Urariano Mota: Um caso de corrupção acadêmica

Tempo de leitura: 3 min

por Urariano Mota, em Direto da Redação

Recife (PE) – O homem que me contou este caso não é nenhum corrupto. Ainda que não haja contradição entre ser um cientista e um senhor corrupto, ele é um mestre, um cientista. Para melhor situá-lo, direi que é biólogo de uma escola superior do sul do Brasil. No entanto, a sua pessoa poderá ser vista em qualquer cidade. Com a palavra, o mestre K:

A coisa está pior do que se pode imaginar.  O senhor se julga um escritor, um sujeito dotado de fantasia? Então acompanhe o que lhe vou contar, porque a sua imaginação vai aprender muito.

Eu fui nomeado para ser relator de uma dissertação de mestrado. Tudo bem, isso faz parte do meu trabalho. Por experiência eu sei que não devo esperar teses que revolucionem o mundo da ciência. Revolução? Menos,  para que exagerar? A realidade já é um exagero. Para dizer a verdade, eu não devo esperar a mínima contribuição para qualquer coisa. Como eu sou um homem honesto, eu lhe digo que se esse fosse o critério, eu não estaria no lugar onde estou. Mas não ter esperança é diferente da mais completa desesperança. Acompanhe.

Quando eu havia corrigido cerca de 2/3 da tese, eu tinha contado cerca de 150 erros de português. Preste bem atenção. Eu não sou exatamente um cultor do português, a minha especialidade é outra. Mas havia erros crassos, gritantes até para mim.  Agora olhe como as coisas andam na maior concordância orgânica. O que o trabalho não sabia de português, melhor ainda não sabia da ciência biológica. Que maravilhosa coerência, não é? Havia antagonismos, buracos, saltos, o diabo. Então chamei o aluno, contei-lhe o estado deplorável da sua tese.

O aluno, muito vivo, me respondeu então, na minha cara, pois a que cara ele haveria de falar, não é?… na minha cara ele me disse que não tinha tempo de fazer as correções antes da defesa, que já estava marcada para o dia 13 de abril, e que viria um outro doutor  de Brasília para a banca examinadora, etc. Então eu disse a ele: ‘Escute, você me fez perder um tempo grande na correção. Mas se a data da defesa já está marcada e seu orientador acha que o trabalho está apresentável, não vou criar problema. Mas tem uma coisa: retire o meu nome de relator, certo?’

Não sei por que cargas d`água o futuro ‘cientista’ achou que a comissão examinadora poderia criar problemas se ele não recebesse ‘o apto a ser julgado’ do relator, no caso, eu. Por conta dessa dúvida, ele apareceu em minha casa acompanhado dos seguintes fundamentos teóricos e experiências de laboratório: o seu poderoso pai com mostras de riqueza nas roupas, nos sapatos, mencionando de passagem o carro importado, junto às mais importantes citações científicas, todas de nomes de políticos e de pessoas influentes da sociedade. Claro, como a visita era de amizade, como era uma política de boa vizinhança, trouxeram um litro de uísque antigo, cujo preço é o meu salário…. Eu não só dispensei o ‘presente’ como voltei a explicar tudo de novo: ‘O problema é seu e de seu orientador. O que vocês acordarem, pra mim está ótimo. Agora, não coloque o meu nome nessa história. Só isso’.

Bem, o ‘cientista’ defendeu o indefensável, não fez as modificações sugeridas  por mim e pela banca examinadora, mas foi aprovado. Quando imprimiu os seis volumes da dissertação, deixou o meu nome como relator. Eu  só não chamei o cara de santo. Então, fiz uma reclamação por escrito ao coordenador da pós-graduação e lhe disse que já era a segunda vez que me faziam de palhaço. E numa atitude radical, consegui apagar o meu nome em quatro dos seis volumes impressos, com corretivo. O pai do aluno, quando soube de minha atitude, o que fez?  Imagine, o pai do farsante me ameaçou com um processo. Eu era o delinquente! Ainda bem que para a minha sorte, para que o pai indignado não levasse adiante o processo, não havia prova de que eu cometera o crime de apagar o meu nome. E para maior atenuante, ainda havia dois exemplares com o meu nome de relator.

