Moniz Bandeira: EUA e aliados querem legitimar doutrina da intervenção humanitária
Tempo de leitura: 11 minpor Marco Aurélio Weissheimer, em Carta Maior
As razões pelas quais Estados Unidos, França e Inglaterra dediciram liderar uma ação militar na Líbia contra o regime de Muammar Kadafi ainda não estão muito claras. Os limites desta ação determinados pela resolução aprovada no Conselho de Segurança das Nações Unidas falavam da instalação de uma “zona de exclusão aérea” com o objetivo de proteger a população civil dos ataques dos aviões de Kadafi. Mas esses limites já foram extrapolados, com ataques no solo a tanques e tropas leais ao governo líbio. O que, afinal, está por trás desta ação?
Em entrevista à Carta Maior, concedida por correio eletrônico, o historiador e cientista político Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira analisa as revoltas populares que estão acontecendo no Oriente Médio e no norte da África. Sobre o conflito líbio, Moniz Bandeira reconhece que as razões da posição de EUA, França e Inglaterra não estão muito claras e podem estar relacionadas a questões internas destes países e também à vontade de legitimar a doutrina da intervenção humanitária.
“Os objetivos não estão claros. A guerra foi praticamente iniciada pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy. Supõe-se que ele deseja evitar que uma guerra civil na Líbia provoque um grande fluxo de refugiados para o sul da França. Mas há outras hipóteses. Tanto na França como nos Estados Unidos, cujos presidentes estão muito desgastados, bem como na Inglaterra, motivos eleitorais provavelmente influíram na decisão de deflagrar a guerra. O petróleo, aparentemente, não foi um fator decisivo”, avalia.
Cientista político e professor titular de história da política exterior do Brasil na UnB (aposentado), Moniz Bandeira é autor de mais de 20 obras, entre as quais “Formação do Império Americano”, que lhe valeu a escolha de Intelectual do Ano 2005, pela União Brasileira de Escritores, e o Troféu Juca Pato. Em abril deve estar nas livrarias a 3ª edição de seu livro “Brasil-Estados Unidos: a rivalidade emergente”, prefaciado pelo embaixador Samuel Pinheiro Guimarães.
Carta Maior: Na sua avaliação, quais são as principais causas das revoltas que estamos assistindo hoje no Oriente Médio e norte da África?
Moniz Bandeira: É difícil apontar os principais fatores que determinaram e determinam a eclosão das revoltas nos países árabes. São diversos e complexos. E tudo indica que são autóctones, não obstante o fenômeno do contágio. O sucesso do levante na Tunísia estimulou o alçamento no Egito e daí se alastrou, conforme as condições domésticas de cada um dos países da região. Há, decerto, diferenças históricas, sociais e políticas entre os dois países. Suas estruturas de Estados e instituições são diferentes. Ao contrário da Tunísia, o Egito é o mais populoso país árabe e o mais importante, do ângulo geopolítico e geoestratégico, no Oriente Médio. Entretanto, nos dois países, há uma juventude, com certo nível de educação e saúde que não encontra emprego ou ocupação adequada à sua capacitação.
A Tunísia tem uma população de cerca de 10,4 milhões de habitantes, altamente alfabetizada e urbanizada e apenas 3,8% vivem abaixo do nível de pobreza. Porém, com uma força de trabalho de quase 4 milhões de pessoas, o nível de desemprego, da ordem de 14%, é muito elevado. O Egito, por sua vez, tem uma população de 76,5 milhões de habitantes, dos quais cerca de 20% a 25% vivem abaixo do nível de pobreza. Sua força de trabalho soma 26,1 milhões, mas o índice de desemprego, da ordem de 9.7%, é bastante elevado. Apesar de haver crescido 5% nos últimos anos, sua economia não conseguiu criar empregos conforme as necessidades da população. A juventude está seriamente afetada pelo desemprego. Cerca de 90% dos desempregados são jovens com menos de 30 anos. Os graduados têm de esperar pelo menos cinco anos por uma oportunidade de trabalho na administração. E as políticas neoliberais executadas pelo ditador Hosni Mubarak agravaram as desigualdades e o empobrecimento de milhões de famílias.
