Adriano Diogo: “Fábio é refém de uma situação da qual não tem a menor ideia”
por Conceição Lemes
Nesta terça-feira, às 14h, acontece na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, ato pela liberdade de liberdade de Fábio Hidedi Harano.
Fábio é aluno e funcionário da USP.
Em 23 de junho, após participar de um protesto contra a Copa, na Avenida Paulista, ele foi detido por agentes à paisana do Departamento Estadual de Investigações (Deic) da Polícia Civil do Estado de São Paulo.
Já estava na escadaria do Metrô Consolação, voltando para casa, quando foi preso.
Fábio, que costuma ir às manifestações com capacete de motoqueiro para se proteger de agressão policial, carregava, pelo mesmo motivo na mochila, uma garrafa de água, outra de vinagre, máscara contra gás lacrimogêneo. Havia também um pacote de biscoito.
Ali, várias pessoas testemunharam os policiais revistaram-no bem como a sua mochila. Não viram nenhum objeto ilegal entre os seus pertences.
Fábio, entretanto, está sendo acusado de carregar explosivos – um crime inafiançável – e de ser um dos líderes dos black blocs.
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Padre Júlio Lancellotti, da Pastoral da Rua, que presenciou a prisão, acusa: “O flagrante policial foi forjado”.
Em declaração à imprensa, o Deic disse que a prisão de Fábio, assim como a de Rafael Marques Lusvargh, também em 23 de junho, foi a primeira ação da operação “black bloc”, que busca identificar as lideranças da “organização criminosa”.
Na sexta-feira 11, o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE-SP) denunciou-os à Justiça por incitação ao crime, associação criminosa armada, desobediência e posse de artefato explosivos.
Desde 25 de junho, os dois estão encarcerados no presídio de Tremembé, interior de São Paulo.
Em mensagem de próprio punho (na íntegra, abaixo), Fábio, da cadeia, contesta a acusação:
“Estou sendo alvo de uma grande e suja perseguição política. Não neguei revista, pois não tinha nada a esconder. Implantaram uma suposta bomba que só fui ver no Deic, horas depois de minha detenção”.
Em outra mensagem (na íntegra, abaixo), Fábio, da cadeia, conta que pediu que ação policial fosse filmada:
“Eu não portava explosivo algum, tanto que pedi aos gritos que a abordagem fosse filmada. Afinal, eu não tinha nada comigo a esconder”.
Este vídeo confirma o que Fábio diz:
Não são apenas seus colegas que rechaçam as acusações.
Em manifesto, professores da USP afirmam: “Fabio não pertence a nenhuma associação criminosa como a Polícia o acusa. Fábio não carregava explosivos quando foi preso nas escadarias do Metrô.
— Afinal, quem é então Fábio, que tanta gente está defendendo? — alguns devem estar perguntando.
Trata-se, segundo professores e colegas, de um jovem idealista, preocupado com os problemas sociais do país e solidário.
Vai sempre a manifestações disposto a dialogar e ouvir todas as opiniões. Quando dá entrevistas, informa seu nome e ocupação, jamais esconde sua identidade.
O deputado estadual Adriano Diogo (PT-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo, foi até Tremembé ouvi-lo.
Apesar de calejado na luta contra a ditadura militar e pela defesa dos direitos humanos, Adriano voltou arrasado. Fábio havia completado 27 anos no dia anterior à sua visita.
“É um garoto, poderia ser meu filho, até meu netinho”, comove-se na entrevista ao Viomundo. “É um cara purão, tem análises muito básicas.”
De família de origem japonesa, pai engenheiro, morou em Vitória (ES) até os 17 anos de idade.
Foi quando veio para São Paulo. Ele é muito inteligente. Fez vestibular para Escola Politécnica da USP. Foi um dos primeiros classificados. Depois, cursou Ciências Sociais e agora está fazendo Jornalismo na Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA-USP).
“Foi uma conversa muito franca, transparente”, prossegue Adriano. “Ele está muito assustado, perplexo com a acusação de ser black bloc…Ele não tem dimensão exata da engrenagem em que foi envolvido. Ele é refém de uma situação da qual não tem a menor ideia.”
