele em nenhum momento afirma isso.
Luiz Carlos Azenha
“A boa notícia é que, passado esse período de estímulos [pós crise de 2008], os bancos públicos devem voltar a suas atuações mais tradicionais”. Tá dito lá:
1. Não é notícia. É desejo
2. “Boa notícia” para quem?
3. Ele reinvidica claramente parte do papel desempenhado pelo BNDES no investimento de obras de infraestrutura, citando exemplos do que o Itaú faz fora do Brasil e, presumivelmente, faria no Brasil não fossem as taxas de juros praticadas pelo banco público. abs
Leo V
O “boa notícia” se refere ao endividamento público, e não a um interesse próprio do Itaú.
Claro que, pelo motivos que já elenquei, é mais negócio para um banqueiro que os bancos públicos não deem empréstimos subsidiados. Mas, novamente, nesse trecho de entrevista não aparece nada explícito nesse sentido. Novamente, a “boa notícia” se refere ao fim da política que cria endividamento público, e não a um interesse específico da empresa dele.
Bacellar
Diz sim textualmente da terceira à sexta linha da primeira resposta. Além de ser claramente o sentido geral que se tira das entrelinhas desses trechos da entrevista…
Bacellar
Alias…Da quarta a sétima…
FrancoAtirador
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O Leo V viajou na maionese.
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