As oportunidades de trabalho, desde há muitas décadas, crescem muito menos do que a taxa de crescimento da população. Entrementes, no campo, há algumas regiões com excesso de força de trabalho, e outras com carência. E os regimes tanto na Tunísia quanto no Egito estavam politicamente estagnados, sob as ditaduras corruptas e brutais de Zine el-Abidine Ben Ali e de Hosni Mubarak. Esse fato, em meio ao desemprego, extrema pobreza, inflação, alta dos preços dos alimentos e o ressentimento político provocado pela sistemática repressão, foi aparentemente fundamental na deflagração das revoltas, que, sem dúvidas, seitas islâmicas fundamentalistas, como a Irmandade Muçulmana no Egito, e interesses estrangeiros trataram e tratam de aproveitar.
Carta Maior: Essas revoltas pegaram os Estados Unidos e seus aliados de surpresa, desestabilizando suas políticas na região, ou a turbulência atual representa risco maior para eles?
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Moniz Bandeira: Muito provavelmente as revoltas na Tunísia e também no Egito surpreenderam os Estados Unidos e a todos os países do Ocidente. Durante algumas semanas o governo de Washington nada disse sobre a sublevação na Tunísia. E, quando Hilary Clinton, viajou para Tunis, dois meses após a derrubada do ditador, ocorreram demonstrações contra a sua visita. Se houvesse consciência do que estava a acontecer, a secretária de Estado não haveria declarado, quando o levante começou no Cairo, “Our assessment is that the Egyptian government is stable and is looking for ways to respond to the legitimate needs and interests of the Egyptian people.” [Nossa avaliação é de que o governo do Egito é estável e está procurando formas de responder às necessidades e interesses legítimos do povo egípcio]
Esta avaliação de que o regime de Mubarack era estável demonstra o grau de desconhecimento que o governo dos Estados Unidos tinha da real situação no Egito. Que havia descontentamento, sabia-se, mas não a sua extensão nem o que poderia provocar.
É claro que tal turbulência representa um risco para os Estados Unidos e para a União Européia, pois não se pode descartar a possibilidade de que a Irmandade Muçulmana, a única força organizada no Egito, vença as eleições e assuma o governo e que os fundamentalistas islâmicos venham a predominar, de alguma forma, nos outros países árabes.
Carta Maior: Como o sr. vê o que está acontecendo na Líbia agora? Trata-se de uma revolta popular em busca de mais democracia no país, ou de uma insurreição de outra natureza?
Moniz Bandeira: O que se sabe sobre a Líbia é que ninguém sabe de fato o que lá está acontecendo. Há muita contra-informação e informações fragmentadas e confusas, manipuladas pela grande mídia internacional. Winston Churchill, o ex-primeiro ministro britânico, escreveu em suas memórias que em tempos de guerra a verdade é tão preciosa que deve estar sempre escoltada por uma frota de mentiras. E o certo é que em nenhum desses países árabes, há uma consciência democrática, tal como se imagina no Ocidente. Há apenas uma idéia difusa e confusa. Não há tradição e as condições históricas, políticas e culturais são diversas das que determinaram o desenvolvimento da democracia no Ocidente.
A democracia para os povos árabes, que se insurgem no norte da África e no Oriente Médio, significa maiores oportunidades de trabalho, de participação política, liberdade de expressão e melhoria econômica e social. E, na Líbia, como na Tunísia e no Egito, a elevação do preço dos alimentos fomentou o descontentamento, ao agravar as condições sociais e políticas lá existentes. E ela sofreu o efeito do contágio. A Líbia tem 6,5 milhões de habitantes, dos quais 43% são urbanizados, mas o desemprego é da ordem de 30% e um terço da população vive abaixo da linha de pobreza. Importa 75% dos alimentos e as exportações de petróleo respondem por cerca de 95% de sua receita comercial e 80% da receita do governo.
