Antônio David: O inevitável conflito social no Brasil

Tempo de leitura: 7 min

Vão olhar para trás ou para a direita?

Os rolezinhos e o que acontece no Brasil desde a eleição de Lula

Antônio David, na Teoria e Debate, em 28.01.2014

O conflito presente nos rolezinhos de alguma maneira evidencia o impasse da estratégia dos governos Lula e Dilma. De um lado, o governo precisa evitar a radicalização, por motivos eleitorais e também econômicos. De outro, à medida que os trabalhadores ascendem, inevitavelmente a polarização social aumenta, por motivos econômicos, mas também culturais

Neste artigo, não tratarei dos rolezinhos em si. Pretendo partir do fenômeno – que alguns sustentam ser novo, enquanto outros dizem ser antigo – para discutir questões de fundo ligadas aos processos de mudança e resistência à mudança em curso no Brasil.

Para efeito de clareza e didatismo, optei por expor as ideias em forma de tópicos, cada qual respeitando uma questão, com vistas à reflexão e ao debate.

A política do governo está alimentando expectativas, sobretudo entre os jovens

Com a eleição de Lula em 2003, iniciou-se um processo de ascensão social da classe trabalhadora, verificado pelo emprego com carteira assinada e pelo consumo de massas. Mais do que acesso a bens, serviços e direitos, tal processo criou expectativas, sobretudo entre os mais jovens. Expectativa de fazer parte da classe média, com tudo o que a acompanha: consumo, lazer, perspectiva de futuro, trabalho digno, status, prestígio.

Os rolezinhos não são um mero passeio no shopping. Muito mais do que mero evento, rolezinhos representam a existência de expectativas no seio da juventude pobre, trabalhadora, alimentadas pelo processo econômico em curso, mas também pela ideologia e pelos valores preponderantes em voga, em torno do sucesso individual.

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A rejeição às mudanças não tem motivação econômica, mas cultural

A reação aos rolezinhos, tendo encontrado amparo e eco na classe média tradicional, evidencia não apenas a restrição desse setor à integração dos pobres ao seu mundo, mas também um preconceito de classe e de raça fortemente enraizado.

Daí se entende por que os rolezinhos foram rejeitados e violentamente reprimidos. Afinal, do ponto de vista econômico, os lojistas deveriam querer esses jovens no shopping center. Ocorre que, se os rolezinhos não forem criminalizados e reprimidos, a classe média simplesmente deixará de frequentar os shopping centers, como mostrou reportagem da Folha de S.Paulo de 24/1: “Com medo de tumulto, paulistano dá um tempo de shopping após ‘rolês’”.

Nesse sentido, a não aceitação dos rolezinhos tem paralelo com a não aceitação das cotas nas universidades públicas, ou com o desconforto sentido pelos indivíduos de classe média ao desferirem frases como “este aeroporto está parecendo uma rodoviária”.

A motivação cultural que está na base da rejeição às mudanças é mascarada

Ao mesmo tempo, é curioso não vermos, ou raramente vermos, ser vocalizado o verdadeiro sentimento da classe média, que poderia ser dito nos seguintes termos: “Não queremos compartilhar o mesmo espaço com pobres e negros”.

No entanto, pesquisa do instituto Data Popular mostra que, entre os membros das “classes A e B” (segundo o critério dos institutos de pesquisa de mercado), 55% acham que deveria ser obrigatório haver versão de produtos para rico e para pobre; 17% afirmam a entrada de pessoas malvestidas deveria ser barrada em certos lugares; 17% acham que todo estabelecimento comercial deveria ter elevadores separados para patrão e empregado. Esses foram os que confessaram. Claro que há os que não confessaram, de modo que esses percentuais são, na realidade, maiores.

A classe média odeia pobre e é racista, mas sente pudor em expor seu ódio de classe e de raça, pois se considera democrática. Ela aceita os de baixo, desde que eles saibam ocupar “o seu lugar”.

O racismo, assim, permanece mascarado, no campo do não dito. Daí porque, ao reagir contra os rolezinhos, as cotas etc., a classe média vocaliza todo tipo de subterfúgio, de pretexto.

Se a reação aos rolezinhos evidencia a existência de um apartheid em nossa sociedade, o pudor que se faz presente na reação define seu caráter: tal como um tabu, o apartheid no Brasil opera no campo do não dito, imerso que está no mito da democracia racial.

O conflito e a polarização social crescem e só tendem a aumentar

Ao viabilizar a ascensão social dos trabalhadores sem confronto com o capital, mas garantindo-lhes o ambiente favorável de negócios e o respeito aos contratos, a estratégia adotada pelos governos Lula e Dilma envolve a conciliação e a governabilidade. Com isso, parece promover a acomodação e o amortecimento dos conflitos.

Contudo, penso estarmos aqui diante de um paradoxo, ou seja, de algo cuja realidade é o exato oposto do que parece ser. À medida que a ascensão social por meio do emprego e do consumo progride, a classe trabalhadora vai sendo empurrada para o conflito com o capital – e com a classe média tradicional. É o que verificamos quando olhamos para os dados sobre greves no Brasil, num crescente graças ao elevado nível de emprego.

Ao lado das greves e de um sem-número de outros fenômenos – dos quais junho provavelmente faz parte –, os rolezinhos evidenciam o norte para o qual caminhamos e do qual, graças às opções do governo, cada vez mais nos aproximamos: o conflito social. Assim, os rolezinhos formam mais um capítulo do conflito crescente entre ricos e pobres no Brasil.

Por isso, penso que erra quem afirma não haver polarização no Brasil. De fato parece ser assim, porque os conflitos sociais não têm migrado para a esfera político-institucional. Não aparecem no discurso nem na coalizão governamental. Contudo, a polarização social não só é crescente como é fruto de opções e decisões deste mesmo governo que evita discursos polarizados e mantém uma coalização com PMDB e companhia.

