Pepe Escobar: Os que já estão lucrando com a invasão da Líbia

Tempo de leitura: 8 min

Não há business como o guerra-business
30/3/2011

por Pepe Escobar, Asia Times Online

Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu

Mentiras, hipocrisias e agendas ocultas. Eis os temas dos quais o presidente Barack Obama não tratou, ao explicar aos EUA e ao mundo a sua doutrina para a Líbia. A mente se perde, vacila, ante tais e tantos buracos negros que cercam essa esplêndida guerrinha que não é guerra (é “ação militar com escopo limitado por prazo limitado”, nos termos da Casa Branca) – complicados pela inabilidade do pensamento progressista, que não consegue condenar, ao mesmo tempo, tanto a crueldade do governo de Muammar Gaddafi quanto o “bombardeio humanitário” dos exércitos de EUA-anglo-franceses.

A Resolução n. 1.973 do Conselho de Segurança da ONU operou como cavalo de Tróia: permitiu que o consórcio EUA-anglo-francês – e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) – se convertesse em força aérea da ONU usada para apoiar um levante armado. Aparte nada ter a ver com proteger civis, esse arranjo é absoluta e completamente ilegal em termos da legislação internacional. O objetivo final aí ocultado, que até as crianças subnutridas da África já viram, mas que ninguém assume ou confessa, é mudar o governo na Líbia.

O tenente-general Charles Bouchard do Canadá, comandante da OTAN para a Líbia, que insista o quanto quiser, repetindo que a missão visa exclusivamente a proteger civis. Pois os “civis inocentes” lá estão, dirigindo tanques e disparando Kalashnikovs, brigada de farrapos que, de fato, são soldados em guerra civil. O problema é que, agora, a OTAN foi convertida em força aérea daquele exército, seguindo as pegadas do consórcio EUA-franco-inglês.

Ninguém diz que a “coalizão de vontades” que hoje combate o governo líbio é coalizão de apenas 12 vontades (das 28 vontades representadas na OTAN), mais o Qatar. Isso absolutamente nada tem a ver com a “comunidade internacional”.

O veredicto sobre a zona aérea de exclusão ordenada pela ONU só será conhecido depois que houver governo “rebelde” na Líbia e terminar a guerra civil (se terminar rapidamente). Só então se poderá saber se, algum dia, os Tomahawks e bombas-em-geral foram algum dia justificados; o porquê de os civis de Cyrenaica terem sido “protegidos”, ao mesmo tempo em que os civis em Trípoli foram Tomahawk-eados; quem, afinal eram os ditos “rebeldes” ditos “salvos”; se a coisa toda, desde o início, em algum momento deixou de ser ilegal; como aconteceu de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU ser usada para acobertar golpe de Estado (digo, “mudança de regime”); como o caso de amor entre “revolucionários” líbios e o Ocidente pode acabar em divórcio sangrento (lembrem o Afeganistão!); e quais os atores ‘ocidentais’ que lucrarão mais, imensamente, com a exploração de uma nova Líbia – seja unificada seja balkanizada.

Pelo menos por hora, é muito fácil identificar os que já estão lucrando.

O Pentágono

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Roberto “O Supremo do Pentágono” Gates disse no fim-de-semana, na maior cara dura, que só há três regimes repressivos em todo o Oriente Médio: Irã, Síria e Líbia. O Pentágono se encarrega agora do elo mais fraco – a Líbia. Os outros dois sempre foram figuras chaves da lista dos neoconservadores, de governos a serem derrubados. Arábia Saudita, Iêmen, Bahrain etc. são exemplos de democracia.

Como nessa guerra de prestidigitação “agora se vê, agora não se vê”, o Pentágono obra para lutar não uma, mas duas guerras. Começou pelo AFRICOM – Comando dos EUA na África –, criado no governo George W Bush, reforçado no governo Obama, e rejeitado por legiões de governos, intelectuais, organizações de direitos humanos e especialistas africanos. Agora, a guerra está em transição, passando para as mãos da OTAN, que é o mesmo que a mão pesada do Pentágono sobre seus asseclas europeus.

