Para esculhambar de vez: Prefeito de Salvador, neto de apoiador da ditadura, cogita entrar no Partido Socialista Brasileiro
Tempo de leitura: 2 minACM Neto: o novo socialista do PSB?
Por Altamiro Borges, em seu blog
Saiu no site da revista Épocanesta segunda-feira (8):
Após o fracasso na tentativa de fusão entre Democratas e PTB, o prefeito de Salvador, ACM Neto, negocia a saída do DEM e a transferência para três partidos: o PDT, sigla que ele já vinha conversando desde o ano passado; o PMDB que o convidou; e agora ele passou a sonhar com a ida para o PSB. Seu padrinho entre os socialistas é o ex-deputado Beto Albuquerque, candidato a vice presidente na chapa de Marina Silva. Beto consultou a senadora baiana Lídice da Mata, principal figura do PSB no estado, que resiste a ser companheira de Neto na mesma legenda. Ela foi uma das adversárias mais duras do avô do prefeito, o senador ACM, já falecido.
A notinha, assinada pelo repórter Leonel Rocha, tem uma chamada irônica: “Estrela dos Democratas, prefeito de Salvador poder virar socialista”. Se não for pura especulação da revista Época, a filiação do “grampinho” – como ACM Neto é carinhosamente chamado pelos baianos – será mais uma prova da acelerada direitização do PSB.
Nas eleições presidenciais do ano passado, esse processo ficou nítido com o apoio da legenda ao cambaleante Aécio Neves. Na sequência, setores mais a esquerda da sigla foram alijados da sua direção. Nas últimas semanas, a cúpula partidária acelerou a negociata para a fusão com o PPS do coronel Roberto Freire – o que causou forte resistência interna. Agora, a possível filiação da principal referência dos demos no cenário político brasileiro.
Diante dos vários sinais de degradação ideológica e de oportunismo político, o ex-dirigente da sigla, Roberto Amaral, já havia se rebelado.
Em artigo intitulado “O harakiri do PSB”, postado no início de maio, ele advertiu a militância para o triste processo em curso.
Argumentou que a fusão com o PPS, “a excrescência reacionária da direita”, resultaria num partido que seria “o grande satélite do PSDB”.
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Lembrou a criação da sigla por “socialistas históricos”, que estariam envergonhados com as filiações de direitistas históricos, como os ex-demos Heráclito Fortes (PI) e o clã Bornhausen (SC) e concluiu:
“A fusão [ao PPS], portanto, é apenas o clímax de um processo de grave decadência ético-ideológica. Uma vertiginosa trajetória de declínio político e renúncia moral, orientada pelo ganhar a qualquer custo. Uma vez mais – e não pela última vez – os fins justificam os meios, ainda que espúrios. Essa fusão é moralmente inaceitável, é o ponto final do PSB. É o sepultamento, no seu programa, do socialismo, do nacionalismo e da prática de uma política de esquerda. No entanto, é processo natural no PSB de hoje, que nada tem a ver com o PSB de seus fundadores… Esse neo-PSB me causa engulhos”.
Talvez Roberto Amaral nem soubesse das negociações de bastidores com ACM Neto!
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Comentários
Elias
Partido (Nacional) Socialista Brasileiro? Não. Não quero crer. Mas que ficou esquisito esse partido, ficou. Miguel Arraes se vivo estivesse, por certo não estaria mais nele.
Valcir Barsanulfo de Aguiar
O PSB caminha celeremente para fascismo., depois de agasalhar as bagtóloga Marina, esse Beto kAlbuquerque que levar o grampinho para seu seio. É a própria arquitetura do cáos do PSB.
Urbano
É o reconhecimento de firma, afinal…
Ana Clara Nunes
Não existe mais esquerda no Brasil, o PT mesmo é um exemplo, com a Dilma o PT se transformou em centro direita
Carlos
Podemos lamentar a morte do PSB, vá lá!
Mas me parece o óbito da ARENA/PFL/DEM.