Novas formas de organização e o avanço da tecnologia ultrapassaram a capacidade de resposta da esquerda

Os rolezinhos surgiram espontaneamente, o que não significa inexistência de organização. Se não foram planejados por um partido, foram desencadeados pela iniciativa de jovens, não por acaso adolescentes que possuem milhares de seguidores nas redes sociais.

Cabe pesquisar e entender esse novo tipo de organização, que escapa ao modelo tradicional no qual o partido é o polo aglutinador e organizador. E cabe aos partidos e às organizações de esquerda entender as novas formas de organização da juventude pobre e negra, em ascensão social, e procurar adaptar-se a elas. Para tanto, do ponto de vista da esquerda é necessário avançar no debate sobre tecnologia, como tem insistido o sociólogo Laymert Garcia dos Santos.

Estamos vivendo um movimento ascendente de hegemonia cultural da direita

Por que tantos jovens oriundos da classe trabalhadora procuram os shopping centers? O que exatamente nesses lugares os atrai?

Mais do que o baluarte do consumo, o shopping center representa a possibilidade da diferenciação social, um lugar para poucos. Mas, afinal, de quem esses jovens almejam diferenciar-se? Finalmente, quais são as alternativas que o poder público oferece para esses jovens, em termos de organização da cultura política – sobretudo os governos tendo à frente a esquerda?

Uma das hipóteses que tenho ouvido é que, formada no bojo de um processo desmobilizador, a classe trabalhadora em ascensão tende a adquirir a consciência da classe para onde ela pretende ir ou pensa estar indo. Isso significa que, embora não detenha a hegemonia política, a direita talvez detenha a hegemonia cultural, e tudo indica estar conquistando a hegemonia cultural também sobre a nova classe trabalhadora, inclusive entre os mais jovens.

Se os rolezinhos expressam um anseio de igualdade – e, nesse sentido, convergem totalmente com os objetivos da esquerda –, ao mesmo tempo a opção justamente pelo shopping center merece ser examinada sob um olhar crítico, sob pena de deixar escapar aquele que talvez seja o maior impasse da esquerda atualmente. Tal opção não esconderia uma hegemonia cultural de direita?

A esquerda sempre quis organizar a luta pela igualdade, mas contra os valores do consumismo, a competitividade e o individualismo, base não apenas da abissal desigualdade que historicamente existe em nosso país, mas da violência que marca o cotidiano da classe trabalhadora brasileira.

Pois bem, a luta por igualdade presente nos rolezinhos joga contra ou a favor desses valores? No mínimo há algo de ambíguo aqui. Se joga a favor, que consequências tem isso, sobretudo quando se constata que, apesar de tudo o que foi feito nos últimos onze anos, ainda há uma imensa massa de trabalhadores pobres no Brasil, que não conseguem sobreviver sob uma lógica da competição nua e crua? Podemos esperar desses jovens, inspirados que estão pelos valores capitalistas, solidariedade de classe para com os que ficaram para trás?

Aqui reina o perigo. Afinal, a classe média é reacionária. O risco é que parte da nova classe trabalhadora adquira não apenas os valores ultracapitalistas da classe média, mas sua mentalidade e atitudes políticas.

É possível que haja um contingente grande de trabalhadores que, uma vez tendo ascendido, olham para trás, veem que ainda há muitos que ficaram para trás e assumem a postura de impedir que aqueles ascendam, com medo de perder o pouco que conquistaram, ou com a esperança de neutralizar a concorrência na busca por uma maior ascensão. Trata-se de uma hipótese, a ser verificada. Se isso ocorrer, o processo de inclusão da massa de trabalhadores muito pobres – talvez 40% da população – que ainda não alcançou a nova classe trabalhadora poderá ser bloqueado.

Os rolezinhos e o impasse da estratégia

Dito isso, o conflito presente nos rolezinhos de alguma maneira evidencia o impasse da estratégia dos governos Lula e Dilma.

De um lado, o governo precisa evitar a radicalização, por motivos eleitorais – pois a radicalização afastaria do PT os trabalhadores mais empobrecidos, que constituem a maioria do eleitorado –, mas também econômicos: descambando para a instabilidade econômica, a radicalização provavelmente faria elevar o desemprego, o que, para além das repercussões eleitorais, poderia ter como resultado o aumento da pobreza e da desigualdade, ou seja, um retrocesso.

De outro lado, à medida que os trabalhadores ascendem, inevitavelmente a polarização social aumenta, por motivos econômicos – ou seja, pela luta redistributiva –, mas também culturais. Ora, à medida que o conflito social vai se intensificando, a conjuntura exige cada vez mais do governo enfrentamentos políticos – isto é, o governo precisa investir na radicalização – a fim de organizar e canalizar o conflito.

Desmobilizada e desorganizada, a nova classe trabalhadora pode vir a assumir a ideologia da direita e, com isso, pode vir a ser suporte de uma nova coalização política liderada pelo PSDB, bloqueando as mudanças em curso. Esse é um cenário que não deve ser descartado. Aliás, essa é assumidamente a aposta de FHC, exposta em seu artigo “O papel da oposição”.

Voltando aos rolezinhos: nesse caso específico, o conflito foi organizado e canalizado? O desdobramento desse fenômeno ainda está em aberto.

Se as principais figuras públicas do PT defenderam o diálogo e o direito dos participantes dos rolezinhos, não se pode dizer que tenham optado pela radicalização. Nesse quadro, o pior que pode suceder é a atitude de um jovem, tal como a Folha de S.Paulo publicou no dia 24/1: “A gente não quer mais levar enquadro de segurança, então é melhor fazer ‘rolezinho’ no parque”. Do parque para o PSDB é um passo.

