Eleições 2010: O que você pode fazer para desconstruir o banditismo digital

Tempo de leitura: 7 min

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Seguindo a boa política do Vi o Mundo de prestar consultoria gratuita em campanhas eleitorais, vamos abordar um pouco a atuação dos trolls na rede e como a bandidagem digital utiliza suas práticas para impregnar o debate político, atrapalhando o fluxo das boas idéias que podem elevar a discussão democrática no país.

O troll digital está sempre pronto para desestabilizar o debate. Seu único objetivo é confundir e impedir que uma discussão flua naturalmente, utilizando argumentos com baixa credibilidade e, ao final, apelando para a verborragia e ofensa. A tática do troll, quase sempre, é começar “testando hipóteses” para sentir a lista de discussão (ou comentários). Em época eleitoral, a prática é a mesma, muitas vezes remunerada, alterando somente o fim da ação para a ofensa a um candidato ou as idéias que este defende perante seu provável eleitorado.

O apelido troll, dado aos difamadores da rede, é baseado nas personagens do folclore escandinavo, conforme nos ensina a Wikipedia. São humanóides pouco inteligentes que não vivem em bandos, são agressivos e temidos pelo domínio da arte da ilusão.

Durante o processo eleitoral as atividades dos trolls profissionais vão além da interferência nos debates. Dentre suas atribuições momentâneas estão a redação de e-mails falsos atribuídos a jornalistas, a disseminação destes e-mails, a criação de perfis falsos em redes sociais e também a criação de perfis genéricos. Existe uma diferença entre o perfil fake (falso) e o genérico. O fake levanta a bola do debate, muita vezes reproduzindo o que outras pessoas enviam. O perfil genérico parece real, com dados pessoais que simulam um histórico de vida. Este é o avatar do troll.

Para você cidadão que preza o debate construtivo, que pretende nestas eleições discutir propostas, idéias e discordar até, inteligentemente,  veja alguns itens que podem ajudar a combater o banditismo digital gratuito ou patrocinado. Prováveis candidatos que pretendem fazer campanha limpa, com plataforma de campanha, também podem utilizar as informações abaixo.

Investigação de e-mails falsos

Investigar os e-mails falsos é um trabalho fundamental durante uma campanha e pode ser realizado pela equipe do comitê ou por qualquer simpatizante. Diversos virais com informações falsas circulam na rede. É preciso mapear os principais, diariamente, investigar e soltar uma nota desmentindo a informação. É um trabalho profundo de apuração para identificar locais ou pessoas citadas nas mensagens e conseguir declarações de desmentidos, invalidando assim o rumor. O texto resposta deve ser liberado no site de campanha, nas redes sociais, lista de e-mails e boletins de campanha.

Como checar um e-mail falso usando a rede

É muito simples. Ao receber o e-mail pegue partes do texto, geralmente a manchete, ou palavras-chave, e faça uma busca nos indexadores de rede como o Google ou Yahoo. O referenciamento vai lhe dizer se a história é falsa ou não. Geralmente, em período eleitoral, textos antigos voltam a circular repaginados para as eleições. Até hoje, textos de 2000 atribuídos a jornalistas e escritores de grande influência são disseminados. Esta prática visa atingir eleitores desprevenidos, que não acompanham habitualmente a cobertura jornalística e que não conhecem as posições destes profissionais sobre determinados assuntos.Uma busca resolve o problema, indicando o desmentido dos jornalistas em seus próprios blogs ou sites das empresas em que atuam.

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Os e-mails falsos chegam até você

Sem muito esforço o e-mail falso chega até você. Para isto é preciso sempre manter canais de comunicação abertos com a população, via conta institucional ou a checagem constante das redes sociais. O search do Twitter é essencial nesta localização. Canais abertos ajudam os aliados a enviarem denúncias falsas que devem ser investigadas e também permitir que os opositores entrem em contato com seus próprios e-mails de ataque. Não se iludam, isto sempre acontece e serve para saber quais os níveis de ataque e o que deve ser respondido. A conta de e-mail deve ter um filtro por assunto para catalogar os temas e acompanhar o que mais está circulando no dia.

Resposta por mail

Todos os mails devem ser respondidos, desde ataques ou elogios. A resposta sempre circula. Os mails de ataques não devem ser respondidos com mais ataques. A resposta deve ser com proposta de trabalho, nunca desqualificando quem ataca, mesmo que seja ataque pessoal. A resposta de ataque, enfurecida, pode servir de armadilha para que o opositor divulgue o candidado como destemperado.