Agora, vem a melhor parte: contando isso aos colegas em uma reunião do Departamento de Biologia, em vez de receber apoio integral pela minha atitude, eu fui acusado de estar com excesso de ‘preciosismo’ nas minhas correções. Os professores mais corruptos disseram que eu fui idiota, metido a Robespierre  em não ter aceitado o litro de uísque do cara. Em nome até da boa convivência, eu nada respondi a quem me chamou de Robespierre. Minha cabeça podia ir para a guilhotina”.

E aqui termina a fala do mestre K. Acreditem os leitores, o narrado não é ficção. Acontece em muitos lugares do Brasil.

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Comentários

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Paulo

Abaixo um recente caso de corrupção acadêmica de grande porte. Universidade pública, repercursão internacional, rios de dinheiro desviado, dezenas de artigos e um livro inteiro afetados. Leiam e PASMEM:
http://cienciabrasil.blogspot.com/search/label/Un

Urariano Mota: Espertos e otários no mundo da ciência | Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] repercussão do artigo anterior foi tão surpreendente, que não posso me furtar, essa palavra própria, a mais um caso. Entre os […]

José Maia

Isso existe, mas não é nem de longe representativo. Está errado pensar que a pós-graduação no Brasil é isso.

BGA

é por isso que eu faço as monografias e a galera paga meus serviços o resto eh com eles

Marcelo de Matos

Quem quiser entrar na área de lobby (ou corrupção mesmo) junto ao poder público, deve procurar conhecer as marcas e categorias de uísque: Black Label – (12 anos); Green Label – (15 anos); Gold Label – (18 anos); Blue Label – (21 anos). Para cada categoria de agente público, o produto adequado. Já fui funcionário público e já me ofereceram uísque. Não aceitei e relatei o fato a minha superiora. Ela disse – não entre na conversa desse cara. Ele retira o uísque na empresa em seu nome e leva para casa. É um alcoólatra. É, há várias formas de corrupção.

Robson

O professor corrigia uma "tese"… de mestrado??? Por ser mestrado, professor, o senhor sabe bem, não seria uma dissertação?

    Madison

    Ele não disse isso. Disse: "Eu fui nomeado para ser relator de uma dissertação de mestrado". E mais isso: "eu sei que não devo esperar teses que revolucionem o mundo da ciência". Tese, nesse caso, deve ser entendido como a idéia que se quer desenvolver.

    ratusnatus

    Toda tese, por definição, é uma dissertação. A não ser que vc ache uma em prosa por aí.

Uélintom

Por isso que as universidades particulares são melhores.

Se o cabra paga a mensalidade direitinho desde o primeiro mês, tá aprovado.

Se o pai é colaborador emérito, aí é menção honrosa.

E se descola uma "parceria" com o governador, aí pronto, é mérito e louvor na certa.

O_Brasileiro

Isso é só a ponta do iceberg…
Há muita coisa errada na pós-graduação no Brasil, onde se valoriza a quantidade e não a qualidade!
Por isso as pesquisas brasileiras têm tão pouca aplicabilidade no cotidiano das pessoas e tão poucas patentes de relevância são obtidas pelas universidades.
É um "ctrl+C, ctrl V" das técnicas de pesquisa norte-americanas!!! Pouca coisa de inovação puramente brasileira!

Yes we créu !!!

Eu defendo o fim da estabilidade do professor nas universidades publicas !!! Por que haveria de ter estabilidade um academico sem producao cientifica? Qual seria a logica pra se defender estabilidade de professores improdutivos? Alternativamente, alem da demissao dos improdutivos, poderiam ser compensados aqueles que produzem acima da media. Penso que professores (os improdutivos) e fraldas devem ser mudados com frequencia, e pela mesma razao. Com a palavra, os corporativistas.

    Marcelo Fraga

    Formar alunos é prova de "improdutividade"? Então o que é ser produtivo?

    Em que planeta você vive, meu caro?

    Yes we créu !!!

    Caro Marcelo,

    Se nas melhores universidades do mundo, os professores, alem de formarem alunos, tambem fazem pesquisa de qualidade, por que o mesmo nao pode ser feito no Brasil? Ou haveria ai uma incompatibilidade entre as duas atividades? Eu concordo com vc que formar alunos eh, sim, indicador de producao, mas o atual sistema nao discrimina quem nao faz nem uma coisa nem outra. Quanto ao planeta em que vivo, vou lhe responder: sou pos-doutor numa universidade canadense. Portanto, eu sei o que eh uma universidade produtiva, e hei um dia de ajudar a construir a equivalente brasileira.

