Vera Paiva aos vereadores paulistas: Rejeitem o golpe fundamentalista nas escolas!

Tempo de leitura: 3 min

Vera Paiva

por Conceição Lemes

Depois de Recife e várias outras cidades brasileiras, a atenção de fundamentalistas,  redes de direitos humanos, grupos ligados ao direito à diversidade religiosa, diversidade sexual, movimento negro e de mulheres, está voltada hoje para a capital paulista. Mais precisamente para a Câmara dos Vereadores, onde deverá ser votado o Plano Municipal de Educação.

Grupos religiosos cristãos e fundamentalistas querem que seja tirado do Plano Municipal de Educação o tema Gênero & Sexualidade e a discussão, nas atividades das escolas, do respeito à diversidade, como recomenda o Ministério da Educação (MEC) desde os anos 1990 e acontece em todos os países democráticos.

Professoras e pesquisadoras da Universidade de São Paulo (USP) e do movimento Quem cala (com a violência sexual) consente (com a impunidade), que reúne mais de 200 mulheres, condenam a ingerência dos fundamentalistas nos programas municipais de Educação e de Saúde.

Em moção divulgada nessa segunda-feira, 10 de agosto, elas afirmam:

A Rede de Professoras e Pesquisadoras da Universidade de São Paulo, formada para oferecer acolhimento às vítimas e combater a violência sexual e de gênero, considera que a formação para o convívio na diversidade de gênero é medida necessária à construção de uma sociedade democrática, motivo pelo qual apoia que o Plano Municipal de Educação inclua o debate sobre relações de gênero na formação docente e discente. São Paulo, 10 de agosto de 2015.

Vera Paiva põe o dedo na ferida. Ela é professora do Instituto de Psicologia da USP, coordenadora do Núcleo de Estudos para a Prevenção da Aids da instituição (Nepaids), presidente da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia e da Rede de Professoras da USP que produziu a moção:

“A educação para o respeito à diversidade e para a no violência começa em casa e é apoiada desde a infância pela escola. O que vemos nas Universidades hoje, nunca antes dessa maneira, indica negligência do trato desses temas junto a essa geração. Debates e cenas que tratam da diversidade de gênero e das sexualidades são veiculados tranquilamente na TV, nas novelas da tarde ao final da noite, sem qualquer obstáculo. Os jovens acessam o tema, via internet e what´s up… Enfim, dissemina-se o sexo de todos os tipos em todo lugar. Por que na mídia pode e na escola, não?”

A epidemia de aids e a violência sexual preocupam os estudiosos do assunto.

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E, independentemente da religião na qual os jovens são socializados, todas as pesquisas indicam que a vida sexual se inicia, em média entre 14 e 15 anos.

“A vida sexual é cada vez mais pautada pela pornografia disseminada pelas redes, e com menos camisinha e mais violência”, alerta Vera Paiva. “Se a pregação moral de pais, pastores ou padres funcionasse, a epidemia de aids nem tinha começado e não seria o maior problema de saúde entre adolescentes de todo o mundo, inclusive no Brasil.”

“Eliminar esse debate na escola é impedir que educadores e professores capacitados para tratar deste tema promovam a reflexão crítica sobre o inicio da sexualidade, que todos concordam deve ser protegida — da violência, de gravidez  indesejada e de doenças sexualmente transmissíveis”, argumenta a pesquisadora da USP.

“Se aceitarmos essa interdição, estaremos prejudicando o interesse da grande maioria dos pais que quer ser ajudado pela escola, que acha importante que seus filhos acessem esse tema na escola”, avisa a especialista.

Por tudo isso, Vera Paiva apela aos vereadores paulistas: “Não cedam. Digam não às pressões dos fundamentalistas!”

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Comentários

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Urbano

O lar e a escola são as instituições que devem, com uma didática apropriada, informar as coisas mais primárias para as crianças, a fim de que a vida delas não venha a ser desgraçada pelos pedófilos de plantão. O abuso sexual contra uma criança, independentemente do nível de sua pujança pessoal, a destruirá inapelavelmente para o resto de sua vida terrena.

Ari

Também concordo que a diversidade tem que ser respeitada.

Mas quero relatar aqui um fato que acho exagerado por conta de uma escola municipal no interior de São Paulo, durante as comemorações juninas deste ano.

Os pais de alunos em torno de 4 anos foram convidados para a festa junina e para assistir a tradicional dança de quadrilha de seus filhos.

Antes de começar a dança, uma representante da escola comunicou aos pais que seus filhos não dançariam aos pares, pois não haviam sido formados casais para a dança. O motivo explicado foi que as crianças nestas idade ainda não tinham decidido ser eram “meninos” ou “meninas”. Para surpresa geral, para cada criança foi dada uma almofada, destas que a gente usa em sofás, medindo 50cmx50cm. Cada criança dançou a quadrilha com sua almofada. Com prêmio de consolação, cada criança pode levar a almofoda para casa como brinde!

    Afonso Guedes

    Isso é o exemplo de que, querer ser ser politicamente correto só pode levar à essas asneiras. Escola dirigida por energúmenos.

Afonso Guedes

Esse diga não aos fundamentalistas me parece coisa politicamente correta. Diga não aos religiosos, porque nesse assunto são praticamente todos iguais.

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