“Ele tem a postura de um monge budista na dignidade, na calma, não se vitimiza”, avalia. “É um cara respeitoso, que tem a dignidade do japonês e está tentando fazer o melhor para a humanidade. De jeito nenhum é violento. É absolutamente pacifista.”
“Imagina eu saindo de um presídio de alta periculosidade, para visitar um menino estudioso que poderia ser meu filho, meu neto, que é refém de uma situação que ele nem tem ideia da encrenca”, reitera .
“O Fábio é vítima de uma tremenda armação!”, acusa Adriano. “A prisão dele tem de ser revista já, é totalmente descabida.”
Leia também:
Juiz Damasceno: No Rio, polícia “Mãe Dinah” antevê crime; equivale a Estado de Sítio
Comentários
ricardo silveira
É muito provável que Hideki seja inocente das acusações que lhe fazem. E, enquanto isso não fique muito claro e o rapaz preso os que querem uma sociedade justa não se devem calar. Até o mundo mineral sabe que não há santo na polícia. A indignação contra as arbitrariedades e injustiças devem existir sempre, até que se faça justiça. Aproveito para protestar: o que, de fato, foi a AP 470?
Atuante
Treva total.
Voltamos a 64.
Leo V
NOTA DA ASDUERJ SOBRE AS PRISÕES PREVENTIVAS DO DIA 12 DE JULHO
Em defesa da Professora Camila Jourdan, dos Estudantes da UERJ e de todos os Presos Políticos
Ficamos e permanecemos estarrecidos e indignados assim que soubemos da prisão preventiva da Professora da UERJ, Camila Jourdan. A Docente é Coordenadora do curso de Pós-Graduação em Filosofia dessa universidade. Dividimos com ela cotidianamente atividades acadêmicas e debates políticos de forma plural e democrática como preconiza o ambiente universitário.
Nada justifica, em um Estado Democrático de Direito, que uma funcionária pública, professora qualificada, com endereço fixo responda a um processo que cerceia o direito à livre de expressão e ao livre pensamento. Mais grave é que isso ocorra por meio de prisão preventiva, aplicando-se exceção à ordem constitucional.
Esperamos que a democracia prevaleça e que a Professora Camila, assim como todos os outros presos políticos, alguns inclusive estudantes da UERJ sejam soltos imediatamente.
Saudações sindicais
Diretoria da ASDUERJ
Fernando Garcia
Acho que é bastante claro que o “flagrante” pra cima do Fábio foi armado… não sei se o mesmo ocorre no Rio, talvez algo similar. Mas, ainda sim, tenho lembrado muito do “American Pastoral” do Phillip Roth.
Leo V
Para quem tem ainda alguma dúvida que se tratam de presos políticos do governo Dilma, seja no Rio ou em São Paulo, ou em Fortaleza; se alguém tem dúvida de que essa política de estado de exceção foi articulada a apartir do governo federal, com o sucesso de englobar as secretarias estaduais e o Judiciário, é o próprio Ministro da Defesa que o diz:
” [Celso] Amorim também elogiou os investimentos feitos na Defesa, especialmente na segurança cibernética. Mas o grande legado da Copa do Mundo, na visão do ministro, foi a ação conjunta entre os diferentes agentes públicos envolvidos com o planejamento de segurança e defesa. “Se eu pudesse resumir em uma só palavra o legado que fica para o aspecto de defesa e segurança, esta palavra seria integração”, afirmou.
O general José Carlos De Nardi, chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA) – órgão que coordenou as ações de Defesa na Copa –, também elegeu a integração entre os diferentes órgãos responsáveis pela segurança como o grande legado do Mundial. “Nunca antes Defesa e Justiça andaram tão juntas. Percorremos todas as cidades-sede”, disse.”
http://www.defesanet.com.br/eventos/noticia/16006/Para-o-MD–maior-legado-da-Copa-2014-e-a-integracao-na-area-de-seguranca-/
Tonho
“Quando dá entrevistas, informa seu nome e ocupação, jamais esconde sua identidade.”
