Marcio Santilli sobre o Código Florestal: Reacionário e predatório

Tempo de leitura: 6 min

Reacionário e predatório

Por Marcio Santilli

do site do Instituto Socioambiental

Venho resistindo há meses comentar declarações e posições assumidas pelo deputado Aldo Rebelo, companheiro de lutas nos tempos de ditadura e protagonista de uma longa e respeitável carreira política. Porém, sua condição de relator de proposta de alteração do Código Florestal brasileiro o expôs a equívocos graves e lamentáveis, capazes de desvirtuar a sua própria trajetória.

Para meu espanto, Aldo Rebelo sonegou qualquer elemento inovador à discussão sobre a lei de florestas, que são um ativo nacional da maior importância estratégica no presente e para o futuro, no contexto da crise climática e de escassez de recursos naturais que será uma forte marca deste século. O Código Florestal é a lei brasileira para florestas, não é lei agrícola e nem agrária, e o deputado apresentou uma proposta que confunde este fato básico e não reflete sobre a importância da própria floresta.

Floresta não é antinomia de “comida”, como parece crer o Aldo. Manter e recuperar ativos florestais é parte fundamental de qualquer estratégia econômica nacional que aponte para as economias do futuro. O Brasil é o maior detentor de florestas nativas do mundo, a despeito da sua condição de forte produtor e exportador de alimentos. A China já detém a maior área reflorestada do planeta, a despeito da sua gigantesca população e limitada extensão de terras agricultáveis. Julgar que a proteção e recuperação de florestas seja papo de gringo protecionista é dar um tremendo tiro no pé ao subestimar o cacife do Brasil no setor: biodiversidade, disponibilidade de água, estoques de carbono, serviços ambientais e climáticos, conhecimentos e culturas associados – inclusive muita comida, se for o caso.

Não que não haja gringos e nacionais dispostos a tudo em função de interesses econômicos específicos ou espúrios. E até “pesquisadores” gringos ridículos, dispostos a vender o peixe de direitos sobre estoques de carbono florestais alheios para produtores agrícolas gringos desavisados. O Aldo parece não perceber que, ao festejar o descobrimento de um estudo gringo ridículo como prova do “crime” dos que defendem as florestas brasileiras, atribui um papel menor – igualmente ridículo – à oportunidade que o destino lhe confere, como legislador, de pensar e formular o papel maior que as florestas podem e devem desempenhar numa estratégia brasileira de futuro.

É muito grave que o Aldo Rebelo se perfile, ideologicamente, aos chamados “céticos climáticos”, para colocar sob suspeita a ciência do clima, como se tudo que dela derive fosse integrante de uma conspiração protecionista. É um tapa na cara dos inúmeros pesquisadores brasileiros que integram o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) – Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas – da ONU, e de todos os nossos negociadores nos foros internacionais. O grau de mais de 95% de certeza científica sobre a origem antrópica da excessiva concentração de gases causadores do efeito estufa deveria ser considerado como um dado, e não como uma suspeita, por qualquer legislador atinente ao conhecimento contemporâneo.

Aldo Rebelo está brincando com fogo, literalmente, quando assina um parecer efetiva e assumidamente reacionário, subordinando a um delírio pseudonacionalista o trato da relação entre as florestas e o clima, ignorando a ciência contemporânea, sem perceber o quão importantes elas são e serão para os nossos filhos e netos, além dos filhos e netos dos outros. Ele não quer acreditar que elas tenham toda essa importância e, por isso mesmo, não consegue enxergar o papel positivo que elas podem jogar numa estratégia nacional. É como se fossem apenas obstáculos que impedem a produção de comida; e ponto final. Como se não se tratasse de uma lei de florestas, só de uma lei da anticomida que precisa ser enfraquecida.

Todos sabemos que há um passivo florestal histórico acumulado, que afeta parte da produção agrícola de várias regiões do país. E também que há perversidades da estrutura fundiária, assim como das políticas de ocupação do território, que induziram populações a constituírem os passivos acumulados. Mais do que isso, são notórios os fundamentos culturais que, historicamente, levaram nossos progenitores a ocuparem o território como ocuparam. Por exemplo, “limpar” uma área para plantar é uma expressão corriqueira. Além do papel que a terra pública barata, a ser “limpada”, exerceu desde a nossa formação econômica colonial.