É a primeira guerra africana do AFRICOM, comandada agora pelo general Carter Ham diretamente de seu quartel-general nada-africano em Stuttgart. O AFRICOM é fraude, como diz Horace Campbell, professor de estudos afro-norte-americanos e ciência política na Syracuse University: fundamentalmente, é uma frente de operação comercial, para que empresas contratadas pelos militares nos EUA – Dyncorp, MPRI e KBR possam fazer negócios na África. Os estrategistas dos EUA que muito se beneficiaram na porta giratória que se criou entre as privatizações e as guerras estão adorando a intervenção na Líbia, como magnífica oportunidade para dar credibilidade político-militar ao AFRICOM-business.”

Os Tomahawks do AFRICOM-EUA atingiram também – metaforicamente – a União Africana (UA) a qual, diferente da Liga Árabe, não se deixa facilmente comprar pelo ocidente. As petro-monarquias do Golfo, todas, festejaram o bombardeio; Egito e Tunísia, não.

Só cinco países africanos não são subordinados ao AFRICOM-EUA: Líbia, Sudão, Costa do Marfim, Eritreia e Zimbabwe.

A OTAN

O plano master da OTAN é dominar o Mediterrâneo, como lago da OTAN. Sob essa “ótica” (no jargão do Pentágono), o Mediterrâneo é infinitamente mais importante hoje, como teatro de guerra, que o “AfPak”.

Apenas três, das 20 nações do ou no Mediterrâneo não são da OTAN ou aliadas de seus programas “de parceria”: a Líbia, o Líbano e a Síria. O Líbano já está sob bloqueio da OTAN desde 2006. Atualmente, já há bloqueio também contra a Líbia. Os EUA – via OTAN – já praticamente conseguiram fazer do círculo, o quadrado. Que ninguém se engane: a Síria é o próximo alvo.

A Arábia Saudita

Excelente negócio! O rei Abdullah vê-se livre de Gaddafi, seu arqui-inimigo. A Casa de Saud – do modo abjeto que é sua marca registrada – rende-se ao atraso, para beneficiar o ocidente. A atenção da opinião pública ganha objeto alternativo, para distrair-se: os sauditas invadem o Bahrain, para esmagar movimento popular legítimo, pacífico, pró-democracia.

A Casa de Saud vendeu a ficção segundo a qual “a Liga Árabe” teria votado unanimemente a favor da zona aérea de exclusão. É mentira.

Dos 22 membros da Liga Árabe, só 11 estiveram presentes à sessão que aprovou a “no-fly zone”; seis desses são membros do Conselho de Cooperação do Golfo, gangue da qual a Arábia Saudita é o cão-chefe.

A Casa de Saud teve de aplicar uma chave-de-braço em três. A Síria e a Argélia estavam contra a no-fly zone contra a Líbia. Tradução: só nove, dentre 22 países árabes, votaram a favor de implantar-se a zona aérea de exclusão na Líbia.

Agora, a Arábia Saudita já pode até mandar que o presidente do Conselho de Cooperação do Golfo Abdulrahman al-Attiyah declare sem piscar que “o sistema líbio perdeu a legitimidade”. Sobre a Casa de Saud e os al-Khalifas do Bahrain… não faltará quem os indique para o Hall da Fama da Assistência Humanitária.

O Qatar

O país que hospedará a Copa do Mundo de Futebol de 2022 sabe, sim, amarrar negócios. Seus Mirages já ajudavam a bombardear a Líbia, enquanto Doha preparava-se para vender aos mercados ocidentais o petróleo da Líbia. O Qatar foi o primeiro país a reconhecer o governo dos “rebeldes” líbios como único governo legítimo; fê-lo um dia depois de ter fechado o negócio do varejão do petróleo líbio no ocidente.

Os “rebeldes”

Sem desrespeitar as importantes aspirações democráticas do movimento da juventude líbia, fato é que o grupo mais bem organizado da oposição a Gaddafi é a Frente Nacional de Salvação da Líbia – há anos financiada pela Casa de Saud, pela CIA e pela inteligência francesa. O “rebelde’ “Conselho Nacional do Governo de Transição” é praticamente a velha Frente Nacional, acrescida de alguns militares desertores. A “coalizão” “protege” essa “elite” de “civis inocentes”, hoje.

