🎼🎶🎵 Bella Ciao, versão palestina:
🇵🇸🇮🇹 Bella Ciao é uma canção revolucionária incorporada ao folclore italiano, que resistiu ao fascismo e à injustiça durante a Segunda Guerra Mundial. Durante a guerra, formou um slogan nacional de luta e mais tarde tornou-se a canção de… pic.twitter.com/FLpfweMJEV
— Sou Palestina🇵🇸🇮🇷🇪🇭 (@soupalestina) December 26, 2023
Da Redação
A música ‘Bella Ciao’ tornou-se o hino da liberdade e da resistência italiana contra o fascismo de Benito Mussolini e as tropas nazistas de Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial.
Tanto que, em 25 de abril de 2023, quando se celebrou o 78º aniversário da libertação da Itália do fascismo, ela foi contada em diversas cidades do país.
Comentários
Zé Maria
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“Orgulho!
Desce os olhos dos céus sobre ti mesmo;
e vê como os nomes mais poderosos
vão se refugiar n’uma canção.”
George Gordon Byron
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O PHANTASMA E A CANÇÃO
—-Quem bate? — A noite é sombria!
—Quem bate? — É rijo o tufão!…
Não ouvis? a ventania
Ladra a lua como um cão.
—Quem bate? — 0 nome qu’importa?
Chamo-me dor… abre a porta!
Chamo-me frio… abre o lar!
Dá-me pão… chamo-me fome!
Necessidade é o meu nome!
— Mendigo! podes passar!
— Mulher, se eu fallar, promettes
A porta abrir-me? —Talvez.
— Olha… Nas cans d’este velho
Verás fanados laureis.
Ha no meu craneo enrugado
O fundo sulco traçado
Pel-a c’roa imperial.
Foragido, errante espectro,
Meu cajado – já foi sceptro!
Meus trapos – manto real!
— Senhor, minha casa é pobre…
Ide bater a um solar!
— De lá venho… O Rei-phantasma
Baniram do próprio lar.
Nas largas escadarias,
Nas vetustas galerias,
Os pagens e as cortezans
Cantavam!… Reinava a orgia!…
Festa! Festa! E ninguém via
O Rei coberto de cans!
— Phantasma! Aos grandes, que tombam,
É palácio o mausoléu!
— Silencio! De longe eu venho…
Também meu túmulo morreu.
O see’lo – traça que medra
Nos livros feitos de pedra –
Róe o mármore, cruel.
O tempo – Attila terrível
Quebra co’a pata invisível
Sarcophago e capitel.
— Desgraça então para o espectro,
Quer seja Homero ou Solon,
Se, medindo a treva immensa,
Vai bater ao Pantheon…
O motim – Nero profano –
No ventre da cova insano
Mergulha os dedos cruéis.
Da guerra nos paroxismos
Se abysmam mesmo os abysmos
E o morto morre outra vez!
— Então, nas sombras infindas,
S’esbarram em confusão
Os phantasmas sem abrigo
Nem no espaço, nem no chão…
As almas angustiadas,
Como águias desaninhadas,
Gemendo voam no ar.
E enchem de vagos lamentos
As vagas negras dos ventos,
Os ventos do negro mar!
— Bati a todas as portas
Nem uma só me acolheu!…
—Entra! – Uma voz argentina
Dentro do lar respondeu:
— Entra, pois! Sombra exilada,
Entra! O verso – é uma pousada
Aos reis que perdidos vão.
A estrophe – é a purpura extrema,
Ultimo throno – é o poema!
Ultimo asylo – a Canção!…
Bahia 13 de Dezembro 1869.
Antônio Frederico de Castro Alves
https://digital.bbm.usp.br/bitstream/bbm/4929/1/000429_COMPLETO.pdf
Zé Maria
https://digital.bbm.usp.br/bitstream/bbm/4929/1/000429_COMPLETO.pdf
Zé Maria
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Os Sionistas Assassinos
cantam “Bala, Tchau!”.
E riem de Sádico Prazer…
Mas sempre haverá
um Poeta Fantasma
com Poemas de Amor
e uma Canção Desesperada
para nos aliviar a Dor;
E uma Sombra Exilada
que faz Consoladora Pousada
de um Verso Redentor.
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Negras mulheres suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães.
Outras, moças… mas nuas, espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas
Em ânsia e mágoa vãs.
E ri-se a orquestra irônica, estridente…
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais…
Se o velho arqueja… se no chão estala
Ouvem-se gritos… o chicote estala.
E voam mais e mais…
Presa nos elos de uma só cadeia
A multidão faminta cambaleia
E chora e dança ali…
Um de raiva delira, outro enlouquece…
Outro que de martírios embrutece,
Cantando geme e ri…
No entanto o capitão manda a manobra…
E após, fitando o céu que se desdobra
Tão puro sobre o mar,
Diz, do fumo entre os densos nevoeiros:
“Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar”.
E ri-se a orquestra irônica, estridente…
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais!…
Qual num sonho dantesco as sombras voam…
Gritos, ais, maldições, preces ressoam
E ri-se Satanás!…
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura… se é verdade
Tanto horror perante os céus…
O’ mar! por que não apagas
Coa esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?…
Astros! noite!! tempestades?
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!
Quem são esses desgraçados,
Que não encontram em vós,
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?…
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala,
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa…
Dize-o tu, severa musa!
Musa libérrima, audaz!
São os filhos do deserto
Onde a terra esposa luz,
Onde voa em campo aberto
A tribo dos homens nus…
São os guerreiros ousados,
Que com os tigres mosqueados,
Combatem na solidão…
Homens simples, fortes, bravos…
Hoje míseros escravos
Sem luz, sem ar, sem razão…
São mulheres desgraçadas…
Como Agar o foi também,
Que sedentas, alquebradas,
De longe… bem longe vêm.
Trazendo com tíbios passos
Filhos e algemas nos braços,
N’alma — lágrimas e fel.
Como Agar sofrendo tanto
Que nem o leite do pranto
Têm que dar para Ismael…
Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram — crianças lindas,
Viveram — moças gentis…
Passa um dia a caravana
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus…
…Adeus ! ó choça do monte!…
Adeus! palmeiras da fonte!…
Adeus! amores… adeus!…
Depois o areal extenso…
Depois o oceano de pó…
Depois… no horizonte imenso
Desertos… desertos só…
E a fome, o cansaço, a sede…
Ai! quanto infeliz que cede
E cair pra não mais s’erguer!…
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer…
Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormindo à toa
Sob a tenda da amplidão…
Hoje o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar…
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar…
Ontem plena liberdade!…
A vontade por poder…
Hoje… cúm’lo de maldade!
Nem são livres pra morrer!…
Prende-os a mesma corrente
—Férrea, lúgubre serpente—
Nas roscas da escravidão…
E assim roubados à morte
Dança a lúgubre coorte,
Ao som do açoute… Irrisão!…
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós. Senhor Deus!
Se eu deliro… ou se é verdade
Tanto horror perante os céus!
Ó mar! por que não apagas
Coa esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?…
Astros! noite! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!
CASTRO ALVES
(Navio Negreiro,
Excertos IV e V)
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/7643673/mod_resource/content/1/Onavionegreiro.pdf
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