Júlio Miragaya: Brasil x México
Por Júlio Miragaya, no Correio Braziliense, sugerido por Samuel Pinheiro Guimarães
22/05/2014 – 13h03
Brasil e México, embora separados por milhares de quilômetros, são países com muitas afinidades.
Brasileiros e Mexicanos são povos irmãos e não nos sai da lembrança a festa que os mexicanos fizeram em 1970 quando o Brasil sagrou-se tricampeão mundial de futebol.
Brasil e México são também os dois mais populosos países da América Latina, com 200 e 120 milhões de habitantes, respectivamente, e as duas maiores economias da região, com PIB respectivamente de 2,25 e 1,4 trilhões de dólares, representando, conjuntamente, quase 60% do PIB total latino-americano.
O México, como o Brasil, tem sua história marcada por momentos trágicos. Se aqui tivemos os portugueses massacrando milhões de indígenas e trazendo mais de 5 milhões de africanos na condição de escravos, o México vivenciou a tragédia do massacre perpetrado pelos colonizadores espanhóis, liderados por Hernán Cortés, que aniquilou o Império Asteca e dizimou mais de 8 milhões de nativos.
Mas o que nos distingue mais fortemente da realidade mexicana talvez seja a distância física da maior potência mundial, os Estados Unidos.
A proximidade com os EUA marcou profunda e tragicamente a história mexicana. Já país independente, livre do domínio colonial espanhol, o México teve surrupiado pelos norte-americanos, entre 1837 e 1853, nada menos que 55% de seu território, ou 2,41 milhões de km², o equivalente a mais da metade da área ocupada pelos 28 países que formam a União Europeia.
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De uma nação com 4,38 milhões de km², passou a pouco mais de 1,97 milhão de km².
Sucederam-se outros momentos trágicos no México: a intervenção francesa e a humilhação da imposição do Imperador Maximiliano de Habsburgo entre 1864 e 1867; a ditadura sanguinária de Porfírio Diaz entre 1876 e 1911 e a Revolução Mexicana de 1910, liderada por Emiliano Zapata e Pancho Villa, vitoriosa em 1917, que promoveu uma ampla reforma agrária no país, mas deixou um saldo de 1 milhão de mortos.
A partir de janeiro de 1994, iniciou-se uma nova fase, com o México passando a integrar o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA, na sigla em inglês), juntamente com os EUA e o Canadá.
Nesse período, o México tem sido utilizado pelo imperialismo norte-americano como uma espécie de aríete contra os demais países latino-americanos que buscam um caminho próprio, sem a tutela dos EUA, tendo sido um dos maiores incentivadores da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), e que foi refutada na 4ª Cúpula das Américas, realizada em 2005 em Mar del Plata.
Recentemente, formou com países sul-americanos, que seguem a cartilha econômica liberal (Colômbia, Chile e Peru), a Aliança do Pacífico, para se contrapor à proposta brasileira de formação da União das Nações Sul-americanas (UNASUL).
O distanciamento político de Brasil e México só tem se acentuado. Nesses 20 anos, a submissão da economia mexicana aos EUA aprofundou-se intensamente. Mais de 80% de seu comércio exterior é realizado com os EUA.
Em 2009, quando a economia dos EUA caiu 2,4%, reflexo da crise iniciada em 2008, a economia mexicana despencou 6,2%.
Se compararmos o desempenho das economias brasileira e mexicana a partir de 2003, quando Lula assumiu o governo e o México aprofundou seu receituário liberal com Vicente Fox, a disparidade é gritante.
A economia brasileira cresceu 45,44% nesses 11 anos enquanto a do México cresceu 30,71%.
Em 2013 o Brasil cresceu 2,3%, o dobro do México (1,1%).
A participação dos salários na renda é de 45% no Brasil e de 29% no México.
Nesse período, o Brasil criou 16 milhões de novos empregos formais e o México apenas 3,5 milhões.