A situação da Líbia, porém, é ainda mais complexa do que na Tunísia e no Egito. Gaddafi assumiu o poder em 1969. Com um golpe militar derrubou o rei Idris, da seita Senussi, fundada no século XIX, em Meca, por Sayyd Muhhammad ibn Ali as-Senussi, da tribo Walad Sidi Abdalla e sharif, isto é, descendente da Fatmimah, filha de Maomé. Desde então, Gaddafi buscou impor à Líbia um só partido. Mas a Líbia, diferentemente da Tunísia e do Egito, é uma nação que ainda não se consolidou. É o mais tribal entre os países árabes. Pode-se dizer que é um Estado semi-tribal. Sua estrutura rural é praticamente assentada em tribos nômades e semi-nômades, muito segmentadas. Lá existem mais de 140 tribos e clãs. Gaddafi , no início, tentou reduzir a influência das tribos, mas posteriormente teve de fazer alianças e manipular a fidelidade das tribos para manter sua ditadura.
A tribo de Gaddafi, Ghadafa (Qadhadhfah) é de origem bérbere-árabe e aliou-se à confederação Sa’adi, liderada por Bara’as (a tribo da esposa de Gaddafi, Farkash al-Haddad al-Bara’as). Os conflitos entre as forças do governo de Gaddafi e outras tribos – as tribos Zawiya e Toubou – começaram entre 2006 e 2008, no oásis de Kufra, localizado no sudeste da Libia, 950 quilômetros ao sul de Benghazi, perto da fronteira com o Egito, Sudão, e o Chade.
Benghazi, onde a rebelião começou, está na Cirenaica, antiga província romana (Pentápolis) e tradicionalmente separatista, na parte oriental da Líbia. Misurata é a única cidade na Tripolitânia, oeste da Líbia, que habita a tribo Warfallah, o maior grupo tribal, dividido em 52 sub-tribos, com cerca de um milhão de pessoas. Essa tribo foi levada para a Líbia, no século XI, pelos Fatimidas, por motivos políticos. A ela está aliada a tribo Az-Zintan, que habita as montanhas ocidentais, entre as cidades bérberes de Jado, Yefren e Kabaw. E essas tribos romperam com o governo de Gaddafi, insurgiram-se e sustentam a rebelião.
Não há indício de que houve estímulo direto do estrangeiro quando ela começou. Porém, em seguida, seguramente, houve participação externa, contrabandeando armamentos para os rebeldes em Benghazi. O contrabando continua. Mas a rebelião conta com o apoio do Grupo de Combate Islâmico, cujos membros estão estreitamente ligados a Bin Laden e podem tentar a tomada do governo, com a queda de Gaddafi.
Tudo indica que a oposição à ditadura de Gaddafi está mais alinhada com a al-Qaeda. Sob o comando de Abu Yahya Al- Libi, os jhadistas do Grupo Islâmico de Combate (Al-Jama’ah al-Islamiyah al-Muqatilah bi-Libia) já tinham se levantado contra o regime em 1990 e o centro da rebelião, atualmente, são as cidades de Benghazi e Darnah, onde eles se haviam concentrado e ocorreram os levantes em 1990.
Muitos islamistas radicais, exilados por Gaddafi, estão a voltar, entrando pelas fronteiras de Mali, Egito e outras. Os rebeldes, saudados pelos americanos como freedom fighters, não são, certamente, democratas. Um estudo da Academia Militar dos Estados Unidos, em 2007, indicou que do leste da Líbia saiu uma grande contribuição para a al-Qaeda no Iraque. Em tais circunstâncias, tudo pode acontecer na Líbia, com a prevalência e a desordem política, pior do que no Iraque e no Afeganistão.
Os Estados Unidos, França e Inglaterra não têm como controlar a situação. A razão pela qual esses países estão a apoiar os rebeldes islamistas não está muito clara. O mais provável é que queiram legitimar a doutrina da intervenção humanitária, tal como ocorreu no Kosovo e Serra Leoa. Há uma contradição inexplicável de interesses em jogo. E não sem razão o ex-presidente Bill Clinton, ao visitar o Brasil, em 25 de março, declarou, a respeito do que os Estados Unidos, França e Inglaterra estão a fazer na Líbia.: “Vai ser mais difícil construir estabilidade nesses países do que foi para derrubar a velha ordem. Então agora acho que estão atirando em uma incerteza”.