Não repassar e-mail sem checar a informação

O que mais acontece na rede é a criação de boatos para desestabilizar campanhas/pessoas. É o famoso “ ouvi dizer”. Na rede ninguém está escondido. O candidato que se sentir ofendido por uma informação falsa pode realizar o rastreamento na rede para encontrar o provedor de onde partiram os ataques utilizando o IP (internet protocol) se estes estiverem disponíveis nas mensagens enviadas.

Tudo na internet tem identificação, via endereços de protocolo, os chamados IPs (Internet Protocol). Diversas ferramentas permitem chegar até o provedor de acesso, como o site “What’s my IP address” e, com decisão judicial, identificar quem repassou a mensagem. Por isso, quem pensa que está protegido atrás de um computador, está equivocado. Repassar mensagens falsas, além de trazer prejuízos para o próprio eleitor, pode prejudicar o honesto debate eleitoral na rede. Trolls profissionais podem se esconder na rede utilizando ferramentas como o Tor ou outras ferramentas. Veja aqui o post do @gutocarvalho explicando a privacidade na rede.

O tempo que se perde repassando uma mensagem falsa, tentando destruir a reputação de um candidato, pode ser utilizado para ajudar o seu próprio candidato a disseminar propostas de campanha, com os boletins, a argumentação coerente nas redes sociais e respondendo dúvidas dos eleitores indecisos.

É sempre importante denunciar para os próprios comitês que você apóia as mensagens falsas que estejam circulando para prejudicar o oponente. Assim, o seu candidato pode soltar alguma nota negando que a tal mensagem difamatória tenha saído do seu comitê. Lembrem-se que isso pode prejudicar a candidatura perante o TRE ou TSE, gerando multas ou até a impugnação da candidatura.

Toda e qualquer ofensa difamatória ao seu candidato, ou ofensas aos adversários atribuídas ao seu candidato, devem ser notificadas ao Tribunal Superior Eleitoral ou Tribunal Regional Eleitoral, seja por e-mail ou protocolando documentos nas sedes das entidades. O registro pode ajudar os tribunais a obter informações em qualquer denúncia de crime eleitoral para rastrear prováveis fraudadores.

Perfis falsos de políticos em redes sociais

O submundo da militância cria sempre perfis falsos em redes sociais para soltar informações virais na rede sobre um candidato. Alguém que não gosta de um político cria um perfil em nome dele para prejudicá-lo na campanha, acumulando seguidores para lançar informações incorretas ou mensagens difamatórias. Não se deve estimular que as pessoas sigam estes perfis, que ajudam a desestabilizar a discussão democrática. É preciso também denunciar aos comitês de campanha quando isto acontece.

Perfis genéricos para lançar dúvidas ideológicas

É comum também que os profissionais da militância de submundo criem perfis genéricos para atuar na rede, com uma prática muito simples: a de desqualificar ideologicamente o candidato subvertendo o que ele pensa perante grupos religiosos ou políticos. Ex: em 2006 diversas comunidades religiosas no Orkut, que eram contra o aborto, foram invadidas por estes perfis genéricos para entrar no debate e levar a impressão de que o presidente Lula era a favor do aborto. É público e notório que o presidente era, e é, contra o aborto. Estes perfis não entravam de forma raivosa no debate. Entravam de forma sútil, como um participante comum, estimulando idéias para depois inserir frases como: “pois é, por isso eu não voto no Lula, ele é a favor do aborto”. O raciocínio destes perfis genéricos é contar com a desinformação do eleitor, que muitas vezes não conhece a opinião de um candidato sobre diversos assuntos. Por isso, antes de tudo, é importante que o eleitor se informe sobre a opinião do seu candidato sobre assuntos polêmicos.

O candidato na web

Para quem deseja se candidatar a algum cargo público é preciso marcar presença na rede. Como? Criando perfis nas principais redes sociais para participar de comunidades. Redes sociais: Orkut, Twitter, Linkdin, Flickr (fotos) e Facebook. O candidato precisa se dedicar, em algum momento, a alimentar seu próprio perfil. Os usuários esperam sempre, nas redes sociais, que o cidadão do outro lado do perfil seja real e esteja presente incentivando o debate com propostas de campanha e soluções, gerando informações exclusivas para seus seguidores. Na impossibilidade do candidato não conseguir manter a interação, não adianta colocar um assessor para dar atenção ao público. Esta prática é facilmente identificada pelos usuários. O ideal nestes casos é criar um perfil da chapa para estimular o debate.

Comunidades no Orkut são sempre interessantes para debater e também para lançar informações de campanha para a base de eleitores e militantes. Ex: um texto de campanha pode ser imediatamente lançado na comunidade, que o replica em blogs e outras redes sociais.