O conservadorismo é quem está ruindo…
Nos reorganizemos, quem era socialista e votava para o PSB está por aí, esperando uma boa proposta Socialista para abraçar!
Flávio
Ele é neto do cara, não é o cara
Fernando L
Pergunta:
Se o tadinho do ACM neto não é o cara e sim o neto do cara porque ele nunca se opôs a tudo que o vovô que lhe deixou a herança financeira e política fez??
Você é capaz de responder esta pergunta de maneira inteligente meu caro Flávio?
Luiz
A política atual está cada vez mais parecida com Nicolau Maquiavel
Leo V
Nossa, e o PT e o PCdoB estão com essa moral para falar do PSB?
Julio Silveira
Nenhuma.
Leo F.
Entendo perfeitamente seu ponto. A hipocrisia reina. Não dá pra julgar a casa dos outros, quando a própria está suja.
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Ainda assim, vamos combinar que apesar de toda imoralidade, ações de concessão e alianças espúrias com medidas igualmente espúrias que tenham sido feitas pelo PT e PCdoB nestes vários anos, uma fusão de um partido que se diz de esquerda com PPS e ainda abrigando figuras das mais torpes (e explicitamente radicais, até há pouco tempo) do cenário social, é o cúmulo, do cúmulo, da esculhambação.
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E, adicionalmente, não considero Altamiro Borges um petista ou comunista cego. Como militante, muitos textos dele aparentam ser de alguém que luta, mas sem perder o entendimento das bandeiras históricas. Ação de militância, é antes de mais nada, perseverar para que certas atitudes mesmo que não se encaixem nas perspectivas ideológicas históricas, consigam refletir em algum benefício/compensação em outras de teor mais civilizatório.
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O debate interessante, é, até que ponto devemos em prol do pragmatismo e governabilidade, cedermos posições e bandeiras que podem nos ser caras, no futuro.
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Acredito que uma guinada como essa que o PSB está praticando, o coloca numa viagem só de ida ao espectro extremo oposto daquele em que foram fundados.
Julio Silveira
Meu caro, a discussão aqui não deve ser sobre o Altamiro, mas não se pode negar uma certa dose protecionismo geral na defesa da manutenção do interesses do unico partido de esquerda possível. Até aceito a necessidade de se defendê-lo, por que culturalmente, vindo de cima temos uma irradiada tendencia a direita e a adoção de suas praticas. Mas negar o obvio generalizado, escolhendo criticar a concorrencia só desfavorece a possibilidade de encontros futuros, como já houve no passado, e estimula as divergencias. Ainda mais quando se tem em casa justificativas para praticas iguais. Como por exemplo o, a muito, lembrado Dulcidio Amaral, sujeito que vem traindo o partido desde o tempo que foi governo no seu estado. Convem não perder a memória para não cometer erros iguais aos que se critica, inclusive o mesmo tipo de critica sem noção. Quanto ao Altamiro, para mim, ele ainda tem muito credito, mas até o credito tem que ser usado com cuidado, para não pode acabar ficando endividado.
Julio Silveira
A melhor critica do post foi o “nada resiste ao Brasil”.
Francamente, não sei como tem ainda quem se surpreenda com esse tipo de incoerencia do partido, não do sujeito, essa é coisa mais esperada para tipos como ele. Acho a vontade dele a coisa mais natural do mundo, age como cachorro vira latas procurando abrigo, se encontra porta de igreja aberta entra. Ao padre cabe aceitar ou não. Mas igreja não é partido, que deveria honrar sua ideologia, sua historia. Mas no Brasil o cinismo é geral. Este é um país onde ideologias são ferramentas para aluguel, vale tudo se o sujeito pode pagar ou ajudar a forjar interesses.
Fabricio Azevedo
Eu não sou contra ninguém a se filiar a qualquer partido, clube ou associação com na qual o cidadão ou a cidadã seja aceita. Porém, todavia e contudo, já que o PSB vai aceitar o neto do Tonhão Malvadeza, ele poderia aproveitar e trocar de nome: Partido Nacional Socialista Brasileiro. Creio que já há uma longa tradição de partidos nacional socialistas em certos países europeus.
