Dilma: Bolsonaro colocou seus preconceitos contra os médicos cubanos à frente da saúde de milhões de brasileiros
Tempo de leitura: 4 minPolítica externa de saúde feita por twitter ameaça extinguir o Programa Mais Médicos
Ação estabanada e arrogante do presidente eleito obriga Cuba a retirar médicos do Brasil e pode deixar milhões sem atenção básica de saúde
O fim do Convênio entre o governo de Cuba e a Organização Panamericana de Saúde (OPAS), sob o qual era garantida a participação dos médicos cubanos no Programa Mais Médicos, deve-se a declarações intempestivas do presidente eleito Jair Bolsonaro, que ignora a dimensão diplomática que cerca a relação entre países.
Em especial, ofende a exigência de respeito aos convênios legalmente firmados, bem como à civilidade necessária aos acordos de cooperação entre nações.
O Convênio que está sendo extinto trata da cooperação tripartite – entre Brasil, OPAS e Cuba – na qual a OPAS garante ao Brasil, nos termos e nas condições previamente negociadas com Cuba, médicos com o objetivo de melhorar a cobertura da atenção básica de saúde à população brasileira.
Para nossa gente mais humilde, a extinção do programa será uma perda irreparável a curto e médio prazos.
Criado durante o meu governo, ofereceu até 2016 atendimento médico a 63 milhões de brasileiros e brasileiras, muitos dos quais jamais haviam tido acesso a um profissional de saúde.
Na verdade, 700 munícipios do país não tinham um médico sequer para atender à população local.
As consequências do rompimento estabanado dos termos do convênio, em reiteradas manifestações pelo twitter do futuro presidente do País, são gravíssimas.
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Dezenas de milhões de brasileiros deverão ficar sem os cuidados básicos na área de saúde, em todo o território nacional.
A decisão do presidente eleito foi unilateral e desrespeitosa, ao criticar por twitter os termos do convênio assinado no meu governo, e renovado, sem modificações, até pelo governo Temer.
Dispensaram, por absoluta soberba, as posturas diplomáticas requeridas na relação entre países.
O grave é, portanto, que tudo isso ocorreu sem consulta aos signatários do acordo – a OPAS e o ministério da Saúde de Cuba.
As manifestações levianas e autoritárias podem mesmo afastar também médicos de outros países que participam minoritariamente do Programa Mais Médicos.
Numa agressiva demonstração de indiferença às cláusulas estabelecidas sob a supervisão da OPAS, o presidente eleito anunciou que vai impor aos participantes estrangeiros do Mais Médicos contratos individuais, realização de exames de teste de conhecimento e validação de diplomas, pagamento direto, desconsiderando a garantia de salário integral dada aos médicos pelo governo cubano.
Parecia desconhecer que, pelo convênio, a OPAS, instituição supranacional, contratava os médicos coletivamente junto ao ministério cubano e garantia sua qualificação junto ao Ministério de Saúde de Cuba.
Sem dúvida, a exigência de submeter os médicos estrangeiros a um exame no Brasil só poderia ser vista como um gesto depreciativo, xenófobo e arrogante, cometido contra os profissionais de saúde de países estrangeiros.
Mesmo porque o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação supervisionavam o trabalho de todos os médicos e faziam avaliações de desempenho.
Uma pesquisa realizada pela Universidade de Minas Gerais, por solicitação do meu governo, mostrou que 95% da população aprovava o trabalho dos médicos que integram o programa, sem distinção de nacionalidade, e 90% dos usuários deram nota de 8 a 10 ao Mais Médicos.
Em abril de 2016, o programa tinha 18.240 médicos, a maioria oriundos de Cuba, graças ao convênio entre o governo brasileiro e a OPAS.
Os médicos cubanos foram essenciais para preencher as vagas do programa.
Logo na chamada inicial, os médicos brasileiros não se candidataram em número suficiente; depois, abriu-se o programa para médicos da América Latina; e, finalmente, como ainda não haviam sido ocupadas sequer metade das vagas, firmou-se com a OPAS um convênio para a convocação de médicos cubanos, porque Cuba é um dos países do mundo que tem a mais alta relação entre médicos e população – 6,7 profissionais para cada grupo de 1.000 habitantes – e uma reconhecida experiência e competência em cooperação internacional na área de saúde.
Lembremos que em 2013 o Brasil possuía apenas 1,8 médicos por mil habitantes.
Menos que o México, o Uruguai e a Argentina.
No ritmo de formação universitária existente naquele ano, a meta de chegar a 2,7 médicos por mil habitantes só seria alcançada em 2035.