Nessa linha, o “Conselho Nacional do Governo de Transição” acaba de nomear novo ministro das finanças: Ali Tarhouni, economista formado nos EUA. Foi ele quem disse que vários países ocidentais há lhe haviam dado créditos, sob garantias do fundo soberano líbio; e que os britânicos lhe deram acesso a 1,1 bilhão de dólares do dinheiro de Gaddafi.

Significa que o consórcio EUA-anglo-francês – e agora a OTAN –, só terão de pagar a conta da compra das bombas. No que tenha a ver com histórias da imundície das guerras, essa é impagável: o ocidente está usando o dinheiro da Líbia para pagar um bando de líbios oportunistas interessados em derrubar o governo da Líbia. França e Inglaterra gozam, de tanto que amam as bombas. Nos EUA, os neoconservadores devem estar se estapeando, lá entre eles, de inveja: por que o vice-secretário de Defesa Paul Wolfowitz não teve a mesma ideia, para o Iraque, em 2003?

A França

Oh la la, a coisa bem poderia servir de substrato para romance proustiano. A coleção estrela da primavera francesa nas passarelas parisienses é o show de moda-fantasia de Nicolas Sarkozy: uma zona aérea de exclusão na Líbia, rebordada com ataques-acessórios pelos jatos Mirage/Rafale. Todo o show e pirotecnia foi concebido por Nouri Mesmari, chefe de protocolo de Gaddafi, que desertou e fugiu para a França em outubro de 2010. O serviço secreto italiano vazou para jornalistas e jornais selecionados os detalhes da deserção e da fuga. O papel do DGSE, serviço secreto francês, está mais ou menos explicado no e-jornal (só para assinantes) Maghreb Confidential.

A verdade é que o coq au vin da revolta de Benghazi já estava cozinhando em fogo baixo desde novembro de 2010. Os galos-estrelas foram Nouri Mesmari; Abdullah Gehani, coronel da Força Aérea da Líbia; e o serviço secreto francês. Mesmari era chamado “o WikiLeak líbio”, porque vazou quase todos os segredos militares de Gaddafi. Sarkozy adorou, furioso desde que Gaddafi cancelou gordos contratos para comprar aviões Rafales (para substituir os Mirages líbios que, hoje, estão sendo bombardeados por Mirages franceses) e usinas nucleares francesas.

Isso explica por que Sarkozy, que estava tão animadinho, posando de neoliberador de árabes, foi o primeiro líder europeu a reconhecer “os rebeldes” (para tristeza de muitos, na União Europeia) e o primeiro a bombardear as forças de Gaddafi.

Vê-se aí também exposto o papel do desavergonhado filósofo e autopropagandista Bernard Henri-Levy, que se esfalfou enchendo a mídia mundial com notícias de que ele telefonara a Sarkozy, de Benghazi, e assim despertou o filão humanitário no coração do presidente. Ou Levy é o otário da hora, ou é uma conveniente cereja “intelectual” acrescentada ao já assado bolo-bomba contra Gaddafi.

Ninguém detém Sarkozy, o Terminator. Já avisou todos os governos árabes que estão na mira para serem bombardeados ao estilo Líbia se espancarem manifestantes. Até já avisou que a Costa do Marfim seria “a próxima”. Bahrain e Iêmen, claro, não têm com o que se preocuparem. Quanto aos EUA, mais uma vez os EUA apoiam golpe militar (não deu certo com o Omar “Sheikh al-Tortura” Suleiman no Egito. Talvez funcione na Líbia).

Al-Qaeda

O coringa sempre conveniente renasce. O consórcio EUA-franco-inglês – e agora também a OTAN – outra vez combatem aliados à al-Qaeda, dessa vez representada pela al-Qaeda no Maghreb (AQM).

Abdel-Hakim al-Hasidi, líder dos “rebeldes” líbios – que combateu ao lado dos Talibã no Afeganistão – confirmou, com detalhes, para a mídia italiana, que recrutara pessoalmente “cerca de 25” jihadistas na região de Derna no leste da Líbia para combater os EUA no Iraque; e que agora “eles estão na linha de frente em Adjabiya”.

