Jeferson Miola: Quem acobertou a “fuga” do doleiro Dario Messer? Por quê? Quem se beneficia?
Tempo de leitura: 3 min
Mistério da Lava Jato: Quem acobertou a fuga do doleiro Dario Messer?
por Jeferson Miola, em seu blog
O “doleiro dos doleiros” do Brasil, como Alberto Youssef – o doleiro-delator íntimo do Moro, dos procuradores e dos policiais da Lava Jato – se refere a Dario Messer, foi o alvo principal da operação “Câmbio, Desligo!”, executada pela Polícia Federal em 3 de maio, depois das delações dos doleiros Vinícius Claret e Cláudio Barbosa.
Dario Messer, provavelmente avisado que seria alvo de mandado de prisão preventiva, conseguiu fugir e não foi encontrado nos endereços conhecidos no Brasil naquele dia da operação Câmbio, Desligo!.
A prisão do doleiro era tida como líquida e certa, tanto que o jornalista tarimbado e dono de fontes privilegiadíssimas d´O Globo, Lauro Jardim, no dia da operação anunciou:
“Dario Messer , alvo principal da operação da Lava-Jato de hoje, e finalmente preso, é um personagem ligado aos escândalos nacionais desde o caso Banestado”.
Na coluna d´O Globo de 6 de maio de 2018, o tarimbado Lauro Jardim publicou a nota “Tudo errado”, com a notícia errada de que Dario Messer tinha sido“preso na quinta-feira passada”.
É difícil imaginar tamanha “barrigada” jornalística de profissional bem abastecido de informações e depois de 3 dias do fato consumado! Houve alguma falha na linha direta de comunicação Globo-Lava Jato – só não se conhece o motivo para tal falha.
Aventou-se a hipótese de que Dario Messer pudesse estar escondido na sua mansão no Paraguai, porém lá também não foi encontrado.
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Joaquim Carvalho, em minuciosa reportagem no Diário do Centro do Mundo, cita que “Antigos aliados acreditam que ele esteja em Israel, onde também tem cidadania, por ser judeu. Messer não foi o único a escapar. O doleiro René Maurício Loeb fugiu do Rio de Janeiro para a Europa a bordo de um navio de luxo, semanas antes da operação ser deflagrada”.
A fuga e o desaparecimento de Dario Messer adquire ainda maior relevância e valor investigativo depois da denúncia feita por doleiros acerca da existência de esquema mafioso mediante o qual o advogado Antônio Figueiredo Basto recebia US$ 50 mil dólares mensais como “taxa de proteção” para garantir que “eles [doleiros] seriam poupados nas delações decorrentes do caso Banestado, que correu na jurisdição de Sergio Moro”.
Esse mesmo advogado é considerado o especialista em delação premiada no Brasil – ou da indústria da delação, como o GGN e o DCM vêm investigando – cuja experiência inaugural foi a delação premiada de Alberto Youssef no rumoroso caso Banestado, conduzido pelo procurador Carlos Fernando dos Santos Lima e pelo juiz Sérgio Moro.
O ministério público reconhece que a denúncia dos doleiros tem efeito devastador nos meios jurídicos, políticos e empresariais e, pode-se inferir, também sobre a força-tarefa da Lava Jato.
Não é a primeira vez que denúncias dessa índole são feitas em relação ao universo que se revela cada vez mais obscuro da chamada “república de Curitiba”, tão incensada pela Rede Globo.
Em novembro de 2017, o ex-advogado da Odebrecht, Rodrigo Tacla Duran, denunciou que Carlos Zucolotto Júnior, amigo íntimo e padrinho de casamento de Sérgio Moro, intermediou acordo de delação premiada com redução de multas e sanções judiciais por US$ 5 milhões.
Na ocasião, Zucolotto mencionou que um interlocutor com a sigla DD [na Lava Jato só se conhece Deltan Dallagnol com estas iniciais] seria o avalizador final do acordo.
Na sessão de 11 de abril de 2018 do STF, Gilmar Mendes denunciou que ” a corrupção já entrou na Lava Jato, na Procuradoria”.
