Entrevista de Joesley coloca a faca no pescoço de Barroso, Rosa e Fux, que na terça decidem se prendem ou não Aécio

Tempo de leitura: 3 min

por Luiz Carlos Azenha

O que está em andamento em Brasília, enquanto você lê este texto, é o epílogo de um confronto que começou nos bastidores assim que foi revelada a gravação de uma conversa entre o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, e o presidente do PMDB, senador Romero Jucá.

Foi em março de 2016, quando Jucá era ministro do Planejamento de Michel Temer. Trata-se do conhecido roteiro para “estancar a sangria”, ou seja, frear a Operação Lava Jato.

Primeiro, o impeachment de Dilma Rousseff, depois um acordão nacional pilotado por Temer, “com o STF, com tudo”.

É óbvio que, desde então, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vem monitorando os movimentos dos inimigos.

Um dia o jornalismo investigativo talvez revele os métodos que utilizou.

É possível que, como afirma o dono da JBS, as gravações de Michel Temer e Aécio Neves tenham sido fruto de uma iniciativa individual do empresário para garantir o futuro.

Também é possível que Joesley tenha sido instruído a montar a armadilha, em troca de obter um acordo de delação premiada vantajoso.

Marcelo Miller, um dos auxiliares mais importantes de Janot, deixou o Ministério Público Federal e o Grupo de Trabalho da Lava Jato oficialmente no dia 6 de março de 2017, transferindo-se para o escritório de advocacia que cuidou da delação premiada da JBS.

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No dia 7, Joesley gravou Temer em encontro noturno no Palácio Jaburu. No dia 24 de março, Joesley gravou o presidente do PSDB, Aécio Neves, em um hotel de São Paulo.

Está claríssimo que Miller levou pelo menos algum tempo preparando a transição entre os dois empregos.

Cabe perguntar: ele deu instruções, ainda que informalmente, a Joesley? Repassou informações do MPF a seus futuros parceiros de escritório? Soube antes que o futuro cliente gravaria Temer e Aécio? Soube das operações controladas da Polícia Federal?

Uma das entregas de dinheiro vivo feitas pelo executivo da JBS Ricardo Saud ao suspeito de ser o homem da mala de Temer, o então deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), aconteceu no dia 24 de abril, quando Miller já ocupava o novo emprego.

Agora, Época e Joesley fazem de conta que a entrevista do empresário foi dada apenas por insistência da revista. Contem outra.

A bomba foi programada para explodir às vésperas da decisão da primeira turma do STF de prender ou não preventivamente Aécio Neves.

Prender Aécio terá consequências políticas profundas para Temer e o PSDB.

A jogada de Janot com a entrevista de Joesley expõe alguns ministros do STF ao escrutínio da opinião pública, já que lá atrás, no plano antecipado por Jucá, o acordão teria a benção inclusive da Corte.

É provável que, àquela altura — antes do impeachment de Dilma –, Jucá estivesse crente de que o poder de ação de Gilmar Mendes nos bastidores seria o suficiente para garantir o freio na Lava Jato.

Desde então, o que aconteceu?

Janot e Gilmar tornaram pública a guerra que travavam nos bastidores, o ministro relator da Lava Jato, Teori Zavascki, morreu de forma suspeita, Michel Temer cimentou seu trato com o PSDB indicando um segundo tucano, Alexandre de Moraes, para o STF.

Podemos dizer, hoje, que o STF está “em disputa”.

Por 3 a 2, a primeira turma manteve na cadeia a irmã de Aécio Neves, Andrea. Os ministros Marco Aurélio e Alexandre de Moraes foram derrotados.

Agora, especialmente à luz da entrevista de Josley Batista, os olhos se voltam para Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Luiz Fux. São os três votos que podem colocar Aécio na cadeia.

Joesley falou várias vezes em ORCRIM, organização criminosa, durante a entrevista à Época. É o linguajar dos procuradores.