Isso, depois de o presidente do Chad Idriss Deby ter dito que a al-Qaeda no Maghreb assaltou arsenais militares na Cyrenaica e provavelmente já têm alguns mísseis terra-ar. No início de março, a al-Qaeda no Mahgreb apoiou publicamente os “rebeldes”. O fantasma de Osama bin Laden deve estar rindo como o gato Cheshire de Alice; mais uma vez, conseguiu por o Pentágono a trabalhar para ele.

Os privatizadores da água

Poucos no ocidente sabem que a Líbia – como o Egito – repousa sobre o Sistema Aquífero do Arenito Núbio [ing. Nubian Sandstone Aquifer]: é um oceano de extremamente valiosíssima água doce. Ah, sim, sim, essa guerra de prestidigitação “agora se vê, agora não se vê”, é crucial guerra pela crucial água.

O controle do aquífero é patrimônio sem preço: além da água para beber, o prestígio para dominar: a EUA-França-Inglaterra “resgatando” valiosos recursos naturais, das mãos dos árabes “selvagens”.

É um Aquedutostão – enterrado fundo no coração do deserto. São 4.000 quilômetros de dutos. É o Maior Projeto de Rio Criado pelo Homem [ing. Great Man-Made River Project (GMMRP)], que Gaddafi construiu por 25 bilhões de dólares sem tomar emprestado nem um centavo nem do FMI nem do Banco Mundial (mais um exemplo de barbárie de Gaddafi, que não se deve deixar vazar para o resto do mundo subdesenvolvido).

O sistema GMMRP fornece água para Trípoli, Benghazi e todo o litoral da Líbia. A quantidade de água disponível, estimada por especialistas, é o equivalente à toda a água que corre pelo Nilo por 200 anos. Comparem-se esses números os números das chamadas “Três Irmãs” – empresas Veolia (ex-Vivendi), Suez Ondeo (ex-Generale des Eaux) e Saur – as empresas francesas que controlam mais de 40% do mercado global de água.

Todos os olhos devem-se focar, atentos, para ver se algum dos aquedutos da GMMRP serão bombardeados. Cenário altamente possível, caso sejam bombardeados, é que imediatamente comecem a ser negociados os gordos contratos de “reconstrução” – que beneficiarão a França. Será o passo final para privatizar toda aquela – até o momento gratuita – água. Da doutrina do choque, chegamos à doutrina da água.

Essa lista dos que ganham com a guerra está longe de ser completa – ainda não se sabe quem ficará nem com o petróleo nem com o gás natural da Líbia. Enquanto isso, o show (das bombas) tem de continuar. Não há business como o guerra-business.

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Comentários

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Pepe Escobar: Líbia, exposta a negociata EUA-sauditas | Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] da suja dança do par EUA-Sauditas. Para saber quem lucra com a intervenção militar na Líbia, veja aqui. E acrescente àquela lista de beneficiários também a dinastia al-Khalifa no Bahrain, uma cesta […]

armando oliveira

Primeira materia com grau de creditilidade sem está devendo interesses exclusos! dizendo a verdade nua e crua. não igual a grande mídia brasileira vendida e sem informções claras! a Libya e dos lidios deixem que eles resolvam!

Bonifa

Kadafi é sem dúvida o maior dirigente de país árabe do século vinte. Em apenas quarenta anos, levou a taxa de analfabetos no país de 90% para 10%. Aumentou a perspectiva média de vida do povo líbio em nada menos que 20 anos. Aumentou o índice de qualidade de vida em 100 vezes. Construiu uma rede de aquedutos em pleno deserto de 4000 quilômetros de extensão, ao custo de 25 bilhões de dólares, proporcionando água pública abundante não para recreios de milionários, como fazem os xeiques, mas para abastecimento das grandes cidades e para experiências de agricultura irrigada ainda mais avançadas que as de Israel. Sob o governo de Kadafi, as mulheres na Líbia passaram a ter direitos inimagináveis na Arabia Saudita. Frequentam as escolas e podem trabalhar em qualquer emprego. Em Trípoli e Bengazi, circulam pelas ruas sem véus e em roupas ocidentais. Kadafi construiu uma infra-estrutura excelente, portos e aeroportos modernos (como o de Trípoli, que a construtora Odebrecht estava terminando e foi interrompida pela guerra), soluções de urbanismo avançadas, casas populares e estradas elogiadas pelos inúmeros arqueólogos e turistas que trabalham e se aventuram pelo interior do país. Todas as agências de viagens classificavam a Líbia como um lugar muito agradável e seguro, recomendando apenas que não se vá sem seguranças treinados à fronteira com o Tchad, país classificado como inseguro. Kadafi não é um ocidental puro e sem nenhum pecado como Sarkozy ou Obama. É um oriental medianamente religioso, de hábitos descritos no ocidente como excêntricos. Vive numa tenda porque não deseja ser comparado com os maravilhosos potentados das arábias que dispõem do petróleo de seus países para torrarem os dólares do povo em seus palácios high-tec de ouro. Kadafi orgulha-se de viver tão modestamente quanto um bérbere do deserto.