Arrolando casos como o de irmão de procurador [Doutor Castor] que promove acordos de delação com a Lava Jato, Gilmar denunciou que “Estamos escolhendo advogados para delação. Ou aqueles que não poderiam sê-lo. Veja como este sistema vai engendrando armadilhas”.
É incrível que até hoje nem o STF, nem a PGR, nem a OAB e nem a Lava Jato instauraram investigações sobre denúncias tão comprometedoras e feitas por um juiz da suprema corte.
A fuga de Dario Messer, salvo a ocorrência de incríveis coincidências, foi facilitada por aqueles que fogem do “doleiro dos doleiros” como o diabo foge da cruz. É preciso, por isso, esclarecer urgentemente 3 aspectos nebulosos:
1) quem acobertou a fuga de Dario Messer?;
2) quem se beneficia com a “fuga” de Dario Messer?; e
3) por que é preciso esconder Dario Messer e evitar seus depoimentos?
Veja também:
Wadih: OAB tem que abrir processo contra advogado acusado por doleiros de cobrar taxa de proteção
Comentários
Barítono
A Lava Jato diz claramente para que veio
Lava Jato: uma fraude como a República do Galeão, a caminho do fim
19 de Maio de 2018
Cinco fatos dos últimos dias decretam o fim político da Operação Lava Jato e trazem de maneira definitiva à luz do dia a constatação: é uma grande fraude e existe com o objetivo explícito de perseguir o PT e Lula como um tribunal de exceção. A Lava Jato é a República do Galeão do século 21. Em 1954, sob o discurso de combate à corrupção, o alvo foi Getúlio. Agora, sob o mesmo discurso, o alvo é Lula.
Vamos aos fatos que desnudaram a Lava Jato e prenunciam seu encerramento :
1. A acusação dos doleiros Vinícius Claret e Claudio de Souza de que enviavam US$ 50 mil mensalmente a um personagem central da Lava Jato, o advogado Antonio Figueiredo Basto, o “rei” das delações premiadas e responsável pelas delações de Alberto Youssef e Delcídio Amaral, por exemplo. A revelação do repórter Ricardo Galhardo é que o dinheiro visava protegê-los em seus acordos de delação. A reportagem do Estado de S. Paulo ao mesmo tempo que contém a revelação bombástica tenta desarmar a bomba para proteger a Lava Jato. O texto diz que o advogado recebia a “taxa de proteção”. Ora, advogados nunca são destinatários de propina. Aqueles que se prestam a tal papel intermedeiam a grana, que é sempre repassada àquele(s) que detêm o poder, os funcionários públicos. O texto apenas insinua que a taxa de proteção era repassada ao Ministério Público e à Polícia Federal, mas não haveria sentido numa “mesada” para proteção dos doleiros que não fosse destinada aos agentes públicos. A notícia de agora confere ainda mais consistência às denúncias do o ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran de que há um esquema de negociação de liberação de recursos dos investigados que cedam às chantagens para fazer as “delações premiadas”. No caso, dois prêmios: penas reduzidas à insignificância e fortunas a salvo.
2. A 8ª Turma do TRF quatro, que andou em velocidade supersônica para condenar Lula em janeiro, voltou a caminhar em seu tradicional passo de tartaruga. O trio de juízes, que chegou a julgar quatro processos da Lava Jato em novembro, só concluiu decisão sobre um caso desde que aumentou a pena de Lula para 12 anos e um mês de prisão;
3. A nababesca viagem do juiz Sérgio Moro a Nova York, esta semana, a um custo equivalente a um mês de sua remuneração líquida média (R$ 30 mil) sem que se saiba até hoje quem custeou a farra. Além do mistério sobre o(s) patrocinador(es) da viagem, a passagem do juiz por Nova York foi marcada por sua performance como garoto propaganda da campanha de João Doria ao governo de São Paulo. O juiz, de quem se espera comportamento reservado para preservação de sua função, foi carinhosamente chamado de “meu amigo Sérgio” por Doria no evento em que recebeu o prêmio de Personalidade do Ano da Câmara de Comércio Brasil-EUA, numa plateia composta por banqueiros, empresários, políticos de direita e lobistas.