Em 2013, o Brasil criou 1,4 milhões de novos empregos e o México meros 200 mil.
O Brasil reduziu a pobreza absoluta a 15,9% de sua população e no México ela aumentou para 51,3%.
Não obstante o desempenho sofrível, o México é tido como o “queridinho do mercado” e o Brasil, o “patinho feio”.
O curioso é que se os elogios ao modelo neoliberal mexicano são fartos, na hora dos capitalistas investirem seus dólares, parecem preferir o Brasil, onde os investimentos estrangeiros diretos saltaram de 16,6 bilhões de dólares em 2002 para cerca de 70 bilhões em 2012, enquanto no México refluiu de 24 bilhões para 15,5 bilhões no mesmo período.
Se o modelo liberal mexicano teve um desempenho tão inferior ao modelo “intervencionista e estatizante” brasileiro, a que se devem os elogios do mercado ao modelo mexicano?
Seria um ato de má fé, de fundamentalismo ideológico ou uma estratégia de isolamento do Brasil no cenário internacional?
Júlio Miragaya é presidente da Codeplan-DF e Conselheiro do Conselho Federal de Economia
Leia também:
Igor Grabois: Em Fortaleza, mais um passo para detonar Bretton Woods
Comentários
Mineirim
Boa análise.
Bacellar
E nossa mídia aqui como diz o Mino age segundo o princípio; “se nós não noticiamos é pq não aconteceu”.
Nada sobre Chiapas ou o Yo Soy 132 e muito menos ainda sobre a famigerada reforma Energética.
Pobre Mexico tan lejos de dios y tan cerca de los yankees…
CARLOS
Como eu gostaria de ser anexado pela America, agora!
olivires
o link para o artigo no correio braziliense de 16/05/2014 não está funcionando, e também não encontrei em busca no site.
o link para o artigo no site da cofecon (que faz referência ao jornal) é o seguinte:
http://www.cofecon.org.br/noticias/artigos/16-artigo/2898-brasil-x-mexico
Urbano
Essa estratégia é apenas o aprofundamento do mal caratismo dos fascistas da oposição ao Brasil.
Mardones
Ontem, um jornal aqui do Paraná era só elogios a política paraguaia que irá seguir o exemplo do México no esquema das Maquillas.
A reportagem tratou do assunto como se até o FMI não tivesse descrito o quanto o México perdeu com essa política de simplesmente montar equipamentos.
Fabio Passos
A midia-lixo-corporativa sempre vai elogiar e apontar como exemplo a nação mais subserviente aos ditames das oligarquias financeiras.
FrancoAtirador
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A Estratégia da International Community [I.C.]*
liderada pelos United States of America,
é, com certeza, de isolamento do Brasil,
mas também da Venezuela e da Argentina,
da Bolívia e do Equador, da Rússia e da China,
e de todos os países que formam Blocos Econômicos
[BRICS, MERCOSUL, ALBA) contrários aos interesses
da *[I.C. = U.S.A. + U.E. => O.T.A.N.].
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FrancoAtirador
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Encaixe no comentário acima os seguintes conteúdos:
(http://jornalggn.com.br/noticia/russia-e-china-fecham-acordo-para-fornecimento-de-gas)
(http://horia.com.br/noticia/the-economist-financial-times-e-a-miragem-mexicana)
(http://www.blogdacidadania.com.br/2014/03/a-prova-de-que-nao-ha-censura-na-venezuela)
(http://www.maurosantayana.com/2014/05/boi-porco-e-frango-sobem-25-em-um-ano-e.html)
(http://www.viomundo.com.br/politica/em-fortaleza-mais-um-passo-para-detonar-bretton-woods.html)
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FrancoAtirador
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E acrescente também estes:
(http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/mundo/2012/12/06/interna_mundo,337909/argentina-classifica-de-inoportunas-reivindicacoes-da-ue-e-dos-eua-na-omc.shtml)
(http://www.diariodocomercio.com.br/noticia.php?tit=omc_aprova_painel_contra_barreiras_da_ue_a_biodiesel_da_argentina&id=134233)
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FrancoAtirador
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E este:
PETROLÍFERAS DA VENEZUELA (PDVSA) E DA RÚSSIA (ROSNEFT)
ASSINARAM ACORDO DE 2 BILHÕES DE DÓLARES (1,47 BI EUROS)
A assinatura teve lugar durante um encontro
encabeçado pelo Presidente da Federação Russa,
no âmbito do Foro Económico de San Petersburgo.
