Ricardo Melo: Até quando os ministros do STF vão se fingir de mortos?
Tempo de leitura: 3 minPor que não uma Constituinte?
Proposta lançada após junho de 2013 é alternativa popular para uma reforma política verdadeira
Ricardo Melo, na Folha de S. Paulo
Quando parecia ser uma semana infernal para o governo, fatos mostraram que o jogo está longe de ter sido jogado.
Um dos alvos da Lava Jato, a Setal, abriu o bico sobre o cartel que cercava a Petrobras. Segundo a empresa, a indústria da fraude vem de longe. Mais precisamente do final dos anos 1990, durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso. E agora, senador José?
Quase ao mesmo tempo, surge vídeo do processo sigiloso mais vazado da história. O criminoso Alberto Youssef delata, em alto e bom som, que o senador Aécio Neves recebia propinas de uma diretoria de Furnas. Em São Paulo, capitania tucana, avança o processo sobre a roubalheira na CPTM/Metrô; procuradores acham brechas para ressuscitar a Castelo de Areia. (Para quem não se lembra, trata-se de operação sobre negociatas com governos tucanos. Foi impugnada sob o argumento de que os grampos incriminadores eram ilegais… Imagine se o mesmo critério fosse aplicado na Lava Jato.)
Quer mais? Empreiteiros juram de pés juntos que Sérgio Guerra, ex-presidente do PSDB e já morto, embolsou grana pesada para esvaziar investigações na Petrobras. E um novo nome aparece para atormentar vestais de azul: o doleiro Adir Assad, ajudante de ordens de Youssef. O personagem tem muito a falar sobre negócios de Eduardo Cunha, Sérgio Cabral, governadores tucanos e o ex-prefeito Gilberto Kassab, segundo informa reportagem do sempre atento Fabio Serapião na revista “Carta Capital”.
Resumo da ópera: multiplicam-se as provas de que o Estado brasileiro opera sobre uma base misturando corrupção, conivência do grande empresariado e interesses partidários. Para o governo, isso pode até trazer algum alívio quanto a cálculos políticos. Já para os envolvidos, o PT e todas as suas inúmeras digitais incluídos, são novos elementos a cobrar iniciativas mais convincentes que entrevistas coletivas atabalhoadas, pacotes requentados e dietas alimentares transformadas em termômetro político.
No que a esta altura parece um tempo imemorial, mais de 7 milhões de brasileiros participaram de um plebiscito informal que durou de 1º a 7 de setembro de 2014. Quase 500 entidades organizaram a consulta. Resultado: 97% dos participantes se declararam a favor de uma Constituinte exclusiva e soberana sobre o sistema político. Detalhe: a proposta foi lançada pela própria administração petista pós-junho de 2013. Teve gente que acreditou nela, tanto que organizou o referendo. Já o Planalto parece nem se lembrar da proposta, embora exista um projeto na Câmara pela convocação de um plebiscito oficial.
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Que uma reforma política é mais do que necessária, os fatos se encarregam de mostrar. Que do mato atual não vai sair coelho sadio, disso pode se ter certeza. Esperar que os parlamentares de turno façam alguma mudança séria num sistema que os levou ao poder é como esperar Papai Noel na chaminé. Num país em que um ministro do Supremo se dá o direito imperial de bloquear um mísero projeto de purificação do financiamento eleitoral, e seus colegas de corte se fingem de mortos, qualquer cenário é possível. Até que o povo e suas famílias percebam o custo da bandalheira institucionalizada.
MARTA À RÉ
Políticos sempre apostam na lavagem cerebral do eleitorado. Marta Suplicy, herdeira de faqueiros reluzentes, que certo dia mostrou-se espantada ao descobrir que nem todas as casas tinham piscina, construiu sua carreira amparada no glamour de ser uma rica que pensa nos pobres. Nada contra, pelo contrário. Quanto mais gente defender os humildes, melhor. Mas não dá para encarar como normal, a não ser como oportunismo eleitoreiro, o súbito antigovernismo de alguém que durante anos e anos participou ativamente de tudo que agora critica. Relaxa e goza, Marta.
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Comentários
carlos
O problema é que a justiça brasileira é cega, surda, muda e se arrasta a passo de tartaruga, contra o povo brasileiro vejam,
‘Clube’ da Lava Jato abasteceu campanhas tucanas em 2002
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Quase R$ 40 milhões foram distribuídos aos candidatos Aécio Neves, José Serra, Geraldo Alckmin e outros tucanos
“clube” de empreiteiras denunciado pelo Ministério Público à Justiça Federal do Paraná, com base nas investigações da Operação lava Jato, de Polícia Federal, atuou na distribuição de propinas para as campanhas eleitorais tucanas no final do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 2002.
As empresas integram uma relação de grandes contribuintes de esquema de corrupção e pagamento de propinas montados pelos tucanos a partir da Furnas Centrais Elétricas, subsidiária da Eletrobras, investigado pela Polícia Federal (PF) e Procuradoria-Geral da República (PGR).
Na chamada lista de Furnas, denunciada por um dos organizadores do esquema, Dimas Toledo, estão registrados nomes e valores vultuosos repassados a tucanos como Aécio Neves, José Serra, Aloísio Nunes, hoje senadores, Geraldo Alckmin, atual governador de São Paulo, e do ex-deputado Alberto Goldman. Além deles, estão bastiões da moralidade, como os deputados Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Carlos Sampaio (PSDB-SP) só para citar alguns.
Marat
Se fosse algo que beneficiasse o PT ou algum partido de esquerda, nossos raivosos meios de “comunicação” já estariam incitando o povo a bater panelas e a pedir do impitiman do magistrado!
Morvan
oa tarde.
Caro Ricardo Melo, foste ao ponto. O problema não é o voto deste cabo eleitoral do que há de mais ímpio; seu voto, ao postergar a decisão, torna-se evidente. O problema é o silêncio dos imoventes.
Ora, se há uma votação, e a maioria já se decidiu, trata-se apenas de referendar o resultado, de covaler a vontade da maioria. É simples.
Tenho um artigo, intitulado “STF: Decisão Sobre Financiamento Já Está Tomada. Referende-a Já!”, o qual discorre sobre exatamente este ponto. Ademais, fica patente que não existe possibilidade de Poder sem controle externo. É, para dizer o mínimo, utópico pensar em poder autorregulado.
Saudações “Dilma, Vamos De Coração Valente; Enfrentar Os Golpistas E Defender A PetroBrás“,
Morvan, Usuário GNU-Linux #433640. Seja Legal; seja Livre. Use GNU-Linux.
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