Heitor Costa: Chega de culpar São Pedro, que não pode se defender

Tempo de leitura: 3 min

Captura de Tela 2014-05-19 às 13.02.31

O governo Alckmin nada poderia ter feito?

A crise hídrica em São Paulo

por Heitor Scalambrini Costa*

Contra fatos não há argumentos. O que acontece atualmente com relação ao desabastecimento de água em São Paulo se enquadra na retórica de que uma mentira repetida muitas vezes acaba virando verdade.

O governo paulista insiste em negar que se as obras necessárias tivessem sido realizadas poderia ser menos dramática a atual situação. E insiste ainda em responsabilizar São Pedro pelo caos evidente. A culpa não é da seca! A seca é parte do problema, pois desde sempre se soube que ela poderia vir.

Os gestores públicos também negam que existe racionamento, afirmando que o abastecimento de água está garantido até março de 2015, apesar de, na prática, o racionamento existir oficialmente em dezenas de municípios.

Em visita ao interior de São Paulo, no início de agosto, pude constatar uma situação da qual ainda não tinha me dado conta. A gravidade da crise hídrica atinge não apenas a região metropolitana da capital, como a imprensa dá a entender ao enfatizar o colapso do sistema Cantareira, mas atinge todo o Estado mais rico da União.

Dos 645 municípios paulistas, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo) é responsável por fornecer água a 364, quem somam um total de 27,7 milhões de pessoas. Nos outros 281 municípios (não abastecidos pela Companhia), o abastecimento de água a 16 milhões de pessoas fica a cargo das próprias prefeituras ou de empresas por elas contratadas.

Se, por um lado, a companhia estadual de abastecimento nega haver adotado rodízio de água em qualquer um dos municípios atendidos por ela, inclusive na capital, tal afirmação é logo desmentida pelos usuários que relatam interrupções no abastecimento, principalmente à noite.

Apoie o VIOMUNDO

Nos municípios não atendidos pela Sabesp, medidas restritivas estão sendo tomadas por centenas de empresas e gestores locais devido à crise. Em Guarulhos, na grande São Paulo, o abastecimento de 1,3 milhões de moradores é atendido por um serviço municipal, o SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto), e seus moradores passam sem água um em cada dois dias.

Em 18 municípios, cerca de 2,1 milhões de pessoas estão submetidas ao racionamento oficial no estado de São Paulo, correspondendo a 5% da população total, segundo levantamento do jornal Folha de São Paulo (11/Ago).

Além do racionamento, medidas de incentivo à economia de água têm sido adotadas, indo desde multas para reprimir o desperdício a campanhas com rifas de carro e TV para quem poupar e reduzir o consumo voluntariamente.

O que chama a atenção de todos, além da dimensão estadual da crise hídrica em São Paulo, é a insistência dos gestores em negar a existência do racionamento na área de atuação da Sabesp – mesmo contestados pelos moradores, que sofrem na prática com o rodízio provocado pela companhia, com cortes crescentes no fornecimento de água.

A contrapartida do poder é a ação responsável. E o governo paulista tem se mostrado irresponsável com o seu povo, além de incompetente e medíocre para resolver questões básicas para a sua população. É hora de assumir a gravidade da situação e dos erros cometidos, e, naturalmente, fazer as obras urgentes e necessárias para garantir o fornecimento seguro deste bem fundamental à vida.

Chega de hipocrisia, chega de culpar São Pedro que não pode se defender.

Leia também:

Corporações “verdes”: Cada árvore na Amazônia um título no mercado

Apoie o VIOMUNDO


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Francisco

Moro em Sergipe.

Há três anos o estado vive uma das suas maiores secas.

E as pessoas estão tocando a vida.

São Paulo, a “terra da garoa”, não tem água?

Que diabo de seca é essa que Espírito Santo e Rio estão tocando a vida?

Todos os estados no entorno de São Paulo estão tocando a vida (afora os ameaçados de saque hídrico por São Paulo…).

Vamos todos unidos economizar água pessoal!!! Êêêê!!! Alegria!!!

Há dois anos a Globo promete um apagão elétrico no país (que seria, segundo a Globo) prova da “incompetência petista”).

Quando é do PT é falta de planejamento?

Deixe seu comentário

Leia também