Manifesto denuncia “aventura” do impeachment: “Extraordinário retrocesso”
Tempo de leitura: 3 minEm pé, falando, Anivaldo Padilha. Sentados, da esquerda para a direita: Fábio Konder Comparato, Marilena Chauí, Paulo Sérgio Pinheiro e Fernando Moraes
Da Redação
O manifesto A sociedade brasileira precisa reinventar a esperança é um dos resultados do ato anti-impeachment realizado nessa sexta-feira 16, no Centro Universitário Maria Antônia USP, que reuniu cerca de 150 intelectuais e acadêmicos. O documento começou a circular ontem mesmo e a lista de adesões é preliminar.
Manifesto: A sociedade brasileira precisa reinventar a esperança
A proposta de impeachment implica sérios riscos à constitucionalidade democrática consolidada nos últimos 30 anos no Brasil. Representaria uma violação do princípio do Estado de Direito e da democracia representativa, declarado logo no art.1o. da Constituição Federal.
Na verdade, procura-se um pretexto para interromper o mandato da Presidente da República, sem qualquer base jurídica para tanto. O instrumento do impeachment não pode ser usado para se estabelecer um “pseudoparlamentarismo”. Goste-se ou não, o regime vigente, aprovado pela maioria do povo brasileiro, é o presidencialista. São as regras do presidencialismo que precisam vigorar por completo.
Impeachment foi feito para punir governantes que efetivamente cometeram crimes. A presidente Dilma Rousseff não cometeu qualquer crime. Impeachment é instrumento grave para proteger a democracia, não pode ser usado para ameaçá-la.
A democracia tem funcionado de maneira plena: prevalece a total liberdade de expressão e de reunião, sem nenhuma censura, todas as instituições de controle do governo e do Estado atuam sem qualquer ingerência do Executivo.
É isso que está em jogo na aventura do impeachment. Caso vitoriosa, abriria um período de vale tudo, em que já não estaria assegurado o fundamento do jogo democrático: respeito às regras de alternância no poder por meio de eleições livres e diretas.
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Seria extraordinário retrocesso dentro do processo de consolidação da democracia representativa, que é certamente a principal conquista política que a sociedade brasileira construiu nos últimos trinta anos.
Os parlamentares brasileiros devem abandonar essa pretensão de remover presidente eleita sem que exista nenhuma prova direta, frontal de crime. O que vemos hoje é uma busca sôfrega de um fato ou de uma interpretação jurídica para justificar o impeachment. Esta busca incessante significa que não há nada claro. Como não se encontram fatos, busca-se agora interpretações jurídicas bizarras, nunca antes feitas neste país. Ora, não se faz impeachment com interpretações jurídicas inusitadas.
Nas últimas décadas, o Brasil atingiu um alto grau de visibilidade e respeito de outras nações assegurado por todas as administrações civis desde 1985. Graças a políticas de Estado realizadas com soberania e capacidade diplomática, na resolução pacifica dos conflitos, com participação intensa na comunidade internacional, na integração latino-americana, e na solidariedade efetiva com as populações que sofrem com guerras ou fome.
O processo de impeachment sem embasamento legal rigoroso de um governo eleito democraticamente causaria um dano irreparável à nossa reputação internacional e contribuiria para reforçar as forças mais conservadoras do campo internacional.
Não se trata de barrar um processo de impeachment, mas de aprofundar a consolidação democrática. Essa somente virá com a radicalização da democracia, a diminuição da violência, a derrota do racismo e dos preconceitos, na construção de uma sociedade onde todos tenham direito de se beneficiar com as riquezas produzidas no pais. A sociedade brasileira precisa reinventar a esperança.