Está explicado porque foi preso. E nós explicando trezentas vezes porque muitos usam máscara!
Só uma pergunta: e o Rafael Marques? Também foi preso sob falsas acusações.
Leo V
Pois é, é por isso que o Estado não gosta de máscaras evidentemente, e por isso que temos que usá-las.
Rafael ficou visado por conta a manifestação anterior, em que ele encarou a tropa de choque literalmente de peito aberto, numa resistência gandhiana diria.
Embora sua prisão não tenha sido filmada, certamente as acusações são forjadas. Pegaram alguém visado, bode expiatório, para intimidar, tirar o foco das mobilizações etc.
Leo V
Nota da AJD sobre as prisões no Rio:
NOTA PÚBLICA: REPÚDIO À MILITARIZAÇÃO DA POLÍTICA E À POLICIZAÇÃO DA JUSTIÇA
A ASSOCIAÇÃO JUÍZES PARA A DEMOCRACIA (AJD), entidade não governamental e sem fins corporativos, que tem por finalidade estatutária o respeito absoluto e incondicional aos valores próprios do Estado Democrático de Direito, diante da recente intensificação da repressão estatal às mobilizações populares, repudia a prisão de manifestantes antecedente à prática de fato pelo qual possam ser responsabilizados, a prisão de advogados que lhes assistem, de educadores por posicionamento filosófico-ideológico, de jornalistas-documentaristas de manifestações, a detenção de pessoas a pretexto de testemunharem a execução da ordem judicial de prisão e a exposição de pessoas presas temporariamente.
A prisão temporária sem individualização de condutas e sem explicitação dos fatos que a legitima viola a lei na qual se fundamenta. A custódia com base em eventos futuros e incertos denota cerceamento da liberdade antecedente a prática de qualquer ilícito, viola os princípios constitucionais de liberdade de expressão e reunião e coloca o poder judiciário em situação de subalternidade e auxílio à arbitrariedade policial, quando seu papel é o de garantidor de direitos.
A prisão indiscriminada de advogados, sob o fundamento de associação criminosa aos seus clientes, viola prerrogativa de atividade essencial para a justiça. Ainda que advogados tenham sido sequestrados e torturados durante a ditadura empresarial-militar de 1964 não se tem registro de que algum tribunal, mesmo manietado pelo regime, tenha tido a ousadia de decretar prisões em razão de exercício profissional. Dispõe a Constituição da República em seu art. 133 que o advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações. No âmbito de sua atividade profissional, ainda que no seu ministério privado, o advogado presta serviço público e exerce função social.
O judiciário não pode ser instrumentalizado para a supressão de direitos da sociedade. Pelo contrário, à atividade jurisdicional é constitucionalmente atribuída independência perante os demais poderes do Estado para assegurar os direitos democráticos dos cidadãos.
A AJD pugna pela liberdade de expressão e reunião, repudia prisões antecedente a fatos que as justifique, bem como prisões sem individualização de conduta ou destituída de provas, e conclama pela garantia dos valores constitucionais, cuja asseguramento é papel do judiciário.
André Augusto Salvador Bezerra
Presidente do Conselho Executivo da Associação Juízes para a Democracia
Flavio Lima
Caro Azenha
O Edu Guimarães, que não é jornalista profissional, ta te dando um banho nesse tema.
Desculpa aí meu querido.
http://www.blogdacidadania.com.br/2014/07/o-suicidio-politico-dos-que-apostaram-contra-a-copa/
pimenta
Mídia esconde greve nas universidades
Por Altamiro Borges
Os professores e servidores das universidades públicas de São Paulo estão em greve há 40 dias. Eles reivindicam aumento de salário e maiores investimentos no setor. O governador Geraldo Alckmin, porém, não aceita negociar com as entidades sindicais da categoria e ainda sinaliza que deseja privatizar as instituições de ensino. Já o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), reunido na semana passada, argumentou que a “folha de pagamento das três instituições passou do patamar prudencial adequado”. Na mídia paulista, totalmente vinculada aos tucanos, a greve não existe, não é notícia. Quando se refere à longa paralisação, os jornalões babam seu ódio contra os grevistas.