É como Janot talvez tente denunciar Temer em algumas semanas, como chefe de organização criminosa.

Joesley fez o papel esperado dele na entrevista: apontou Temer como o número um da quadrilha, Aécio como o número dois. Loures, Andrea e o primo de Aécio entram como coadjuvantes.

Janot tem pressa. Ele conta com a prisão do Mineirinho para aprofundar o racha no PSDB, derrubar Michel Temer e com ele Caju, Angorá e Primo. Babel pode ir em cana a qualquer momento e Carangueijo só terá razão para fazer delação premiada quando todo o esquema desmoronar.

Janot precisa de um resultado prático até 17 de setembro, quando deixa o cargo. É óbvio que ele pretende emplacar seu sucessor, Nicolao Dino*. Para isso precisa mostrar resultados e conter Temer.

Se sobreviver até lá, Temer pode simplesmente descartar a lista tríplice dos mais votados em eleições internas do MPF e indicar um engavetador-geral da República. Alguém duvida que o faria?

PS do Viomundo: *Também concorrem ao cargo os procuradores Carlos Frederico, Mario Bonsaglia, Ela Wiecko, Raquel Dodge, Sandra Cureau, Franklin Rodrigues da Costa e Eitel Santiago.

Abaixo, o bate-boca entre Gilmar Mendes (na condição de presidente do TSE) e Nicolao Dino (na de vice-procurador eleitoral) durante a sessão que rejeitou a cassação da chapa Dilma-Temer. Dino arguiu o impedimento do ministro Admar Gonzaga, que acabou votando apesar de ter sido advogado de Dilma Rousseff. É um bate-boca indireto entre Gilmar e Janot:

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Comentários

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Lukas

Pena o Brasil não ter bons roteiristas de cinema. Está tudo pronto, basta escrever a história.

P.S. E nesta história toda só Lula é inocente? Contem outra.

    Eduardo

    Quem sabe, com certeza absoluta, se Lula é inocente ou não é ele próprio. Nosotros também poderemos saber, se ele se declarar culpado ou se aparecerem provas. Enquanto isso ele é inocente, nem que seja só ele. Contei outra ?

    Lukas

    Dudu, vocês acreditam no Lula mais do que ele mesmo. Mas deixa pra lá, não gosto de discutir religião pois não leva a nada.

    Religião é assim mesmo: você acredita mesmo que contrarie a lógica, como a virgindade de Maria e a ressurreição de Lázaro.

    Questão de fé.

    Eduardo

    Agora entendi, você deixou bem claro que sua condenação de Lula é baseada na fé religiosa.

Laura da Casa de Noca

Fora de Pauta

DALLAGNOL GANHA UNS “TROCADOS” POR FORA COM INFORMAÇÕES DE DENTRO. Uma zona!

Sobre palestras e a apropriação do público pelo privado, por Eugênio Aragão

http://jornalggn.com.br/noticia/sobre-palestras-e-a-apropriacao-do-publico-pelo-privado-por-eugenio-aragao

EUGÊNIO ARAGÃO
DOM, 18/06/2017 – 16:41

Sobre palestras e a apropriação do público pelo privado

por Eugênio José Guilherme de Aragão

Credores têm melhor memória do que devedores (Benjamin Franklin).


Prezado ex-colega Deltan Dallagnol,

Primeiramente digo “ex”, porque apesar de dizerem ser vitalício, o cargo de membro do ministério público, aposentei-me para não ter que manter relação de coleguismo atual com quem reputo ser uma catástrofe para o Brasil e sobretudo para o sofrido povo brasileiro. Sim, aposentado, considero-me “ex-membro” e só me interessam os assuntos domésticos do MPF na justa medida em que interferem com a política nacional. Pode deixar que não votarei no rol de malfeitores da república que vocês pretendem indicar, no lugar de quem deveria ser eleito para tanto (Temer não o foi), para o cargo de PGR.