Frequentar comunidades de candidatos concorrentes? Sim, desde que seja para se defender de ataques e debater com propostas. O candidato nunca deve cair em discurso de provocadores nas redes sociais, pois é isto que eles querem: a desmoralização diante do público. O candidato só deve responder questionamentos sérios, mesmo que divergentes das suas idéias.

Website

O website deve ser padrão, com todas as propostas, e em formato multimídia, com publicação imediata de textos, áudios, vídeos e fotos em sequência de blog. Os conteúdos são independentes e não precisam mais de conjugação entre si. Uma foto com legenda é um post, um vídeo, áudio, mesmo que isolados, é conteúdo que pode ser replicado em blogs. Isso tudo não impede que sejam feitos textos consolidados, mais parrudos de informação. Claro, podem existir, mas pensem nos conteúdos isolados para difusão.Usar licença Creative Commons para tudo é o mais adequado. O Copyright só restringe a difusão da informação uma vez que as pessoas perdem tempo para conseguir autorização e acabam desistindo de replicar, burocratizando o comitê. Quanto mais o conteúdo circular, melhor para o candidato. Se o cidadão tiver que ligar, mandar e-mail, passar fax ou enviar carta para pedir autorização de uso, ele desiste. A autorização deve estar embutida em toda a licença do site, afinal, tudo é público.

Boletim de campanha

Todos os dias deve sair um boletim de campanha do candidato, pela manhã ou a tarde. O ideal se possível é que saiam dois boletins. Conteúdo? Propostas de campanha em todas as áreas possíveis, eventualmente respondendo questionamentos dos opositores. Sempre propositivo, estimulando a base de militância em suas ações. O boletim deve ser produzido em formato jornalístico, com fotos, textos e infográficos explicativos, sempre pensando que o material pode ser impresso e distribuído por quem quiser. É material de campanha que deve ser distribuído por e-mail para o mailing de campanha e publicado imediatamente no site com recursos multímidia para enriquecer o conteúdo. Publique sempre versão em PDF dos boletins para download.

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Comentários

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Engajarte

E se for instalado clandestinamente em uma ou muitas Urnas Eletrônicas um programa que registre na tabela interna um voto diferente do que o eleitor votou no teclado?

É uma possibilidade técnica bastante fácil e viável, e com impossibilidade de controle e auditoria, pois seria necessário auditar depois da votação, o programa instalado em cada uma das 400.000 urnas utilizadas.
E o software das urnas é um palheiro de milhares de linhas de código de programação, onde facilmente pode-se inserir códigos clandestinos que alterem o resultado.

Engajarte

A maior e mais pesada ameaça digital ao processo eleitoral no Brasil vem das Urnas Eletrônicas:__Da mesma forma que qualquer outro computador, a Urna opera sobre softwares, programas de computador, e aí está o ponto crítico estrutural do sistema. __Um programa pode ser preparado para fazer qualquer coisa com as informações que ele manipula, e a manifestação da decisão do eleitor sobre o teclado, o voto, vai ser registrado nas tabelas internas da Urna pelo programa, é o software que faz o registro. Ou seja, existe uma interrupção de continuidade entre a manifestação do eleitor e o registro final do voto na tabela interna, de onde é retirado o Relatório de Votação de cada Urna.__É como se o eleitor manifestasse seu voto e outra pessoa realizasse o registro final do voto no Relatório de Votação. É um sistema bastante semelhante ao do “voto a bico de pena” da República Velha, onde o eleitor dizia para o mesário seu voto e o mesário anotava no boletim de votação o voto do cidadão, na Urna Eletrônica quem faz a anotação é o programa de computador.

Eduardo

Basta um passeio pelos comentarios de qualquer noticia que possa ter alguma (ou ate mesmo nenhuma) ligacao com Dilma, Lula, ou Serra para ver a acao de trolls. Exemplo… vejam comentarios nas noticias do terra.com.br
A batalha virtual vai ser grande este ano.

    Lukas

    Eu costumava passar muito nervoso respondendo aos comentários no Terra. É compeltamente inútil. A melhor tática ainda é "don't feed the trolls".

Enildo Bernardes

Azenha e equipe:

Tá na hora de resgatar o post sobre o artigo do Mauro Carrara logo após a derrota de Marta em 2006.

É bom também analisar a derrota da Bachelet no Chile e tirar lições.

OS MIDIOCRATAS E A DERROTA ELEITORAL DE MARTA

Fonte: Blog do Azenha: http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/os-midioc

As derrotas de 26 de Outubro: as lições do fracasso

por MAURO CARRARA

Eugenio, OFS

Paz e bem!