    Abraco fraterno.

    ruyacquaviva

    A questão aí é o critério usado para medir a produtividade.
    Dizer-se a favor da produtividade é fácil, mas definir critérios coerentes é difícil e aplicá-los muito mais difícil ainda.
    Principalmente em uma universidade, que por não ser uma fábrica ou uma loja, tem sua produtividade ligada a critérios com alto grau de subjetividade.

    Clóvis

    Tudo depende, se você é contratado para dar aulas e só é ser muito produtivo (lógico desde que faça com qualidade – pq produtividade não é analizada só do ponto de vista quantitativo…). Entratanto, se o professor é contratado, como é regra nas Universidades Públicas, para dar aulas E fazer pesquisa é sim ser improdutivo.

    brz

    Meu filho não caia no produtivismo, pois isso pode significar lixos, mas produzidos, qualidade zero. É o que acontece ultimamente.

    Luciana

    Olha, estou nesse ambiente academico como aluna desde 1998 (so em publicas), estou pra acabar o doutorado e te digo: ja vi professor que faz plagio, que rouba trabalho de aluno só pra manter a produção. E se vc olhar o cv do cara é superprodutivo… tem lá 4 ou 5 publicações em periódicos diferentes da MESMA COISA, so muda o titulo!! são páginas de cv.
    Tb sou a favor da quebra da estabilidade, mas pra mim, o criterio utilizado deveria ser outro: canalhice! aprontou, plagiou, sacaneou aluno, tá fora!!
    Os melhores professores que ja encontrei, que realmente se preocupam com pesquisa seria, com orientação bem feita, são os "moderadamente" produtivos. Pense nisso.

Maurício

Ah não vamos esquecer do Currículo. Como se monta um bom currículo? Ora, com um bom dinheiro se monta um bom currículo lattes, tendo uma grana tu consegues ir para o Congresso em Recife, um Simpósio em Brasília, Encontro em PoA, mais Congresso em São Paulo, Seminário X, Seminário Y. Por mais que vc vá apenas para fazer turismo, apresente o trabalho para as moscas e receba a crítica feroz do silêncio. É uma linha no Currículo. Por mais que vc não escreva nada com nada, e que cite apenas uma fonte para sua investigação científica, tá valendo!!! O importante é está produzindo, uma merda, mas merda é que não falta no mundo, mais uma ou menos uma não faz diferença.

Alexandre

Essa estorinha, apesar de ter alguns argumentos plausiveis, não me parece verdadeira. Primeiro ele fala em mestrado, o que levaria a uma conclusão de dissertação, não tese (em geral, neste caso o aluno deve aplicar e mostrar que tem conhecimento e domina uma técnica qualquer, não necessitando ser nova) . Também acho pouco provável que alguém que queira sair de uma banca ou mesmo da relatoria encontre tanta resistência. Quanto a falta de qualidade das dissertações e teses é comum e erros na escrita muito mais. O que não é comum é o aluno se recusar a corrigi-los.

    Yes we créu !!!

    Alexandre, pelo visto vc estudou na mesma escola do pseudo-mestre. So espero que vc nao tenha defendido mestrado. rsrsrsrsrs

    Salvim

    Não acho que o Alexandre esteja concordando com o que aconteceu, penso que seja só o relato da sua vivência. Vejo da mesma forma: temos sim, problemas monstruosos nas pós Brasil afora (principalmente lato sensu), mas o artigo me pareceu "romanceado" demais. Se de fato aconteceu tudo isso, tem algum ingrediente faltando nessa conversa…

ZePovinho

Olha como cuidam da Biblioteca Nacional.Um patrimônio de TODOS os brasileiros.É um momento-síntese sobre o uso da coisa pública para fins privados.A GLOBO tá no meio,como sempre no Rio de Janeiro.
http://www.vermelho.org.br/tvvermelho/noticia.php

Autoritarismo e coerção na festa da Biblioteca Nacional

[youtube Esj65p6R_ug http://www.youtube.com/watch?v=Esj65p6R_ug youtube]