Carta Maior: E quanto à resolução aprovada pela ONU, qual sua opinião?
Moniz Bandeira: A resolução aprovada Conselho de Segurança viola a própria carta das Nações Unidas. O art. 2, do Capítulo I, estabelece que “nenhuma disposição da presente Carta autorizará as Nações Unidas a intervir em assuntos que dependam essencialmente da jurisdição interna de qualquer Estado, ou obrigará os membros a submeterem tais assuntos a uma solução, nos termos da presente Carta; este princípio, porém, não prejudicará a aplicação das medidas coercitivas constantes do capítulo VII”.
E o artigo 42 do Capítulo VII dispõe que, se o Conselho de Segurança, considerar que “as medidas previstas no artigo 41 seriam ou demonstraram ser inadequadas (interrupção completa ou parcial das relações econômicas, dos meios de comunicação ferroviários, marítimos, aéreos, postais, telegráficos, radio-elétricos, ou de outra qualquer espécie, e o rompimento das relações diplomáticas), poderá levar a efeito, por meio de forças aéreas, navais ou terrestres, a ação que julgar necessária para manter ou restabelecer a paz e a segurança internacionais. Tal ação poderá compreender demonstrações, bloqueios e outras operações, por parte das forças aéreas, navais ou terrestres dos membros das Nações Unidas”.
Está bem claro que as operações militares aéreas, navais ou terrestres dos membros das Nações Unidas só poderão ocorrer caso sejam necessárias “para manter ou restabelecer a paz e a segurança internacionais”. O que ocorria na Líbia era uma questão interna, não ameaçava a paz e a segurança internacionais. O ataque a um país soberano é uma guerra. Não há nenhuma força multilateral. E os Estados Unidos, França e Inglaterra foram além de estabelecer uma no-fly zone para proteger civis. Como proteger civis, matando civis com mísseis lançados contra as cidades da Líbia? É o que continua a acontecer no Iraque, Afeganistão e Paquistão. Os civis são os mais sacrificados.
No Afeganistão, somente em 2009, foram mortos por bombardeios cerca de 2.412 , 14% mais do que em 2008. Entre 2005 e 2008, as forças dos Estados Unidos e outras da OTAN mataram entre 2.699 e 3.273.
No Iraque, calcula-se que, de 2003, quando a guerra começou, até 2007 mais de um milhão de civis foram mortos. E calcula-se que cerca de 700 civis foram pelos bombardeios americanos desde 2006.
Segundo o Conflict Monitoring Center (CMC), em Islamabad [Paquistão], somente em 2011 mais de 2.000 pessoas foram mortas, a maioria das quais inocentes civis.
Na realidade, na Líbia, Estados Unidos, França a Inglaterra estão a participar da guerra civil, apoiando os rebeldes, como a Alemanha nazista fez durante a guerra civil na Espanha (1936-1939), quando bombardearam não apenas Guernica, mas diversas outras cidades, estreando seus bombardeiros Junkers Ju 52 e Heinkel He 111, bem como os caças Messerschmitt e Junkers Ju 87, que destruíram 386 aviões dos republicanos. Os navios de guerra dos Estados Unidos e da Inglaterra já lançaram contra a Libia, para a destruir as defesas de Gaddafi, cerca de 124 mísseis de cruzeiro. Cada um custa 1 milhão de dólares e o novo modelo US$ 2 milhões. No primeiro dia da Operation Odyssey Dawn [Aurora da Odisseis] os gastos dos Estados Unidos apenas com mísseis chegaram a US$100 milhões.