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Então, a lei de florestas bem poderia avançar nos incentivos, no replanejamento da ocupação das terras ao longo do tempo, nos mecanismos de mitigação e compensação de danos florestais insanáveis, na orientação dos agentes públicos ambientais para desempenhar função mais pró-ativa na melhoria dos padrões socioambientais das várias formas de produção agropecuária e florestal. A própria lei prevê a recuperação de passivos em até 30 anos, o que estimula não apenas o replanejamento da propriedade, grande ou pequena, mas o redesenho de bacias e paisagens. A mesma lógica, de aproximar gradativamente as situações de fato dos parâmetros mínimos de política florestal definidos na lei, também poderia ser aplicado nas próprias cidades, reduzindo-se áreas de risco e aumentando a sua capacidade de resistir a eventos climáticos extremos.

Mas a nova lei proposta pelo deputado Aldo não quer pensar em floresta, apenas – e equivocadamente – na comida que vem da não-floresta. Quando chega ao extremo de reduzir à insignificância as áreas de matas ciliares, essenciais para a saúde dos cursos d’água, avança do parecer reacionário para um substitutivo predatório. A pretexto de “libertar” a pequena agricultura de qualquer responsabilidade florestal, acaba perenizando a precariedade de condições socioambientais em que a agricultura familiar foi implantada em algumas regiões, atentando de forma irresponsável contra a boa qualidade presente e futura das águas para os próprios agricultores e para toda a população, além de expô-los a sinistros climáticos.

Um bom olhar sobre os territórios concretos, inclusive aqueles em que predomina a agricultura familiar, pode perceber que os passivos existentes são menores e mais facilmente recuperáveis do que alegam os adversários da lei. Que muitos proprietários, pequenos e grandes, estão fazendo o replanejamento das suas propriedades, diversificando ou intensificando a sua produção e também recuperando passivos e agregando valores ambientais aos seus produtos. Que regiões inteiras estão migrando economicamente de uma pecuária extensiva original para outras formas de produção, inclusive florestal e até de turismo rural.

O que falta para adequar a agropecuária a parâmetros mínimos de qualidade socioambiental, em regiões com significativo passivo florestal acumulado, não é propriamente lei, embora uma estratégia nacional para as florestas, uma vez melhor definida, possa demandar revisões de dispositivos legais existentes e incorporação de novos. O que falta são instrumentos objetivos, políticas de incentivos acessíveis, planejamento territorial local, articulação entre os agentes públicos, assistência técnica apropriada, valorização dos produtos e culturas agrícolas regionais.

Até concordo que o Código Florestal poderia responder melhor a uma parte dessa demanda. Por exemplo, introduzindo parâmetros qualitativos, como o estímulo à conectividade entre reservas legais e áreas de proteção permanente, que possam flexibilizar os parâmetros quantitativos já definidos em lei com vantagens comparativas para uma boa estratégia de política florestal. Mas a preocupação central do deputado Aldo com a comida demandaria a reforma de outras leis agrícolas, agrárias, ademais das normas de regem programas setoriais de governo, sendo incabível debitar ao Código Florestal e – mais ainda – ao patrimônio florestal brasileiro, o ônus pela fragilidade histórica das políticas que acumularam os passivos existentes.

Porém, a peça produzida por Aldo Rebelo, e que ele pretende ver sacramentada rapidinho entre as quatro paredes de uma comissão especial, no apagar das luzes de uma legislatura sofrível, às vésperas de eleições gerais, parte de falsos pressupostos para chegar a um resultado lamentável. Ela é não é emendável. Ela é premeditadamente contrária ao patrimônio florestal, não responde a qualquer política florestal, não consulta a população da floresta, nem o setor produtivo da floresta, nem os que estudam a floresta, e sequer reconhece o inegável papel que a saúde florestal exerce para a saúde climática e para o bem-estar das populações.

Ainda assim, chamo-lhe a atenção para equívocos adicionais de formulação presentes na sua peça que parecem ir mais além das aberrações de mérito expressamente pretendidas pelo relator. Ao estabelecer a figura dos “módulos fiscais” como parâmetro de isenção para a manutenção de reservas legais, em vez de beneficiar pequenos proprietários rurais, como o relator manifesta ser a sua intenção, está, na verdade, subordinando as reservas legais a uma imensa barafunda cartorial, inviabilizando a aplicabilidade da lei e a gestão da questão pelos órgãos públicos em função das múltiplas situações de propriedades constituídas por uma pluralidade de títulos, parcelados e parceláveis, legitimamente ou através de manipulações cartoriais, e tudo o mais que o caótico arcabouço fundiário possa ainda propiciar.

