Emmermacher: A população alemã acha que a Copa no Brasil foi bem organizada
por Uirá Hans Emmermacher
Após a eliminação da seleção brasileira pelo elástico e impensável placar de 7 a 1 contra a Alemanha surgiram pela internet brasileira comparações estapafúrdias, compartilhadas inclusive por pessoas integrantes da organização do evento (http://migre.me/knSjI), sobre as “diferenças” entre o sucesso das duas nações em áreas distintas. Não sou dos mais entendidos e inteirado do funcionamento das instituições que coordenam e organizam o futebol, de uma forma geral. Caso esteja escrevendo alguma bobagem aqui peço, por favor, que me corrijam. Mas não poderia deixar de destacar alguns pontos que considero pertinentes sobre as maiores entidades do futebol das duas nações.
Observando toda a movimentação em torno do evento desde a escolha do Brasil como sede (momento em que todos quiseram aparecer como apoiadores) (http://migre.me/knSen), tive uma intuição de como seria suja a campanha para o desmerecimento do país, quando a política entrasse em campo. Notícias incansáveis, e repetidas a marteladas, sobre o fracasso de sua organização, sobraram, na mídia brasileira, influenciando a internacional: a falta de estrutura, de forma geral (estádios, aeroportos, mobilidade urbana, capacidade do setor de hotelaria e mais inúmeras etcs), tudo mais sendo divulgado como catástrofe anunciada, tanto no país como fora dele, gerando até certo pânico entre as pessoas que planejavam assistir ao evento (http://migre.me/knSuT).
O Brasil foi mostrado como o inferno dos desvios éticos. E reportavam, daí, um paraíso de legalidade e competência no resto do mundo “civilizado”. Complexo de vira latas.
Recentemente aqui na Alemanha o dirigente do Bayern de Munique, Uli Hoeness, foi flagrado envolvido em um esquema de sonegação de impostos que, devido às cifras astronômicas envolvidas (27,2 milhões de euros), tornou-se um escândalo. É importante lembrar que por aqui, na “Germânia”, sonegar imposto é praticamente a mesma coisa que assassinar uma pessoa.
Hoeness foi julgado e condenado (http://migre.me/knSxb) pelo crime de sonegação e não recorreu da pena, mesmo tendo tal direito. Sendo pessoa do círculo de amizades de figuras expressivas, inclusive dentro do governo alemão (http://migre.me/knSHA), talvez tenha assim agido, por conveniência: havia um grande receio de que fosse aberta a caixa de pandora do futebol alemão. O que poderia render mais processos e cadeia para muitas outras pessoas, já que, por movimentar cifras tão volumosas, o negócio “futebol” aqui, como em qualquer parte do mundo, gera corrupção e troca de favores.
Mas nem tudo é ruim. E disso não falam os jornalões do país em que nasci.
A federação de futebol alemã, assim como a CBF (http://migre.me/knQcC), é uma entidade independente de qualquer envolvimento político-partidário e religioso.
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Aqui, diferentemente da cultura brasileira, existe um consenso de que é legítimo que os governantes participem diretamente do apoio à seleção nacional. Logo, não há especulações sobre ganhos políticos por um simples “selfie” com jogadores (http://migre.me/knSKv).
Em caso de envolvimento de alguém em qualquer esquema ilícito, essa pessoa vai acabar respondendo e pagando por seus atos. Os interesses da nação, representada por seus atletas, estão acima de qualquer manipulação política. É por isso que ofensas a qualquer autoridade, de qualquer esfera do poder, são coisa impensável. Os alemães não misturam suas insatisfações políticas com o espetáculo, com o futebol em si.
Foi observando a postura dos jornalões brasileiros, a partir de seus portais, que resolvi fazer este testemunho.
No Brasil, sobra hipocrisia na grande imprensa. Num momento falam que o governo federal não pode tirar proveito da Copa. Noutro, culpam Dilma Rousseff pelo insucesso da seleção.
A visão da população alemã é outra: a Copa, no Brasil, foi bem organizada.