Em artigo editorializado publicado na sexta-feira (11), o Estadão acusou os sindicatos do setor de intransigentes por se recusarem a participar de uma falsa rodada de negociação. “A Cruesp propôs uma reunião com as entidades sindicais dos docentes e funcionários administrativos na próxima semana, mas com a condição de que a questão salarial não seja incluída na pauta. Já os líderes dos grevistas continuam afirmando que os ganhos da USP, da Unicamp e da Unesp com as aplicações de suas reservas técnicas no sistema financeiro permitem a concessão do reajuste pleiteado. Também reivindicam aumento de 9,57% para 11,6% na cota do ICMS a que as três universidades têm direito”.
Para o jornalão, que sempre bajulou as universidades paulistas pessimamente administradas nos governos tucanos, a reivindicação salarial é absurda. “Atualmente, a Unesp e a Unicamp consomem, respectivamente, 95,42% e 97,33% de seus orçamentos com salários. Na USP, esse gasto é de 105,3%, o que tem obrigado a instituição a recorrer às reservas técnicas. É por isso que o Cruesp decidiu não conceder qualquer reajuste salarial em 2014. Já o governo estadual resiste ao aumento do porcentual do ICMS destinado às três universidades públicas paulistas, alegando que os problemas financeiros por elas enfrentados decorrem não de falta de verbas, mas de má gestão”.
O Estadão ainda critica as táticas usadas pelos grevistas. “Diante do impasse, as corporações sindicais apelaram para os mais variados artifícios, propondo aos estudantes, docentes e servidores que debatam ‘as concepções da Reitoria sobre a universidade pública’, busquem apoio político de ‘entidades científicas, movimentos sociais, personalidades e mídia alternativa’ e peçam audiência ao governador Geraldo Alckmin. Apoiados pela bancada do PT na Assembleia Legislativa, os grevistas alegam que o partido de Alckmin (PSDB) quer privatizar as universidades públicas, por ser ‘neoliberal’”. O jornalão, a exemplo do restante da mídia, gostaria que a categoria morresse à mingua – de preferência em silêncio!
Fernando
Servidor público do estado de São Paulo protestando contra a Copa das Copas… sei.
Leo V
O que vc sabe?
Cristiana Castro
Postei sobre as mulheres mas serve para esse caso, tb.
” Esse pessoal ainda está preso? Com a OAB, em cima? Gente vcs tem certeza que não tem nada mais acontecendo? Por muito menos, muito menos pessoas e sem qq apoio institucional e com a opinião pública toda contra, fizeram um salseiro medonho por conta dos réus da AP 470. Tudo bem que ainda pesam sobre eles as condenações e ainda estão presos, em regime semiaberto mas era uma situação bem mais complicada e que ficou a mercê, de militantes, simpatizantes e blogueiros. A menos que esteja se tentando um novo fato político ( e aí é outra coisa; o caminho é esse mesmo )… Tá faltando peça aí; duas mulheres presas ou, pelo menos as únicas em destaque. OAB,advogados ativistas, juízes, Anistia Internacional, Universidades, sem opinião pública contra ou a favor, carta aberta assinada por partidos e movimentos sociais…. pessoas que não representam qq risco para a sociedade presas há 4 (né? ) dias??? Tô achando muito.”
Paulo Roberto
E os anti-PT aproveitam para anunciar “a volta da ditadura”, fingindo não ver que isto acontece num estado onde a oposição é governo. SE for verdade o que está descrito, é um fato preocupante, mas há indícios claros de distorções da verdade na defesa. Vou apenas observar um ponto, vejamos a seguinte frase: “Fábio é refém de uma situação da qual não tem a menor ideia”. Ora, se ele não tinha idéia, porque carregava vinagre, água e máscara ? É claro que ele sabia perfeitamente onde estava se metendo, o que poderia ocorrer e logicamente quais as ações que seriam realizadas. É bom lembrar que o rapaz que estava envolvido na morte do jornalista com um foguete, também era considerado pacífico por todos os seus vizinhos.
