Priscila Silva: Candidato, esqueça minha família e cuide da sua. Grata
Tempo de leitura: 4 minCandidato, esqueça minha família e cuide da sua. Grata.
Priscila Silva, na Espiral do Silêncio, 26.08.2014
Um espectro ronda a nação brasileira – o espectro da “destruição da família”. Ou algo do tipo.
Quem está acompanhando a propaganda eleitoral gratuita deve ter notado a frequente preocupação de candidatos com a tal “família”. A palavra foi mencionada, de forma abstrata e descontextualizada, mais de 20 vezes só na propaganda eleitoral local do DF desta segunda-feira (25/08) – inclusive por candidatos com não mais que 10 segundos para expor os termos de sua candidatura. Quatro segundos para o nome, quatro para o número e dois para a família. Não a dele. A sua.
A menção a esse tema é tão recorrente que, se alguém pouco familiarizado com o Brasil assistir ao horário eleitoral desse ano, se sentirá confrontado, de imediato, com uma realidade nacional preocupante: a galopante repressão às relações familiares tradicionais – imposta aos “cidadãos de bem” e combatida pelos “representantes dos interesses da família” – estaria colocando o país à beira do caos social e suprimindo o direito de se constituir matrimônio heterossexual e ter filhos.
Já quem vive neste país predominantemente cristão e com forte herança patriarcal, onde se estupram e subjugam mulheres, se matam gays e espancam lésbicas, sabe que isso não passa de um delírio coletivo de indivíduos incapazes de conviver com valores e estilos de vida diferentes dos seus.
Essa obscura bandeira de defesa da família não tem como objetivo pleitear direitos. Sua premissa é, ao contrário, a batalha pela restrição dos direitos alheios – em geral, direitos já gozados pelos próprios adeptos e militantes dessa aberração ideológica. Trata-se, pura e simplesmente, de uma luta contra os direitos do outro.
“Defesa da família” é só uma maneira pomposa de dizer: “não consigo conviver com pessoas diferentes de mim”.
Apesar de anedótico, não é digno de discussão muito profunda o teor apocalíptico com o qual a questão da predominância ou não da família tradicional na sociedade brasileira é colocada no cenário político. A premissa de que a existência da família é melhor do que sua inexistência é baseada, em geral, em dogmas religiosos e culturais, e nunca foi seriamente racionalizada e debatida pelos grupos que a defendem. “A desintegração da família vai causar o caos social”. Mas, até agora, ninguém sabe muito bem por que.
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Mais importante do que entender os argumentos fantasiosos criados para justificar a necessidade de se manter o núcleo familial nos moldes tradicionais e cristãos, é saber exatamente o que significa lutar por esse ideal. A “defesa da família” não diz respeito aos laços existentes entre pai, mãe, filhos e irmãos. Não fala sobre sentimentos de amor e carinho. Também não se relaciona com apoio e responsabilidade, ou com a dor e a saudade que causa a perda de um ente querido. E, muito menos, tem a ver com a busca do direito de escolher como viver. Por quê? É simples: não se pleiteia direito já conferido, consolidado e dominante. Quando alguém faz isso, está na verdade buscando outra coisa: cercear o direito do outro.
Um dos grupos mais prejudicados nessa história é a comunidade LGBT, que obteve alguns avanços nos últimos anos, como a união estável e o casamento civil, mas cuja luta esbarra constantemente na bandeira de “defesa da família”, solidamente representada no Congresso Nacional.
Deriva desse conflito, ainda, o estímulo implícito à violência e discriminação contra homossexuais e transgêneros, a intolerância e as tentativas de orientação forçada a uma forma de vida que os integrantes dessa militância desprezível julgam “correta”. Kit macho, cura gay, comunidades de orgulho hétero em redes sociais e as barbaridades ditas por certos parlamentares da ultradireita são todas demonstrações cabais de que não estamos tratando aqui da “defesa da família”, e sim do “ataque à diversidade”.
Mas a discriminação por orientação sexual não é a única faceta desse fascismo travestido de espiritualidade. A “defesa da família” também implica a demonização do aborto e coloca obstáculos à liberação integral da mulher do ambiente doméstico e da função obrigatória e natural de esposa e mãe. Isso sem falar nas diversas ideias tipicamente reacionárias que vêm embutidas nesse pacotão de intolerância.