Espero, ao menos, que as modificações que o relator se dispõe a realizar no seu substitutivo possam restabelecer um resquício de compromisso em evitar o caos. Não será fácil, pois o princípio da isenção com relação à responsabilidade florestal e com a saúde ambiental da propriedade ou da posse, assim como o da anistia ou mera “legalização” de passivos em massa, não ensejam um caminho fácil para evitar adicionais dissabores e responsabilidades por conseqüências que tenderão a se interpor para além das intenções.

E, ao mais, que ainda sofra alguma recaída de bom senso, ou ouça algum bom conselho de quem lhe possa aconselhar, e se disponha a rever o conjunto da obra. Que reponha o foco correto, principal, prioritário, sobre uma política florestal brasileira, que é a que corresponde, em primeiro lugar, à reforma do Código Florestal. Que se disponha a reabrir discussões centrais de mérito e a abrir mão de votações de afogadilho. Que considere correlações de forças que são nacionais, determinadas pela imensa maioria da população brasileira, inclusive agricultores, que desaprova o desmatamento, e não se deixe apequenar diante das correlações artificialmente produzidas nos estreitos limites de uma comissão especial ou de interesses corporativos específicos.

1º/07/2010

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Comentários

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silvio carneiro

quem não consegue manter uma simples arvore na sua calçada , não venha falar para um pequeno produtor rural que tem 1 alquerere de terra para plantar sua horta de subsistencia que o mesmo tem que ter 30 metros de app mais 20por cento de reserva legal!! quem não tem arvore em sua calçada não deve nem entrar para a discução!!! o código florestal tem que ter reajuste sim!!! propriedade de tamanhos diferentes, regras diferentes!!! sou filho de produtor rural e sei o que estou falando!! não sou um almofadinha metido a conservacionistas como muitos que ficam com seus lap tops disparando venenos !!! me chamem para um chat ou uma entrevista ou um debate que eu vou !! sou tec agricola, funcionario publico estadual, atualmente moro em um municipio do oeste paulista !!! e na minha calçada tem cinco arvores e na de voçeis?

Tim

Assitam "The age of stupid", fala sobre recursos naturais e temas afins. Para quem acredita nesses "estudos" que "vazam" ("vazou" ou "vazaram"?), deveria lembrar que a industria do tabaco começou assim, "vazando" estudos patrocinados pela própria industria do tabaco (fato não divulgado e escondido, claro. Descobriram décadas depois), que mostravam que fumar fazia, pasmém, bem à saúde, depois vieram propagandas de TV com médicos (pagos, claro, pela mesma industria) que recomendavam o cigarro como cura e tratamento de inúmeras doenças, e olha que nessa época cigarro não tinha nem filtro, enfim. Assistam esse documentário.
Essa "gente" que age assim (ganha um doce quem adivinhar quem é) criando "boatos" e "lendas", alienando as pessoas, trata o povo como gado, acha que o povo é burro e eles são uns gênios. É cada coisa mais sem pé nem cabeça que divulgam e "vazam", é incrível que alguém acredite nessas coisas.

Brazuca

Veja quem é Aldo: http://esquerdopata.blogspot.com/2010/07/aldo-reb…. projeto de Aldo faz o Brasil regredir drasticamente e por seu futuro em risco. Aldo, cínico, hipócrita e vendido, trabalha para a direita (tucanos?) e para os reacionários, "disfarçado", sempre foi assim. Lembremos por exemplo, o quanto esse homem lutou para que Lula e o PT jamais chegassem à presidência da república. Lembram que Aldo dizia, por exemplo, que o PT era financiado, pasmém, pela CIA? Ou dos absurdos que falava de Lula? Alguém ainda acredita em sua palavra?