Essa foi a razão pela qual o programa Mais Médicos, além de espalhar profissionais pelas periferias das grandes cidades, pelos departamentos de saúde indígenas, pelo interior do país e pelos pequenos municípios, previa a criação de novas faculdades de medicina. Infelizmente, esta iniciativa foi suspensa pelo governo golpista de Temer.
O gesto depreciativo de Bolsonaro contra os médicos cubanos e demais médicos estrangeiros em atividade no programa é um atentado contra a população brasileira, que vai deixar de ter acesso a valorosos e competentes profissionais na atenção básica à população mais pobre de nosso Brasil.
É, ainda, uma atitude autoritária, que revela despreparo, porque rompe unilateralmente um convênio assinado com uma organização de saúde respeitada e credenciada internacionalmente.
E, por fim, demonstra que o presidente eleito não tem noção do que significa cooperação internacional na área de saúde, colocando seus preconceitos à frente do interesse da população e rompendo, por Twitter, convênio cuidadosamente negociado entre países e uma organização multilateral..
A população brasileira foi beneficiada pela generosa competência dos médicos cubanos, a quem o governo do Brasil devia reconhecer sua fraterna solidariedade.
A eles rendo minha homenagem e meu agradecimento.
O trabalho destes profissionais dedicados e generosos fará falta aos brasileiros.
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Comentários
Dany
Jornal de Péssima qualidade! Totalmente parcial e alinhado única e exclusivamente com causas político-ideológicas em detrimento da verdade! Vergonha desse tipo de mídia que desinforma, ilude e acima de tudo, contribui para a manutenção de um status quo de ignorância voluntária em um país que clama pelo progresso! Vergonha desses CANALHAS!!!!
Kelvi
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As “melhores” frases do chanceler de Bolsonaro sobre globalização e Deus
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QUI, 15/11/2018 – 10:32
ATUALIZADO EM 15/11/2018 – 10:34
Por Rosa Freire d’Aguiar
Na noite em que B. foi eleito, o futuro chanceler [Ernesto Araújo] escreveu no seu blog o post Antes da Batalha, em que lembra a batalha de Ourique, de 1139, quando Jesus Cristo apareceu a Dom Afonso Henriques que se preparava para enfrentar cinco reis mouros. Depois de muito sinal da cruz, raios resplandecentes, anjos e espadas, Afonso Henriques levou a melhor.
A fé em Jesus Cristo e em Deus é marca do diplomata Ernesto Araújo:
— Quero ajudar o Brasil e o mundo a se libertarem da ideologia globalista. Globalismo é a globalização econômica que passou a ser pilotada pelo marxismo cultural. Essencialmente é um sistema anti-humano e anti-cristão. A fé em Cristo significa lutar contra o globalismo, cujo objetivo último é romper a conexão entre Deus e o homem, tornado o homem escravo e Deus irrelevante. O projeto metapolítico significa, essencialmente, abrir-se para a presença de Deus na política e na história.
Ele também escreveu, mês passado:
— A esquerda não tem o menor interesse em justiça social, mas utiliza esse conceito para contaminar a água da nação, para criar pessoas raivosas e ignorantes, desligar a energia criativa.
— Quando eu era criança, pela metade dos anos 70, ficava horas folheando um livro chamado “Atlas das Potencialidades Brasileiras” (…). O subtítulo dizia: “Brasil Grande e Forte”. Hoje, querem colocar nas mãos das crianças livros sobre sexo, mas se vissem uma criança lendo um livro chamado “Brasil Grande e Forte” prenderiam os pais e mandariam a criança para um campo de reeducação onde lhe ensinariam que o Brasil não é nem grande nem forte, mas apenas um país que busca a justiça social e os direitos das minorias.
— Encha o peito e diga: Brasil Grande e Forte.
PS: O blog se chama Metapolítica 17 e reivindica abertamente “a presença de Deus na política”. Tá danado, como se diz no Nordeste.
Roque Jones
Não há preconceito algum. Apenas coerência. Por que estes médicos ficam com apenas 30% dos vencimentos e os outros 70% vão para a ditadura cubana? Além disso suas famílias são ameaçadas caso os doutores esboçam um mero desejo de permanecer no Brasil. O Mais Médicos foi criado a toque de caixa pela Dilma no intuito de apaziguar os manifestantes de 2013. Tem méritos, pois comunidades que nunca viram um médico estão recebendo atendimento. Poderia ser aperfeiçoado? Claro, mas agora a iniciativa de rompimento foi do governo cubano, insatisfeito por causa do Brasil não ter mais um governo de esquerda que dizia amém a tudo que Havana exigia. Poderia haver um período de transição até se publicar um edital contratando novos médicos. Entretanto o radicalismo cubano vai deixar populações inteiras sem atenção à saúde.