Servidor sofre assédio moral após denunciar privilégio da Globo

Em maio de 2009, os servidores Silvio Bahiana e Regina Santiago foram sumariamente afastados de suas funções no Escritório de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional por um único motivo: defender o bem público contra privilégios da Globo. Mais de um ano depois, solidários a Silvio e Regina, servidores da Funarte (Fundação Nacional das Artes) sofreram nova agressão. Desta vez o crime foi panfletar a denúncia do jogo promíscuo entre o presidente da Biblioteca e a Fundação Roberto Marinho.
“Em 25 de maio, eu e a Regina fomos surpreendidos pela nossa secretária nos avisando que um telefonema vindo do Muniz Sodré, presidente da Biblioteca Nacional, ordenava que uma pessoa de suas relações fosse recebida no Escritório de Direitos Autorais, e que o documento que ela portava fosse deferido e registrado imediatamente”, conta Sílvio, em entrevista a Rafael Maul, do Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro……………

ZePovinho

A tampa da latrina foi aberta.Quando as denúncias de assédio sexual começarem a pulular é que sentiremos a pouca galhardia da universidade de hoje.
Existe uma instância para denunciarmos essa sacanagem.A ANPG(Associação Nacional de Pós-Graduandos),da qual fui parte,tem o dever de discutir isso no Conselho Técnico-Científico da CAPES.Alô,alô Professora Zena Martins!!!!Estão fazendo um bacanal com muitas bolsas que deviam ser dadas por mérito!!E isso é só a ponta do iceberg!!

Lula

Há também os orientadores que fizeram carreira política dentro das instituições e por conta disso mantêm status de capacidade intelectual sem base produtiva, sem publicações relevantes. Estes muitas vezes entram em conflito com seus alunos tentando se impor apenas pela posição hierárquica, sem base científica. O clima corporativo reinante nas instituições elimina qualquer chance de o aluno se contrapor. Isto também não é raro de acontecer.

Nathália de Tarso

Só não vou dizer que a história foi comigo porque sou historiadora e não bióloga, mas é tin-tin por tin-tin o que já vivi participando de bancas por aí afora. E também sou chamada de preciosista, imagine!

    Yes we créu !!!

    Nathalia, eu ainda nao passei por isto. Mas morro de medo antecipado, pois tambem sou "preciosista", coisa canfona nos dias de hoje.

Marcelo Teixeira

O pior é que já faz algum tempo que isso ocorre também no ensino médio, público e privado, onde pais intimidam professores para que seus filhos sejam aprovados.
Não estranharei se num futuro próximo formos assaltados por nossos alunos nos sinais de trânsito.

André

Há muita mediocridade em nossa academia, que acha que fazer ciência é fazer síntese bibliográfica e, obviamente, curricular.
Isto é fruto da histórica ruptura entre pesquisa e extensão.

Thiago M Silva

Muito bom trazer esse assunto à tona. Existem histórias ainda mais baixas, como de alunos se envolvendo intimamente com os "chefes de gangue" para serem aprovados. Infelizmente a classe pretensamente mais culta da sociedade tb tem praticas tribais como qualquer agrupamento humano…MAS nao podemos generalizar, claro. As excessões precisam se apresentar com codinomes (!!!!!)

Andre

Universidade pública é isso aí mesmo. Que vergonha.

    edv

    Fico imaginando as privadas…

    Paulo

    ja orientei e participei de bancas . O relatado é verossímil e não é um fenômeno exclusivamente brasileiro. No entanto André , sua opinião é ligeira e preconceituosa. As melhores universidades do Brasil são as públicas e a frequencia com que tais episódios acontece, é com certeza muito maior nas universidades privadas.

    Yes we créu !!!

    O que seria do Brasil sem as universidades publicas. Ruim com elas, pior sem elas.

    Luciana

    Eu diria, impossível sem elas. Já dei cursos de férias em algumas particulares famosas e é triste, muito triste. A preocupação com equipamentos e "beleza paisagística" é enorme, mas já vi professores de Histologia que não sabiam nem a posição correta para se usar um microscópio, triste, triste, triste.

