Patrick Cockburn: Uma aula sobre como funciona a propaganda de Israel

Tempo de leitura: 5 min

Perda de Território pelos Palestinos para Israel

Esquecer a História, o direito de retorno, onde ficam as fronteiras e o cerco a Gaza

28 de julho de 2014.

O relatório secreto que ajuda os israelenses a encobrir atrocidades

Como Israel fala sobre crimes de guerra

PATRICK COCKBURN, no Counterpunch.org

Os porta-vozes de Israel têm um modelo para explicar como eles mataram mais de 1.000 palestinos na Faixa de Gaza, a grande maioria civis, enquanto apenas três civis foram mortos em Israel por foguetes e morteiros lançados pelo Hamas. Mas na televisão, no rádio e nos jornais, os porta-vozes do governo de Israel, como Mark Regev, se mostram mais engenhosos e menos agressivos do que seus antecessores, que eram visivelmente indiferentes à quantidade de palestinos mortos.

Existe um motivo para essa melhoria nas habilidades do trabalho de relações públicas dos porta-vozes israelenses. Observando o que eles dizem, o script que estão usando é um estudo profissional, bem pesquisado e confidencial sobre como influenciar a mídia e a opinião pública nos Estados Unidos e na Europa.

Ele foi escrito pelo especialista em pesquisas e estrategista político republicano Dr. Frank Luntz, um estudo encomendado há cinco anos pelo grupo chamado The Israel Project, que tem escritórios nos Estados Unidos e em Israel, para ser usado pelos que “estão na linha de frente da guerra por Israel na mídia”.

Todas as 112 páginas do manual foram marcadas com a frase “não é para ser distribuído ou publicado” e é fácil entender o motivo.

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O relatório Luntz, oficialmente intitulado “The Israel project’s 2009 Global Language Dictionary” (Dicionário de Linguagem Global 2009 do Israel Project) foi vazado quase imediatamente para a Newsweek Online, mas sua verdadeira importância foi pouco avaliada.

Ele deveria ser leitura obrigatória de todo mundo, especialmente jornalistas, interessados em qualquer aspecto da política israelense em relação ao “o que fazer e o que não fazer” dos porta-vozes israelenses.

O texto é altamente esclarecedor a respeito do abismo que existe entre o que autoridades e políticos israelenses realmente acreditam e o que eles dizem, formatado em detalhes minuciosos por pesquisas de opinião para determinar o que os norte-americanos querem ouvir.

Certamente nenhum jornalista que entreviste um porta-voz israelense deve levar a entrevista adiante sem antes ler a prévia das muitas frases e temas empregados pelo Sr. Regev e seus colegas.

O livrinho está cheio de conselhos substanciais a respeito de como os porta-vozes devem adaptar suas respostas para diferentes públicos.

Por exemplo, o estudo diz que “os norte-americanos concordam que Israel ‘tem direito a uma fronteira que possa defender’. Mas não ajuda em nada definir exatamente onde deve ser essa fronteira. Evite falar sobre fronteiras em termos de antes ou depois de 1967, porque isso só serve para lembrar os norte-americanos da história militar de Israel”.

Particularmente com a esquerda, isso prejudica. Por exemplo, “o apoio ao direito de Israel de defender suas fronteiras cai de 89% para 60% quando você fala em termos de 1967”.

Que tal o direito de retorno dos refugiados palestinos que foram expulsos ou fugiram em 1948 e nos anos seguintes e que não podem voltar para suas casas?

Aqui o Dr. Luntz tem um recado sutil para os porta-vozes. Ele diz que “o direito de retorno é um assunto difícil para os israelenses tratarem com eficácia porque muito da linguagem israelense soa como o ‘separado mas igual’, vocabulário dos segregacionistas dos anos 50 e dos defensores do apartheid nos anos 80. [Nota do Viomundo: Trata-se do conceito de separação entre israelenses e palestinos, mas a ‘igualdade’ é uma ficção] O fato é que os norte-americanos não gostam, não acreditam e não aceitam o conceito de ‘separado mas igual’”.

Então, como os porta-vozes devem lidar com o que o guia admite ser uma questão difícil? Eles devem chamá-la de uma “reivindicação”, porque os norte-americanos não gostam de pessoas que reivindicam.

“Então diga ‘os palestinos não estão satisfeitos com seu próprio estado. Agora eles reivindicam território dentro de Israel’”.

Outras sugestões de respostas israelenses eficazes incluem dizer que o direito de retorno deve ser parte de um acordo final “em algum momento no futuro”.

