Gilson Caroni: Derrota do Brasil não trará dividendos à oposição

Tempo de leitura: 3 min

Alemanha e Brasil

por Gilson Caroni Filho

Após a derrota do Brasil, choveram análises na grande imprensa associando o fracasso da seleção a uma urgente necessidade de reorganizar o país ( não apenas reformular as instâncias responsáveis pelas diversas práticas esportivas) em moldes “modernos”. Leia-se: uma modernização radical feita pelo mercado, com claras associações ao modelo neoliberal que pretende ressurgir na candidatura Aécio Neves. Em conversa com amigos, sempre tentei explicar a falácia da proposta, apontando para o que, deliberadamente, ocultava. A todos respondi com um ” a resposta está dentro de campo”. Como vários não entenderam, volto ao debate para elencar os sofismas.

1 — Muitos tentaram explicar o placar dilatado pelo nível de gerenciamento do futebol alemão. Se for por aí, pelo placar, Alemanha e Gana, que empataram em 2×2, estão no mesmo patamar de gestão.

2 — Que o futebol é mal administrado, sabemos desde 1954, quando Flávio Costa afirmou que a maior paixão do brasileiro só tinha evoluído do túnel pra fora.Mesmo assim, com o que há de pior nas federações e confederações,encantamos o mundo em 1958/62/70/ 82, e ganhamos em 1994 e 2002. Isso não nega a urgência de reformulação, mas está longe de explicar a goleada de ontem.

3 — Os que, por cálculo político, acham que a derrota trará dividendos à oposição vivem em Marte. Esta foi a Copa das Copas que, contrariando os prognósticos de articulistas da grande mídia, TV Globo em especial, arrancou elogios da imprensa internacional e encantou a todos os que vieram ao Brasil pela primeira vez.Aeroportos funcionando perfeitamente, estádios bem construídos, jogos de alto nível técnico e a nossa hospitalidade contribuíram para o clima de magia vivido nos últimos dias.Ninguém aqui ignora que nossa sociedade ainda é muito desigual, mas isso não anula a confraternização de povos vista em praias, ruas e estádios.

4 — O surrado argumento de que o desempenho em campo reflete a sociedade brasileira é derrubado com uma simples pergunta: éramos melhores quando apresentávamos um futebol mágico? Vivíamos dias felizes na Copa de 70?

5 — Parte do sucesso dos alemães se deve a uma bem traçada estratégia de RP. Li isso também. A escolha da camisa( com cores que estão na bandeira alemã) levaria a uma identificação imediata da torcida do Flamengo com a seleção germânica.Acreditar nisso é passar um atestado de idiotia no torcedor brasileiro, na sua capacidade de discernimento. Claro que o flamenguista, como qualquer torcedor, é brincalhão, gosta de tirar onda, mas sabe diferenciar as coisas. Ademais, cabe lembrar que Vitória, Sport e outros clubes têm camisas rubro-negras. E, cá entre nós, um bom RP aconselharia a administrar o jogo a partir do terceiro gol e não promover o massacre de 7×1.

6 — A Copa termina domingo. Pode ser que a Alemanha, com o resultado obtido ontem, embale e ganhe a Copa. Ou não. Eu sei que os tempos são outros, mas em 1950, o Brasil venceu a Suécia por 7×1, a Espanha( com quem os uruguaios haviam empatado) por 6×1 e todos sabem qual foi o desfecho. Por isso o futebol é mágico, imprevisível e trágico. Repito: busquem explicações dentro do campo. É nele que os deuses estão.

Em outubro, o embate dos embates será na esfera política. E nela não há deuses, magia ou grandes metáforas. O que estará em jogo é se queremos avançar com políticas de inclusão social, aprofundamento da cidadania, fortalecimento do Estado ou se pretendemos voltar a crer no ” destino manifesto” da submissão ao imperialismo e do sucateamento de nossa estrutura produtiva. Quando a democracia se vê ameaçada, é hora de reafirmarmos nossa têmpera de combatentes. E aí não há espaço para viralatices,com as quais as elites reacionárias construíram sua identidade. Que não pode se confundir com a nossa.