Onde está a saída para o impasse? Não tenho a resposta, apenas a convicção de que a saída reside na política, e depende da capacidade de, em cada situação, encontrar a justa medida da radicalização.

Antônio David é pós-graduando em Filosofia pela FFLCH/USP

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FrancoAtirador

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Olha só a Pesquisa do Instituto Sou da Paz

Mortes violentas na cidade de São Paulo em 2011:
panorama das causas e perfil das vítimas
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A Cor dos Paulistanos (IBGE 2010)

Brancos = 61%
Negros e Pardos = 37%
Amarelos = 2,2%
Indígenas = 0,1%
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Mortalidade por Agressões

Vítimas

Negros = 52%
Brancos = 46%

Taxa de Mortalidade por 100 mil habitantes

Negros = 16,6
Brancos = 9,1

Em 2011, foram registradas 1.347 mortes por agressões, fato que torna esta ocorrência a segunda maior causa de óbitos por causas externas.

A grande maioria das vítimas era do sexo masculino e a taxa de mortalidade dos homens foi 11 vezes maior do que a das mulheres, diferença muito superior àquela verificada aos acidentes de trânsito.

A maior parte das vítimas de morte por agressão era negra (52%);
a taxa de mortalidade desta população foi quase o dobro da verificada para brancos,
padrão também bastante diferente daquele observado no caso dos acidentes de trânsito.

Quase metade das vítimas de agressão era jovem (44%)
e a taxa de vitimização para este grupo foi a mais elevada –
20,2 casos por 100 mil habitantes.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que taxas de mortalidade por agressão maiores que 10 por 100 mil habitantes revelam uma
situação epidêmica de violência.

No caso dos dados de mortes por agressão em 2011, a população masculina, negra e jovem apresentou taxas que podem ser consideradas epidêmicas…
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Mortalidade por Agressões com Armas de Fogo

Negros = 52%
Brancos = 47%

Taxa de Mortalidade por 100 mil habitantes

Negros = 11,2
Brancos = 6,2

Em relação aos instrumentos utilizados nas agressões,
em 68% dos casos foram usadas armas de fogo
e em 15%, objetos cortantes ou penetrantes.

A distribuição dos óbitos por local de residência mostra uma prevalência de vítimas moradoras das subprefeituras do Jabaquara (10,2), Campo Limpo (12,3), M’Boi Mirim (14,0) e Parelheiros (16,9), com taxas de vitimização acima de 10 por 100 mil habitantes.

Íntegra em:

(http://www.soudapaz.org/upload/pdf/conhecimento_mortes_2011_relatorio_web.pdf)

ma.rosa

Acho que a linha exposta neste artigo é próxima da realidade. Observo que depois desta ascendência ao consumo: compra de portão eletrônico e o carro, ar condicionado, jogando fora o ventilador, “piscinas”, mesmo sendo aquelas de “plastico”. O povo que agora emenda a casa e faz “suitinha” (suíte) com mais um banheiro, depois começa a falar mal do governo, inclusive dos programas de bolsas e cotas. Assumindo o discurso da direita, como meros papagaios! Pelo menos na minha família é isto que estou vendo e ouvindo.

FrancoAtirador

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A FASCIOSFERA

França: um exemplo do poder destruidor que podem ter as redes sociais

Por Eduardo Febbro, na Carta Maior

Paris – As linhas que seguem são um reflexo verbal da realidade, e não uma piada forjada no coração de uma das grandes democracias do Ocidente.

Se alguém duvida do poder destruidor que podem alcançar as redes sociais e os instrumentos de comunicação mais avançados, a última crise francesa fornece uma prova ao mesmo tempo demolidora e cômica acerca da influência desses dispositivos na opinião pública.

Um falso rumor propagado por católicos de ultradireita através de Facebook, Twitter e SMS fez com que dezenas de milhares de pessoas acreditassem que o Executivo se preparava para ensinar a masturbação nos jardins de infância, para dar cursos sobre a famosa teoria de gênero ao mesmo tempo em que atribuiu à senadora socialista Laurence Rossignol a seguinte frase: “as crianças não pertencem aos pais, mas sim ao Estado”.

O resultado desta campanha foi devastador: o governo se encontrou em sérios apuros quando milhares de pais decidiram participar de uma greve e se negaram a levar seus filhos às escolas. Tudo, porém, é falso.
Os grupos de ultradireita e os católicos integristas que, no ano passado, saíram às ruas para se manifestar contra a lei que aprovou o casamento entre pessoas do mesmo sexo estão por trás dessa argúcia mentirosa difundida por meio das redes sociais.
A mentira acertou no alvo.

A história passaria por um caso anedótico se não se tratasse de uma sociedade avançada como a francesa e se não tivesse tido nenhum impacto na realidade.

Em setembro do ano passado, o ministro da Educação, Vincent Peillon, e a ministra dos Direitos da Mulher, Najat Vallaud-Belkacem, cogitaram a ideia de realizar em alguns estabelecimentos escolares do país uma operação destinada a promover a igualdade entre homens e mulheres.

Reciclada pelos católicos integristas e a extrema-direita, a ideia se converteu em uma ameaça imaginária articulada em torno de um suposto programa cujo objetivo consistia em propagar nas escolas a teoria de gênero, ou seja, esse princípio segundo o qual ser homem ou mulher é uma mera construção social e não uma consequência biológica por completo.

Milhares de pais começaram a receber SMS advertindo que o governo, em nome da teoria de gênero, havia dado instruções aos professores para que estes ensinassem aos filhos a arte da masturbação e convidassem transexuais para as aulas. Muitos deles acreditaram.
No dia 24 de janeiro, em uma dezena de departamentos da França, as salas de aula estavam vazias.
Aterrorizados diante de semelhante barbaridade, os pais tiraram os filhos das escolas.
Delirium tremens.