O Dr. Luntz observa que os norte-americanos em geral temem imigrações massivas para os Estados Unidos. Então, mencionar “imigração em massa palestina” dentro de Israel não vai cair bem com eles. Se nada mais funcionar, diga que o retorno dos palestinos “atrapalharia o esforço de atingir a paz”.

O relatório Luntz foi escrito após a Operação Chumbo Fundido, de dezembro de 2008 a janeiro de 2009, quando 1.387 palestinos e nove israelenses foram mortos.

Ele tem um capítulo inteiro sobre “isolar o Hamas apoiado pelo Irã como obstáculo à paz”. Infelizmente, quando veio a Operação Margem Protetora, que começou no dia 6 de julho, os propagandistas israelenses tiveram um problema porque o Hamas se desentendeu com o Irã por conta da guerra na Síria e não teve mais contato com Teerã. Relações amigáveis foram retomadas apenas nos últimos dias – graças à invasão israelense.

Muitos dos conselhos do Dr. Luntz dizem respeito ao tom e à apresentação dos argumentos de Israel. Ele diz que é absolutamente crucial demonstrar empatia com os palestinos: “Convencíveis não querem saber o quanto você sabe mas o quanto você se preocupa. Mostre empatia com relação aos DOIS lados!”.

Isso pode explicar o fato de que um bom número de porta-vozes israelenses quase lastima os problemas dos palestinos, enquanto são martelados por bombas israelenses.

Em uma frase em negrito, sublinhada e em caixa alta, o Dr. Luntz diz que os porta-vozes ou líderes políticos israelenses não devem nunca justificar “o massacre deliberado de mulheres e crianças inocentes” e devem questionar agressivamente os que acusam Israel destes crimes.

Os porta-vozes israelenses se esforçaram para seguir essa recomendação quando 16 palestinos foram mortos em um abrigo da ONU na faixa de Gaza na quinta-feira.

Existe uma lista de palavras e frases a serem usadas e a lista das que devem ser evitadas. A campeã de todas: “A melhor maneira, a única maneira, de atingir uma paz duradoura é com o respeito mútuo”.

Acima de tudo, o desejo israelense de paz com os palestinos deve ser enfatizado todo o tempo. Isso é o que a grande maioria dos norte-americanos quer que aconteça. Mas qualquer pressão sobre Israel para que faça a paz pode ser reduzido dizendo “um passo de cada vez, um dia de cada vez”, o que será aceito como “uma abordagem de bom senso na equação terra-por-paz”.

O Dr. Luntz cita como exemplo de “entrevista israelense eficaz” uma que diz: “Eu particularmente quero me dirigir às mães palestinas que perderam seus filhos. Nenhum pai deve enterrar seu filho”.

O estudo admite que o governo israelense realmente não quer a solução dos dois estados, mas diz que isso deve ser mascarado já que 78% dos norte-americanos a querem. As esperanças de melhoria econômica para os palestinos devem ser enfatizadas.

O primeiro ministro Benjamin Netanyahu foi citado com aprovação por ter dito que “é hora de alguém perguntar ao Hamas: o que exatamente VOCÊ está fazendo para levar prosperidade ao seu povo?”.

Essa hipocrisia é inacreditável, depois de sete anos de cerco econômico de Israel que reduziram Gaza à pobreza e à miséria.

Em todas as ocasiões, a apresentação dos acontecimentos por parte dos porta-vozes israelenses é desenhada para dar aos norte-americanos e europeus a impressão de que Israel quer a paz com os palestinos e está preparada para fazer concessões para chegar lá, quando todas as evidências mostram o contrário. Apesar de não ter tido essa intenção, poucos estudos mais reveladores já foram escritos sobre a Israel moderna em tempos de guerra e de paz.

PATRICK COCKBURN é autor de “The Jihadis Return: ISIS and the New Sunni Uprising”.

PS do Viomundo: Enquanto isso, um punhado de manifestantes de extrema-direita em Tel Aviv canta que “Não haverá aulas amanhã, não sobraram crianças em Gaza”, segundo o insuspeito The Times of Israel:

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abolicionista

ONU acusa Israel de torturar crianças palestinas e usá-las como escudo humano

Relatório divulgado hoje expressa “profunda preocupação” com abusos cometidos por soldados

Um órgão de direitos humanos da ONU acusou as forças israelenses de maus-tratos a crianças palestinas, incluindo tortura, confinamento e até mesmo o uso de algumas delas como escudo humano, de acordo com um relatório liberado nesta quinta-feira (20/06).