Creditar sucessos e insucessos de um esporte à política de uma nação com fins eleitoreiros é algo que subestima a inteligência de qualquer pessoa minimamente esclarecida e atenta à sua realidade. Comparar estrutura e feitos de países distintos, então, nem se fala. Quando elogiarem o futebol alemão, pensem bem na estrutura da CBF/Rede Globo que está por trás de nosso insucesso, dentro do campo, aí.
Uirá Hans Emmermacher, belorizontino, publicitário, morador da cidade de Berlim, Alemanha (brasileiro, alemão, cidadão do mundo).
Leia também:
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Comentários
Francisco
Uirá. Bela reflexão; há, no entanto, uma observação: não há, em nenhuma hipótese, “[…] entidade independente de qualquer envolvimento político-partidário e religioso”, entre os humanos.
Fabio Passos
O PiG considera seus próprios leitores completos imbecis.
E o aécio neve, candidato do PiG, vai na onda… desmerece a inteligência de seus próprios eleitores.
Vejam só como perderam a noção do ridículo:
http://jornalggn.com.br/noticia/as-mudancas-de-tom-de-aecio-neves-sobre-a-copa
É hilário.
Flavio Wittlin
Realmente, na real realidade realizada, o resultado de 8 de Julho de 2014 foi Alemanha 7 x Consórcio CBF/Mídia Corporativa 1! (Ufa, ainda bem que acordei do sonho mal sonhado que sonhara)
Luisk2017
Os 7 a 1 foram tão acachapantes que as pessoas nem perceberam o conteúdo do texto do sr. Uirá. A participação da seleção brasileira termina com um desastre, mesmo que ganhemos da Holanda. A realização da Copa foi, gostem ou não seus críticos, um sucesso. Ah, “mas a Copa não resolveu os problemas dos país”. Claro que não. Só uma revolução social que irá resolvê-los.
Lukas
Meu caro, Uirá, o o problema nunca é o problema, mas o que se faz com o problema. O dirigente do Bayern roubou? O que o Estado alemão fez? Cadeia nele! E se fosse no Brasil?
“É por isso que ofensas a qualquer autoridade, de qualquer esfera do poder, é uma coisa impensável.”
Aqui é diferente: vá no post sobre o Aécio ou qualquer um que tenha como tema FHC, principalmente sobre a vida particular dele aqui mesmo em Viomundo.
Sobre os estádios , aeroportos e obras de mobilidade urbana um lembrete: NÃO FICARAM PRONTOS A TEMPO. Olhem o Itaquerão, os puxadinhos nos aeroportos e as obras de mobilidadade urbana de Cuiabá, Belo Horizonte e outros que ainda não terminaram. A copa deu certo APESAR disto tudo.
“No Brasil, sobra hipocrisia na grande imprensa.”
Olha, na “pequena” imprensa também sobra hipocrisia. Quando tudo estava as mil maravilhas todos diziam que o Lula trouxe a Copa e a Olimpíada para o Brasil.
Uma pergunta pro Uirá: depois da Copa aí na Alemanha, quantos estádios ficaram subutilizados? Aqui, os estádios de Cuiabá, Manaus, Brasília e Natal (não sei se vc acompanha o futebol brasileiro, mas estes estados não tem times de ponta) virarão elefantes brancos.
Mané Perplexo
As obras nos aeroportos, portos e vias urbanas não ficaram prontas a tempo? Mas, ficaram a tempo do uso de todos nós. Puxadinho em Aeroporto? Em Brasília, em Guarulhos ou Confins (por onde viajei nesses dias) não houve nenhum “caos”. O resto é conversa de coxinha!
Narr
Como assim não ficaram prontos a tempo?
Por acaso o tempo é o da copa? Tudo que tiver que ser terminado pra depois não serve mais?
As obras continuam. Quando estiverem prontas, quem no PIG irá noticiar?
O aeroporto de Berlim reformado deveria ser inaugurado em 2010. Tornou-se atração turística, os alemães vão lá só para admirar a obra que não termina nunca.
A CBF é uma empresa parceira da Rede Globo. Mas se o Brasil não ganha a copa a culpa é do Lula e da Dilma?
Uira Hans Emmermacher
Olá Lukas.