Mas, vamos ao que interessa: seu mais recente vexame como menino-propaganda da entidade para-constitucional “Lava Jato”. Coisa feia, hein? Se oferecer a dar palestras por cachês! Essa para mim é novíssima. Você, então, se apropriou de objeto de seu trabalho funcional, esse monstrengo conhecido por “Operação Lava Jato”, uma novela sem fim que já vai para seu infinitésimo capítulo, para dele fazer dinheiro? É o que se diz num sítio eletrônico de venda de conferencistas. Se não for verdade, é bom processar os responsáveis pelo anúncio, porque a notícia, se não beira a calúnia é, no mínimo, difamatória. Como funcionário público que você é, reputação é um ativo imprescindível, sobretudo para quem fica jogando lama “circunstancializada” nos outros, pois, em suas acusações, quase sempre as circunstâncias parecem mais fortes que os fatos. E, aqui, as circunstâncias, o conjunto da obra, não lhe é nada favorável.

Sempre achei isso muito curioso. Muitos membros do Ministério Público não se medem com o mesmo rigor com que medem os outros. Quando fui corregedor-geral só havia absolvições no Conselho Superior. Nunca punições. E os conselheiros ou as conselheiras mais lenientes com os colegas eram implacáveis com os estranhos à corporação, daquele tipo que acha que parecer favorável ao paciente em habeas corpus não é de bom tom para um procurador. Ferrabrás para fora e generosos para dentro.

Você também se mostra assim. Além de comprar imóvel do programa “Minha Casa Minha Vida” para especular, agora vende seu conhecimento de insider para um público de voyeurs moralistas da desgraça alheia. É claro que seu sucesso no show business se dá porque é membro do Ministério Público, promovendo sua atuação como se mercadoria fosse. Um detalhe parece que lhe passou talvez desapercebido: como funcionário público, lhe é vedada atividade de comércio, a prática de atos de mercancia de forma regular para auferir lucro. A venda de palestras é atividade típica de comerciante. Você poderia até, para lhe facilitar a tributação, abrir uma M.E., não fosse a proibição categórica.

E onde estão os órgãos disciplinares? Não venha com esse papo de que está criando um fundo privado para custear a atividade pública de repressão à corrupção. Li a respeito dessa versão a si atribuída na coluna do Nassif. A desculpa parece tão abstrusa quanto àquela do Clinton, de que fumou maconha mas não tragou. Desde quando a um funcionário é lícita a atividade lucrativa para custear a administração? Coisa de doido! É típica de quem não separa o público do privado. Um agente patrimonialista par excellence, foi nisso que você se converteu. E o mais cômico é que você é o acusador-mor daqueles a quem atribui a apropriação privada da coisa pública. No caso deles, é corrupção; no seu, é virtude. É difícil entender essa equação.

Todo cuidado com os moralistas é pouco. Em geral são aqueles que adoram falar do rabo alheio, mas não enxergam o próprio. Para Lula, não interessa que nunca foi dono do triplex que você qualifica como peita. Mas a propaganda, em seu nome, de que se vende regularmente, como procurador responsável pela “Lava Jato”, por trinta a quarenta mil reais por palestra, foi feita de forma desautorizada e o din-din que por ventura rolou foi para as boas causas. Aham!

Que batom na cueca, Deltan! Talvez você crie um pouco de vergonha na cara e se dê por impedido nessa operação arrasa a jato. Afinal, por muito menos uma jurada (“Schöffin”) foi recentemente excluída de um julgamento de um crime praticado pelo búlgaro Swetoslaw S. em Frankfurt, porque opinara negativamente sobre crimes de imigrantes no seu perfil de Facebook (http://m.spiegel.de/panorama/justiz/a-1152317.html). Imagine se a tal jurada vendesse palestras para falar disso! O céu viria abaixo!