A Rosneft assinou também um memorando de cooperação
com a Cuba Petróleo (Cupet), entre outros
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Segunda, 26 de Maio de 2014
Lusa, via Notícias ao Minuto
Pdvsa Venezuela e Rússia assinaram acordo petrolífero por 1.470 milhões
A empresa estatal Petroléos da Venezuela SA (Pdvsa) e a russa Rosneft assinaram no sábado um acordo por 2.000 milhões de dólares (1.470 milhões de euros), para o abastecimento de petróleo e derivados.
3:16 – 25 de Maio de 2014 | Por Lusa
O acordo, segundo um comunicado divulgado pela Pdvsa, foi assinado pelo ministro venezuelano de Petróleo e Minas, Rafael Ramírez e o presidente da Rosneft, Igor Sechin.
A assinatura teve lugar durante um encontro encabeçado pelo Presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, no âmbito do Foro Económico de San Petersburgo.
Segundo Rafael Ramírez “este acordo constitui parte do apoio para desenvolver projetos que figuram nos planos da Pdvsa, como a Faixa Petrolífera do Orinoco (a sul da Venezuela) que, com planos de investimentos por 235 milhões de dólares, requer de tecnologia, financiamento e apoio”.
“Estamos concentrando toda a nossa capacidade tecnológica para desenvolver essa província petrolífera que nos dará 150 anos de produção a uma taxa de 6 milhões de barris diários, que é o que projetamos para 2019”, disse Rafael Ramírez, que também é presidente da petrolífera venezuelana.
Para Igor Sechin o acordo representa uma nova etapa de uma sociedade entre a Rosneft e a Pdvsa, que se expande à área do comércio e abastecimento, fortalecendo as posições da petrolífera rusa como ator global no mercado do petróleo e derivados.
Segundo a imprensa venezuelana o acordo prevê que a Pdvsa abasteça 1,6 milhões de toneladas de petróleo e 7,5 milhões de toneladas de derivados, nos próximos cinco anos, em condições de pré-pagamento.
A russa Rosneft participa como sócio minoritário da Pdvsa nas empresas mistas Petrovictória, Petromonágas e Petromiranda, na Faixa Petrolífera de Orinoco (a sudeste de Caracas).
Também nas empresas mistas (capitais públicos e privados) Boquerón e Petroperijá, a oeste do país.
Sábado a Rosneft assinou também um memorando de cooperação com a Cuba Petróleo (Cupet), um memorando de entendimento com a ONGC Videsh e um acordo de abastecimento com a Petrovietnam, entre outros.
(http://www.noticiasaominuto.com/economia/223793/venezuela-e-russia-assinaram-acordo-petrolifero-por-1470-milhoes)
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ZePovinho
Na mosca,Franco!Os EUA querem evitar que o dólar seja destronado como moda de reserva no comércio internacional.
Em junho estarei em Fortaleza para presenciar o encontro dos BRICS que vai iniciar o processo de desdolarização da economia mundial e construção de um sistema financeiro SUL-SUL.É disto que a canalhada oligárquica tem medo.
Sem o apoio dos EUA,por meio da serpente-rede de agências de inteligência cuja cabeça tripla é a CIA-MOSSAD-MI6 a oligarcada cvai ficar sem poder dar golpes de Estado.
