“Lamento” de Bolsonaro sobre decisão de Cuba é hipocrisia; em 2013, tentou derrubar o Mais Médicos
Tempo de leitura: 2 minBolsonaro sempre foi contra Mais Médicos e tentou impedir sua criação
Em 2013, ano de criação do programa, o então deputado entrou com ação para suspender atendimento aos que mais precisam; Cuba anunciou saída do programa
Embora tente transferir a responsabilidade sobre a saída dos profissionais cubanos do Mais Médicos, anunciada na quarta-feira (14), ao governo de Havana, o presidente eleito Jair Bolsonaro sempre foi contra o programa que atende cerca de 63 milhões de brasileiros, sobretudo das regiões mais carentes do país.
Ainda que tente convencer o povo de que “lamenta” a saída dos cubanos e que “apenas” exigiu revalidação técnica, o capitão da reserva tenta acabar com o programa desde a sua criação em 2013, quando ainda era deputado pelo PP-RJ.
Na época, o parlamentar protocolou ação no Supremo Tribunal Federal (STF) na tentativa de suspender a medida provisória (MP) editada pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) que criou o programa Mais Médicos.
Uma das justificativas do radical naquele ano era de que os cubanos teriam de se submeter ao Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeira, conhecido como Revalida.
No entanto, as próprias declarações de Bolsonaro deixam claro que a sua intenção real sempre foi ideológica.
Em agosto deste ano, por exemplo, ele havia prometido expulsar os caribenhos do Brasil.
“Vamos botar um ponto final do Foro de São Paulo. Vamos expulsar, com o Revalida, os cubanos do Brasil”, declarou.
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Prometeu e cumpriu.
Agora terá de arcar com o peso de evitar que cerca de 24 milhões de brasileiros e brasileiras fiquem sem assistência de saúde com a saída de Cuba – o país respondia por 45% dos profissionais que atendiam ao programa, algo em torno de 8500 médicos.
A decisão de Havana de repatriar seus profissionais é mais uma consequência grave das declarações preconceituosas e irresponsáveis do presidente eleito.
Em nota o governo cubano disse que a saída foi motivada pelas “referências diretas, depreciativas e ameaçadoras” feitas por Bolsonaro à presença no Brasil dos médicos do país caribenho.
Nos rincões do país
O programa Mais Médicos tem 18.240 profissionais espalhados por 4.058 municípios, cerca de 73% do total de cidades brasileiras.
Uma de suas marcas é levar médicos em regiões que a maioria dos brasileiros da área se recusa a atender – para se ter ideia, mais de 700 cidades tiveram um médico pela primeira vez a partir do programa.
O Mais Médicos tem aprovação recorde: 95% dos usuários consideravam o programa bom ou muito bom em 2016.
Mais de 80% disseram que a qualidade do atendimento do SUS melhorou após a chegada dos cubanos, considerados ”mais atenciosos” pelos pacientes.
Leia também:
Como Bolsonaro mente e manipula ao falar sobre salário de médicos cubanos
Comentários
Jardel
A difamação e a dignidade
A difamação
Difamação 1ª – Um dos motivos alegados pelo beócio presidente eleito, para condicionar a permanência dos 8.500 médicos cubanos no Programa Mais Médicos, foi a injustificada suspeita de não serem devidamente habilitados para a função. Exige um exame de revalidação. Ou seja: reexaminar aquilo que já foi examinado. Ele não sebe que Cuba é referência em medicina e seus médicos atuam em dezenas de países através de um programa de cooperação. Ele sabe, mas finge que não sabe que esses médicos já estão atuando a cinco anos no Brasil, já atenderam mais de 63 milhões de brasileiros e, pasmem, não há registros de erro médico ou negligência por parte desses médicos.
Longe disso, são muito queridos e respeitados pelos seus pacientes.
Difamação 2ª – O beócio presidente eleito e seus seguidores alegam que os médicos cubanos são explorados porque recebem aqui no Brasil apenas 30% do seu salário e os outros 70% vão para Cuba. “Se esquecem” de dizer que o país (Cuba) destina ¼ do total do salário às famílias desses médicos. Ou seja, os médicos recebem 30% do salário aqui no Brasil e suas famílias em Cuba recebem ¼. O Restante é do erário cubano que banca o ensino gratuito a todos os cubanos desde o fundamental até o superior. Absolutamente todos os médicos cubanos se formaram através do ensino gratuito.
Aqui no Brasil, que tende a se tornar um país de extrema direita, portanto, um regime de capitalismo selvagem, você não se forma em medicina por menos de 500 mil reais.
Difamação 3ª – O beócio presidente eleito alega que o único motivo de Cuba enviar esses médicos ao Brasil é o interesse nos valores recebidos por aquele país.
A dignidade
Fosse verdade essa alegação, Cuba não teria rompido com o Programa Mais Médicos.
Teria esperado ao máximo o beócio presidente revogar oficialmente o contrato feito com a OPAS e receberia por no mínimo mais uns 8 meses o referido pagamento.
O digno país, que é referência mundial em Medicina, provou que não são movidos a dinheiro e que eles têm muita, mas muita dignidade.
Chupa, Bostonauro!
Zé Maria
Chile, outra vítima da Guerra da Quarta Geração
A denominada “Guerra de Quarta Geração” foi instalada.
Um conceito cunhado nos Estados Unidos pelo próprio Pentágono na última década do século passado para diferenciar guerras convencionais com métodos modernos.
Surge no contexto da guerra contra o terrorismo e amplia táticas conhecidas de inteligência e alta tecnologia, como propaganda, tecnologia da informação, infiltração através de comunicações de massa, sistemas políticos, instituições estatais e redes sociais.
Poderíamos adicionar mais áreas e tarefas, mas esta introdução é suficiente para entender o que estamos falando.
Porque nós sofremos isso…
As redes sociais são habitadas por indivíduos isolados, por seres anônimos e sua principal alimentação é a informação gerada pela mídia hegemônica.
O muito citado filósofo coreano da Universidade de Berlim, Byung-Chul-Han, fala do homem digital como uma concentração sem congregação, uma multidão sem interioridade, sem alma ou espírito. Seres isolados que replicam e reproduzem o discurso dominante e são incapazes, apesar de sua indignação, de gerar energias políticas. As multidões enfurecidas das redes sociais estão fragmentadas, falta-lhes um nós, de uma ação comum. Tão rapidamente quanto emergem, eles se desarmam.
Sem uma mudança na estrutura da mídia e sua enorme capacidade de moldar a agenda e a opinião pública, esta fase da Guerra da Quarta Geração avança para a consolidação do totalitarismo neoliberal e suas expressões, ou armas, políticas.
Por Paul Walder, jornalista e escritor chileno, via Carta Maior
https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Pelo-Mundo/Chile-otra-victima-de-la-Guerra-de-Cuarta-Generacion/6/42435
Em: http://estrategia.la/2018/11/15/chile-otra-victima-de-la-guerra-de-cuarta-generacion/
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