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PS do Viomundo: O texto foi escrito antes da vitória da Alemanha.

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Comentários

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Francy Granjeiro

Só pode ser invenção do PIG e merece ser desmontada, http://www.facebook.com/photo.php?v=280626625455666&set=vb.100005249913545&type=2&theater

Edna Lula

A culpa da derrota foi da elite branca e rica, que estava no campo!

Maria Izabel L Silva

A inacreditável Miriam Leitão estava hoje, dia 15 de julho, no Bom Dia, reclamando da lentidão das obras da Copa e dos feriados que, segundo ela, “trouxeram prejuízos economia”. Eu fico pensando. Essa gente da imprensa não tem o mínimo senso de ridículo…continuam apostando no fracasso.

pimenta

Arquibancada era
escandinava !

O fracasso da seleção é dela própria, pois quem domina o futebol é a elite branquela.

Do twiiter de Turquim

​De ​de ​I​rani ​L​ima no Face do C Af:

PHA, me desculpe por usar tanto espaço em seu Face, mas tenho que desabafar…

“ARQUIBANCADA ESCANDINAVA

A Copa terminou com a vitória do Brasil fora de campo, em termos de organização de um megaevento futebolístico, de hospitalidade, de mobilidade urbana e de belezas naturais que os “gringos” jamais esquecerão.

Se a final da Copa das Copas tivesse sido disputada na Suécia ou na Dinamarca, teríamos um público de branquelos como o que lotou o Maracanã na tarde/noite de domingo (13/07) para ver a Alemanha derrotas a Argentina por 1 a 0 e sagrar-se campeã do mais importante torneio de futebol do mundo.

Já li artigos em que se pede a “escandinavização” do Brasil como solução para todos os nossos problemas – parlamento mais enxuto, vida franciscana para os nossos dirigentes, que iriam ao trabalho em carro próprio, pagariam alugueis por suas casas/apartamentos, etc e tal.

De forma enviesada, atribuem nossas mazelas aos últimos 12 anos de governos trabalhistas, quando se levantou o tapete e mostrou-se que a corrupção brasileira é praticada, sim, pela elite branca, a mesma que vaiou Dilma na final da Copa das Copas e pôde pagar a exorbitante quantia de até R$ 2 mil para assistir a um jogo de futebol.

Os negros não estavam na arquibancada escandinava do Maracanã. Três negros – Carlinhos Brown, Alexandre Pires e um cantor de rap, que não sei quem é – fizeram a alegria dos branquelos ao lado das musas Shakira e

​Ivete Sangalo​.
A carranca da presidenta Dilma Rousseff tinha razão de ser!

O povo não participou da festa in loco. Assistiu a final em casa, no barzinho ao lado dos amigos ou nas fã-fest que estiveram lotadas ao longo da competição.

Galhardamente, a presidenta enfrentou a burguesia sem um sorriso no rosto, mas com a certeza que os favelados que moram em frente ao Maracanã e não puderam festejar o fim da Copa das Copas em campo responderão á elit4e escravagista que inundou os estádios da Copa das Copas.

Nos 31 dias de competição, o número de negros na arquibancada escandinava da Copa das Copas foi mínimo. Talvez, apenas os negros africanos do Gana, Camarões, Nigéria, Costa do Marfim e Argélia (esta mais branca que negra).

Quantos negros uruguaios, colombianos e equatorianos vimos torcendo por suas seleções na Copa? A Argentina e o Chile são países à parte, com pouca ou nenhuma descendência africana. Quantos negros argentinos você conhece? E negros chilenos?

O Brasil sempre importou pé-de-bola negra do Uruguai, do Equador e da Colômbia. Você é capaz de lembrar algum negro argentino ou chileno jogando bola em nossos estádios?

Os negros na final da Copa das Copas estavam lá para trabalhar: eram os seguranças no entorno do gramado, que sequer podiam dar uma olhadela para o campo enquanto a bola rolava.

Interessante: o único negro em campo era Jérôme Boateng, de origem ganesa, da seleção alemã. Os demais eram brancos.