Reprodução/eletronicintifada.net
Segundo o texto do Comitê da ONU sobre os Direitos da Criança, “crianças palestinas detidas por militares e policiais (israelenses) são sistematicamente sujeitas a tratamento degradante e muitas vezes a atos de tortura; são interrogadas em hebraico, uma língua que não entendem, e assinam confissões em hebreu para serem libertadas”.

O Comitê também indicou que as crianças na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, regiões ocupadas por Israel na guerra de 1967, têm o acesso aos seus registros de nascimento e aos serviços de saúde, escolas decentes e água potável rotineiramente negado.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel se manifestou dizendo ter respondido a um relatório da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) sobre os maus-tratos a menores palestinos em março e questionou se a investigação da ONU traz fatos novos.

“Se alguém simplesmente quer ampliar seu viés político e bater na política de Israel sem se basear em um novo relatório, em trabalho de campo, mas simplesmente reciclando material antigo, não há nenhuma importância nisso”, disse o porta-voz Yigal Palmor.

O Comitê, por sua vez, diz ter obtido suas informações a partir de outros grupos de direitos humanos israelenses, palestinos e da ONU, além de fontes militares. De acordo com eles, Israel não atendeu aos pedidos de informação para o relatório.

O documento, composto por 18 peritos independentes, reconheceu as preocupações de segurança nacional de Israel e que as crianças de ambos os lados continuam a ser mortas e feridas, mas com mais vítimas entre os palestinos.

A maior parte das crianças palestinas presa é acusada de atirar pedras, o que, segundo o relatório, pode levar a uma pena de até 20 anos de prisão. A estimativa é que 7 mil crianças, entre 12 e 17 anos, mas algumas de apenas nove anos, tenham sido presas, interrogadas e detidas desde 2002, gerando uma média de duas por dia.

Além disso, muitos desses menores teriam sido levados acorrentados nos tornozelos e algemados perante tribunais militares, enquanto os jovens seriam mantidos em confinamento solitário, às vezes por meses.

O relatório destacou profunda preocupação com o “uso contínuo de crianças palestinas como escudos humanos e informantes”, dizendo que 14 casos foram notificados somente entre janeiro de 2010 e março deste ano.

A denúncia feita é que soldados israelenses usaram crianças palestinas na frente deles para entrar em edifícios potencialmente perigosos e ficar na frente de veículos militares para deter lançamentos de pedras. Quase todos esses militares permaneceram impunes ou receberam sentenças leves, segundo o documento.

Julio Silveira

Agora tá entendido o por que de Ingleses e dos americanos não destinarem um pedaço de seus territórios para criar o estado sionista.

Regina Braga

Sionismo…funciona graças ao Estado Terrorista…Israel? Não,é só o porta voz do EUA.E o By que moon vai ter um chilique…fala,fala e ninguém ouve.Como diria os índianos a ONU é maya,maya e maya!

Euler

Enquanto a mídia alinhada com o consenso de Washington apoia o criminoso genocídio executado por Israel contra os palestinos, alguns governantes da América Latina fazem gestos nobres. É o caso do Brasil da nossa presidenta Dilma, que não vacilou em condenar o massacre em Gaza. Chamou de volta o embaixador do Brasil em Israel, aprovou decisão na ONU condenando Israel e tem divulgado notas pelo fim do massacre.

Outro governo, da Bolívia do presidente Evo Morales, acaba de revogar acordo de 1972 com Israel, que assegurava aos israelenses o direito de entrar naquele país livremente, sem visto. De acordo com o governo da Bolívia, Israel é um estado terrorista e não cumpridor das leis internacionais. Vários outros governos da América Latina tomaram atitudes de condenação ao genocídio em Gaza.

Vergonhosa tem sido a atitude dos EUA e dos países ricos da Europa, que se omitem, enquanto se esforçam para desviar a atenção para as sanções contra a Rússia, sem qualquer fundamento. São cúmplices do massacre de um povo, que já fora prejudicado quando instalaram o estado de Israel na Palestina, expulsando os palestinos de suas terras, humilhados, e que agora vivem cercados em prisões a céu aberto.

É preciso combater este genocídio, convidando a população do mundo a se manifestar, a protestar na Internet, nas ruas, a boicotar as empresas que financiam aquele criminoso estado de Israel, a denunciar, enfim, este massacre covarde.

Mário SF Alves

Ué, mas o mal não era a ex-U.R.S.S., o Império do Mal?

O comunismo soviético acabou; ruiu; escafedeu-se. E aí, cadê o mundo novo?

Era esse?

Sidney Oliveira

Sensacional matéria.

Elias

“Não haverá aula amanhã, não sobraram crianças em Gaza”, cantam os israelenses.

Eis o reverso da história. Combateram Hitler e tiraram de suas mãos o nazismo para passá-lo (o nazismo) às mãos dos sionistas israelenses.