Os tópicos desta operação perversa realizada por pequenos grupos de extrema direita e católicos fanáticos agrupados em diversas associações:
JDR, JRE 2014, os fascistas do grupo Jour de Colère (Dia de Cólera), próximo do ensaísta de extrema-direita Alain Soral e da militante Farida Belghoul, 24 heuresactu, Boulevard Voltaire, Egalité et Réconciliation, Manif pour Tous, Printemps Français, Action Française, Familles de France.
Estes movimentos pertencem à órbita mais extrema da direita e vivem em uma esfera paranoica.

Em um artigo publicado em meados de janeiro, 24heuresactu, por exemplo, assegura que o governo socialista está estudando “um informe da OMS (Organização Mundial da Saúde), que propõe estimular a masturbação infantil e permitir à criança a expressão de seus desejos sexuais”.
O informe existe, mas não expressa nenhuma dessas ideias.
No entanto, o rumor acabou sendo tomado como verdade.

Esta nebulosa católica-fascista denuncia uma espécie de engrenagem lógica onde se associa o casamento entre pessoas do mesmo sexo com a igualdade entre o homem e a mulher, o ocaso da família tradicional com a decadência da civilização, a ampliação do direito de aborto com a intoxicação da imigração, a cultura laica com a suspeita de que se está buscando reconfigurar a família e mudar a mentalidade das crianças, a obsessão de que serão transmitidas coisas de adultos para as crianças, de que serão incitadas a mudar de sexo, a se masturbar ou se converter em pedófilos.

O catálogo é pesado. A teoria de gênero carece de todo fundamento.
De fato, ela é chamada assim, mas nem sequer é uma teoria.
Trata-se de um estudo de gêneros iniciado nos Estados Unidos nos anos 60 e 70.
No entanto, os “anti” inventaram sua existência nas escolas da França e estão convencidos de que os socialistas querem reorientar a sociedade com base nas orientações sexuais, as quais se converteriam, assim, no fundamento do direito e da igualdade.
A política governamental contra a desigualdade entre o homem e a mulher não tem nada a ver com isso, mas sim com a igualdade dos papéis sociais entre homem e mulher.

O ministro francês da Educação, Vincent Peillon, respondeu a estes delírios: “não escutem a quem quer semear a divisão e o ódio nas escolas. O que nós fazemos não é ensinar a teoria de gênero, eu a rechaço, mas sim promover os valores da República e a igualdade entre os homens e as mulheres”, disse o titular da pasta.

A chamada facho-esfera conseguiu, contudo, que muitos pais acreditassem nessas invenções.
A França se viu assim sob o poder hipnótico de uma intoxicação destruidora, de um fantasma que, em pleno século XXI, ganha adesões no coração de sociedades que sustentaram seus progressos em valores totalmente opostos aos que essas correntes extremistas promovem.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

(http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Franca-um-exemplo-do-poder-destruidor-que-podem-ter-as-redes-sociais/6/30155)
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Capilé

“Não queremos compartilhar o mesmo espaço com pobres e negros.”

Não se trata, somente, da rejeição à cor da pele – sabemos que esta existe – e nem da ojeriza, per si, à baixa renda – é sabido que o interesse do lojista é lucro, mas o jovem de “classe média” dos rolezinhos não consome muito, digamos assim.
Trata-se, basicamente, da falta de educação existente nesses jovens (na favela, sabemos, que a lei é do mais forte) e da ausência de civilidade (que a luta por recursos escassos faz ruir).
Algazarra afasta o comprador, mas não sei como é na boca-de-fumo.

Malvina Cruela

pobre é joia, bacana mesmo…gosto muito
mas precisavam fazer tanto barulho???

Lucas

Acredito que um fator importante é a idade.

Os trabalhadores que viveram os tempos de PSDB, de desemprego, aprenderam na pele a diferença entre esse partido e o pleno emprego do PT. Porém agora, cada vez mais, quem ocupará a cena serão seus filhos, essa geração que criou o Funk Ostentação, que é um culto ao capitalismo (culto já espraiado para o sertanejo-universitário). Essa geração não viveu os tempos de desemprego de FHC. Ao contrário, essa geração cresceu ouvindo que o Mensalão (exceto o do PSDB) foi o maior crime da história da humanidade.

FrancoAtirador

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“A Classe Média opera com Signos de Prestígio.”

Marilena Chauí

(http://www.youtube.com/watch?v=KrN_Lee08ow)
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Fascismo à Brasileira (1)

Parece crescente e cada vez mais evidente no Brasil
que importantes setores da classe média e classe alta
simpatizam com ideais semelhantes aos que formaram
o caldeirão social do fascismo

Por Leandro Dias*, no Pragmatismo Político

Historicamente a adesão inicial ao fascismo foi um fenômeno típico das classes dominantes desesperadas e das classes médias empobrecidas e apenas pontualmente conquistou os estratos mais baixos da sociedade, ideologicamente dominados pelo trabalhismo social-democrata ou pelo comunismo.
Nos mais diversos cantos do mundo, dos nazistas na Alemanha e camisas-negras na Itália, aos integralistas brasileiros e caudilhistas espanhóis seguidores de Franco, as classes médias, empobrecidas pelas sucessivas crises do pós-guerra (1921 e especialmente 1929), formaram o núcleo duro dos movimentos fascistas.