Classismo, racismo, resistência a transformações sociais, saudosismo da ditadura, linchamentos – são alguns dos ideais malucos dessa doutrina “do cidadão de bem contra os depravados do mal”.
Defender algo já dominante: repressão ou só um discurso vazio do seu candidato.
Desconsiderando toda a conotação negativa que a “defesa da família” carrega consigo, e partindo do princípio que não existem intenções discriminatórias neste posicionamento, é interessante analisar o que essa bandeira pode significar nas campanhas eleitorais de nossos candidatos.
Vamos aos fatos: existe algo mais vazio do que se dizer em defesa de uma instituição há séculos consolidada e dominante em nossa sociedade? Que ações poderiam ser implementadas sob uma rubrica tão ampla e vaga quanto esta? Para estruturar e fortalecer famílias, existem os programas de redistribuição de renda, o serviço social, os investimentos em educação.
É possível melhorar os mecanismos de combate à violência doméstica, ampliar o programa Saúde da Família, garantir creches e escolas de qualidade. Todas essas temáticas têm nome, são bem definidas e estão aí para serem discutidas.
Portanto, caro eleitor, se o seu objetivo não é oprimir minorias ou eleger candidatos sem ideias, está na hora de deixar de lado a “defesa da família”. Tenho certeza de que, com tolerância, justiça social e um pouco de amor, cada um vai conseguir cuidar da sua.
Leia também:
Silvio de Almeida e o racismo no futebol: Que jogadores terão coragem de interromper o jogo?
Comentários
alberto tiago
Vendo o horario eleitoral lembrei da frase de Nelson Rodrigues..
A FAMILIA E O ULTIMO REDUTO DO CANALHA como tem canalha no horario eleitoral
andre
Dr. Amaral: o Brasil lembra da frase de Ulisses: sou velho, mas não sou velhaco
2 de setembro de 2014 Autor: Fernando Brito
O Dr. Roberto Amaral fará hoje uma escolha.
Aquela que um dia, Ulisses Guimarães retratou na frase: sou velho, mas não sou velhaco.
Hoje vão se entregar as contas do PSB sobre receitas e gastos de campanha.
Nela, segundo ele próprio anuncia, constará “tudo”.
Os dirigentes do partido acenam com uma “doação” do avião que servia a Eduardo Campos e Marina Silva e que acabou por vitimar o candidato do PSB, transformando sua vice em “obra de Deus”.
O Dr. Roberto Amaral sabe que esta “doação” é mentirosa e os documentos (?) que tentarão lhe dar aparência de real são falsificações.
Ninguém (e até agora ninguém é ninguém mesmo, porque o único papel que surgiu é anônimo) compra um avião de R$ 20 milhões para “doar” para uma campanha que vai durar quatro meses.
Pela simples razão de que o aluguel de um jatinho, fazendo o mesmo papel de servir ao candidato, com tripulação, operação e combustível, custaria pouco mais de um décimo deste valor.
Mesmo que o “doador” fosse um louco, o partido lhe diria isso e diria que alugasse.
Tanto é assim que nenhuma campanha, mais milionária que fosse, ousou até hoje tamanho golpe: “não me empreste-me um avião, doe-me um”.
Dos destroços do Cessna emana a evidência de uma fraude.
Se é isso, como antecipou ontem o Estadão, o que o PSB vai apresentar à Justiça Eleitoral será a consumação de um crime que vai além do Código Eleitoral, vai à lei penal brasileira.
Gravíssimo, pois vai além da materialidade do delito, mas atinge a boa-fé de toda a população.
Não há um jornalista com quem converse que não esteja convencido de que houve uma trampa aeronáutica de milhões dólares sob as asas da “nova política”.
Hoje, com a entrega dos documentos, produz-se a certidão de óbito de qualquer alegação de honradez e ética que possa haver nela, inapelavelmente.
A “Operação Uruguai” de PC Farias será uma miniatura, frente à fraude que se está por consumar.
É tão grande, mas tão grande que – mesmo com a cumplicidade da mídia, que não estampa o episódio escandaloso com o destaque que merece e demonstra uma inexplicável preguiça em encontrar, há mais de 15 dias, os espertalhões que intermediaram o negócio – nada poderá ocultá-la.
