Régis Barros: Zé Gotinha desfilar com a camisa do SUS no 7 de Setembro em Brasília é cívico e nos faz bem
Tempo de leitura: 2 minSobre o 7 de Setembro
Por Régis Barros*
Recordo-me dele como se fosse ontem.
Quando criança, pelo fato de o meu pai ser praça da Polícia Militar do Ceará, eu acabava indo a quase todos desfiles cívicos do 7 de Setembro.
Embora nesses eventos percebesse algumas coisas e manifestações legais, eu confesso que nunca fui muito fã.
O sol a pino em Fortaleza e a multidão não me trazem boas recordações.
No entanto, uma coisa interessante chamava a minha atenção – era uma festa de todos.
Aqueles que desejam ir simplesmente estavam lá por desejo cívico e festivo.
Não havia palanque para vociferar ódio, para atacar as instituições de estado ou para embustes fétidos, tipo “imbroxável”.
Em função do que disse acima, o desfile nunca foi algo que me estimulou a sair de casa.
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Mas, nos últimos 4 anos, tamanho foi o roubo cretino dos nossos símbolos nacionais que eu criei até ojeriza a esse dia.
Hoje, eu me surpreendi positivamente em ver o Zé Gotinha, com a camisa do SUS, desfilando no caminhão dos bombeiros do DF. Isso é cívico. Isso é civilizado.
A representação do Zé Gotinha e a valorização do SUS representam uma independência.
Ficar independente do negacionismo escroto faz bem.
Ficar independente do ataque constante e inescrupuloso à democracia é capaz de oxigenar.
Sem querer desmerecer qualquer força militar do país, nesse desfile do 7 de Setembro, pude ver representações concretas e simbólicas de heróis:
- o Zé Gotinha, representando as vacinas;
- o SUS, representando o nosso sistema de saúde universal e gratuito e os nossos profissionais de saúde.
E juntos, SUS-Zé Gotinha-profissionais de saúde, diante do negacionismo governamental sem precedentes que nos devastou, foram os nossos heróis na pandemia de covid-19.
Ter a pátria livre e ficar longe do temor servil significa abraçar a democracia e valorizar o que precisa ser valorizado.
*Régis Barros é médico psiquiatra. Mestre e doutor em Saúde Mental pela Faculdade de Medicina da Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP).
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