4. As sucessivas decisões do ministro Gilmar Mendes, do STF, em proteção ao PSDB. A mais recente e escandalosa foi a concessão em 11 de maio de um habeas corpus a Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, o grande operador financeiro do PSDB que, segundo autoridades suíças, mantinha o equivalente a R$ 113 milhões em contas fora do Brasil. O operador foi solto às vésperas de fechar um acordo de delação premiada dos tucanos. Nomeado por Fernando Henrique Cardoso, Mendes foi um dos principais articuladores do golpe contra Dilma e da estruturação do governo Temer, sempre advogando pelo PSDB. De grande defensor da Lava Jato tornou-se inimigo da operação depois da condenação de Lula.
5. O habeas corpus concedido nesta sexta (18) pelo STF, que mandou soltar 11 traficantes internacionais de drogas condenados no Ceará. A ordem do ministro Marco Aurélio Mello deveu-se ao fato de a condenação ter ocorrido apenas na 1ª instância. A decisão do Supremo contraria o entendimento da Operação Lava Jato, que tem mantido diversos réus em prisão preventiva sem condenação ou com condenação apenas na 1ª instância. Se o STF é a Suprema Corte do país, a decisão de Marco Aurélio escancarou o fato de que a Operação Lava Jato tornou-se um tribunal de exceção, à margem da legislação do país.
A Lava Jato é a versão atualizada da República do Galeão de 1954 Na época, foi a arma das elites que pretenderam liquidar Getúlio Vargas –o mote era o combate à corrupção. A lava Jato é a arma das elites que pretenderam liquidar Lula e o PT –o mote novamente é a corrupção. Em 24 de agosto de 1954, a campanha de ódio das elites levou Getúlio ao suicídio. Em 7 de abril de 2018, a campanha de ódio das elites atingiu seu objetivo e levou Lula à prisão.
Um fato pouco conhecido: um mês depois da morte de Getúlio, a República do Galeão foi extinta. A Lava Jato, da mesma forma, caminha para sua extinção, pouco mais de um mês da prisão de Lula.
Depois de extinta a República do Galeão, revelou-se que a operação, à margem da Lei, utilizava-se de todo tipo de pressão, chantagem e tortura psicológica e física. É o que começa a vir à luz hoje, acrescentando-se à lista da Lava Jato de 1954 as denúncias de extorsão.
O descalabro da República do Galeão nunca foi objeto de investigação da imprensa conservadora da época, com o perfil idêntico à de hoje. Basta dizer que um dos veículos principais de combate das elites a Getúlio foi o jornal O Globo, precursor das Organizações Globo, a grande organizadora do combate ao maior líder nacional desde Getúlio, Lula.
As elites jogaram a República do Galeão para baixo do tapete, depois da derrota política da operação com a reação popular ao suicídio de Getúlio. Agora, tentarão fazer o mesmo com a Lava Jato, que está da mesma forma derrotada politicamente.
Nahum Pereira
Caro Jeferson, pois eu penso que tudo que o juiz de primeira instância da Lava-Jato quer é pôr as mãos no Messer e isolá-lo, exatamente para o calar. Eu, pessoalmente, prefiro que as revelações de Dario Messer aconteçam fora do judiciário brasileiro, que é corporativo, e ponha de fato todos os podres para fora… Estando nas mãos da “Justiça” brasileira, existe o risco de nunca sabermos de verdade o que ele tem pra dizer…
Julio Silveira
Moro e os outros herois da justiça e da procuradoria do golpe, cada vez com mais estranhas coincidencias, que envolvem conluio criminoso, a explicar.
Elvira
Sobre o assunto doleiros e etc o programa Duplo Expresso, de segunda a sexta 06h, passou informações muito antes deste assunto ser pautado na mídia chapa branca
Nahum Pereira
É isso mesmo, Elvira. Romulus Maya e Wellington Calasans falam do Dario Messer há um bom tempo. Uns meses, acho. Quando surgiu recentemente na mídia, logo me lembrei do Duplo Expresso.
Mauro
É verdade!
Acredito que por eles estarem fora do país , não sofrem ameaças, e podem divulgar mais informações!
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