Eduardo
Seria mera fuga de um antro desqualificado enominável, não fossem tantos os politiqueiros que se filiam juntos e ao mesmo tempo! Me lembra a invasão e fuga do morro do alemão! Pobre Miguel Arraes, tanta luta, tanto sonho!
Museusp Batista
O Roberto Amaral disse, antes de o PSB iniciar o declínio na curva descendente da degradação que descreveu, que o então seu partido não serviria de “viagra” em coligações. Agora eles talvez não possam oferecer nem chá de maracujá pra ninguém.
Paulo Figueira
Como conviverão Lídice da Mata e ACM no mesmo partido?
O ar está cada vez mais irrespirável para a esquerda no PSB
wanderley ferraz
nesta ascensão da decadência, aproveita “grampinho” e leva caiado, demóstenes, aleluia e outros fracassados…, é o samba do crioulo doido.
Edgar Rocha
Uai… coligar com os caras e deixá-los dar as cartas na administração do país, pode. Aceitar sua filiação ao partido, abrindo mão do eufemismo político da “governabilidade”, não pode? Sinto muito, mas é uma hipocrisia enorme de gente do PT ou que apoia seu governo, vir posar de virgem no bordel numa hora destas. O ACM véio apoiou a candidatura de Lula, lembram? Agora o Netinho Malvadeza articula com o PSB e todo mundo oooohhhhh???!!!!
Cada coisa, viu… O Maluf não tá com o Haddad? A diferença, aliás, é que a filiação força o sujeito a uma certa fidelidade, ao menos a lealdade de costurar com o partido. Já a coligação pra fins de base parlamentar não dá garantia alguma, além da certeza de se penhorar a cueca pra conseguir uns votinhos na Câmara dos Deputados. E olhe lá, por que nem isto o Cunha respeitou!
Mas, tudo bem, né? Melhor se dizer traído pelos de fora do que pelos de dentro. Se o Governo Dilma, o PT e até o Lula tiverem que responder pelos retrocessos recentes, fruto desta prática, vão responder que “fizeram de um tudo” e que a culpa é dos aliados ou do povo que os elegeu. Mesmo que tenham sido em tese, eleitos pra compor a base do governo que, aliás, não se opôs a nenhuma candidatura destes caras ditos “base do governo”.
O negócio é não deixar o PSB lançar mão da mesma fórmula que o PT pra ganhar eleições. Pode funcionar com eles também.
Rodrigo Leme
Pior de tudo da postura de virgem no bordel é ver que esse povo desconversa quando falamos que entre seus parceiros está Maluf, que foi bem mais que um “neto de apoiador” da ditadura. Mas aí, ah, somente aí!, eles lançam mão da “governabilidade”.
É o típico discurso petista: transformar em imoral nos outros o que chama de virtude em si.
Paulo Figueira
Alianças eventuais em uma coligação para administrar um governo é completamente diferente de admitir no partido um cidadão que supostamente tem posições antagônicas as daquele partido.
João Bosco
Tratam-se de dois assuntos: alianças partidárias, que existem e continuarão a existir, e sempre em troca de cargos, pois no Brasil e em muitos outros países assim é a prática; e filiação partidária, que é a adoção de um membro por um partido. No caso, entendo cabível a crítica ao PSB, que durante longos anos, desde sua fundação, apresentou-se como um partido de esquerda, e, agora, segundo a matéria, procura abrigar em seus quadros um político inegavelmente ligado à direita. Isso é fato. E representa mudança de posicionamento do partido. Quanto ao apoio político do ACM ao LULA, foi só mais uma demonstração de oportunismo político, pois ele sempre preferiu se apresentar e estar ao lado do poder. Como calculou que LULA seria o vencedor, aderiu, ou aparentou aderir. Isso ocorreu em vários estados/municípios.
Vicente
Olha só o Paulo Figueira desconversando.
FrancoAtirador
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É a Ascensão da Decadência.
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