Portanto, as vaias dirigidas a Dilma partiram dos mesmos branquelos que vaiaram Lula na abertura dos Jogos Panamericanos em 2007 no auge do “mensalão”, que a elite tentou impingir ao trabalhismo.

A elite branca, que tem síndrome de vira-latas, com o apoio da mídia golpista e suas canetas de aluguel, fez o possível e o impossível para empanar o brilho da Copa, acreditando que teria força para subjugar a expectativa e a esperança do povo brasileiro.

Não conseguiram. Agora esta mesma elite branca quer debitar na conta da presidenta Dilma Rousseff o fracasso da seleção brasileira, quando o fracasso é dela própria, pois quem domina o futebol brasileiro é uma elite branquela.

Quantos dirigentes ou técnicos de futebol negros você conhece? Me lembro de apenas dois: Hélio dos Anjos e Cristóvão. Ok! Luxemburgo pode entrar nesta conta, na categoria “mulato”, como muitos mulatos mais “brancos” que muitos brancos que estão por aí, no meio de nosso futebol.

Juvencio

A imagem do Brasil depois desse mega evento é outro no exterior, os turistas que aqui vieram, “SERÃO AGENTES MULTIPLIFICADORES DA VERDADE”, até mesmos o jornalistas do pig, disseram surpreso com o que viram aqui, as noticias “RUINS” reproduzida pelo “PIG” em seus países, eram tudo “MENTIRAS”, doravante, eles terão mais cuidados quando forem reproduzir lá as noticias do “PIG” daqui, afim de que não caiam no “RIDUCULO”, e os cidadãos de lá “DEIXEM DE COMPRAR” jornais e revistas, como já acontece aqui, pois “PERDERAM A POUCA CREDIBILIDADE QUE TINHAM”, hoje não se compra jornais e revistas para “EMBRULHAR” fezes cachorro e gato.

FrancoAtirador

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Dilma Rousseff concede entrevista à Rede Al Jazeera,
no encerramento da Copa do Mundo de Futebol

14 de julho de 2014 – 19h32
Vermelho.Org

“Nós fazemos parte de um projeto que transformou o Brasil”

Em entrevista concedida à rede Al Jazeera por ocasião do fechamento da Copa do Mundo, a presidenta Dilma Rousseff disse acreditar que merece ser reeleita em nome da continuidade de um processo de transformação do Brasil.

A entrevista foi transmitida na manhã desta segunda-feira (14), primeiro dia após o término da Copa, e está disponível no site da Al Jazeera
(http://www.aljazeera.com/programmes/talktojazeera/2014/07/dilma-rousseff-transforming-brazil-201471491534184451.html).

“Eu acredito que o povo brasileiro deve me dar a oportunidade de um novo período de governo pelo fato de que nós fazemos parte de um projeto que transformou o Brasil”, afirmou Dilma.

“O Brasil tinha 54% da sua população entre pobres e miseráveis em 2002. Hoje, (…) todos aqueles que vivem na classe C para cima representam esses 75%. Três em cada quatro brasileiros. Nós transformamos a vida dessas pessoas”.

Questionada sobre o legado da Copa para o país, Dilma defendeu que o montante investido na preparação para o evento da Fifa é irrisório perante os gastos totais do governo nas áreas mais reivindicadas por críticos da realização da Copa.

“Superamos uma campanha negativa contra a Copa do Mundo no Brasil”, disse a presidenta.

“No que se refere à infraestrutura, US$ 4 bilhões não é o que faz a diferença em relação à educação e à saúde no mesmo período em que os estádios começaram – os estádios começaram em 2010.
Se você considerar de 2010 até 2013, o Brasil, em educação e saúde, gastou mais de US$ 850 bilhões. Os quatro bilhões (de dólares) gastos para fazer os estádios é algo muito pouco significativo no que se refere ao gasto geral”.

A presidenta argumentou que muitas das obras em curso ou mesmo atrasadas pouco ou nada têm a ver com a Copa, pois são obras para a população brasileira. “Os nove metrôs que estamos fazendo nas cidades brasileiras não estão vinculados à Copa.
A Copa não precisa dessa quantidade de obras. Nós precisamos de uma estrutura de exportação para o Brasil. Então o desafio do Brasil – o menor deles é a Copa”.

