Tânia Oliveira alerta: Mídia tenta impor um “fato consumado” ao STF sobre ameaça de prisão a Lula
Tempo de leitura: 4 minFoto da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal: Carlos Moura/SCO/STF
A MÍDIA E A TENTATIVA DE IMPOR UM “FATO CONSUMADO” AO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NO CASO DA AMEAÇA DE PRISÃO A LULA.
por Tânia Maria de Oliveira, especial para o Viomundo
O papel que os grandes conglomerados da mídia brasileira vêm exercendo na conjuntura do golpe no Brasil não difere de outros momentos da história, e tem se mostrado fundamental no sentido de conferir sustentação ideológica aos processos, por meio do desvirtuamento dos fatos, da ignorância acerca deles e do sensacionalismo.
Uma das formas mais contundentes tem sido impulsionar decisões no sentido do que lhes convêm, por meio de constrangimento público dos atores.
Por vezes, essa atuação se apresenta de forma mais sutil, quase imperceptível a olhares menos atentos, sendo desnudada mais adiante.
Aqueles momentos em que a notícia funciona como desvio, criando um obstáculo entre a realidade e a percepção a lhe ser ofertada.
Desde que a 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região acelerou o julgamento da apelação do ex-presidente Lula no processo “do Triplex”, com a devolução do voto do revisor em tempo recorde, e um julgamento marcado às pressas, para proferir uma condenação unânime e combinada, o debate, que já vinha se desenhando há vários meses no Supremo Tribunal Federal, de nova análise da possibilidade de antecipação da execução da pena, permitindo a prisão em segunda instância, foi divulgado nos jornais como inconveniente e oportunista, insuflando até mesmo discussões entre políticos e membros do Poder Judiciário.
Explicando o tema, a Constituição Federal de 1988 afirma textualmente que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
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E o trânsito em julgado ocorre após esgotadas todas as instâncias recursais.
É o chamado princípio da presunção de inocência, a que o Supremo Tribunal Federal sempre assentiu, até fevereiro de 2016, quando julgou o Habeas Corpus 126292/SP e mudou o paradigma, fixando o entendimento de que
“a execução da sentença penal condenatória após a confirmação da sentença em segundo grau não ofende a presunção de inocência, mesmo pendente o julgamento de recursos constitucionais.”
O julgamento naquele momento ocorreu por maioria, mas tribunais de todo o país passaram a adotar, automaticamente, a execução antecipada interpretando o “não ofende” como obrigatoriedade da execução.
Em decorrência disso, foram ajuizadas as Ações Declaratórias de Constitucionalidade nº 43 e 44, julgadas no dia 05 de outubro de 2016, onde o plenário do STF ratificou o entendimento por maioria de 6 a 5 votos.
O debate nunca, de fato, saiu da pauta da Corte, e a sinalização dos problemas advindos do resultado do julgado começaram a apontar para uma mudança do entendimento de alguns de seus ministros.
Voltando ao campo das sutilezas, repetindo manchetes dos outros jornalões dos últimos dias, a Folha de São Paulo traz hoje em seu blog, uma matéria com a seguinte manchete:
“Novo placar do STF sobre prisão após segunda instância será revelado na terça”.
E afirma que o que está em questão é o voto do mais recente ministro do Tribunal Alexandre de Moraes.
Será mesmo? O que, afinal, será votado na próxima terça (dia 06), no STF?
Trata-se, de fato, de dois processos que serão julgados pela Primeira Turma do Tribunal que tratam do tema da execução provisória da pena.
O voto do ministro Alexandre de Moraes, ao menos em tese, é conhecido, já que ele já deu diversas declarações, inclusive na sabatina do Senado em fevereiro de 2017:
“em relação à execução provisória da pena, como eu disse anteriormente, enquanto ainda prevalecer o julgamento, por maioria, do plenário do Supremo Tribunal Federal, eu acompanho esse julgamento da possibilidade desse cumprimento”.
Portanto, mesmo que ele seja o único juiz que ainda não proferiu voto sobre o tema no STF, não é sobre ele que se fala acerca da possibilidade de mudança de entendimento na Corte. E mesmo se fosse, a maioria de 6 a 5 é do plenário do Tribunal, não de uma de suas turmas.
Dito de outro modo, o desfecho da votação na Primeira Turma na próxima terça-feira (dia 06) não revela o “novo placar”. Aliás, sequer se pode afirmar que o altera, já que a posição do novo ministro, que tende a ser a mesma do falecido Teori Zavascki, a quem ele substituiu, nada diz sobre um resultado no plenário, haja vista que não se sabe a posição dos membros da Segunda Turma neste momento.
E, apenas ilustrativamente, em se tratando de Turma, a que compete julgar recursos do ex-presidente Lula é a Segunda Turma, a que pertence o ministro Edson Fachin, não a Primeira. Também nesse caso nada será adiantado na terça-feira.
O resultado, contudo, tem efeito midiático.
Ao afirmar a possibilidade de “novo placar”, mesmo sabendo que o forum não é o da turma e que não é decisivo, e sendo mantido o entendimento, a imprensa impulsionará o sentimento do “fato consumado”, revelando as razões da grande divulgação em torno da pauta da próxima terça-feira, em mais um passo para evitar que seja revisto o entendimento no colegiado que tem, de fato, competência para fazê-lo.
