Julian Rodrigues: Eles têm um plano, e daí? 2017 vai ser um novo ano

Tempo de leitura: 5 min

julian

2017 vai ser outro ano

Julian Rodrigues, especial para o Viomundo

É quase impossível fugir das retrospectivas e balanços anuais em fins de dezembro. 2016 já entrou para a história como o ano do golpe de novo tipo no Brasil.

Mas eu não quero falar da onda conservadora, nem do desmonte acelerado dos direitos sociais e trabalhistas que o governo golpista vem promovendo.

Muito menos dos índices recordes de desemprego ou da recessão.

Também não quero falar do papel da mídia, do Ministério Público e do Judiciário nesse processo de destruição das empresas nacionais, de entrega do pré-sal, de desmantelamento do Estado – que concomitantemente visa destruir o PT, Lula e a esquerda brasileira.

O que eu quero é pensar no amanhã. Partir da análise do cenário atual para projetar o que pode vir a ser.

Eles têm um plano, e daí?

Não vamos nos iludir. O golpe não foi feito para acabar em 2018.

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As elites nacionais, articuladas com os interesses dos EUA têm um plano bem nítido, de longo prazo. Pretendem aplicar um programa radical de privatizações, retirada de direitos dos trabalhadores e destruição do embrião de Estado de bem-estar social, que vinha sendo construído a partir da Constituição de 1988.

Os objetivos são aumentar a taxa de lucro dos empresários, manter os extraordinários ganhos dos rentistas, alinhar novamente o Brasil aos interesses norte-americanos, entregar nossas riquezas às corporações estrangeiras, aplastar a esquerda, os movimentos sociais e o PT. Sobretudo sonham em interditar (e se possível encarcerar) Lula.

Há muita especulação sobre o golpe dentro do golpe, que seria retirar Temer em 2017 e eleger um novo presidente por via indireta – que não seja da turma do PMDB.

Desejam alguém mais representativo do núcleo duro do golpe (mídia, banqueiros, grande burguesia, Ministério Público/Judiciário). Ou seja, um tucano ou assemelhado.

Uns falam em FHC, outros em Meireles e ultimamente tem circulado a alternativa Nelson Jobim, que teria a vantagem de contar com muita experiência e conexões nos três poderes, além de um suposto trânsito à esquerda.

O que se especula é que Jobim daria uma “limpada” na imagem do governo golpista, afastando de vez a camarilha do PMDB do núcleo do executivo. Assim, poderia ganhar alguma legitimidade para continuar implementando as medidas neoliberais e construir a próxima etapa do golpe.

Sim, porque é muito arriscado para eles uma eleição em 2018, em meio à grave crise econômica, mesmo se tirarem Lula da cédula.

Eleições somente com mudanças na regras do jogo que afastem qualquer possibilidade das forças direitistas serem derrotadas. Pode ser parlamentarismo, pode ser qualquer outro novo arranjo institucional.

Há várias propostas sendo incubadas.

O conhecido deputado da Miro Teixeira (Rede-RJ), com notórios vínculos com a Globo, articulou duas diferentes emendas constitucionais.

Uma delas viabilizaria as eleições diretas em 2017 no caso da queda de Temer.

A outra propõe uma assembleia constituinte, com amplos poderes, a partir de fevereiro de 2017. Um perigo!

Já reacionários como Ronaldo Caiado (DEM-GO) andaram falando em eleições diretas. Enquanto isso, a Globo e o braço MP-Judiciário aceleram a fritura de Temer e da quadrilha peemedebista. O que, por outro lado, faz o traíra correr ainda mais para mostrar serviço à burguesia, acelerando as propostas das reformas trabalhista e da previdência.

Enquanto eles não se decidem, aumenta o tom da disputa entre o STF e o Congresso Nacional; entre as corporações do sistema de justiça e o velho centrão fisiológico e com o legislativo, cada vez mais desmoralizado.

E a crise econômica vai se agravando, sem perspectiva de melhora. O desemprego chega a 12%.

As classes médias paneleiras vão continuar apoiando o golpe nesse cenário?

E os que melhoraram de vida nos anos dos governos do PT?

E a massa trabalhadora que ainda não se moveu?

Todo mundo vai engolir essa reforma da previdência que acaba, na prática, com o direito à aposentadoria?

A destruição dos direitos trabalhistas vai passar sem reação significativa?

Lula 2017

Mas, não há nada como o passar do tempo, com a permissão do clichê.

Já há sinais de que se inicia – em amplos setores – um lento processo de reavaliação sobre o que aconteceu.

Dilma melhora sua imagem e começa a ser vista em outra perspectiva.

Vai ficando mais nítido que o impeachment foi mesmo um golpe e nada tinha a ver com o combate à corrupção. Cresce a saudade dos anos Lula, como as pesquisas vem mostrando.

Portanto, apesar de atravessarmos a maior ofensiva da direita contra o povo brasileiro desde a redemocratização, existe espaço concreto para reação, para resistência, para o combate.

Não está dado que o ciclo golpista-neoliberal vai durar 20 anos.

A reorganização do campo da esquerda se dará “a quente”, nas ruas, nas mobilizações contra a reforma trabalhista, no fortalecimento da Frente Brasil Popular, em aliança com a Frente Povo Sem Medo.

Mas, para essa reorganização funcionar é preciso uma alternativa prática. Uma palavra de ordem e um objetivo tático que unifique a maioria do campo democrático-popular.

A palavra de ordem é Diretas Já.

Para além de servir de bandeira de agitação política é uma orientação para mobilizações, mirando a pressão sobre o Congresso para a aprovação da PEC das diretas no Congresso, nesse cenário de crise do governo Temer.