Carta Maior: Neste cenário, não é fácil precisar quais os objetivos dos Estados Unidos, França e Inglaterra no ataque às forças de Gaddafi, ajudando os rebeldes…
Moniz Bandeira – Os objetivos não estão claros. A guerra foi praticamente iniciada pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy. Supõe-se que ele deseja evitar que uma guerra civil na Líbia provoque um grande fluxo de refugiados para o sul da França. Mas há outras hipóteses. Tanto na França como nos Estados Unidos, cujos presidentes estão muito desgastados, bem como na Inglaterra, motivos eleitorais provavelmente influíram na decisão de deflagrar a guerra.
O petróleo, aparentemente, não foi um fator decisivo. A França somente importa 5,63% do petróleo da Líbia, mas, possivelmente, deseja assegurar para seu abastecimento, durante o século XXI, as vastas reservas lá existentes, estimadas em 41 bilhões de barris, conquanto representem menos de 2% das reservas mundiais.
Os países que mais importam o óleo da Líbia são Itália, entre 18,9% e 22%; China, 10,4%; Alemanha, entre 7,8% e 9,7%. Porém, as operações na Líbia, de onde só importa 0,6% de petróleo, poderão custar para os Estados Unidos um montante entre US$ 400 milhões e US$ 800 milhões, de acordo com o Center for Strategic and Budgetary Assessments, enquanto os gastos no Afeganistão já ultrapassam US$ 377 bilhões.
Calcula-se que a guerra contra a Líbia custará para os Estados Unidos US$ 1 bilhão por semana. E o Pentágono necessita este ano de mais US$ 708 bilhões, incluindo U$ 159 [bilhões] para as guerra no Iraque e Afeganistão. Entrementes, em março, o déficit orçamentário atingiu o montante recorde de US$ 222,5 bilhões.
E o Departamento do Tesouro calcula que através dos cinco meses do ano fiscal de 2011 o déficit cumulativo seja de U$ 641, bilhões. Entretanto, pelo menos 50.000 americanos carecem de recursos básicos de saúde, e cerca de 50.000 morrem em consequência, todos os anos.
No Reino Unido, ao mesmo tempo em que corta das despesas públicas 95 bilhões de libras, a pretexto de reduzir o déficit, e cria um milhão de desempregados, o governo conservador de David Cameron gasta em torno de £3 milhões por dia, com as operações aéreas contra as forças de Gaddafi. A missão de uma aeronave custa por hora £35.000 a £50.000. O total diário é £200.000 por avião. Estima-se que o custo para os contribuintes ingleses alcançará £100 milhões dentro de seis semanas. Os mísseis Tomahawk, comprados dos Estados Unidos, custam £500.000 cada e os mísseis Storm Shadow custam £800.000 cada. A manutenção do submarino HMS Triumph, que dispara os mísseis contra a Líbia, custa cerca de £200.000 por dia. E aí os custos disparam.
Carta Maior: O presidente dos EUA, Barack Obama autorizou o início dos bombardeios contra a Líbia durante sua visita ao Brasil. Qual sua avaliação sobre essa visita e, de um modo mais geral, sobre a política externa do governo Obama. Houve alguma mudança significativa em relação aquela praticada pelo governo Bush?
Moniz Bandeira: O que está por trás do presidente Barack Obama é o mesmo Complexo Industrial-Militar que sustentou o presidente George W. Bush. Ele deu continuidade às guerras no Afeganistão e no Iraque, onde ainda mantém soldados, além dos mercenários (contractors) das private military company (PMC), como a Halliburton, Blackwater e outras. E não contente em continuar as guerras no Afeganistão e no Iraque, deu início a uma terceira, na Líbia. E aí tudo indica que a decisão inicial, após conversar com o presidente Sarkozy, foi tomada pela secretária de Estado, Hilary Clinton, e Obama simplesmente autorizou. Na realidade, ela se sobrepõe ao presidente Obama e é quem está efetivamente conduzindo a política internacional dos Estados Unidos, de modo a atender aos setores mais conservadores do Partido Democrata e aumentar sua popularidade, para candidatar-se outra vez à presidência dos Estados Unidos.