Segue aqui uma matéria da BBC sobre a destinação dos estádios alemães após a Copa de 2006. Sobre as cidades que não possuem times de “ponta”, o futebol alemão também não se resume a times com estrutura similar a Bayern e Borúsia. Abs.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/05/140516_copa2014_alemanha_legado_estadio_rw.shtml
lukas
Uira, assim que puder, vá a Manaus assistir Princesa dos Solimões x Fast Club na Arena Amazonas.
Antonio Olavo
Lulas meu caro,
A razão nunca esta de um lado so.
Concordo, essencialmente, com seus comentários.
Mas tenho que divergir, por exemplo, da comparação do uso pôs-copa de estádios na Alemanha e no Brasil.
Não sei ao certo, mas imagino que o Território BRASILEIRO poderia abrigar umas 10 ALEMANHAS, portanto, e muito FÁCIL distribuir estádios no Pais mais rico da Europa, cuja população esta concentradissima, fazendo da Alemanha, verdadeiramente, uma única MEGALOPOLE!!!
Por outro lado, porque só os atuais grandes centros futebolísticos do Bradil mereceriam participar da COPA ,recebendo estádios?
M
Não seria o contrario:
Será que a falta de times para fazer uso dos estádios de Cuiabá, MANAUS, Etc, justamente nao e a razão principal para se fazer lá ESTÁDIOS e, com isso, estimular o surgimento de times novos e fortes.
A força do futebol de São Paulo esta no futebol do INTERIOR de onde, todo ano, surgem novidades, um times desconhecidos que batem nos GRANDES!
Como herança positiva da COPA e de seus ESTÁDIOS em CIDADES REMOTAS, teremos em alguns anos, o surgimento, aqui no Brasil, de novas COSTA RICA, CAMARÕES,USA.
O FUTEBOL, para se desenvolver, só precisa de campos de Várzea e Grandes Estádios onde se cria a MÍSTICA DO FUTEBOL!
Caracol
Imaginei a cena:
Tiago fora do jogo contra a Alemanha, a Comissão Técnica se reúne e passa a noite toda discutindo sobre fazer o quê. Finalmente, alguém tem a ideia salvadora:
– Bota o Dante!
Claro, né? O Dante joga na Alemanha, ele conhece toda a (ale)manha dos alemanhães, assim, ele vai ser a nossa arma secreta, ele vai poder gritar pros jogadores fulano, vai por ali, beltrano corre pra lá, e os alemães iam ficar desarmados com seus segredos a descoberto.
Foi um alívio, a reunião acabou, pois estava tudo acertado. A Globo, com a exclusividade habitual, publicou tudo para tranquilizar o povo brasileiro (que não é bobo, salve a Rede Globo) e não havia problema, pois os alemães não sabem ler português, enfim, a pátria estava salva.
É bem verdade que todos se esqueceram de um pequeno detalhe, coisinha insignificante: da mesma maneira que o Dante conhecia a todos e suas (ale)manhas, os alemães também conheciam o Dante (droga!). E o Dante era um só, eles eram onze!
E aí… foi o que se viu: o Inferno de Dante.
Caracol
Aécio tem razão, a culpada foi a Dilma!
Não bastasse ela ter imposto o Felipão (não foi a Globo não, foi ela!), não bastasse isso, ela selecionou os jogadores, montou o time, estabeleceu qual seria a tática e a estratégia da Seleção e se meteu em tudo.
Mas a gota d’água mesmo foi ela ter se disfarçado de Fred pra jogar em seu lugar. E não me venham com teorias de conspiração, aquele negócio de bota bigode, tira bigode não engana ninguém! Era ela jogando! E deu no que deu!
A culpada foi a Dilma!
J Fernando
rsrs, você esclareceu tudo, Caracol.
Eu bem que desconfiava que era a Dilma assistindo os jogos ali dentro do campo…
A imprensa brasileira não acerta uma, mas esta da Dilma ser a culpada, ela acertou, embora não saiba o que nós sabemos.
Flavio Wittlin
Pensando bem, sonhei que estava sonhando um mal sonho sonhado. Na realidade real realizada, o resultado de 8 de julho de 2014 foi Alemanha 7 x Consórcio CBF/Mídia Corporativa 1!
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