Geddel, Cunha e Temer narram, com suas próprias palavras, como funciona a máfia que assaltou a Caixa e achaca nos portos brasileiros

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Geddel Vieira Lima, ex-ministro da Integração Nacional de Lula (16.03.2007 a 31.03.2010)

“Cara Presidenta Dilma, por gentileza, determine publicação minha exoneração função q ocupo, e cujo pedido ja se encontra nas mãos de V Excia (sic)”. Geddel pede via twitter demissão do cargo de vice-presidente da Caixa, em dezembro de 2013, para marchar com a oposição na Bahia.

“Entreguei ao Michel [Temer] porque foi ele que me convidou para o cargo. Achei que seria o lógico, já que em nenhum momento tratei do assunto com a presidente”. Geddel sobre ter entregue o cargo ao vice e não à presidenta Dilma, como seria de praxe.

Eu acho que o país avançou nos últimos tempos quando o Supremo Tribunal Federal de forma muito firme colocou na cadeia a cúpula de um partido importante, o Partido dos Trabalhadores, depois de um processo longo e demorado, onde ficou comprovado que se tinha cometido crimes graves contra o patrimônio público. Isso é uma sinalização clara do começo do fim da impunidade. Geddel candidato ao Senado, em 2014, em debate na Rádio Sociedade de Salvador.

Há quem o descreva como oportunista. Não vou perder o sono por causa disso. Em futebol, por exemplo, o maior elogio que se pode fazer a um centroavante é chamá-lo de oportunista. Ele se posiciona com inteligência e aproveita a oportunidade para fazer o gol. Em política não é tão diferente. Geddel à Veja, em 2014, depois de pular para a oposição.

Por que o senhor participou do governo Dilma, como vice-presidente da Caixa Econômica, se é tão crítico da presidente? Nem sempre fui tão crítico. Participei do governo e saí. Fiz o teste e não gostei. Minhas posições estão lá no Conselho Deliberativo da Caixa. Eu achava que estavam no caminho errado e tentei resolver. Quando você não faz, você sai. Na contramão do que a imprensa chama de fisiologismo, eu não fui para o poder, eu saí do poder. Geddel na mesma entrevista à Veja.

O senhor foi um dos primeiros a pregar o rompimento do PMDB com o governo. Demorou muito? Demorou na avaliação de quem queria pressa, como eu. Mas surge no momento em que tudo estava maduro. O país não aguentaria mais um governo dirigido por uma pessoa inepta, sem compromisso com a realidade do país e sem força para enfrentar uma pressão insustentável de um partido que tinha uma preocupação de aparelhar o estado para colocar a serviço do seu projeto de poder. Geddel ministro da Secretaria de Governo de Temer, em entrevista ao diário baiano A Tarde, depois de consolidado o golpe.

Temer assina mudança na Lei dos Portos que beneficia a Rodrimar; Geddel com Aécio, depois de ter abandonado Dilma; Loures em cana; Geddel “contra a corrupção” no Farol da Barra; a mulher de Cunha, beneficiária de mais de R$ 500 mil de empresa portuária e a ex-mulher de Fábio Cleto, com medo de morrer

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Consta dos autos que, valendo-se do cargo de Vice-Presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, [Geddel Vieira Lima] agia internamente, em prévio e harmônico ajuste com Eduardo Cunha e outros, para beneficiar empresas com liberações de créditos dentro de sua área de alçada e fornecia informações privilegiadas […] para que, com isso, pudessem obter vantagens indevidas junto às empresas beneficiárias dos créditos liberados pela instituição financeira. Trecho da acusação contra Geddel na Operação Cui Bono.

“Se ele não resolver vou fuder ele no Michel. Que ele é boca de jacaré para receber e carneirinho para trabalhar”. Mensagens enviadas em 05.04.2012, de Lucky (o operador Lúcio Funaro) para Gordon Gekko (Fabio Cleto, pau mandado de Eduardo Cunha). Geddel estaria empatando pleito do empresário Henrique Constantino, herdeiro da Gol.

Na hora que eu vi aquilo fiquei muito assustada. Peguei o celular do Fábio e escrevi para o Lúcio. Eu falei: ‘Olha, aqui quem tá falando é a Adriana. Eu gostaria de te dizer que eu vou na polícia, vou agora na delegacia mostrar essa ameaça que você tá fazendo. Eu não tô entendendo, você tá fazendo uma ameaça de morte pra mim e para os meus filhos?” Adriana Balalai Cleto, ex-mulher de Fábio Cleto, hoje vivendo nos Estados Unidos, sobre mensagem de Funaro ameaçando matar Cleto quando ele falou em sair do esquema de Eduardo Cunha.

O principal motivo de eu estar nos Estados Unidos com os meus três filhos é que eu tenho pavor, pavor do Lúcio Funaro. Pavor! Eu tenho pavor de ficar no Brasil e ele matar um dos meus filhos ou de ele me matar. Eu tenho pavor. E eu não duvido que ele faça isso. Adriana Balalai, no mesmo depoimento.