Siqueira

Engraçado. Dizem que "meio ambiente não tem fronteira", mas não vemos essas mesmas ONGs brigando para ter um código florestal dentro das "fronteiras" dos EUA. Aqui temos um bom código florestal. Só precisa dar uma ajustadas. E é o que está sendo feito pelo relator. Seu eixo: manter a pressão sobre os grandes predatores e ajudar os pequenos e médios produtores a sobreviverem e produzirem de forma ambientalmente sustentável. Lá nas "fronteiras" dos EUA e de muitos países da Europa, não há nenhuma regra de proteção ambiental. Não há reserva legal, não há área de proteção permantente, não há nada, mas não se ouve uma ONG dessas "com muiro prestígio e milhares de filiados" falar nada sobre o assunto. Cadê os grandes protestos contra o maior desastre ambiental da história, no Golfo do México. Foi a BP Petroleum. Imaginem se fosse a Petrobrás. Já estariam fazendo protestos em Brasília…

    Realista

    Só defende o projeto de Aldo quem é desinformado, entendem o que digo?
    Dois exemplos: "Alemanha anuncia fundo para proteger as florestas": http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/tora….
    "Um respiro para as florestas": http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Um-r….
    O mundo inteiro está caminhando na mesma direção. Será que esse novo código florestal é um retrocesso para o país? Alguém ainda duvida?
    EUA e europa não investem em prroteção ambiental? Está certo, e o pinóquio, mora onde? É justamente o ccontrário meu querido, o mundo caminha na direção da preservação dos recursos ambientais e da natureza.

Dias

Esse projeto é um escárnio de tão tosco. Totalmente desprovido de embasamento científico. Esse deputado conseguiu mostrar sua incompetência de maneira nunca antes vista na política brasileira.

Fábio Coelho

Alguém tem o link do relatório? Estou fazendo minha monografia sobre esse assunto. Se for possível ajudar, eu agradeceria. Abraços

Fernando

Depois da tragédia em Alagoas ainda tem quem defenda o projeto do Aldo, lamentável.

EBRG

MÁRCIO SANTILI, o projeto do Cód. Florestal (é apena um projeto) em tramitação em uma comissão da Câmara, se não me engano deve ainda – a) ser discutido na comissão; quando for aprovada uma redação final nessa comissão, passar por trâmites de praxe; depois ir ao plenário – b) – normalmente iria ao Senado, onde tem oportunidades de ser emendado, modificado ou até rejeitado – c) se finalmente aprovado, ainda pode ser vetado total ou parcialmente, e voltar ao Congresso. Portanto, trata-se de um jogo no início. Eu também tenho grandes preocupações sobre o assunto. Já fui pequeno proprietário rural, e, além disso lidei por mais de 30 anos com assuntos vinculados a agricultura. Nascí e sempre vivi em regiões agricolas. Onde moro atualmente foi uma região coberta de florestas cuja espécie mais notavel era a Araucaria (pinho brasileiro), e a região foi povoada com os recursos da madeira sendo as florestas cortadas. Na época, fins do sec. XIX e até cerca de 1950, chamavam isso de progresso. Sobrou uma zona de péssimas pastagens, com baixíssimo rendimento para pecuária, o que entravou o desenvolvimento economico, até que a agricultura mecanizada e adubada proporcionou o surgimento da principal área de cultivo de soja- cultura essa que iniciada alí, espalhou-se pelo Brasil todo. Hoje as terras agricolas dessa região são muito valorizadas, a produtividade é grande e não cessa de crescer, inclusive com a introdução de novas culturas ou o aperfeiçoamento de culturas tradicionais, como o milho.
A terra está toda dividida em estabelecimentos de tamanho pequeno, e médio, principalmente. Mesmo proprietários de áreas consideradas grandes aquí, geralmente não tem essas áreas de forma continua. Está tudo medido, cercado, escriturado e matriculado nos Reg. de Imoveis, que são confiaveis. O Incra tem o controle cadastral em dia. Não há grilagens. Existe um controle razoavel sobre o corte de arvores nativas e exoticas. Eu poderia, com razoavel semelhança, fazer descrição de outras regiões próximas, onde a cultura predominante é a videira, ou cítricos de mesa, ou arroz, ou pecuária extensiva, ou cebola, ou gado leiteiro, ou policultura familiar. E ainda onde foram estabelecidas florestas de Eucalipto, Pinus, Acácia Negra.
Sinceramente, por mais preocupado que eu esteja com a preservação das florestas e biomas da Amazonia, do Cerrado, da Caatinga, dos Mangues, não penso que devam ser criadas normas gerais, que no legítimo e oportuno intento de proteger aquelas florestas, biomas e sistemas, venham aprejudicar as atividades histórica e legitimamente estabelecidas em vastíssimas regiões, de onde o pais tira todo o seu alimento e grande parte da sua riqueza e força. Leva-se cem anos para organizar uma economia e torná-la competitiva e ao mesmo tempo sustentavel ecologica, economica e socialmente. Não podemos, em uma penada, desorganizar tudo. Em primeiro lugar, uma lei impraticavel não seria obedecida, só iria enriquecer os advogados e dar trabalho aos tribunais, e desmoralizar as nossas insttuições.
Em segundo lugar não seria justo e desmoralizaria os seus autores.
Acredito, sinceramente, que é este o pensamento do Sr. Aldo. Em vez de partir para o impropério, acusando-o ora de "fascista e vendido à direita", ora de "comunista" coisas bastante incompativeis, melhor será atraí-lo para alinhar-se às discussões e aperfeiçoamentos ao projeto.
Será importante, digo mesmo essencial, que todos levem em conta a correlação de forças existente no Congresso e na Sociedade hoje, com as possiveis modificações decorrentes ds eleições de outubro. Nada será aprovado na base do voluntarismo. O relator é só o relator, o que ele faz tem de ser aprovado. Os ambientalistas devem aprentar propostas políticament viáveis. E conseguir a colaboração do relator e dos que estão com êle. De outro modo vão entregar jogo para o pior lado da bancada da terra e a UDR. Será isto que queremos?