Quanto à visita do presidente Obama ao Brasil, não representou qualquer mudança na política externa dos Estados Unidos nem nas relações com o Brasil. Foi uma visita protocolar, ele nada pôde nem tinha o que oferecer ao Brasil, cuja diretriz de política externa a presidente Dilma Roussef essencialmente mantém. O voto em favor de um delegado da ONU para verificar a questão dos direitos humanos no Irã é um fato isolado e não representa uma alteração fundamental na posição do Brasil.
Comentários
Weyll
Há alguns anos os EUA armaram rebeldes e tomaram para eles a Guerra do Afeganistão com os russos. Hoje fazem o mesmo jogo com o Kafafi. O Negócio da China é a venda de armas. "Democracia" para esses safados é uma falácia.
J Luiz
Azenha , acesse o site da rolling-stones magazine, na reportagem sobre a equipe assassina (de civis) do exercito americano no afeganistao..As imagens são muito fortes, com pessoas destroçadas..Um escandalo que a midia nativa passa ao largo, mesmo sendo uma parte da propria midia americana a fazer a critica ( http://www.rollingstone.com/kill-team ) . Tente ver se é possivel abrir uma discussão sobre isso.. Abs
richard pereira
O que estamos vendo no inicio do século XXI , É A DECADÊNCIA IRREVERSIVEL da EUROPA e ESTADOS UNIDOS e a futura economia mundial dependente dos olhinhos puxados ( CHINA ) BRASIL , INDIA , RUSSIA e outros paises asiáticos não dependentes como o JAPÃO , da economia americana que naufraga a olhos vistos.
O perigo que ocorre é o desespero dos futuros quebrados , como a FRANÇA, INGLATERRA , U.S.A. , ESPANHA , ITALIA e outros menos votados, que pretendem passar a imagem de defensores da democracia , mas que na realidade defendem é seu status economico mediante o uso da força.
RICHAR PEREIRA
ZePovinho
http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/03/faceb…
Facebook remove página da “Terceira Intifada Palestina”
Página removida por ordem do governo de Israel
A ordem para a retirada da página partiu do ministro israelense Yuli Edelstein.
Edelstein falou diretamente com Mark Zuckenburg e exigiu a retirada da página.
Mais de 340 mil pessoas já haviam se inscrito na página que conclamava uma manifestação para o dia 15 de maio.
A data comemora A Nabka ( catástrofe) Palestina de 1948, quando centenas de milhares de palestinos foram expulsos de seus lares milenares para que fosse criado o estado de Israel.
Nas últimas três décadas, os palestinos lançaram duas Intifadas, a primeira em 1987, a segunda em 2000.
Até o momento ninguém no Ocidente protestou contra a remoção da página.
Lamentável.
Exraído do Blog do Bourdoukan
Enviado por Beatrice
Durval Batista
O negócio é o seguinte: a intervenção humanitária na Líbia foi autorizada pela ONU
A intervenção brasileira no Haiti, também foi autorizada pela ONU.
São exatamente a mesma coisa: intervenções humanitárias autorizadas pela ONU.
Então, vou cobrar coerência de todos aqui: quem for contra a intervenção autorizada pela ONU na Lìbia, que se posicione com a mesma convicção contra a intervenção brasileira no Haiti.
Ricardo Martins
Parece que tem gente aqui misturando ho com bugalho! Como é possível alguém comparar a ação humanitária do Brasil como este morticínio apoiados pelos EUA! Eles estão bombardeando cidades de maneira indiscriminada. Não querem nem saber onde pode cair estes misseis tom hooks. A diferença está ai. Por acaso o Brasil está bombardeando o Haiti?. Tem cada Zé mané aqui, que vamos deixá pra lá!
Vai ser burro assim na "casa do Chapeu"!
Roberto Locatelli
Só que os EUA estão com menos poder do que antes. O que eles poderão fazer? Intervir na Líbia, Somália, Egito, Síria, Yêmen, Tunísia, Bahren, Irã, Jordânia, Marrocos, Arábia Saudita?