No fim, é apenas mais um método de manipulação da informação. Camuflado, mas igualmente desonesto.
Tânia M. S Oliveira é assessora jurídica da bancada do PT no Senado
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Comentários
Mario
Duvivier a Moro: até quando suas putarias vão continuar?
Moro chama auxílio-moradia de “compensação”…
https://www.conversaafiada.com.br/brasil/duvivier-moro-ate-quando-suas-putarias-vao-continuar
‘Ordem e Progresso’ desde que continuem nossas putarias
Uma língua diz muito sobre a cultura na qual ela está inserida. Os esquimós, dizem, têm 50 palavras para a neve, outros dizem que são 7, outros dizem que isso não passa de um mito linguístico, o que muito provavelmente é verdade, mas é muito chato quando alguém estraga seu exemplo com preciosismo linguístico.
Tenho a impressão de que nosso maior tesouro vocabular se concentra no ramo da corrupção. Tramoia, mamata, mutreta, maracutaia, trambique, propina, esquema, falcatrua, negociata, muamba, faz-me rir. A corrupção está pra gente como a neve pro esquimó.
O léxico, claro, não é estanque. Aumenta à medida que surgem novas e inusitadas maneiras de burlar a lei. Mensalão, Petrolão, Trensalão, Pixuleco, Propinoduto, Grande-Acordo-Nacional-Com-Supremo-Com-Tudo.
Sérgio Côrtes, secretário preso de Sérgio Cabral, teclou, da cadeia, para um empresário-parceiro: “Podemos passar um tempo na cadeia, mas nossas putarias têm que continuar”. “Nossas-putarias” se destaca pela franqueza. Podia entrar na bandeira. Ordem e Progresso Desde que Continuem Nossas Putarias.
Essa semana surgiu uma expressão preciosa. Revelou-se, só agora, que o juiz Sergio Moro recebe, há anos, o famoso auxílio-moradia, mesmo já tendo moradia e já tendo um salário que beira os R$ 30 mil, fora os benefícios (em dezembro passa de R$ 100 mil).
Questionado, o juiz chamou o auxílio-moradia de “compensação” porque seu salário não pode ser reajustado por causa do teto constitucional.
A palavra “compensação” pra designar uma tramoia me fascinou porque mostra bem como pensa aquele que pratica uma contravenção: ele está sempre apenas resgatando o que lhe é de direito.
Sonego, mas pra compensar tanto imposto. Roubo, mas pra compensar o que me roubam. O tríplex, o helicóptero de cocaína, o apartamento cheio de caixas de dinheiro, a mala, o dinheiro na cueca, os 500 anos de vantagem indevida: tudo compensação.
Moro, claro, não é o único. Os três juízes do TRF-4 também recebem auxílio-moradia embora também possuam moradia, além do salário vultoso. Esse ano a gente deve gastar R$ 800 milhões só com o tal auxílio-moradia. Um dinheiro precioso num país em que tanta gente não tem onde morar.
Como é que esse povo dorme à noite? Pensando: “Não é corrupção, é compensação”.
Por que então pagamos o auxílio, já que não é pra moradia? Moro assumiu, Fux também: pra que juízes ganhem mais do que é permitido por lei. Isso foi dito por agentes da lei.
Até quando essas putarias vão continuar?
Âncora do jn defende auxílio a Murrow e Pobretas
Ela foi uma das inesquecíveis “meninas do Jô”
Publicado em 04/02/2018, também no Conversa Afiada
Sem Título-7.jpg
Da Overseas ao detrito de maré baixa (Reprodução/BOL)
Do detrito sólido de maré baixa:
Dobrem-se os salários de Moro e Bretas
Por Lillian Witte Fibe
Acho babaca, pueril, mas, principalmente, contraproducente essa patrulha que se alastra na grande mídia contra o auxílio moradia, primeiro do juiz Marcelo Bretas, e hoje de Sérgio Moro.
Sem entrar no mérito de um e outro penduricalho de salário de servidor público, noto que se elegem como alvos dois dos brasileiros que mais têm trabalhado pelo bem do País.
JOÃO
A GLOBO CONTINUA DEFENDENDO OS SEUS BANDIDOS DE TOGA PREDILETOS
Âncora do jn defende auxílio a Murrow e Pobretas
Ela foi uma das inesquecíveis “meninas do Jô”
No conversa Afiada —
https://www.conversaafiada.com.br/pig/ancora-do-jn-defende-auxilio-a-murrow-e-pobretas
Da Overseas ao detrito de maré baixa
Do detrito sólido de maré baixa:
Dobrem-se os salários de Moro e Bretas
Por Lillian Witte Fibe
Acho babaca, pueril, mas, principalmente, contraproducente essa patrulha que se alastra na grande mídia contra o auxílio moradia, primeiro do juiz Marcelo Bretas, e hoje de Sérgio Moro.
Sem entrar no mérito de um e outro penduricalho de salário de servidor público, noto que se elegem como alvos dois dos brasileiros que mais têm trabalhado pelo bem do País.
RONALD
Este discurso da ariana Lillian Witte Fibe parecer ter saído diretamente do INFERNO, sua casinha de origem !!!!
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