@laudirseger

Quem aí dos comentaristas leu o relatório? Quem dos leitores leu o relatório? Quem leu, faz favor de dar 'dedinho pra baixo'.

Mais uma (a última): Quem de vocês sabe usar uma enxada ou ordenhar vacas como os agricultores aqui do oeste de Santa Catarina?

Siqueira

Obrigado Vera Palmer.
Eu tive condições de ler todo o relatório, inclusive com as audiências públicas, e gostaria de lembrar que a grande maioria dos ambientalistas sérios pariticiparam com boas análises e propostas. Quem ficou apenas reclamando e fazendo ataques ao relatório, tentando impedir as inadiáveis mudanças do código, foram – em sua maioria – as ONGs estrangeiras. É certo que alguns pseudo ambientalistas e um número pequeno de ONGs internas – muitas influenciadas pela "força($)" dos gringos – macaquearam por aqui as críticas ao deputado. Mas, não tenho dúvida que o retorno às discussões da comissão na próxima semana, vai colocar as coisas no seu devido lugar .

    Pitagoras

    O que essa gente quer é não mais molhar a mão dos fiscais, pois a lei jamais foi obedecida. É público e notório que fiscais ambientais (como de resto, os demais) recebem propinas para liberar os produtos dos crimes contra o meio ambiente. Se isto acontece no IBAMA, imagine naquelas caricaturas de órgãos ambientais estaduais e municipais. Todo esse aparato legal e institucional só serve de cabide de emprego para uma multidão de parasitas que além de ganharem da sociedade, não são só omissos, são coniventes com a corrupção e o crime e pro-ativos na destruição de nosso maior patrimônio.
    Quanto às "ONG's estrangeiras ou pressionados pelos gringos", orgulho-me de fazer parte de várias, nascidas aqui ou fora, não importa. Meio ambiente não tem fronteiras. Só a xenofobia cega e irracional não vê que este mundo é muito pequeno e único no cosmos para suportar a cósmica e ilimitada estupidez humana.
    Se formos criticar ONG's conceituadas, composta por milhares de filiados mundo afora, só pelo fato de terem nascido no exterior, porque não criticar também desde os fabricantes de papel higiênico (finlandeses) atá os de automóveis (todos estrangeiros), passando por exemplo pela "brasileira" e privatizafa (leia-se, doada) Vale do Rio Doce que extrai uma montanha de minério, deixa uma cratera gigantesca em seu lugar, elimina um habitat e seus seres vivos, além de muita poluição e manda tudo pros chineses beneficiarem e nos mandarem de volta, sendo que nessa empreitada não paga um p**o de um centavo de impostos, gerando poucos empregos para o volume investido com dinheiro do BNDES (leia-se, do povo) e agora deixando os dólares lá fora. À propósito, a Vale, bem como as outras siderúrgicas, são um dos garndes beneficiários dessa infâmia perpetrada pelo companheiro Rebelo.
    Tenha a santa paciência!