Se o povo sublevado do Oriente Médio e África do Norte adotar as estratégias corretas de não se submeter a nenhum governante teleguiado de Washington, o mundo mudará para melhor definitivamente.
CarlosAugustoPereir
Parabéns ao Viomundo e à Carta Maior. É gratificante ler a entrevista e poder contar com a análise de Moniz Bandeira para nos iluminar o caminho.
Marat
Enquanto a Rússia dorme, à base de drogas pesadíssimas, e a China, fica calada, o Brasil não investe em armamento antiaéreo, não investe em submarinos, em mísseis anti-navio, e não compra caças velhos caindo aos pedaços… Se o PSDB não ganhar mais as eleições presidenciais, o pré-sal não será doado, portanto, temos fortes possibilidades de sermos invadidos pelo democrático, correto, honesto e pacífico Tio Sam e seus comparsas-meliantes europeus…
Bonifa
Se depender de quinta-colunas infiltrados no Planalto, o Brasil permanecerá tão indefeso quanto um cacho de bananas. E quando os piratas sanguinários chegarem, esses quinta-colunas ainda descascarão as bananas para eles.
OLCampos
Intervenção humanitária é o novo ataque preventivo!
Henrique
É uma variante da Doutrina Brejenev. Os imperadores tem pensamento único! Cabe a nós não sermos "bobocas"!
Marat
A ditadura global está a todo vapor, muito semelhante à que O Aldous Huxley e o George Orwell pintaram. eles só se enganaram de país…
Fernando
Fico vendo o Obama falando da Libia, para mim, parece que nem ele acredita no que fala…KKKKK
E o pior é que tem idiota que entra no coro
Na Africa a décadas entra genocídio e sai genocídio e ninguém se prontifica a proteger os civis
Napoleão
O que os EUA e a União Européia querem é a formação de um bloco econômico unindo o Norte da Àfrica e o Oriente Médio. O Clube de Roma dividiu o mundo em 10 blocos. 1NAFTA, 2União Européia , 3Rússia, 4China, 5Japão, 6América Latina, 7Norte da África e Oriente Médio, 8África Equatorial (Central), 9Sul e Sudeste Asiático e 10.Oceania + África do Sul. Estamos assitindo à formação dos blocos 7 (Tunísia, Líbia, Egito, etc.) e 8 (possibilidade de intervenção na Costa do Marfim, Nigéria, Sudão, etc. Para a formação dos blocos ou nações é necessário que os ditadores pró ou contra o Ocidente sejam derrubados, pois jamais aceitariam entregar a soberania de seus países! È mais fácil dividir o mundo em blocos para depois controlá-lo, impondo uma ditadura global. Para EUA e UE os países precisam perder a sua soberania em troca de proteção…
FrancoAtirador
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O Brasil bem que poderia dar o exemplo
e cumprir a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA,
punindo todos os militares e civis que se envolveram
em casos de violação de direitos humanos
na ditadura dos generais de 1964 a 1985.
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Bonifa
Mais pau na cabeça do Brasil:
ONGs palestinas criticam cooperação militar Brasil-Israel
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A ONG palestina Stop the Wall e a campanha civil internacional Boicote, Desinvestimento e Sanções a Israel (BDS) pediram nesta quarta-feira ao Brasil que suspenda a ampla cooperação militar de suas empresas com o Estado judaico. Segundo um estudo divulgado por essas organizações, o Brasil é o quinto maior importador de armas israelenses, com intercâmbio comercial entre ambos em matéria de defesa que chega a US$ 1 bilhão, e "viola as obrigações legais e os interesses políticos do Brasil".
. http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI…
Almeida Bispo
Essas "revoltas" árabes parecem estarem sendo replicadas do mesmo modo nos canteiros de obras do PAC, no Brasil: ORQUESTRADAS (a coisa está muito organizada).
Desconfio de tudo quanto é movimento apoiado pela turma dos esquemas tenebrosos, os imperialistas.
