Irmão de reitor Cancellier conclama professores da UFSC a lutar por reparação

Tempo de leitura: 3 min
Henrique Almeida/Agecom/UFSC

Henrique Almeida/Agecom/UFSC

CARTA ABERTA AOS PROFESSORES PRESOS COM O REITOR CANCELLIER

via whatsapp

Meus caros professores,

Há exatamente um ano atrás eu nunca havia ouvido falar de seus nomes.

Na manhã daquela quinta-feira fui acordado com um telefonema de uma amigo que me perguntava: Você é parente do reitor da UFSC ?

Ao responder que eu era irmão, disse-me que ele acabara de ser preso.

Naquela manhã, quando a Polícia Federal invadiu as suas residências e a do Cau, a violência da ação mudou drasticamente a vida de vocês e de suas famílias; foi o ato inicial de uma tragédia que nos levou o Cau, abalou profundamente nossa família, seus familiares, os amigos em comum, a UFSC e por que não dizer, o país inteiro que não se submete à ditadura dos tanques e togas, citando um jornalista.

Daquela data em diante, seus nomes começaram a me soar familiares e mesmo sem conhece-los, uma empatia imensa me ligou a cada um de vocês; o sofrimento de cada um de seus familiares me fazia sofrer, pois refletia o sofrimento de cada uma dos meus.

Cau se foi. Seu gesto nos doeu muito.

Apoie o VIOMUNDO

Mas, em seguida, atentamos que o fez não por sua imagem enlameada, mas para mostrar a cada um de seus carrascos, que não se pode tirar o que de mais importante um homem digno possa ter: a honra.

Passamos a nos orgulhar daquele gesto corajoso e heroico.

Se no dia 14 de setembro de 2017, arrancaram da cama um homem digno, o cadáver que nos devolveram 18 dias após, não o reconhecemos.

Não por seus ossos estraçalhados; não por sua carne dilacerada; não por sua face desfigurada.

Não o reconhecemos porque aquele cadáver não tinha a mínima semelhança da pessoa que o Cau fora em vida: honrado, humanista, generoso e solidário.

Um ano se passou e, em todos esses dias, minha luta tem sido em uma única direção: resgatar a honra de meu irmão.

Buscar que o Estado reconheça que seus agentes erraram.

Erraram em caluniá-lo; erraram em humilhá-lo; erraram em castrá-lo, apartando daquilo que ele mais se orgulhava, servir a UFSC.

Meus caros amigos, se assim posso chamá-los, pois um sentimento de amizade e fraternidade nos uniu pela tragédia.

Meus irmãos: vocês foram também vítimas da mesma injustiça; injustiça que não os levou deste mundo, mas que certamente causou perdas e danos irreparáveis.

Quem lhes irá devolver as angústias, sofrimentos e dores que cada um de vocês passou neste último ano?

Quem devolverá a cada um de seus entes queridos a alegria de viver, o brilho nos olhos e o sorriso que minguaram nestes 365 dias?

Quem irá garantir que a sua tão esperada reintegração a UFSC ocorra sem traumas?

Quem poderá dizer que vocês poderão ensinar, orientar e frequentar o meio acadêmico com a segurança de homens honestos e dignos, sem a certeza de um dedo acusador na figura de um aluno ou de seus próprios pares?

Em ocasião recente fiz uma analogia, que reitero: O Cau morreu, vocês sobreviveram.

Mas esta sobrevida, sem a reparação integral da honra e dignidade feridas, equivale a uma morte em vida.

Tramita no Congresso Nacional projeto de Lei que pune o abuso de autoridade, cujo relator no Senador, Roberto Requião, a denominou de Lei Cancellier.

Mas não podemos esperar. A cada dia que passa, sem a devida reparação da honra de cada um de vocês, um pouco de cada um morre.

Então, meus queridos amigos e irmãos, nesta data simbólica, uno meus pensamentos aos seus; nosso familiares são solidários aos seus familiares.

E me comprometo, a cada dia, com mais intensidade, envidar esforços na luta pela ressignificação do Cau e de todos vocês.

Lutar pela recuperação da honra maculada de cada um é lutar pela garantia que nenhum ser humano seja julgado, condenado e executado sumariamente como vocês todos foram.

Conclamo aos que não se conformam com o arbítrio, a se juntarem nesta escalada, pois citando o mesmo jornalista, “nas ditaduras, não há lugar para míopes inocentes”.

Um fraterno abraço,

Acioli Cancellier de Olivo

Leia também:

Ivone Silva: Terceirização irrestrita ameaça clientes de bancos

Apoie o VIOMUNDO


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

LUIZ HORTENCIO FERREIRA

Concordo com tudo que foi dito. Precisamos fazer com que o judiciário vigarista que está atualmente atuando e julgando cidadãos honrados e inocentes, sem a mínima prova, por ilações e com base em delatores induzidos à mentira em troca de redução de sentença e de liberdade ilegal, sem cumprir com a Constituição Nacional, sem respeitar o princípio básico de “presunção de inocência” e do respeito à defesa legal, venham a público e se retratem à sociedade e principalmente aos que estão sendo desmoralizados e privados de suas vidas por conta de um golpe de estado.

Julio Silveira

O sistema só conhece a pratica do justiçamento, e contra o povo, por que contra eles mesmos sabem que dói. E seu corporativismo não são para tolos nem masoquistas.

Cláudio

:
: * * * * 04:13 * * * * .:. Ouvindo As Vozes do Bra♥♥S♥♥il e postando:

Temos todos que nos responsabilizar pelo Brasil inteiro

:.: Haddad é Lula 2018 ! ! ! ! !

♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ * * * * * * * * * * * * * ♥ ♥ ♥ ♥ * * * *
Por uma verdadeira e justa Ley de Medios Já pra antonti (anteontem. Eu muito avisei…) ! ! ! ! Lul(inh)a Paz e Amor (mas sem contemporizações indevidas, ou seja : SEM VASELINA) 2018 neles/as (que já PERDERAM, tomaram DE QUATRO nas 4 mais recentes eleições presidenciais no BraSil) ! ! ! ! ! * * * * ♥ ♥ ♥ ♥ * * * * * * * * * * * * * ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ????????????????????? :: .:. … :.: ????????????????????? ::

Deixe seu comentário

Leia também