O dinheiro do Eduardo Cunha tinha terminado e o Michel Temer sempre pedia para manter eles lá. O código era ‘tá dando alpiste pros passarinhos? Passarinhos estão tranquilos na gaiola?’ Tal. Começou com Geddel. Quando Geddel foi abatido no meio do caminho [pelo colega de ministério Marcelo Calero], o Joesley foi conversar com Michel Temer. Ricardo Saud, executivo da JBS, sobre ações de Geddel e Temer para evitar as delações de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro.

Que durante a tramitação da medida provisória dos portos enquanto Eduardo Cunha ainda era deputado teve intensa intervenção tanto do deputado quanto de Michel Temer para defender interesses de grupos privados aliados de ambos. Recente depoimento de Lúcio Funaro, numa espécie de pré-delação premiada. 

§ 1o Para dirimir litígios relativos aos débitos a que se refere o caput, poderá ser utilizada a arbitragem, nos termos da Lei no 9.307, de 23 de setembro de 1996. Emenda de Eduardo Cunha à Lei dos Portos que permitiu à Libra, concessionária de terminais no Porto de Santos, renovar sua concessão por 25 anos submetendo sua dívida com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários, estimada hoje em R$ 850 milhões, a arbitragem. A Libra doou R$ 1 milhão oficialmente a Temer em 2014 e comprou R$ 591 mil em serviços da empresa C3 Produções Artísticas, de Cláudia Cunha.

Temer: Aquela coisa dos setenta anos, lá pra todo mundo, parece que está acertado aquilo lá…. Loures: Não. Isso equacionou, isso equacionou. Aí tinha uma interpretação dos “pré-93” que ainda havia dúvida… Temer: Ah, bom. Essa daí que eu não sei. Eu não sei como é que ficou viu? Loures: É…Mas eu vou… Temer: Dá uma olhada com o Gustavo, com o pessoal lá. Conversa entre Michel Temer e o então deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), homem da mala, gravada com autorização da Justiça.

Realmente é uma exposição muito grande para o presidente se a gente colocar isso… já conseguiram coisas demais nesse decreto. Gustavo do Vale Rocha, subchefe para assuntos jurídicos da Casa Civil de Temer, em interceptação telefônica com Rocha Loures.

É isso aí, você é o pai da criança, entendeu? Rodrigo Mesquita, da empresa Rodrimar, concessionária de terminais no porto de Santos, a Rocha Loures — sobre os limites da concessão passarem de 25 para 35 anos, prorrogáveis até o limite de 70.

O presidente da República, Michel Temer, assinou, nesta quarta-feira (10), decreto presidencial com mudanças na regularização portuária do Brasil. Após a publicação da norma, as concessões e arrendamentos ficarão mais flexíveis, com menos burocracia e mais rapidez, permitindo novos investimentos no setor. Entre as principais mudanças estão a ampliação dos prazos contratuais e liberdade para a realização de prorrogações de contratos, simplificação de processos de autorizações e ampliações de terminais de uso privado. Nota do Planalto sobre o novo Marco Regulatório dos Portos, assinado em 10.05.2017

É que o grosso dos recursos obtidos pelo requerido [Marcelo de Azeredo, presidente da Companhia Docas] vinham de ‘caixinhas’ e ‘propinas’ recebidos em razão de seu posto como presidente da CODESP.

Como é sabido, a CODESP, Companhia Docas do Estado de São Paulo, responsável pela administração do Porto de Santos-SP, foi e está sendo paulatinamente privatizada.

Antes deste momento, o requerido, na qualidade de seu presidente, efetuou uma série de licitações para terceirização de alguns serviços, ou concessão de outros, ou concessão de uso de terminais para embarque/desembarque.

Estas “caixinhas” ou “propinas” eram negociadas com os vencedores das licitações ou com os concessionários e, repartida entre o requerido, seu “padrinho político”, o Deputado Federal Michel Temer, hoje Presidente da Câmara dos Deputados e um tal de Lima [coronel João Baptista Lima Filho, da reserva da Polícia Militar da Paraíba, aposentadoria de R$ 23 mil, hoje dono de 1.415 hectares de terra no interior de São Paulo].

[…]

De acordo com o relatório emitido em 08.08.1998 e “posição de negócios”, somente pela concessão dos terminais 34/35 do Porto de Santos para a empresa Libra, a participação do grupo engendrado pelo requerido, receberia 7,5% do total do negócio, um saldo de R$ 1.280.000,00, cabendo ao requerido (MA no relatório) a quantia de R$ 320 mil, a Lima (L no relatório) igual quantia e a Michel Temer (MT no relatório) R$ 640 mil reais.

Dividiam as “participações” em dois. 50% para Michel Temer e a outra metade dividida entre o requerido e Lima. Da empresa Rodrimar recebeu R$ 150 mil, sempre com a participação dos outros dois sócios, constando, ainda, uma doação para a campanha de Michel Temer de mais R$ 200 mil.

Da ação de reconhecimento e dissolução de união estável cumulada com partilha e pedido de alimentos, movida em 11 de agosto de 1999 pelos advogados Martinico e Sergio Livovschi em nome de Erika Santos contra Marcelo de Azeredo, a partir de informações que ela copiou do computador do ex-marido.

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