Em 08 de agosto de 1963 um assassinato duplo, pai e filho, deputado federal e estadual respectivamente, em minha cidade começou com uma aparente inocente passeata para pressionar pelo estabelecimento da rede de distribuição de água. O problema é que o grosso da polícia do estado veio "pra garantir a tranquilidade da passeata". O deputado filho ficou sem o maxilar inferior arrancado pela primeira rajada de metralhadora; e o pai também recebeu suas duas rajadas. Dizem que o governador perdeu o mandato cassado pelos militares seis meses depois por ter participado do famoso comício da Central. Eu acho que foi outro o motivo.
Marcelo de Matos
(parte 2) Na semana passada, rompendo tradição de uma década, o Brasil votou a favor da abertura de uma investigação contra o Irã na ONU. A China disse “não”. Em janeiro, Barack Obama abordara com Jintao o mesmo tema espinhoso que Dilma planeja realçar no mês que vem. Deu-se, porém, na Casa Branca, não em Pequim. Nessa ocasião, Hu Jintao admitiu que há “muito a ser feito” na China. Mas disse que “não cabe a nações estrangeiras ditar regras.” É isso que espera Dilma se tem a intenção de dar lição de moral nos chineses.
Marcelo de Matos
(parte 1) Estamos no limiar de uma nova era das Cruzadas. Os paladinos dos direitos humanos usam esse pretexto para invadir a Líbia, o Iraque e, se bobear, o Irã. Podem ficar tranquilos que o petróleo e o gás natural não têm nada a ver com isso. O PIG faz extraordinária pressão para que Dilma condene as violações dos direitos humanos no Irã e na China. Josias de Souza está na torcida para que Dilma dê uma dura no presidente chinês, na viagem que fará ao país entre 12 e 15 de abril: “Os organizadores da viagem informam que Dilma deve falar de direitos humanos numa conversa com o presidente chinês, Hu Jintao. Não é um tema fácil para a China, país que frequenta a cena internacional como notório violador dos direitos fundamentais do ser humano. É ainda mais difícil para a visitante apontar a sujeira no canto da sala de estar do anfitrião. Confirmando-se a intenção, Dilma dará mais uma demonstração de que elegeu o tema dos direitos humanos como prioridade. Algo que a distancia de Lula.
FrancoAtirador
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Em nome da “TRADIÇÃO da moral”,
dos “bons costumes da FAMÍLIA”
e da “PROPRIEDADE privada”
é que foram e são, em todos os tempos,
praticados os piores crimes contra a Humanidade.
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sergio
Bela entrevista, nós brasileiros torcemos pela paz, mas se os EUA se encalacrarem na Líbia assim como no Iraque e Afeganistão será ótimo para o equilíbrio mundial, o Bric agradece.
FrancoAtirador
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Depois da Líbia será a Síria
Depois da Síria, o Irã.
Depois do Irã…
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Almeida Bispo
A democracia americana tem seus dilemas atenuados, não pelo debate interno e pela razão, mas pelos rios de sangue que seus governos fazem correr mundo afora. Americanos não conseguem viver sem matar. Historicamente, sempre foi assim.
Pilar
Depois do último pronunciamento de Obama sobre o que a Otan dos Estados Unidos está fazendo na Líbia (trata-se de uma ação humanitária, "claro"), me veio à tona o título de um livro que eu encontrei uma vez num sebo. O título era "o cinismo dos genocidas".
Vocês acham que esse título tem a ver com as declarações do Nobel da Paz?
Renato
Parabéns ao professor Moniz Bandeira pela entrevista. Como nos seus livros, uma exposição profunda e lúcida. Lê-lo ou assisti-lo em entrevistas é sempre uma forma de enriquecimento sobre a política internacional. Obrigado ao blog postar esta jóia de entrevista.
mello
excelente, como sempre aliás, as explicações do professor Moniz de Aragão. As "grandes potências" podem, em futuro breve, se arrempenderem amargamente pela aventura em que se atiraram
Ronaldo
Este foi o melhor comentário que eu li sobre a Líbia até agora.
Impressiona a riqueza de informações disponibilizadas pelo entrevistado Moniz Bandeira.
Parabéns ao historiador, à Carta Maior e ao blog.
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