Nelson

"Gaddafi construiu por 25 bilhões de dólares sem tomar emprestado nem um centavo nem do FMI nem do Banco Mundial (mais um exemplo de barbárie de Gaddafi, que não se deve deixar vazar para o resto do mundo subdesenvolvido)".
Com a frase acima, o Escobar expõe uma das razões pelas quais a OTAN atacou a Líbia para derrubar em definitivo o Kadafi.
Imagine se outros países resolvem seguir esse exemplo e passam a resolver seus problemas de uma forma mais autônoma, sem correrem de joelhos e pires na mão a pedir recursos ao duo FMI/BIRD?
Seria o fim da dominação via sistema financeiro, algo que, na visão dos países ricos, não se pode permitir que venha a acontecer.

ana db

Abriram um preigoso precedente. Os USA não aceitam as 200 milhas territoriais brasileira onde se encontra o PRE-SAL. Na defesa das baleias golfinhos e demais animais marinhos usarão seu potencial belico em defesa.

Nelson

Ao privatizarem a água na Bolívia, na década de 1990, os neoliberais – amantes ardorosos da liberdade, do direito de escolha, etc – lançaram uma lei proibindo o povo boliviano de coletar água da chuva.
Ou seja, haveria que não deixar alternativa ao povo. Os bolivianos teriam que, forçosamente, ir buscar água junto às empresas privadas. Assim, estaria garantido o fluxo de lucros para os cofres das mesmas.

Felizmente, numa demonstração invejável de bravura, o povo daquele país empreendeu uma luta sem tréguas até expulsar essas empresas e retomar o controle público do precioso líquido. Como em qualquer privatização, as empresas prometiam ao povo boliviano prosperidade, tarifas mais baixas, mais eficiência, mais qualidade. A realidade, porém, não demorou a aparecer: na lógica capitalista, o lucro é a primeira prioridade, para não dizer a única.

Nelson

Sugiro a nosso prezado Jorge Stolfi a leitura de "Ano 501-A Conquista Continua".
Neste livro, Noam Chomsky, linguista e filósofo estadunidense, mostra, de uma forma quase didática, como os tempos atuais são apenas uma sequência da era que foi iniciada com a "Descoberta" da América, em 1492.

Os países do chamado Primeiro Mundo, EUA à frente, pretendem assenhorear-se da maior quantidade possível dos recursos naturais do planeta. Na verdade, ele querem todas as riquezas pertencentes a outros povos.
Por trás disso, o ímpeto incontível do capitalismo para tudo controlar, não deixando o mínimo espaço para um sistema sócio-econômico-produtivo alternativo. A simples existência de algo diferente pode suscitar nas pessoas a expectativa de que as coisas possam funcionar melhor fora do sistema altamente deletério em que estão metidas atualmente. E as pessoas podem querer se organizar em busca desse algo diferente para si mesmas.
Então, é preciso eliminar a alternativa. É preciso afastar "a maçã podre da barrica para que ela não contamine as demais". Como assevera Chomsky, é necessário "eliminar o vírus" antes que se espalhe.

