Partidos do golpe encolhem quase 50% na Câmara; PT perde cadeiras, mas terá a maior bancada
Tempo de leitura: 3 minDa Redação
Numa guinada conservadora e “renovadora”, os eleitores brasileiros trocaram quase metade da Câmara e 85% do Senado.
O partido de Michel Temer tirou o P do nome mas ainda assim foi o que mais sofreu: o MDB caiu de 66 eleitos em 2014 para 34 agora.
O PSDB, parceiro essencial para o golpe que derrubou Dilma Rousseff em 2016, encolheu de 54 para 29 cadeiras — redução de 47%.
Aécio Neves elegeu-se deputado federal em Minas com pouco mais de 100 mil votos, ele que teve mais de 51 milhões como candidato ao Planalto em 2014.
Beatriz Cerqueira, a presidenta do SindUTE, o sindicato dos professores de Minas Gerais, teve quase tantos votos quanto Aécio: com impressionantes 96 mil, foi eleita para a Assembleia Legislativa.
Na Câmara Federal, o PT também perdeu vagas — foram 70 em 2014 e agora o partido terá 56 deputados federais.
Mesmo assim, será a maior bancada da Câmara, seguida pela do PSL, com 52 cadeiras.
PT conta novamente com a maior bancada na Câmara dos Deputados
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Com 56 deputados e deputadas, o Partido dos Trabalhadores conseguiu eleger novamente a maior bancada da Câmara dos Deputados, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), computados até as 23h40 deste domingo (7).
Desse total, 42 já fazem parte da atual bancada e foram reeleitos.
Outros 14 conseguiram uma vaga na Câmara pela primeira vez.
O partido elegeu ainda outros quatro senadores.
“Contra tudo e contra todos, o PT elegeu novamente a maior bancada da Câmara. São 56 deputados, por enquanto, que, juntamente com os demais parlamentares da esquerda, ajudarão o Brasil a derrotar o fascismo”, comemorou o líder da bancada petista, deputado Paulo Pimenta (RS), que foi reeleito para seu quinto mandato com a maior votação entre os candidatos petistas do seu estado.
A deputada Erika Kokay (PT-DF), que foi reeleita com a segunda maior votação no Distrito Federal à Câmara dos Deputados, agradeceu a todos os militantes e eleitores que lhe confiaram mais um mandato.
“Agradeço aos que continuam acreditando no nosso trabalho para enfrentar os tempos sombrios que estamos vivendo. O amor vai vencer o ódio”, afirmou.
Também em tom de agradecimento, o deputado Henrique Fontana (PT-RS) disse se sentir honrado pela confiança de cada voto depositado na urna neste domingo.
“Agora, precisamos unir esforços para a luta contra o fascismo e em defesa da democracia no nosso Brasil”, completou.
O deputado José Guimarães (PT-CE), também se dirigindo à militância petista, ressaltou o esforço empenhado por todos na campanha e agradeceu pelo carinho com que foi recebido em todo o Ceará.
“Cada aperto de mão e cada beijo foram a certeza de que vocês estiveram comigo nessa caminhada. Viva a democracia! Agora vamos formar uma grande frente nacional contra o fascismo nesse País”, sentenciou o parlamentar.
De forma semelhante, o deputado Bohn Gass (RS), também reeleito para um novo mandado, agradeceu por todo o apoio recebido.
“Em meio a essa crise política, em meio a essa onda fascista, eu consegui aumentar minha votação. Será mais um mandato pela vida. Por isso, estou aqui para agradecer a todos vocês. Estou muito feliz”, comemorou.