Julio Silveira
Pior que vê-los trabalhar contra o Brasil, um país potencialmente concorrente (o que nos faz entender com uma certa naturalidade esse fato), é ver aqui dentro brasileiros, pulhas de fato, fazendo força juntos no cabo de guerra com nossos adversários. E isso sim é de indignar.
Mário SF Alves
“Seria um ato de má fé, de fundamentalismo ideológico ou uma estratégia de isolamento do Brasil no cenário internacional?”
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Aposto que é isso.
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Entretanto, e não obstante a trágica história de dependência do Brasil em relação aos SPYstates, e que só agora, nos últimos doze anos, tem sendo superada, li um artigo no Teoria e Debate que me deixou preocupado. Trata-se de uma análise da política econômica do Brasil feita pelo engenheiro Amir Khair¹.
Em decorrência disso, iniciei uma busca no Google sobre o histórico de erros ou acertos nas previsões e julgamentos dele.
¹engenheiro e mestre em finanças públicas pela EAESP/FGV, foi secretário de Finanças da Prefeitura de São Paulo (1989/92). Atualmente é consultor na área fiscal, orçamentária e tributária.
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Se alguém puder ajudar, agradeço imensamente.
A questão, até onde pude entender, passa pelo enfrentamento ao receituário neoliberal ditado pelo PiG e exigido pelos rentistas. Coisa que o governo não tem conseguido fazer à contento. Ou seja, passa pela blindagem do Brasil contra aquilo que inevitavelmente recairá como uma bomba na cabeça do povo: a austeridade germânica.
Mais do Amir Khair:
“A partir de 2004 a 2008 o País atravessou um período contínuo de crescimento com o PIB anual evoluindo em média 4,81% e o PIB per capita 3,73%, superior até ao registrado no período de 1901 a 1980. Foram anos dourados em que o País surfou na forte expansão do comércio internacional, liderado pela China, com forte demanda de commodities, com preços elevados em termos históricos. O governo Lula abriu e fortaleceu relações políticas e comerciais com vários países, que não foram considerados pelos governos anteriores, que preferiram política externa alinhada aos Estados Unidos e Europa.
A par do bom momento internacional, o governo Lula adotou algumas medidas de estímulo ao consumo como: a) política de aumentos reais do salário mínimo; b) a criação do Bolsa Família; c) a maior abrangência do Benefício de Prestação Continuada (BPC) para idosos com idade a partir de 65 anos (antes era 67 anos) e; d) a criação e expansão do empréstimo consignado com garantia na folha de pagamento. Com isso ocorreu um aumento expressivo na classe média vinda das classes D e E, como nunca tinha ocorrido na história do País.
Mas, infelizmente a partir de 2011, arrastado pelos ventos internacionais desfavoráveis e por uma política econômica errática, sem rumo claro, e com medidas de estímulo de baixo alcance, o crescimento foi derrubado para o nível médio em 2011/2012 de 1,80% ao ano, correspondendo a um crescimento médio do PIB per capita de 0,96%. Esse crescimento correspondeu a 25% do alcançado no período 2004/2008.”
Fonte: Carta Maior.
jose
Tudo isso é fruto de uma manobra de exploração executada por nossos irmãos mais velhos da América do Norte e Europa.
Ratazanas viciadas em roubar riquezas dos irmãos menos atentos.
A corrupção que tanto chama nossa atenção na América do Sul, tem sido cultivada e alimentada pelos nossos irmãos mais velhos da América do Norte e Europa, pois a corrupção interessa a eles, pra que possam através da corrupção desviar nossas riquezas, obtidas através de nosso suor, pra seus cofres de sanguessugas viciados nos ganhos fáceis.
Graças a Deus … temos o nosso Lula que nos salvou … pois se tivesse aí o FHC, certamente estaríamos em situação muito pior que o nosso querido vizinho México.
Viva Lula … Viva Dilma … Viva Mercosul … Viva Unasul …
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