Dos crimes de Kadafi ninguém duvida. Mas, o povo líbio, que chegou a um nível de vida superior em relação a outros países da região somente porque trilhou esse caminho alternativo não quer apenas trocar de ditadura. Quer ser realmente autônomo, dono de seu destino e não passar a ser dominado definitivamente pela ditadura do grande capital, muito mais cruel que a de Kadafi. Ao olharem para iraquianos e afegãos, os líbios percebem claramente o que os espera se aqueles que intervêm em seu país “somente por sentimentos humanitários” vencerem a refrega.

Adverso

Um final pra felicidade nenhuma botar defeito.

A Síria já está sendo fustigada. O PIG aqui já repete: "o ditador sírio, o ditador sírio". ou seja, o ditador sírio é mais um que merece cair. Tudo é uma questão de tempo e"merecimento" .O resto vai ficar mais ou menos do mesmo jeito. E sempre com o sorriso protocolar da Hilária Clinton.

Qual então a diferença entre Bush e Obama? Na minha modesta opinião, o primeiro era mais direto e menos cínico, porque nunca ganhou o Nobel da Paz. Mas sem dúvida, ambos são genocidas de carteirinha, e o Sarkozi também. Ou melhor, genocidas são as elites americanas, francesas e inglesas como um todo. Elas vão faturar horrores para consertar o que guerra está destruindo. É o que se chama "faturar em cima da desgraça alheia". Em cima do petróleo, da água e da "reconstrução".

Melhor do que isso, impossível.

Melinho

Cháves já deve estar com a barba de molho.

Tomara que o governo americano nunca tente "salvar" esses 4% de brasileiros que, por não concordarem com o governo Lula, foram "massacrados" por ele.

Que desgraça é o mundo, não?

Pepe Escobar: A Rainha Hilária da Líbia | Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] em http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/03/nao-ha-business-como-o-guerra-business.html ou aqui, no Viomundo). Bem vindos à nova Líbia que abrigará uma base militar dos EUA e acolherá exercícios da OTAN […]

Jorge Stolfi

Faltou um parágrafo sobre Qaddafi.

Ou ele é o anjinho da história? É esse o ponto? "Para salvar os líbios dos porcos imperialistas (incluindo eles mesmos), o melhor é deixar a Líbia pro Qaddafi"?

    gustavo

    Caramba, a ignorância tem limites, alguém aqui esta defendendo o Gaddafi???? Você leu em algum lugar no texto??? Deixa de ser estúpido, a guerra no Iraque derrubou o Saddam, era realmente um Ditador que matava seu oponentes, porém custou a vida de mais de um milhão de iraquianos 1.000.000,00 de vidas, estúpido, os EUA matam muito, mas muito mais gente que todos os ditadores em voga no planeta, incluindo os que os EUA protegem.
    Quer o desenho?

Fabio_Passos

CENSURA no Facebook!

Denúncia no blog do Bourdoukan:

Facebook remove página da “Terceira Intifada Palestina”
http://blogdobourdoukan.blogspot.com/

"
A ordem para a retirada da página partiu do ministro israelense Yuli Edelstein.
Edelstein falou diretamente com Mark Zuckenburg e exigiu a retirada da página.
Mais de 340 mil pessoas já haviam se inscrito na página que conclamava uma manifestação para o dia 15 de maio.
A data comemora A Nabka ( catástrofe) Palestina de 1948, quando centenas de milhares de palestinos foram expulsos de seus lares milenares para que fosse criado o estado de Israel.
Nas últimas três décadas, os palestinos lançaram duas Intifadas, a primeira em 1987, a segunda em 2000.
Até o momento ninguém no Ocidente protestou contra a remoção da página.

Lamentável.
"

luiz pinheiro

Se tem água no meio, Israel também está envolvido.

    Carlos

    Estão envolvidos EUA, Europa, Israel… São rapinagens em busca do lucro, sem se importar com a morte e o sofrimento de milhares de pessoas. Parece o começo da segunda guerra mundial, quando o militarismo suplantava a convivencia pacifica, até o desastre, até o início da guerra. Vivemos um desastre economico mundial. As nações que antes mandavam no mundo estão quebradas e desesperadas. O colonialismo economico desmorona. Políticos mediocres são eleitos e na demagogia tentam continuar no poder. Teremos um novo Nuremberg, julgando e condenando os despotas assassinos?

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