Mas, do que adianta eleições em 2017 sem que exista a perspectiva concreta de derrotar os golpistas nas urnas com um programa de desenvolvimento econômico e reformas estruturais?

Daí que é preciso lançar a campanha Lula presidente, já.

A candidatura Lula é a única que pode colocar em movimento o campo democrático-popular apontando uma alternativa de projeto para tirar o Brasil da crise.

Além disso, ao começar a campanha Lula presidente podemos colocar na defensiva Moro e seus procuradores coxinhas-entreguistas.

Trata-se de dar visibilidade a uma plataforma política de esquerda, quebrando o monopólio discursivo dos golpistas. Não é sem razão que o Estadão já reagiu em editorial, babando contra a possibilidade de uma nova candidatura de Lula.

Lançar imediatamente uma campanha pela PEC das diretas e construir a candidatura Lula vai colocar o campo democrático-popular em movimento, nos permite retomar a ofensiva.

Diretas-Já e Lula-2017 dão norte, horizonte, perspectiva para todo o país. E combatem a dispersão, a melancolia, a confusão, a “bateção de cabeça” nos setores progressistas.

Dá uma perspectiva propositiva-palpável, viável, nítida para a luta social, que não pode ser apenas reativa.

Lula pode ser a reinvenção de si mesmo e de seu legado.

Se sua candidatura for construída com amplo debate permitirá a atualização do projeto democrático-popular. Sua candidatura também abre a possibilidade de uma renovação programática do PT, feita nas bases, nas ruas e palanques.

Balanço crítico dos 12 anos de governo e elaboração de uma nova estratégia junto com agitação e mobilização massiva, repactuando com o povão são tarefas do PT e do campo democrático-popular em 2017.

Só Lula tem condições de impulsionar esse processo de reorganização e renovação da esquerda e simultaneamente denunciar o golpe, propor eleições diretas e apresentar às massas uma alternativa para o país.

Então, cantemos com Chico: “amanhã vai ser outro dia”. E 2017 vai ser outro ano.

PS: Portanto, o papel de Lula agora é muito maior do que presidir o PT. O partido precisa fazer um debate, uma  avaliação crítica do último período, renovando sua estratégia e  também montando uma nova direção. Tarefa não pode ser liderada por Lula. Além de ser nosso candidato a presidente da República, ainda tem que se dedicar a  defender-se  da  perseguição de  Moro.

29/12/2016

Julian Rodrigues é professor e jornalista, ativista LGBT e defensor dos direitos humanos é militante do PT-SP.

Leia também:

Santayana: A engenharia brasileira está morta, cremada no altar do entreguismo 

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Comentários

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José Ponte

Beleza, e aí? A esquerda vai colocar o plano em prática ou vai debater e contemporizar até os 45 do segundo tempo, como sempre?

FrancoAtirador

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Garota de Programa do Governo Temer (PMDB/PSDB):
https://pbs.twimg.com/media/C08pBdcW8AAE_0R.jpg
“O Planalto Confia no Frescor que Ela Pode Prover”
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https://t.co/98CR9eeWdU
https://twitter.com/tijolaco/status/814915164734636032
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Meu Deus!
“A Mediocridade da Grande Imprensa com o Presidente-Pinguela
Ultrapassa os Limites da Indecência” … Virou “Pornografia Ética!”

Jornalista Fernando Brito, no Tijolaço:
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A disputa estava dura.

Ricardo Nobralt dizendo que Michel temer era “até bonito”.

Eliane Cantanhêde dizendo de “de romance o presidente entende”.

Domingo Alzugaray, dono da “Istoé 900% a mais de verba” fez dele “Brasileiro do Ano”, com direito aos arrulhos dos querubins Aécio Neves-Sérgio Moro ao fundo.

E ele próprio dizendo que está salvando o Brasil, muito embora o Brasil afunde todo dia.

Mas a Veja sacou seu trunfo de última hora.

A bela e recatada Marcela Temer.

Diz a revista que o Planalto confia “no frescor que ela pode prover” ao macróbio marido.

Materinha sem-vergonha, que não diz nem desdiz, com detalhes pitorescos
da aula particular de Temer a ela e seus coleguinhas de curso de Direito
e – dá vergonha até de repetir o texto, mas está impresso
em centenas de milhares de páginas deste atentado ecológico que é a Veja –
e sobre o trabalho de conclusão de curso sobre ‘Fertilização in vitro no Direito brasileiro’.

Na verdade, o “joke” é pior, mas me recuso a reproduzir o restante.

Há um clima de euforia com “a capa que mudou os rumos do Brasil”.

Já podem aproveitar e comprar umas 500 Veja para colocar como leitura de bordo
no avião presidencial, para ler tomando Haager Dazs.

Meu Deus, a Mediocridade da Grande Imprensa
com o Presidente-Pinguela Ultrapassa os Limites da Indecência.

Virou pornografia ética.

https://twitter.com/tijolaco/status/814915164734636032
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FrancoAtirador

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https://pbs.twimg.com/media/C04q5vtXUAAjKU4.jpg

Revista Veja virou Caras,
e de Igual Forma é Inútil
até para Limpar Bundas.

https://twitter.com/cartamaior/status/814636011619840004
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FrancoAtirador

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O Campo Majoritário quer se Salvar em 2018 nas Costas do Lula.

Vão Afundar Todos Juntos Abraçados no Casuísmo Eleitoreiro.
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FrancoAtirador

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http://valterpomar.blogspot.com.br
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