Mas é assim que as coisas se dão em democracias civilizadas. Aqui, em Pindorama, um procuradorzinho de piso não vê nada de mais em tuitar, feicebucar, palestrar e dar entrevistas sobre suas opiniões nos casos sob sua atribuição. E ainda ganha dinheiro com isso, dizendo que é para reforçar o orçamento de seu órgão. Que a mercadoria vendida, na verdade, é a reputação daqueles que gozam da garantia de presunção de inocência é irrelevante, não é? Afinal, já estão condenados por força de PowerPoint transitado em julgado. Durma-se com um barulho desses!

francisco pereira neto

Tudo bem, é um enredo House of Card mas Azenha, restam umas perguntas:
1- Por que só agora Janot quer encarcerar o Aécio se ele passou todo o tempo protegendo o mineirinho?
A lista de Furnas entregue pelos deputados federal e estadual do PT respectivamente, Padre João e Rogério Cerqueira mofa nas gavetas do Janot desde fevereiro de 2014.
2 – Por que ele quer agora o racha do PSDB se o Dallagnol sempre evitou investigar os tucanos?
3 – Se Janot está puto com a revelação da conversa de Sergio Machado em março de 2016, porque só agora começa a agir?
4 – O que deu errado no golpe se todos, STF, MPF e PF estavam todos mancomunados?

Francisco de Assis

AECIM, A SAGA – CAPÍTULO II, JUNHO/2017
.
AECIM
.
E agora, Aecim?
O Joesley traiu,
a casa caiu,
seu mundo ruiu,
a Papuda, psiu!,
e agora, Aecim?
e agora, você?
chato multidelatado,
Al Capone flagrado,
pilantra descarado,
senador afastado,
e agora, Aecim?
.
Está sem mandato,
está sem discurso,
está sem salário,
só resta beber,
só resta fumar,
suspirar sem parar é o que pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
a mala não veio.
Rodou o moinho, voltou o cipó,
o lombo doeu, e tudo acabou
e tudo fugiu e tudo zerou,
até o Vox Populi zerou, Aecim,
e agora?
.
E agora, Aecim?
Sua triste derrota,
sua falta de ESTRELA,
seu inconformismo, sua ira,
sua encheção de saco, sua desfaçatez,
sua hipocrisia, sua soberba,
sua gula de ouro, sua louca ambição,
sua intolerância, seu ódio,
e agora – valeu a pena, Aecim?
.
Com a chave na mão
quer abrir as malas,
devolveram as malas;
quer nadar no mar,
seu mar só tem lama;
quer ir para Aspen,
Aspen não há mais, e nem Liechtenstein,
não tem mais passaporte, Aecim, e agora?
.
Se Janot arquivasse,
somente Gilmar julgasse,
se Andrea fugisse,
Oswaldinho calasse,
se Perrela assumisse,
Mendherson se matasse,
e se o Fred morresse, antes que delatasse…
Mas ninguém morre, Aecim,
e agora?
.
Tasso de bos@#,
Alckmin do cara@#&.
Preso na gaiola
qual bicho-do-mato,
babando de ódio,
sem mais sua ORCRIM
para comandar,
sem o avião do Perrela
para lhe resgatar,
camburão costurando,
as sirenas tocando,
o povo rugindo,
helicocas voando,
os puliça atirando,
as têvês perseguindo,
as câmeras filmando,
nesse sonho medonho
eles levam você, Aecim,
Aecim, para onde?
.

    nelson muniz

    Francisco, muito boa sua parodia. Me permita compartilhar! kkkk

    Nelson Muniz

Gilberto Bueno

A prisão de Aecio já era para ter sido decretada há muito tempo.
Essa prisão se acontecer realmente na terça feira, já vai tarde!

Henrique R

Certamente, a rosinha do stfZINHO, dirá que mesmo tendo provas cabais contra o aecio ela não vai condená-lo por causa da literatura jurídica.

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