José Mendes

O Rabelo me decepcionou com esse Código Florestal. Só uma coisa: a direita irá adorar.

Código Florestal: reacionário e predatório « Substantivo Plural

[…] Por Marcio Santilli Do site do Instituto Socioambiental – No Vi o Mundo […]

Pitagoras

O que acontece com o pobre Código Florestal é o que acontece com todas as leis desse país que mexem com os interesses dos encastelados. Como sempre tem a possibilidade remota de vir a funcionar, incomoda àqueles e então…MUDE-SE a lei.
Insisto, em matéria de destruição ambiental não tem esquerda nem direita, tão de acordo

Luiz Augusto Barroso

Xiii ! O artigo é grande pra caramba. Vou responder. Sou comunista. Sou fã de Aldo. Sou filiado ao Greenpeace. Sou estudante de Direito. Mas deixo uma porta aberta: só conheço vacas por fotografias. Mas não se esqueça disso ! Há uma pequena diferença entre ordenhar a vaquinha e, apenas, vê-la.

Almeida Bispo

Completando o raciocínio anterior:

Já imaginou se o terrorismo ecológico pega naquela época? Não teria havido Ciclo do açúcar, nem do café, logo paulistas, hoje gerentes do maior parque industrial da América Latina, ainda estariam a viver pegando índio nas matas uma vez que o ouro praticamente esgotou depois de 1800. Teríamos voltado a ser índios.
Não destruir por destruir, tudo bem. Forçar a redução da criação extensiva de gado por cima de matas virgens… tudo bem! “Tudo que move é sagrado”, tão bem canta o Milton Nascimento. Agora querer voltar aos tempos pré-cabralinos, paciência, né, gente?

As referências históricas citadas estão respectivamente nos volumes 32, p.568 e 04, p.90 dos Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Citações entre colchetes são minhas.

Almeida Bispo

“Os estragos que tem cauzado os intitulados roceiros de Nazareth tem sido tão rápidos, que extendendo-se em menos de seis annos pelo espaço de 12 legoas, se achão actualmente occupando as cabeceiras do Rio Jequiriçá, onde desprezando-se os avisos, advertências e notificações judiciaes, tem reduzido a cinzas, mattas tão preciosas e tão antigos como o mundo, e fazendo huma perda qual não calculo que a possa computar. (…)”
REPRESENTAÇÃO do Ouvidor da Comarca de Ilhéos Francisco Nunes da Costa, dirigida á Rainha, sobre a devastação que estavam sofrendo as mattas virgens e que representava a perda de uma riqueza incalculável. Cairú, 20 de janeiro de 1785.
Mais…
Tem muito mais antiga ainda:
Carta aos Officiaes da Camera (da Bahia) acerca de haverem de moer os eng.os [engenhos] cõ menos lenha. De 17 de março [1655].

antonio rodrigues

Esse é um dos maiores golpes contra o futuro do Brasil.
Não me espanta quem o tenha tramado. Esses "comunistas" estão tirando suas mascaras. Este aliado a direita mais retrograda, os ruralistas. O outro organizando o palanque do Serra..Não foi por nada que a URSS acabou como acabou.
Com tanto pobre morrendo afogado em enchentes, perdendo seus bens, pequenos agricultores do sul e do norte em crise devido a secas e inundações, esse deputado medíocre, stalinista e atrasado ainda tem a coragem de propor a "flexibilização" de leis, que ao contrario, deveriam ser mais severas.
É a contramão mão total daquilo que a realidade pede e mostra.
O que acontecera em futuro próximo ?
Um pequeno grupo de ruralistas explorara a terra da maneira mais predatória. Ganharão muito dinheiro e o investirão em propriedades em Miami ou Paris. Sobrara grandes áreas desérticas. Ao contrario do que afirmam, os pequenos produtores terão muito mais dificuldades para trabalhar a terra com a alteração do calendário de chuvas, com mais secas e enchentes. Veremos desastres muito mais trágicos do que os que estamos assistindo, matando e destruindo cidades. E os responsáveis não pagarão por essa insanidade politica. A conta ficara creditada as intempéries da natureza.