Estamos num momento complicado, onde todos querem se aproveitar de qualquer coisa para ter ganhos políticos.
Conceição Lemes
Paulo Roberto, lembre-se de que: o deputado Adriano Diogo é PT; não havia nada na mochila que o incriminasse; e o kit vinagre, agua e máscara era para se proteger, caso a polícia jogasse gás lacrimogêneo nos manifestantes. abs
Bruno Cunha
Cara, ele sabia que estava num protesto, onde existe força policial. O que ele não tem dimensão é o objeto político que se tornou. Sua prisão é perseguição sim. O estado de São Paulo faz isso deliberadamente. Ele lutar por seus direitos, independente de orientação politica, não o faz criminoso. Tudo que ele levava era artefatos para se proteger da violência da polícia.
Quanto do garoto do foguete, existem provas que ele estava com o artefato explosivo. Provas visuais. Para o Hideki existem provas visuais que ele NÃO tinha bomba alguma.
Bruno SAP
Ele naõ tinha, como não tem ideia das consequencias. Levar equipamentos para proteção, não indica que você imagina que será preso, acusado de algo que não fez!
Agora, com esses exemplos de fascismo que o PT vem dando, oque esperar de governos do PSDB pra baixo?
Leo V
Parabéns pela reportagem e divulgação do caso.
Eu realmente acho que caminhamos para um grande retrocesso em termos de conteúdo da democracia, com participação ativa da cúpula dos grandes partidos e dos poderes constituídos.
Espero que o saldo disso seja um alerta para a esquerda de que não se muda o mundo tomando o “poder”, mas sim se é “mudado” pelo “poder”.
O caminho para um aprofundamento de políticas direitistas está sendo construído pelo PT no poder: 1)ao desmobilizar os movimentos sob os quais possui influência, seja pela falta de autonomia desses em relação ao governo, seja pela burocratização e ascensão dos seus quadros a postos no estado (o sindicalismo oficial cada vez tem menor poder de real mobilização em termos de sustentar uma correlação de forças); 2) a juventude urbana e seus novos movimentos e engajamentos, e a luta de trabalhadores por fora e mesmo através dos sindicatos tem sido criminalizados, seus militantes encarcerados, respondendo inquéritos políticos; nunca antes desde 1985 se viu uma articulação tão grande entre os grandes partidos, Judiciário, MP, polícia para criminalizar a dissidência.
Não sobrará nada, nem da velha militância burocratizada, afastada das bases, nem da nova que engatinha diante da sanha repressiva. Teremos uma sociedade desmobilizada, um campo aberto para um avanço de políticas direitistas nunca antes visto desde que os militares saíram do governo. E tudo isso com a participação e iniciativa do governo do Partido dos Trabalhadores.
Que sirva ao menos de aprendizado para uma geração de que não se constrói um mundo novo com velhas ferramentas.
Patricio
O fascismo chegou. Não é retórica, figura de linguagem. Trata-se de gênese. Na verdade, o fascismo seja na sua forma embrionária, seja sobre a forma de tortura descarada, nunca se afastou dos donos do poder. Descendente legítimo dos escravocratas, ele tem raízes muito profundas entre nós, como provam os anos de ditadura explícita durante o regime militar. O que ocorre hoje é um prolongamento da prática truculenta do poder, desde que a Europa avistou estas terras. Dizer que a polícia comete crimes tão condenáveis quanto os criminosos já não é mais novidade. E por extensão, são criminosos tanto quanto eles, os que a comandam. É bandido quem rouba ou mata. É bandido quem bate nos outros. É bandido quem manda bater.
Foi dessa maneira que se deu o fenômeno do nazismo na Alemanha. A população permitiu que as organizações de dentro e de fora do governo alemão fizessem do estado de direito um estado de exceção. Não atinaram que um dia essa força descomunal poderiam voltar-se contra ela.
Já passou da hora de nos levantarmos todos contra essas arbitrariedades. Não bastam mais palavras de repúdio contra as arbitrariedades policiais. As palavras tem sua força, mas não derruba a força bruta. É necessário mais.
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