PT denuncia pedido de exoneração de Sérgio Moro como “artimanha política”
Tempo de leitura: 2 minPT entra com ação no CNJ para anular exoneração de Sérgio Moro
Na petição, petistas argumentam que desligamento do juiz não poderia ter sido acatado porque tramitam processos administrativos disciplinares contra ele
O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), juntamente com os colegas de bancada Paulo Teixeira (PT-SP) e Wadih Damous (PT-RJ), protocolou junto ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) uma ação com pedido de medida cautelar para anular a exoneração do juiz Sérgio Moro.
O pedido de demissão de Moro foi apresentado nesta sexta-feira (16) e deferido de forma imediata pelo desembargador Thompson Flores, presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, corte à qual está vinculada a 13ª Vara Federal de Curitiba, onde o futuro ministro da Justiça é lotado.
Na petição, os petistas argumentam que o pedido de exoneração não poderia ter sido acatado porque tramitam processos administrativos disciplinares contra Moro no CNJ.
O argumento está baseado no artigo 27 da resolução 135/2011 do próprio CNJ, que impede o afastamento voluntário de um juiz processado por razões disciplinares.
A resolução diz que um juiz que possui pendências disciplinares não pode afastar-se do exercício do cargo até que “a conclusão do processo ou do cumprimento da penalidade”.
“Sérgio Moro cometeu uma série de crimes na sua perseguição política contra o ex-presidente Lula e o PT. Por isso ele responde a diversos processos disciplinares junto ao Conselho Nacional de Justiça, que tem o dever de concluir o julgamento de todas as reclamações. Sérgio Moro não pode estar acima da lei, embora ele tenha sempre agido desta forma durante o seu trabalho à frente da Lava Jato”, afirma Paulo Pimenta.
O texto da ação diz que a “parcialidade do juiz Sérgio Fernando Moro é gritante” e lembra que o magistrado “não agiu nos processos judiciais sob sua esfera de competência com a necessária ponderação e observância dos postulados da razoabilidade, imparcialidade, proporcionalidade e, principalmente, da legalidade que devem caracterizar as ações de magistrado”.
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Dessa conduta resultaram “falhas funcionais, administrativas e disciplinares agora investigadas por esse Conselho Nacional de Justiça”, aponta a peça.
O pedido de exoneração de Moro, após ter entrado de férias, segundo os deputados, é uma “verdadeira artimanha jurídica” e uma tentativa do juiz de “evadir-se das investigações promovidas” pelo CNJ.
A ação também pede que seja realizada uma oitiva do desembargador Thompson Flores para prestar esclarecimentos sobre o deferimento do pedido de Sérgio Moro para exoneração do posto de juiz.
No documento assinado pelos parlamentares são listados vários fatos que apontam a parcialidade de Moro e que geraram reclamações junto ao CNJ contra o seu trabalho.
O vazamento para a imprensa da delação premiada de Antonio Palocci; a divulgação da conversa gravada entre a então presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula; a aceitação do convite para se tornar ministro da Justiça do presidente eleito Jair Bolsonaro, diante da revelação que o convite fora feito ainda durante a campanha eleitora; e a interferência indevida de Moro para impedir o cumprimento de um habeas corpus que determinava a soltura de Lula, em julho passado.
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Comentários
Zé Maria
Ministréco vai transpor a Ditadura de Curitiba para Brasília.
https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/11/sergio-moro-confirma-mauricio-valeixo-como-novo-diretor-geral-da-policia-federal.shtml
Zé Maria
“Batom na cueca”, diz Dilma sobre Sergio Moro virar ministro após prisão de Lula
https://twitter.com/luisnassif/status/1064559402890481665
https://jornalggn.com.br/noticia/batom-na-cueca-diz-dilma-sobre-sergio-moro-virar-ministro-apos-prisao-de-lula
.
Moro Fora-da-Lei
@DeputadoFederal Paulo Pimenta fala sobre a manobra de Sérgio Moro para fugir das acusações que responde no Conselho Nacional de Justiça(CNJ):
https://twitter.com/i/videos/1064559661989400582
https://twitter.com/DeputadoFederal/status/1064559661989400582
“Periculum in ‘Moro’!”
É a lei ou não é?
Eis a questão!
Pedro Serrano e eu escrevemos um texto (https://t.co/f3PCk5eNEp) denunciando que o juiz Sergio Moro, ao fazer a transição de governo junto com Bolsonaro, aceitar o cargo e montar seu gabinete, infringiu a Constituição, a Loman e o Código de Ética dos juízes.
Dias depois, o CNJ abriu procedimento contra Moro, face à representação (ou mais de uma) que lá ingressou.
Ou seja, nossa denuncia tinha fumus boni juris…
Para lembrar: em entrevista, Moro já havia dito por que optara por não se exonerar antes de assumir o Ministério da Justiça (razões de salário, segurança e proteção da família).
Porém, face ao procedimento aberto pelo CNJ, Moro teve que mudar os planos.
No dia 15, Moro pediu exoneração, contada a partir de 19 de novembro.
Três deputados ingressaram com pedido de cautelar (https://t.co/cos13OvVlP), para impedi-lo de se exonerar antes de resolver esta e outras pendências administrativas que contra ele tramitam.
A cautelar procede.
Se Moro pode se exonerar depois do cometimento da própria infração que causou o último procedimento, abrirá um perigoso precedente, além de tornar inócua a proibição de os juízes exercerem atividade política…
É a lei levando o drible da vaca.
O certo é que, aberto um procedimento para apurar esse imbróglio – há outros, como sabemos –, Moro pediu exoneração.
Não teria o pedido o objetivo de tornar prejudicado um eventual PAD [Processo Administrativo Disciplinar] (que, por consequência, impediria a exoneração)?
Por isso, não há outro caminho a não ser o CNJ conceder a cautelar para sustar a exoneração.
Há evidente periculum in mora, porque, exonerado, não há como o Estado buscar apurar uma infração cometida por um servidor.
Não há solução diferente ou intermediária.
Por Lenio Luiz Streck, jurista,
Professor de Direito Constitucional
íntegra em:
https://www.conjur.com.br/2018-nov-19/lenio-streck-periculum-in-moro-lei-ou-nao-eis-questao
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