Assinam, entre outros:
Antonio Cândido
Alfredo Bosi
Evaristo de Moraes Filho, membro da Academia Brasileira de Letras
Marco Luchesi, membro da Academia Brasileira de Letras
André Singer
Rogério Cézar de Cerqueira Leite
Ecléa Bosi
Maria Herminia Tavares de Almeida
Silvia Caiuby
Emilia Viotti da Costa
Fabio Konder Comparato
Guilherme de Almeida, presidente Associação Nacional de Pós-Graduação em Direitos Humanos, ANDHEP
Maria Arminda do Nascimento Arruda
Gabriel Cohn
Amelia Cohn
Dalmo Dallari
Sueli Dallari
Fernando Morais
Marcio Pochman
Emir Sader
Walnice Galvão
José Luiz del Roio, membro do Fórum XXI e ex-senador da Itália
Luiz Felipe de Alencastro
Margarida Genevois e Marco Antônio Rodrigues Barbosa, ex-presidentes da Comissão Justiça e Paz de São Paulo
Cláudio Couto
Fernando Abrucio
Regina Morel; o biofísico
Carlos Morel
Luiz Curi
Isabel Lustosa
José Sérgio Leite Lopes
Maria Victoria Benevides, da Faculdade de Educação da USP
Pedro Dallari
Marilena Chauí
Roberto Amaral
Paulo Sérgio Pinheiro
Leia também:
Marilena Chauí: “É insuportável que aqueles que lutaram contra o golpe sejam os golpistas de hoje”
Comentários
Paulo Falcão
É curiosa, irônica e triste a situação de pessoas cujas opiniões são guiadas por interesses e não por princípios éticos. Este manifeste difere pouco daquele lançado pelos professores da FFLCH-USP. Faço uma crítica detalhada desta postura no artigo PROFESSORES DA FFLCH-USP E O MANIFESTO CARA DE PAU.http://wp.me/p4alqY-ht
Messias Franca de Macedo
… Mais um exemplo trivial e cabal que confirma o axioma:
*Sem mídia democrática não há democracia!
Entenda mais uma mentira criminosa difundida por um lacaio canalha a serviço da Casa Grande IMUNDA
[*Sem mídia democrática não há democracia!
Por jornalista Carlos Eduardo
17 outubro 2015
(…)
FONTE [LÍMPIDA!]: http://www.ocafezinho.com/2015/10/17/sem-midia-democratica-nao-ha-democracia/ ]
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Lula andou no helicóptero presidencial! A mais nova onda dos descerebrados
Por ínclito e impávido jornalista Fernando Brito
17/10/2015
(…)
FONTE [LÍMPIDA!]: http://tijolaco.com.br/blog/lula-andou-no-helicoptero-presidencial-a-mais-nova-onda-dos-descerebrados/comment-page-1/#comment-231836
Leo V
Enquanto jogam essa cortina de fumaça de ‘golpe’ nesse Fla x Flu teatral entre PT e PSDB, ambos jogam jnto para aprovar a Lei antiterrorismo para criminalizar movimentos sociais. Esse sim um verdadeiro golpe, um retrocesso sem tamanho. Uma lei antiterrorismo num país sem terrorismo sabemos bem qual o intuito.
Aloysio Nunes fazendo tabelinha com a Dilma, como podemos ver pela matéria abaixo.
http://nao.usem.xyz/7ntl
Julio Silveira
A consolidação da Democracia só se dará com o avanço da proteção aos cidadãos, que hoje não tem força suficiente para impedirem que elementos que os usam tenham acesso ao poder.
Hoje, não temos meios de impedir que qualquer vigarista sedutor bem aparelhado seja identificado, antes de ter causado malefícios ao estado de direito e a igualdade de direitos que se busca na democracia.
Infelizmente os elementos da politica, de todos os governos, tem se beneficiado dessa fraqueza, que torna cíclica nossas vicissitudes politicas, independentemente do tipo de governo que tenhamos. Todos, indistintamente, se acomodam nas realizações concretas, obrigatórias, esquecendo de produzir os anteparos abstratos, que vão de fato garantir a consolidação da democracia. Ao contrário parece que o esforço é para causar a instabilidade de forma consciente, como um modo de alternância de poder, face tanto amadorismo e falta de estratégias de longo prazo. Que no fim, sem que se perceba, só faz sofrer mesmo é a cidadania não imiscuída nesse meio.
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