Esse alinhamento ao fascismo teve como fundo principal uma profunda descrença na política, no jogo de alianças e negociatas da democracia liberal e na sua incapacidade de solucionar as crises agudas que seguiam ao longo dos anos 1910, 20 e 30.
Enquanto as democracias liberais estavam estáveis e em situação econômica favorável, com certo nível de emprego e renda, os movimentos fascistas foram minguados e pontuais, muito fracos em termos de adesão se comparados aos movimentos comunistas da mesma época.
Porém, uma vez que a democracia liberal e sua ortodoxia econômica mostraram uma gritante fraqueza e falta de decisão diante do aprofundamento da crise econômica nos anos 1920 e 30, a população se radicalizou e clamou por mudanças e ação.
Lembremos que, quando os nazistas foram eleitos em 1932, a votação foi bastante radical se comparada aos pleitos anteriores; 85% dos votos dos eleitores alemães foram para partidos até então considerados mais radicais, a saber, Socialistas (social-democracia), Comunistas e Nazistas (nacional-socialistas), os dois primeiros à esquerda e o último à direita.

Os conservadores ortodoxos, anteriormente no poder, estavam perdidos em seu continuísmo e indecisão, sem saber o que fazer da economia e às vezes até piorando a situação, como foi o caso da Áustria até 1938, completamente estagnada e sem soluções para sair da crise e do desemprego, refém da ortodoxia de pensadores da escola austríaca, tornando-se terreno fértil para o radicalismo nazista (que havia fracassado em 1934).

Além disso, o fascismo se apresentava como profundamente anticomunista, o que, do ponto de vista das classes dominantes mais abastadas e classes médias mais estáveis (proprietárias) menos afetadas pelas crises, era uma salvaguarda ideológica, pois o “Perigo Vermelho”, isto é, o medo de que os comunistas poderiam de fato tomar o poder, era um temor bastante real que a democracia liberal parecia incapaz de “resolver” pelos seus tradicionais métodos, especialmente após a crise de 1929.
O fascismo desta maneira se apresentou como último refúgio dos conservadores (sejam de classe média ou da elite) contra o socialismo.
Os intelectuais que influenciavam os setores sociais menos simpáticos ao fascismo, o viam como um mal menor “temporário” para proteger a “boa sociedade” das “barbáries socialistas”, como o guru liberal Ludwig von Mises colocou, reconhecendo a fraqueza da democracia liberal face ao “problema comunista”:

“Não pode ser negado que o Fascismo e movimentos similares que miram no estabelecimento de ditaduras estão cheios das melhores intenções e que suas intervenções, no momento, salvaram a civilização européia. O mérito que o Fascismo ganhou por isso viverá eternamente na história. Mas apesar de sua política ter trazido salvação para o momento, não é do tipo que pode trazer sucesso contínuo. Fascismo é uma mudança de emergência. Ver como algo mais que isso, seria um erro fatal”. (L. von Mises, Liberalism, 1985[1927], Cap. 1, p. 47).

Além da descrença na política tradicional e do temor do perigo vermelho num cenário de crise, houve ainda uma razão fundamental para as classes médias adentrarem as fileiras do fascismo:
o medo do empobrecimento e a perda do status social.

Esse sentimento – chamado de declassemént ou declassê no aportuguesado, algo como ”deixar de ser alguém de classe” – remetia ao medo de se proletarizar e viver a vida miserável que os trabalhadores, maior parte da população, viviam naquela época.
Geralmente associava-se ao receio de que o prestígio social ou o reconhecimento social por sua posição econômica esmorecessem, mesmo para pequenos proprietários e profissionais liberais sem títulos de nobreza (ver Norbet Elias, Os Alemães).

Esse medo entra ainda no contexto de uma evidente rejeição republicana, uma reação conservadora do etos nobiliárquico que dominava as classes altas e parte das classes médias urbanas nos países fascistas, à consolidação dos ideais liberais (mais igualitários) na estrutura social de poder e de privilégios, isto é, na tradição social aristocrática.
Não foi por acaso que o fascismo foi uma força política exatamente onde os ideais liberais jamais haviam se arraigado, como Itália, Espanha, Portugal, Alemanha e Brasil.

Por fim, cumpre lembrar que os fascistas apelam à violência como forma de ação política.
Como disse Mussolini: “Apenas a guerra eleva a energia humana a sua mais alta tensão e coloca o selo de nobreza nas pessoas que têm a coragem de fazê-la” (Doutrina do Fascismo, 1932, p. 7).
A perseguição sem julgamento, campos de trabalho e autoritarismo não só vieram na prática muito antes do genocídio e da guerra, mas também já estavam em suas palavras muito antes de acontecerem.
No discurso e na prática, a sociedade é (ou destina-se) apenas para aqueles que o fascista identifica como adequados; há um evidente elitismo e senso de pertencimento “correto” e “verdadeiro”, seja uma concepção de nação ou de identidade de raça ou grupo.
E essa identidade “verdadeira” será estabelecida à força se preciso.

Mas porque estamos falando disso?

Parece crescente e cada vez mais evidente no Brasil que importantes setores da classe média e classe alta simpatizam com ideais semelhantes aos que formaram o caldeirão social do fascismo?

*Leandro Dias é formado em História pela UFF e editor do blog Rio Revolta. Escreve mensalmente para Pragmatismo Politico.

Texto revisado por Carolina Dias

(http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/01/fascismo-brasileira.html)
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    FrancoAtirador

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    Fascismo à Brasileira (2)

    Parece crescente e cada vez mais evidente no Brasil
    que importantes setores da classe média e classe alta
    simpatizam com ideais semelhantes aos que formaram
    o caldeirão social do fascismo

    Por Leandro Dias*, no Pragmatismo Político

    Vimos em texto recente (http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/11/brasil-elite-e-capitalismo.html)
    que a sociedade brasileira, em particular a classe média tradicional e a elite, carrega fortes sentimentos anti-republicanos (ou anticonstitucionais), herdados de nossa sucessão de classes dominantes sem conflito e mudança estrutural, sem qualquer alteração substancial de sua posição material e política, perpetuando suas crenças e cultura de Antigo Regime.
    Privilégios conquistados por herança ou “na amizade”, contatos pessoais, indicações, nepotismos, fiscalização seletiva e personalista; são todas marcas tradicionais de nossa cultura política.
    A lei aqui “não pega”, do mesmo jeito que para nazistas a palavra pessoal era mais importante que a lei.
    Há um paralelo assustador entre a teoria do ‘fuhrerprinzip’ (http://en.wikipedia.org/wiki/Fuhrerprinzip)
    e a prática da pequena autoridade coronelista, à revelia da lei escrita, presente no Brasil.