Minha resposta
aos que espalham boatos (fazenda do Lulinha, dilma assassina etc.)
é clico em responder para todos e mando a seguinte msg:
—-
Um dia, o juiz pediu a Nasrudin que lhe ajudasse a resolver um problema legal.

– Como me sugeres que castigue a quem difama?

– Corte as relhas de todos aqueles que escutam suas mentiras – replicou o mulá.

Extraído de:
Nasrudin : 99 contos / orgaização Felipe Varella. — Rio de Janeiro : Caravana de Livros, 2009. — P. 49.
—-

A idéia é desmascará-los com a ironia.

    hans

    sim Alice!

kaka ben clio

minha primeira postagem aqui, mas já acompanho o site a uns dois anos. Parabéns a todos colaboradores!
Sobre os Trolls, nem é muito dificil desmascara-los, basta uma regra basica que eu já utilizava a um bom tempo e que está nesta matéria.
Quando a noticia postada no orkut é muito, mas muito suspeita mesmo, basta copiar um dos paragrafos e colar no Google ou Yahoo.

E, uma dica importante, não coloquem estes "truques" nos sites de relacionamentos, porque eles [os trolls] desenvolerão outrastécnicas para tentar burlar os que estão de olho.

valei!

Penha Souza

Tentei encaminhar o artigo para um amigo através do formulário do site (clicando no ícone e-mail), só que este dá erro direto. Vc pode verificar o que está acontecendo?

@SilMarq

Um bom lugar para pesquisar boatos da internet é o Quatro Cantos: http://www.quatrocantos.com/LENDAS/INDEX.HTM

E quando eles recebem alguma denúncia de boato, costumam pesquisar bastante.

Um texto sobre como identificar os boatos: http://www.quatrocantos.com/LENDAS/identifica_pul… Muitas das pistas se aplicam a boatos de cunho político também.

Na mira dos mercenários II « Esquerda, volver!

[…] Na mira dos mercenários II Ir aos comentários O site Vi o Mundo, de Luiz Carlos Azenha trouxe, hoje, um manual muito elucidativo sobre a atividade dos difamadores da rede, a que me referi no post anterior. O artigo é assinado por Emerson Luís e vai às raias dos mínimos detalhes sobre o funcionamento dessas gangs virtuais.  Acesse:  http://www.viomundo.com.br/vida-digital/eleicoes-2010-o-que-voce-pode-fazer-para-descontruir-o-bandi… […]

@dolphindiluna

Emerson,

Artigo perfeito e veio em muito boa hora!

Repliquei lá na rede do MobilizaçãoBR com os devidos créditos: http://www.mobilizacaobr.com.br/profiles/blogs/el

Beijos!

Jose Pissin

Emerson, texto brilhante e que sintetiza muito bem as ações que certamente fazem a diferença no mundo digital.

    emerluis

    Nem tão brilhante assim caro Pissin :^)

Mc_SimplesAssim

Olá amigos leitores/comentaristas deste magnífico site,

Provavelmente esta é a primeira eleição que contará com forte e decisiva influência da nova imprensa blogosférica que tem crescido de maneira extraordinária nos últimos 2 ou 3 anos.

Isto prova que nem só de conglomerados de mídia vive a opinião pública.

Quanto à mentiras virtuais são idênticas às mentiras reais que visam principalmente limitar o embate político entre uma espécie de democratas x republicanos como acontece nos EUA, ou seja, briguinha de compadres sem maiores consequências para as oligarquias que continuam mandando sob a aparente névoa de mudança que serve para acalmar os ânimos mais exaltados.

Já no que concerne a e-mails falsos, calúnias, injúrias e difamações virtuais ou não, fico com a estratégia do saudoso Paulo Maluf para quem toda propaganda é boa, isto é, falem bem ou falem mal, mas falem de mim.

Abraços

paulo afonso castro

OK Emerson!!
Importante este assunto para conhecimento.Me associo a desconstruir o banditismo digital.
Valeu Emerson!!
Valeu Viomundo!!

    paulo afonso castro

    É a primeira participação.Estrou tentando aprender interargir nésta importante ferramenta da Web.Leitor assiduo de sitios fora do circulo do PIGs e correlatos.
    Abços
    Paulo

    emerluis

    Seja benvindo Paulo!

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[…] saber mais? Leia o mais recente post do Emerson Luís, no blog Vida digital, aqui no Viomundo. Vai te ajudar a desconstruir o banditismo digital em 2010, 2011, […]

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