Uélintom

Caro Márcio, conhece a expressão "deitar pérola aos porcos"? Não perca seu tempo com Rebelo. Ele sabe exatamente onde está pisando. Não é um desavisado. Acontece que ele "se encontrou como pessoa", está feliz assim. As idéias que dispõem os humanos cada um em seu lugar de acordo com sua origem racial (o que pensa sobre os índios, por exemplo), e as idéias de que a máquina do desenvolvimento econômico está em marcha inexorável rumo à supremacia da nação (misto de liberalismo e nacional-socialismo) são a nova fonte de inspiração de Rebelo. Paciência. Só nos resta combatê-lo.

Siqueira

Não encontrei nenhum argumento convincente em suas críticas ao relatório do deputado Aldo Rebelo. As propostas dele, ao meu ver, garantem a proteção ambiental ao mesmo tempo em que estimulam uma produção agrícola respónsável e ambientalmente sustentável. Não vejo como discutir regras de proteção ambiental e legislação florestal sem relacionar esse assunto com a produção agrícola do país. A recomposição das áreas de reserva legal dos pequenos no sul e sudeste representaria um desastre econômico. Ou isso não interessa? Vamos obrigá-las a transformar em reservas 3,7 milhões de hectares de áreas produtivas? As propostas do relatório mantém todas as exigências para as grandes propriedades. Afinal, é a ganância capitalista que destruiu e segue destriindo o planeta. Os pequenos produtores é que estão sendo inviabilizados economicamente no Brasil. Se isso não interessa na discussão do Código Florestal, sinceramente, eu não sei o que interessa.

    Vera Palmer

    Concordo plenamente com Siqueira. Não poderia concordar mais. Afinal — nesse blog, como no resto da imprensa brasileira — uma voz de quem sabe do que fala.
    Não há coisa mais fácil do que ouvir esses presidentes de ONGs, a recitar essa infinidade de lugares comuns. Bem feitas as contas, não se aproveita nem 1/3 de linha do que escreve esse senhor Santilli, da ONG dita "socioambiental".

    ONGs são empresas, de um tipo que vive de DECLARAR que não são estatais e que acham que, se o mundo fosse governado por ONGs seria um paraíso.

    O projeto do deputado é projeto PARA ESTADO DEMOCRÁTICO que precisa desenvolver-se e PRECISA salvar os pequenos produtores. NÃO VER ISSO, isso, sim, é típico de ONGs metidas a besta. Quem trabalha dia e noite para destruir o planeta é "a ganância das empresas capitalistas". As ONGs fazem a parte de inventar dicursos metidos a 'éticos', a 'sócio-' e a 'ambientais'. Estou com o deputado e com o Siqueira.

    @laudirseger

    E eu contigo.

Zé Cabudo

Um grupo que apóia categoricamente essa reforma é o da Bandeirantes. Todos os editoriais que já vi o Joelmir Beting ou o narrador da BandNews proclamarem são partidários, ultradireitistas (deixam a Globo no chinelo) e francamente ruralistas.
Para essas pessoas e empresas, florestas são consideradas o verdadeiro estorvo da produção agrícola. Um dia vão fazer piadas de brasileiros como hoje fazemos piadas de portugueses.

Fernando

Infelizmente o Aldo Rebelo é mais um ex-esquerdista que virou de ultra-direita.

carmen paiva

Uma avaliação perfeita do que se tornou o trabalho do deputado Aldo Rebelo a frente da comissão para discutir a mudança do código florestal.Eu como produtora rural posso afirmar que sou completamente contrária às propostas do deputado para a mudança do código elas não coadunam com o momento que nos encontramos quer seja diante dos desafios ambientais que aí estão,quer seja das possibilidades que a pesquisa nos apresenta para adequarmos a produção com proteção e preservação ambiental e ainda os avanços que estamos conquistando no que diz respeito a planejar o uso do solo no campo.Será sem dúvida um retrocesso se algo semelhante for aprovado no congresso nacional.

    Vera Palmer

    Muito bom, Carmen Paiva!

    Agora, com sua intervenção, espero que os 'sócios' 'ambientais' aí, dessas ONGs privatistas, neoliberais, metidas a 'éticas', vejam, claramente, onde amarraram o seu (deles e da Carmen Paiva, produtora rural) burro.

    Outros que, nessa discussão, tenham saído tão lépidos, para atacar o projeto do deputado Rebelo (aposto que NUNCA LERAM o projeto!), podem unir-se, aí, à Carmen Paiva! Que camarilha, sô! ACORDA, Brasil!

    Gilberto

    Acorda Vera

    Dias

    Acorda Gilberto

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