    Talvez por isso, também tenhamos, como a base social do fascismo de antigamente, uma profunda descrença na política e nos políticos. Enojada pelo jogo sujo da política tradicional, das trocas de favores entre empresas e políticos, como o caso do Trensalão ou entre políticos e políticos, como os casos dos mensalões nos mais variados partidos, a classe média tradicional brasileira se ilude com aventuras políticas onde a política parece ausente, como no governo militar ou na tecnocracia de governos de técnicos administrativos neoliberais.
    Ambos altamente políticos, com sua agenda definida, seus interesses de classe e poder, igualmente corruptos e escusos, mas suficientemente mascarados em discursos apolíticos e propaganda, seja pelo tecnicismo neoliberal ou pelo nacionalismo vazio dos protofascistas de 1964, levando incautos e ingênuos a segui-los como “nova política” messiânica que vai limpar tudo que havia de ruim anteriormente.

    Por sua vez, como terceiro ponto em comum, partes das classes médias tradicionais e a elite tem um ódio encarnado de “comunistas”, e basta ler os “bastiões intelectuais” da elite brasileira, como Reinaldo Azevedo, Rodrigo Constantino ou Olavo de Carvalho ou mesmo porta-vozes do soft power do neoconservadorismo brasileiro, como Lobão e Rachel Sherazade.
    É curioso que o mais radical deles, Olavo de Carvalho, enxergue “marxismo cultural” em gente como George Soros (mega-especulador capitalista), associando-o ao movimento comunista internacional para subjugar o mundo cristão ocidental.

    Esse argumento em essência é basicamente o mesmo de Adolf Hitler:
    o marxismo e o capital financeiro internacional estão combinados para destruir a nação alemã (Mein Kampf, 2001[1925], p. 160, 176 e 181).

    E, ainda, somam-se a isso tudo o classismo e o racismo elitista evidentes de nossa “alta” sociedade.

    Da “gente diferenciada” que não pode freqüentar Higienópolis,
    passando pelo humor rasteiro de um Gentili,
    ou o explícito e constrangedor classismo de Rachel Sherazade (http://www.youtube.com/watch?v=8hZ4cewFSl4),
    que se assemelha à “pioneira revolta” de Luiz Carlos Prates (http://www.youtube.com/watch?v=QIKvrC5gOa4) ao constatar que “qualquer miserável pode ter um carro”,
    culminando com o mais vergonhoso atraso de Rodrigo Constantino (http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/cultura/o-rolezinho-da-inveja-ou-a-barbarie-se-protege-sob-o-manto-do-preconceito/) em sua recente coluna, mostrando que nossos liberais estão mais inspirados por Arthur de Gobineau e Herbert Spencer (http://en.wikipedia.org/wiki/Herbert_Spencer#Social_Darwinism)
    do que Adam Smith ou Thomas Jefferson.

    A elite e a classe média tradicional (que segue o etos da primeira), não têm mais vergonha de expor sua crença no direito natural de governar e dominar os pobres, no “mandato histórico” da aristocracia sobre a patuléia brasileira.
    O darwinismo social vai deixando o submundo envergonhado da extrema direita para entrar nos nossos televisores diariamente.

    Assim, com uma profunda descrença na política tradicional e no parlamento, somada a um anti-republicanismo dos privilégios de classe e herança, temperados por um anticomunismo irracional sob auspícios de um darwinismo social histórico e latente, aliado a uma escalada punitivista alinhada a “ciência” econômica neoliberal, temos uma receita perigosa para um neofascismo à brasileira.
    Porém, antes que corramos para as montanhas, falta um elemento fundamental para que esse caldeirão social desemboque em prática neofascista real: crise econômica profunda.

    Apesar do terrorismo midiático, nossa sociedade não está em crise econômica grave que justifique esta radicalização filo-fascista recente.

    Pela primeira vez em décadas, o país vive certo otimismo econômico e, enquanto no final dos anos 1990, um em cada cinco brasileiros estava abaixo da linha da pobreza, hoje este número é um em cada 11.
    A Petrobrás não só não vai quebrar como captou bilhões recentemente.
    A classe média nunca viajou, gastou no exterior e comprou tanto quanto hoje, nem mesmo no auge insano do Real valendo 0,52 centavos de dólar.
    O otimismo brasileiro (http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,taxa-de-otimismo-do-brasileiro-cai-pela-primeira-vez-desde-2009-revela-ibope,1117414,0.htm) está muito acima da média mundial, mesmo que abaixo das taxas dos anos anteriores.

    No entanto, apesar de tudo isso, parte das antigas classes médias e elites continuam se radicalizando à extrema direita, dando seguidos exemplos de racismo, intolerância, elitismo, suporte ao punitivismo sanguinário das polícias militares, aplaudindo a repressão a manifestações e indiferentes a pobres sendo presos por serem pobres e negros em shopping centers.
    Isso tudo com aquela saudade da ditadura permeando todo o discurso.
    Se não há o evidente declassmént, o empobrecimento econômico, ou mesmo um medo real do mesmo, como explicar esta radicalização protofascista?

    Não é possível que apenas o tradicional anti-republicanismo, o conservadorismo anti-esquerdista e o senso de superioridade de nossas elites e classes médias tradicionais sejam suficientes para esta radicalização, pois estes fatores já existiam antes e não desencadeavam tamanha excrescência fascistóide pública.