BANCADA DO PT NA CÂMARA ELEITA EM 7 DE OUTUBRO DE 2018
AL
1 – Paulão
AM
2 – José Ricardo
BA
3 – Jorge Solla
4 – Afonso Florence
5 – Josias Gomes
6 – Valmir Assunção
7 – Waldenor Pereira
8 – Caetano
9 – Nelson Pelegrino
10 – Zé Neto
CE
11 – Luizianne Lins
12 – José Guimarães
13 – José Airton
DF
14 – Erika Kokay
ES
15 – Helder Salomão
GO
16 – Rubens Otoni
MA
17 – Zé Carlos
MT
18 – Professora Rosa Neide
MS
19 – Vander Loubet
MG
20 – Reginaldo Lopes
21 – Paulo Guedes
22 – Rogério Correia
23 – Padre João
24 – Patrus Ananias
25 – Odair Cunha
26 – Margarida Salomão
27 – Leonardo Monteiro
PA
28 – Beto Faro
29 – Airton Faleiro
PB
30 – Frei Anastácio
PR
31 – Gleisi Hoffmann
32 – Zeca Dirceu
33 – Enio Verri
PE
34 – Marília Arraes
35 – Carlos Veras
PI
36- Rejane Dias
37 – Assis Carvalho
RJ
38 – Benedita da Silva
RN
39 – Natália Bonavides
40 – Mineiro
RS
41 – Paulo Pimenta
42 – Marcon
43 – Henrique Fontana
44 – Bohn Gass
45 – Maria do Rosário
SC
46 – Pedro Uczai
SP
47 – Rui Falcão
48 – Carlos Zarattini
49 – Nilto Tatto
50 – Alexandre Padilha
51 – Arlindo Chinaglia
52 – Paulo Teixeira
53 – Vicentinho
54 – Alencar Santana
SE
55 – João Daniel
TO
56 – Célio Moura
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Comentários
Franco
Que alívio saber que os relatores da reforma trabalhista não foram eleitos e que os seus demais cúmplices ainda que não concorrendo diretamente viram seus indicados sofrerem fragorosas derrotas. Apesar de alguns reveses, há motivo para júbilo pela não ascendência de Romero Jucá, Cássio Cunha, Eunício Oliveira, Cristóvão, Magno Malta, Ana Relho, Edison Lobão e outros adeptos do golpe. Os demais receberão sua paga daqui a 4 anos pois “nossa vingança será maligna” como dizia o personagem vampiro do Chico Anísio.
Antônio neto
Azenha.
Não é só a democracia que está em risco. A liberdade de religião também está. Corremos o risco de logo termos a formação da retrógrada República teocrática evangelica do Brasil. A luta é de todos.
lulipe
Ver nomes como Dilma, Lindemberg, Vanessa, Requião, Suplicy derrotados, não tem preço!! #mitopresidente.
Edgar Rocha
Espero que seja um grande sinal para que o PT retorne às suas bases e volte a investir nos movimentos sociais, não como alavanca eleitoral, mas como instrumento de lutas e conquistas. Se isto ocorrer, apesar da conjuntura no institucional, nada estará perdido. O espaço de luta em campo é o mais privilegiado para uma proposta progressista de esquerda. Eleição deveria ser considerada efeito colateral da luta política e não o seu fim. Há base e espaço para o combate ao fascismo. Definitivamente, não se vence esta luta institucionalmente. O fascismo é um sistema de sequestro das instituições a partir de uma cultura disseminada e reafirmada pelos detentores das comunicações. Se não o enfrentarmos na base, nas instituições é que não se terão os resultados esperados. Até que o fascismo chegue às instâncias de poder, é preciso construir seu apoio nas ruas. Foi o que aconteceu. A sociedade está cega e sem guia. Se move por instinto e é refém de mentiras que não podem ser descontruídas de fora do espaço prático do conflito de ideias nas ruas. Este espaço é composto por movimentos sociais, culturais, religiosos em consonâncias com as demandas reais da sociedade. São as vitórias pontuais que compõe o todo, capaz de impermeabilizar a sociedade contra a “opinião pública” (aquela que se publica, como disse Saramago). Sem isto, não há cidadania, nem liberdade de pensamento, nem caráter suficiente para se negar as mentiras ou realidades compulsórias, ou não acatá-las deliberadamente, abrindo mão de princípios, como se estes fossem inutilidades anacrônicas.
Parabéns a todos os eleitos pelo reconhecimento de sua participação social e representatividade.
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