E ela vai surgir como um escândalo capaz de derrubar o governo que, com seu encobrimento, procuram eleger.
O dr. Roberto Amaral fará mais que uma escolha sobre se será velho apenas ou velhaco, como na frase de Ulisses.
Com ele à frente, vão escolher hoje se têm um partido político ou uma societas sceleris, uma quadrilha.
José X.
Acho hipocrisia o comportamento da Priscila Silva. Porque ela sabe muito bem quem são os candidatos que querem interferir em sua vida particular, mas não tem coragem de dar os nomes. A começar, claro, pela candidatura das teocracias, Marina Silva.
Andre
Parece que o discurso da ‘defesa da familia’ chegou definitivamente na poltica brasileria. MAs esse discurso é o mesmo dos grupos da ultradireita européia e dos ‘paleoconservadores’ americanos. Esses grupos ultraconservadores americanos atuam em todo o mundo. Na lei que proibiu manifestações gays na Russia e na lei que criminalizou a homossexualidade em UGanda, ONGs americanas de “defesa da familia’ fizeram um intenso lobby, incluindo apoio financeiro aos defensores da referida legislação. Seria o caso de se perguntar se os candidatos da ‘defesa da família’ não tem ligações mais que ideológicas com essas ONGS. Fico realmente curioso sobre isso.
Romanelli
vc esta certa
mas só duas coisinhas..
Não resuma a nossa sociedade como se sendo “patriarcal”, e que só gay, mulher e lésbica sofrem, engana-se você
..aqui, no mínimo, há uma contradição ..pois todos sabem que quem segura a maioria das famílias é a mãe
..mesmo pq o pai normalmente, MASSACRADO pelo sistema, menos adaptado aos métodos didáticos (as mulheres amadurecem mais rápido), desempregado e descartado precocemente, normalmente, em maioria, entregues ao vício e ao crime, quer pelos HORMÔNIOS à violência tb..
o pai, trancado numa penitenciária, sumido no mundo, ou morto prematuramente, tb tem lá de seus problemas que parece que ninguém quer enxergar.
e outra, do que vejo ultimamente, a “dificuldade” em se conviver com pessoas diferentes tb não é coisa exclusiva dos héteros, pois quem de nós já não teve a sensação, nem que de leve, de que a MAFIA GAY esta dominando a mídia e tentando impor seus valores e praticas ?
..claro, exagero, mas à medida que somos OBRIGADOS a tb conviver com as mais variadas fantasias sexuais expostas hoje abertamente, na rua, como com a parada gay, tudo ganha, no mínimo, um certo relativismo, não ?
Pra mim a palavra de ordem costuma ser a mesma “respeite, e se de ao respeito, se vc quer ser respeitado” ..e finalmente, “a rua é de todos”, não os TEMPLOS, portanto contenha-mo-nos e deixemos nossas questões mais íntimas correrem dentro dos nossos lares, e não em praça pública meio que como agredindo o próximo
questão de equilíbrio, sem radicalismo ..só isso
FrancoAtirador
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Chegou a Hora da Onça Beber Água!
Brasilir@s dirão se querem, de Verdade,
uma Política Independente do Dinheiro.
Plebiscito da Assembléia Constituinte
Exclusiva para a Reforma Política
tem Votação Presencial e pela Internet.
http://imgur.com/sSEgPL7
i.imgur.com/sSEgPL7.png
“Você é a Favor de uma Constituinte Exclusiva
e Soberana sobre o Sistema Político?”
Começa nesta segunda-feira (1º) o Plebiscito Popular
por uma Assembleia Constituinte Exclusiva à Reforma Política.
A votação ocorre até o dia 7 de setembro.
Além das urnas físicas, que estão espalhadas pelo Brasil inteiro,
os eleitores poderão participar de forma online.
Para que o voto seja computado,
é necessário informar o Nome e o CPF.
O objetivo é alcançar um número expressivo de votantes
e também abranger localidades onde não haja urna.
Segundo Rodrigo César, da secretaria que organiza a votação,
o sistema online é seguro, pois, como exige o CPF,
não será possível a ocorrência de assinaturas duplicadas.