    Não.

    O Brasil vive um fenômeno estranho.
    As classes médias tradicionais e elite estão gradualmente se radicalizando à extrema direita muito mais por uma sensação de declassmént do que por uma proletarização de fato, causada por alguma crise econômica.
    Esta sensação vem, não do empobrecimento das classes médias tradicionais (longe disso), mas por uma ascensão econômica das classes historicamente subalternas.
    Uma ascensão visível.
    Seja quando pobres compram carros com prestações a perder de vista; freqüentam universidades antes dominadas majoritariamente por ricos brancos; ou jovens “diferenciados” e barulhentos freqüentam shoppings de classe média, mesmo que seja para olhar a “ostentação”; ou ainda famílias antes excluídas lotando aeroportos para visitar parentes em toda parte.

    Nossa elite e antiga classe média cultivaram por tanto tempo a sua pretensa superioridade cultural e evidente superioridade econômica, seu sangue-azul e posição social histórica; a sua situação material foi por tanto tão sem paralelo num dos mais desiguais países do mundo, que a mera percepção de que um anteriormente pobre pode ter hábitos de consumo e culturais similares aos dela, gera um asco e uma rejeição tremenda.
    Estes setores tradicionais, tão conservadores que são, tão elitistas e mal acostumados que são, rejeitam em tal grau as classes historicamente humilhadas e excluídas, “a gente diferenciada” (http://www.cartacapital.com.br/sociedade/etnografia-do-201crolezinho201d-8104.html) que deveria ter como destino apenas à resignação subalterna (“o seu lugar”), que a ascensão destes “inferiores” faz aflorar todo o ranço elitista que permanecia oculto ou disfarçado em anti-esquerdismo ou em valores familiares conservadores.
    Não há mais máscara, a elite e a classe média tradicional estão mais e mais fazendo coro com os históricos setores neofascistas, racistas e pró-ditadura.
    Elas temem não o seu empobrecimento de fato, mas a perda de sua posição social histórica e, talvez no fundo, a antiga classe média teme constatar que sempre foi pobre em relação à elite que bajula, e enquanto havia miseráveis a perder de vista, sua impotência política e vazio social, eram ao menos suportáveis.

    *Leandro Dias é formado em História pela UFF e editor do blog Rio Revolta. Escreve mensalmente para Pragmatismo Político.

    Texto revisado por Carolina Dias

    (http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/01/fascismo-brasileira.html)
    .
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ricardo

A classe média está sendo transformada no mordomo da política brasileira: ela é sempre culpada. Que quase 100% dos entrevistados em survey recente manifestem-se contra o rolezinho não tem a menor importância (ah, sei, é a hegemonia cultural da direita). Afinal, que valor têm os fatos quando se chocam com uma boa teoria (ou com uma teoria rastaquera). Os petistas e seus escrevinhadores odeiam a classe média. Foi quem sobrou para odiar, pois precisam bajular os pobres para obter votos e acabaram gostando de comer na mão dos ricos, enquanto pelos ricos são comidos. Quem foi mesmo que disse que nunca “os ricos ganharam tanto dinheiro como no meu governo”?

carlos saraiva e saraiva

Caro Antonio David, mais um lúcido e inteligente artigo.As ambiguidades e as contradições são próprias do sistema capitalista. As contradições e a luta de classes, aumentaram, com a diminuição da desigualdade, a inclusão social, o aumento de oportunidades e o aumento do desejo de protagonismo, de pertencimento e de reconhecimento.O acesso à bens de uma nova classe trabalhadora, não significa “consumismo”, mas o primeiro passo para a desalienação. Mesmo sem confronto, sem rupturas aparentes, os pequenos avanços, representam grandes avanços. E a elite, que perdeu o governo, teme agora perder o poder, pois as rupturas, afloram, pelos desejos aguçados.A lição para a esquerda, é que o caminho é longo e precisamos continuar caminhando, mesmo que tenhamos de mudar o rumo.A luta agora, deve estar focada na construção politica, na conscientização ideológica, na pavimentação de uma contrahegemonia, que assegure o poder popular transformador.A direita, tentará cooptar, explorando estas contradições e a divisão e o fundamentalismo ideológico de uma parte da esquerda. Como diz Marilena Chauí; “Há uma espécie de exército politico de esquerda que funciona como um exército de reserva que as oposições e a mídia instrumentalizam e , depois de usar, esvaziam.

Mauro Assis

Esse aí de cima acha que o rolezinho é de esquerda, ou seja, bom. O Weissmeier que é de direita, ou seja, ruim.

E eu continuo achando que é apenas afronta às leis pelo prazer de fazer isso num país onde o sistema legal e policial faliu.

roberto

eu queria entender mas não consigo,só de ouvir a palavra shoping me estraga o dia,essa garotada realmente deve viver num lugar pior que o inferno para achar legal um lugar como esse.

    Malvina Cruela

    Bingo

    Joca de Ipanema

    És de São Paulo, Roberto? Também não entendo, mas parece que lá os “shopi” é a praia deles.

Antonio Passos

Os sociólogos estão em evidência no Viomundo. E o besteirol nunca foi tão grande. Enxergar o presente é algo difícil, mas tem gente que é caolha demais.

Heitor

A saída está na educação. Se o PT tivesse se preocupado com a educação dessa moçada ao longo destes 12 anos, acredito que poderíamos debater abertamente com eles sobre o que pensam da vida e o que esperam do futuro. Mas o PT plantou a semente da direita, e agora vê florescer a plantação para a direita, que ainda não foi colhida mas que já causa arrepios de pensar.
Penso que só com educação o Brasil conseguirá sair dessa; educação tradicional, educação política, muitos debates pra moçada, criar o senso de solidariedade ao invés da ilusão da ostentação, eliminar as influências estadunidenses que só fazem piorar todo o contexto deste debate, enfim; o PT precisa voltar a ser PT, pois existe muito professor bom que tem vontade de instruir essa moçada, mas falta atenção à mais nobre profissão do mundo, enquanto que do outro lado se agiganta a obsessão humana pelo dinheiro e pelo gasto fútil e descompromissado.