Jardel
“Por que estes médicos ficam com apenas 30% dos vencimentos e os outros 70% vão para a ditadura cubana?”
Vamos lá: Em primeiro lugar 1/4 do salário é destinado às famílias dos médicos. Ou seja, esses 70% que vão pra Cuba não ficam todo com o governo.
Segundo: O ensino cubano é inteiramente gratuito desde o fundamental até o superior. Ou seja, os médicos não gastaram um centavo para serem médicos. Muito ao contrário do Brasil que um cidadão não se forma em medicina com menos de 500 mil reais.
Terceiro: Os médicos cubanos assinaram um contrato em que tudo isso é estipulado, portanto, só estão aqui porque querem estar aqui, uma vez que ninguém lhes obrigou a ir para lugar nenhum.
“Além disso suas famílias são ameaçadas caso os doutores esboçam um mero desejo de permanecer no Brasil. ”
Isso é uma tremenda mentira. Não há sequer um indício que isso aconteça ou tenha acontecido. Mentira de disparador de fakenews.
Alias, “ameaçadas” significa exatamente o que? Serão presas, assassinadas, esquartejadas ou o que? Papo furado de bolsonarista que pede um golpe militar no Brasil.
“O Mais Médicos foi criado a toque de caixa pela Dilma no intuito de apaziguar os manifestantes de 2013. ”
Criado a toque de caixa não! Criado tardiamente, uma vez que você mesmo admite que milhões de brasileiros estavam sem atendimento médico. O intuito era e sempre foi sanar a Saúde no Brasil
“mas agora a iniciativa de rompimento foi do governo cubano, insatisfeito por causa do Brasil não ter mais um governo de esquerda que dizia amém a tudo que Havana exigia.”
Você está muito mal informado. Cuba tem médicos atendendo em 66 países pelo mundo e a maioria deles não têm governos de esquerda.
O motivo da saída dos cubanos se deve ao desrespeito ao acordo firmado pelo Brasil com a OPAS e com CUBA. Há um acordo internacional em vigência que inclusive foi renovado no governo Temer. Bolsonaro que mudar as regras do acordo, em plena vigência. Isso é coisa de moleque. Hora de mudar regras é na renovação do acordo ou contrato.
“Poderia haver um período de transição até se publicar um edital contratando novos médicos. Entretanto o radicalismo cubano vai deixar populações inteiras sem atenção à saúde.”
Pô, amigo, você precisa se informar melhor! Esses médicos cubanos só estão aqui porque NENHUM médico brasileiro se habilita a ir trabalhar onde se suja os pés de barro.
Cuba poderia ficar quietinha e continuar recebendo os valores até o beócio presidente eleito revogar oficialmente o contrato. Isso levaria no mínimo uns 8 meses.
Mas eles preferiram mostrar que têm dignidade e que não são movidos a dinheiro.
Quem deveria estar preocupado com a atenção à saúde dos brasileiros deveria ser o presidente brasileiro e não o de Cuba.
Ricardo
Pelo que entendi, quem acabou com o programa foi o governo cubano, por não aceitar ajudar um país que não está alinhado com sua ideologia.
Do lado brasileiro, ninguém dispensou médico nenhum.
Jardel
O lado brasileiro quebrou um acordo internacional. Mudar regras no meio do contrato é coisa de moleque. Hora de mudar regras ou não mudar é na renovação. A acordo foi renovado durante o governo Temer.
Quanto ao “alinhamento ideológico”, saiba que Cuba presta esse mesmo serviço em 66 países e a maioria deles NÃO é de esquerda.
Tá na hora de começar a ler os “blog sujos” e não só ficar comentando embasado unicamente no que você lê nos “blogs cheirosos”.
Abraço
Jardel
“Do lado brasileiro, ninguém dispensou médico nenhum.”
A consciência tá pesando, né?
O cara nem assumiu e já criou dois problemas internacionais. Primeiro com o Mundo Árabe, que compra (ou comprava) bilhões do Brasil.
Agora com Cuba, que estava salvando o Brasil do caos sanitário, uma vez que os médicos brasileiros se negam a irem trabalhar onde se suja os pés de barro.
A consciência tem que pesar mesmo. Isso é sinal de que ainda não estamos perdidos.
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