De acordo com informação do comitê organizador,
há mais de mil comitês em várias partes do país,
sendo a cidade de São Paulo
a região com o maior número de urnas.
Para votar online, clique aqui:
(http://bitbitbit.com.br/plebiscito)
Para localizar as urnas físicas, aqui:
(http://www.plebiscitoconstituinte.org.br/urnas#urnas)
Mais detalhes em:
(http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/09/plebiscito-popular-da-reforma-politica-tem-votacao-online)
(http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Ate-7-de-setembro-Brasil-dira-se-quer-uma-politica-independente-do-dinheiro/4/31725)
(http://www.cartamaior.com.br/?/Blog/Blog-do-Emir/Plebiscito-popular-pela-reforma-do-sistema-politico/2/31716)
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Curiosidade
Como se posicionará a MariNéca,
já que não há a opção ‘Talvez’?
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Mauro Assis
“O Sistema é seguro, pois não permite o uso de CPF duplicado…”
http://www.geradorcpf.com/
FrancoAtirador
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Horário Eleitoral
Na maioria dos casos,
os tais 10 segundos
são integralmente
para a família dele.
(http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/08/1508660-evento-no-maracana-ajuda-a-promover-campanha-de-filhos-de-rr-soares.shtml)
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Alex Herren
Muitos desses políticos que exploram a palavra “família”, após o expediente vão se encontrar com suas amantes. Exemplos não faltam. Tem um que chegou a reconhecer um filho da amante e que depois descobriu que não era seu. Bando de hipócritas.
Marat
Alex, e esse ai que você se refere, segundo uma amiga jornalista, saía com várias “profissionais da mídia”… São promíscuos quando melhor convêm… Depois, para ter apoio de fanáticos, falsos beatos e proselitistas, até comungam, demonizam o aborto ou comparecem à cultos amiúde…
Alemao
Que espetacular inversão de papéis! Aqueles que querem criar “super” cidadãos são pessoas como Priscila. Como se os homossexuais não estivessem protegidos pelas leis atuais, assim como qq outro cidadão.
Se também querem, assim como os libertários que não acreditam no Estado babá, que as famílias tenham liberdade para orientar seus filhos, então que parem tentar impor kits gays nas escolas.
O grande problema dessa turma é que lhes falta leitura.
Seu Zé
Eleitor de Marina, certeza!!! RS (contidos por causa das “pessoas da sala de jantar”.)
Lukas
Aécio realmente está fora do páreo. Nem acusado de ser eleitor do Aécio aqueles que tem opinião divergente são mais. De umas semanas para cá, são todos marineiros.
abolicionista
Lugar de tucano é na floresta, com o resto dos animais…
abolicionista
Quantas pessoas são assassinadas por ano no Brasil por serem heterossexuais, Alemao? Você pode me informar?
Snowden
Estilos de vida diferente dos deles???????????????
Muitos dos atacantes, sabemos, não conseguem assumir sua homosexualidade
por isso bradam alto para não ouvirem a si mesmos.
Francisco
Somente depois que filhos criados por casais homossexuais saírem pela rua dando porrada em pessoas pacificas somente porque elas pensam de modo diferente é que se poderá criticar o homossexualismo como “terreno fértil para famílias disfuncionais”.
Os agressores de rivais do futebol, de minorias étnicas, sexuais, religiosas e politicas são predominantemente filhos de heterossexuais. Eis ai algo que merecia reflexão séria da sociedade… e das religiões.
FrancoAtirador
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Ótima colocação, Francisco.
E, por extensão, pode-se também afirmar
que, mesmo se considerada a proporção,
a maioria dos crimes contra a Vida
não são praticados por homossexuais.
Bem ao contrário, têm sido as vítimas.
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FrancoAtirador
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14/02/2014 11:47
Congresso em Foco
Um homossexual foi assassinado
a cada 28 horas no Brasil em 2013,
diz pesquisa
Registro de gays, lésbicas e travestis assassinados
cresceu quase 15% no país nos últimos quatro anos.
99% dos crimes foram motivados por homofobia.
(http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/relatorio-aponta-312-homossexuais-brasileiros-assassinados-em-2013)
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