    Ted Tarantula

    a educação que vc aponta como panaceia universal (sim, estou ciente do pleonasmo) é a mesma que forma nossos jornalistas, advogados e médicos???
    então tá…

Leo V

http://noticias.terra.com.br/brasil/advogados-de-manifestantes-contra-a-copa-sao-ameacados-de-morte-em-sao-paulo,8879d77091fd3410VgnCLD2000000ec6eb0aRCRD.html

Advogados de manifestantes contra a Copa são ameaçados de morte em São Paulo

O grupo de advogados que defende manifestantes detidos durante protestos contra a Copa do Mundo em São Paulo declarou nesta quarta-feira ter sido alvo de ameaças após assumirem o caso de Fabrício Proteus, baleado por policiais militares após a manifestação do último sábado, dia 25.

De acordo com o grupo, o advogado Daniel Biral saía do hospital Santa Casa de Misericórdia na última segunda-feira, onde Fabrício está internado, quando foi abordado por uma pessoa armada em um veículo que ordenou que o grupo abandonasse o caso e também a atuação nas ruas junto aos manifestantes.

“Estou aqui como advogado para dizer que, sendo cerceado do meu direito como advogado de defender uma pessoa, está sendo ameaçada muito mais que a minha integridade. Está sendo ameaçada a democracia e o Estado Democrático de Direito”, declarou Biral a jornalistas.

O grupo e o advogado não quiseram comentar quem poderia estar por trás das ameaças, mas afirmam que a ameaça foi “específica a este caso (Fabrício Proteus)” e criticaram a postura das policias Militar e Civil no caso, que consideram ter despertado um “estranho interesse político”.

De acordo com eles, o depoimento de Fabrício, colhido ontem pela Polícia Civil, não tem valor jurídico, pois o jovem não estava em condições físicas e mentais de se apresentar em juízo.

“No momento em que o delegado colheu o depoimento, Fabrício tinha acabado de sair de um coma, internado na UTI, estava sob o efeito de morfina e o depoimento dele foi assinado com o dedão”, destacou o advogado Geraldo Santamaria.

Segundo Santamaria, os pais do garoto também foram impedidos de acompanhar o trabalho da Polícia Civil e, após o ocorrido, decidiram restituir o grupo de advogados ativistas como defensores do caso.

No entanto, o grupo conta que menos de 24 horas após a assinatura da procuração, a família de Fabrício ligou para o grupo para tirá-los do caso “sem maiores explicações”.

“Diante de todas as circunstâncias que vêm acontecendo, de ameaças e interesses políticos, eu não posso dizer nada declaradamente, mas existe algo estranho no caso”, afirmou o advogado Luis Guilherme Ferreira.

A manifestação do dia 25 de janeiro teve, além dos disparos contra Fabrício Proteus, outros 130 manifestantes detidos e dois jornalistas agredidos, entre eles o fotógrafo da Agência Efe, Sebastião Moreira, que chegou a ficar mais de uma hora sob o poder dos policiais mesmo após se identificar como profissional da imprensa.

Uma nova manifestação está marcada para o dia 22 de fevereiro.

Francisco

“Uma porta que abre, outra porta que abre, mais uma porta que abre/

Eu tô zen com o ENEM…”

Qual programa governamental vai brir a porta do Shopping Center?

wilson

Não acredito que: “É possível que haja um contingente grande de trabalhadores que, uma vez tendo ascendido, olham para trás, veem que ainda há muitos que ficaram para trás e assumem a postura de impedir que aqueles ascendam, com medo de perder o pouco que conquistaram, ou com a esperança de neutralizar a concorrência na busca por uma maior ascensão.”
Primeiro por que estes novos indivíduos que ascenderam de classe não vão ser aceitos pelas elites (por uma questão cultura!). Vão continuar sendo inimigos de classe. E daí, quem vai ajudar os emergentes no combate às elite?
O menos abastados!!!

João Vargas

No meu tempo a gurizada se reunia para jogar bola nas praças, jogar bolita, andar de carrinho de rolimã, etc…Será que não tem nada melhor pra esta gurizada fazer no que bagunçar nos shoppings? e tem gente que consegue ver nisso o inicio de uma revolução, eu só vejo bagunça mesmo.

José Souza

A Presidenta Dilma foi quem fez a leitura correta sobre os protestos de junho, antes mesmo dos atuais “rolézinhos”, e propôs a reforma política, rejeitada pelo PMDB. Não acredito que a radicalização ocorrerá. Infelizmente vamos ficar nesse jogo de empurra até as eleições. A direita fazendo de tudo para desestabilizar o governo para ter chance de ganhar a eleição e o governo não tomando as decisões mais duras que precisa para não perder votos. E, entre o mar e o rochedo, quem sempre se dá mau é o marisco, ou seja, o povo.

Sergio Silva

A esquerda sempre vai estar vários passos atrás da direita. Simplesmente porque a sociedade é organizada dessa forma. Trocam-se os personagens, mas o enredo é sempre o mesmo.
A esquerda tem que resolver os problemas dos oprimidos, que deixando de ser oprimidos, tornam-se conservadores da situação e depois opressores.
Depois a direita, que sempre controla os meios de comunicação, dá um jeito de apagar da memória coletiva tudo o que foi feito pela esquerda e assume o poder novamente, e assim caminha a humanidade, hora pra frente, hora pra trás…

    Vilson Dalprà

    É.. só tem de dizer que na hora do voto, a esquerda está vencendo, não acha?

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