A candidata também alfinetou os adversários.

“Vai ser travada uma disputa democrática entre caminhos. Quem quando pôde fez, sabe continuar fazendo. Quem quando pôde não fez, não sabe fazer”, disse.

De acordo com a presidente, uma prova dos avanços sociais no País é o sucesso da Copa do Mundo. Neste momento, ela alfinetou, sem citar nomes, o ex-jogador Ronaldo, que fazia parte do comitê organizador da Copa.

“Tanto é assim que como você explica o sucesso da Copa do Mundo? Antes de uma semana, você lê jornal, você sabe o que se dizia a respeito da infraestrutura da Copa. Você sabe que tinha gente que dizia que estava envergonhado do país porque não teria condição de receber [o evento]”, declarou.

Pouco antes do início do evento, Ronaldo disse que se sentia “envergonhado” com os atrasos das obras da Copa. Depois do início do evento, acabou mudando o discurso.

Economia

Confrontada com o que críticos consideram um parco crescimento econômico, Dilma postulou que o Estado brasileiro necessita ser modernizado.

A presidenta, no entanto, argumentou que o país passa por um momento especial de desenvolvimento que deve dar espaço a um novo momento em breve.

“O Brasil é um país que tem demorado muito para modernizar seu Estado.
Nós precisamos de um país sem burocracia, um Estado muito mais amigável tanto para os cidadãos quando para os empresários, os empreendedores, e para os trabalhadores. (…)
Nós estamos preparando o Brasil para um momento.
(…) Nós estamos em uma fase de baixa do ciclo econômico, mas sabemos que vamos entrar em uma outra fase do ciclo econômico, e temos de nos preparar de forma a melhorar a competitividade do nosso país”.

Questionada sobre sua linha de política externa, Dilma defendeu manter a filosofia clássica do Itamaraty de não intervencionismo e fomento do diálogo igualitário entre as nações e os povos.

“Nós fomos colônia, nós vivemos sob o Fundo Monetário Internacional. Então nós repudiamos essa relação de superior para inferior.
Não é isso o que o Brasil pretende nas sua relações regionais, nas suas relações com os países africanos, nas suas relações dentro dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Nós queremos relações de igualdade“.

Fonte: JB e Br247

(http://www.vermelho.org.br/noticia/245759-1)
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Mauro Assis

Também duvido que a oposição se beneficie do vexame da seleção. Para ela, só da Dilma e o PT não poderem surfar no oba-oba que ocorreria caso ganhássemos já deve estar de bom tamanho.

augusto2

vou guardar essa tua frase: ” as elites, que construiram sua identidade na viralatice…”. é tão forte quanto pesadamente verdadeira, Caroni.
O cidadao comum trabalhador nao vai entender isso de cara.
A explicação é que admiraçao viralata dos ricos pela europa/miami, vem do tempo (menos de 100 anos atras) que só tinha cafe e usina de açucar. O patrao dali mandava seus filhos homens pra estudar na Europa, mas mulheres não! -no Brasil nao havia universidade, nem escolas médias fora da capital – e o filho voltava babando
e gabando europs. E seus netos e agregados fazem o mesmo até hoje desprezando o povo nosso como gentinha.
NB: havia exceçoes: Benjamim Constant era uma.

    Edna Lula

    E, essas elites golpistas que mandaram seus filhos estudarem na Europa não viam e ainda não conseguem nem hoje ver que havia e há muita cultura aqui mesmo no Brasil para ser assimilada. Os indígenas e os povos sfricanos têm muito a ensinar aos europeus racistas e escravagistas. Já dizia Karl Marx, a burguesia fede!

roberto

Tudo que é ruim para o povo, é bom para a oposição,que faz questão absoluta de enfatizar isso ao tentar associar derrotas no futebol com a política.
Por essa razão eles são descartáveis e sua derrota nas eleições de outubro é 100% certa.

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