E não param nisso. Hoje apoiam neonazistas da Ucrânia. Tudo em nome do deus capital/lucro/riqueza.

E a imprensa serviçal do capitalismo põe seus escribas/escravos para defender tudo isso como certo e o contrário disso errado.

Francisco

Detestaria ser um ex-combatente da Segunda Guerra e me perguntar;

Me arrisquei a morrer lutando contra a ditadura de Hitler, por ISSO?

    Cristhian Almeida

    Não confunda uma coisa com outra amigo, Hitler não queria o fim apenas dos judeus, sua intenção era exterminar os judeus e escravizar ou matar o povo que não fizesse da raça ariana, outro ponto importante e que o Hamas realmente ataca o território de Israel, enquanto o povo judeu da Alemanha não havia nenhuma justificativa para o que Hitler fez.

    marci

    Isso é o que a historia conta. E a historia é tao cheia de vieses; e é contada pelos vencedores; e as vezes é ,mesmo muito mentirosa!
    Ja nem sei mais no que acreditar

    Helder Souza

    E o qual o motivo dado pelos palestinos para israel tomar suas terras e confiná-los em guetos?

valmont

A correspondente da Globo em Israel observa rigorosamente a cartilha do Goebbels israelense. Impressionante!

lulipe

E os países do Mercosul(todos anões) exigindo, repito, exigindo, o cessar fogo na faixa de gaza…Estão querendo fazer média com quem???

    Seu Zé

    Com você, lulipe.

    Carlos de Sá

    Kkkkkkkkkk
    Tomou Lulipe!!

    Gabriel Braga

    Quer dizer que exigir o fim de um massacre de civis inocentes é fazer média?

    Deve ser mesmo difícil pra você aceitar que a América do Sul e o Brasil não rezem mais pela cartilha imposta por Washington e condenem Israel,vassalo americano no Oriente Médio.

    Nelson

    A besteira é tão grande que não mereceria comentário.

    E você, Lulipe, está querendo fazer média com o teu adorado patrão lá do norte?

Jair de Souza

É realmente muito triste, mas não deixa de ser verdadeiro: o sionismo é muito eficiente em sua atuação.

O sionismo é o nazismo que deu certo. Equivale quase que totalmente ao nazismo em seu conteúdo ideológico e proposta de mundo, claro que com a diferença de que a supremacia racial no nazismo recai sobre os alemães e no sionismo sobre a “raça” judia.

É evidente também que o sionismo é muito mais habilidoso do que foram os nazistas: contam em suas equipes com “experts” dos mais diferentes matizes. Há os abertamente de direita, há os que se dizem de esquerda (os piores de todos). O que unifica a todos eles é a insensibilidade com o sofrimento de outros seres humanos que não façam parte de seu grupo. E se esses seres humanos se constituírem em obstáculo para a concretização de seus objetivos (caso do povo palestino), aí, então, não será nem questão de insensibilidade com o sofrimento alheio, será a satisfação de fazer sofrer àqueles que se opõem a seus planos.

Nenhum desses sionistas deixará de dormir tranquilo porque até agora mais de 1.200 pessoas (a maioria civis, crianças e mulheres) foram trucidadas pelas bombas de seu estado judaico.

Assim como os nazistas difundiam a ideia de que ser nazista deveria fazer parte do sentimento natural de todo alemão, os sionistas também propalam a visão de que sionismo e judaísmo são uma única coisa. Mas, devemos ter consciência que, assim como ser alemão e ser nazista não são expressões sinônimas, judaísmo e sionismo também não se equivalem. Felizmente, há muitos judeus que estão na linha de frente na denúncia dos crimes dos sionistas contra o povo palestino. São ainda minoria, é certo, mas por terem a justiça e a verdade de seu lado seu potencial de crescimento é muito grande. Neles recai boa parte da esperança de todos os que desejam pôr fim ao genocídio que o povo palestino vem sofrendo.

    Paulo

    Boa definição: judaísmo é o nazismo que deu certo!

    Paulo

    Troquei as bolas: sionismo é o nazismo que deu certo!

    Que ninguém faça o que acabei de fazer: confundir judaísmo com sionismo :)

Paulo

Para quem quiser entender o sionismo: https://www.youtube.com/watch?v=3jNYlUj2gMU#t=253

Mais do que recomendado!!!

maria utt

quem tiver interesse, o documento, na íntegra: http://www.webcitation.org/query?url=http%3A%2F%2Fwww.newsweek.com%2Fmedia%2F70%2Ftip_report.pdf&date=2009-08-06

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