    Recruta

    Veja que nos EUA, o baluarte da privataria, ao contrario do que o PIG pinta pra nós, o povo já anda abrindo os olhos e brigando pelo ensino com financiamento publico em detrimento ao modelo totalmente privado.

    Mais em: http://www.huffingtonpost.com/jack-jennings/feder

    ratusnatus

    Ja foi pra França ou Alemanha?
    Sebe quantas universidades NÃO públicas há por lá?

Luiz

Não se pode generalizar. Mas isso que foi relatado aí é o "zeitgeist" da universidade hoje. Os liberais e os ex-comunistas que mandam na "academia" atualmente levam ao paroxismo a crise moral da "inteligência" brasileira. O negócio de muita gente lá é isso: negócio. É vender pareceres, opinião, consultoria etc. O exercício da crítica faliu. As platitudes dos cientistas (principalmente os sociais) são de dar nos nervos. A baboseira liberal ganhou corações e mentes pela universidade.

    Osni

    Isso não é só no Brasil, sr. Luiz. Quem pensa que lá fora é muito diferente, é ingênuo.

jose

O grande problema não são os erros de grafia, mas pelo que li há problemas de ordem científica, que levaram o referido professor a não indicar o texto para defesa. Nesse ponto, como professor concordo com mestre K. Quando não há lógica, coerência de idéias uma tese ou dissertação – buracos como disse mestre K – é claro que o trabalho não pode ser levado para defesa pública. As questões teórico-metodológicas que envolvem o trabalho científico precisam ser trabalhadas adequadamente. O texto claro e bem escrito é obrigação de um aluno de Mestrado e/ou Doutorado. A exposição exige clareza, forma legível e que possa comunicar e fato os achados de uma pesquisa. Sem ranços, no caso o uso do código culto da língua é parte das exigências que devemos fazer a nossos alunos. Como alguém pode comunicar algo por escrito se não sabe escrever?

    Bertold

    Você está correto mas o que, em outras palavras, o mestre K quiz dizer é que o "cientista" é filho de burguês e quer o "canudinho" para botar na moldura, o conhecimento genuino não interessa para ele.

dukrai

a imbecilidade é tanta que uma revisão de redação e normas técnicas fica mais barata que a referida garrafa de uísque, R$ 5,00 a página. Se não tiver condições nem de escrever uma dissertação tem gente que faz pra vc, o único cuidado é de arranjar um "profissional" que não seja um simples ctrlC/ctrlV, porque ai fica facin pegar o meliante na internet.
a outra opção é não fazer mestrado/doutorado nem ser professor nessas escolas picaretas, aí o bicho pega porque no meu exame de admissão ao mestrado eu fiquei com a última vaga com a nota geral de 84, em quatro etapas eliminatórias. Ser professor na pós-graduação de Literatura/FALE/UFMG é um pouco mais difícil, tem avaliação 7, de excelência internacional da CAPES e um longo caminho de aprovação em concurso, trabalho na graduação, pesquisas e trabalhos publicados, se tiver sorte e for amigo duzômi e dasmuié talvez seja convidado.

    Bertold

    Me desculpe o mercenarismo mas já cheguei a cobrar 30 paus por página de um paper de econômia do trabalho… rsrsrs

    dukrai

    concorrência, bródi, o que tem de revisor e redator em Letras vc nem imagina rs

MARCUS

O que não falta é safadeza na Academia, pior de tudo é que não tem controle. Eu por exemplo, prestei o mestrado na geografia da USP. Para minha surpresa fui reprovado no teste de proficiência, olha que eu estava terminando o último nível do curso de inglês. Para minha surpresa uma conhecida minha, que não sabia nada de inglês, não chegou nem a fazer a prova sob a desculpa de que "isso seria acertado com orientador posteriormente". Lembrando que no dia da prova de proficiência aconteceu uma coisa medonha, a prova não era fácil e precisávamos traduzir um texto que demandava tempo, maior do que aquele que estava estipulado. Vi que não ia dar tempo e comecei a correr para terminar, isso fez com que a minha parte final ficasse ruim, eu sei. Eis que quando estava a finalizar a prova, a coordenadora com seu sotaque castelhano disse que daria mais tempo para que as pessoas pudessem passar a limpo. Mas ninguém fiscalizou se as pessoas estavam passando a limpo ou ainda estavam fazendo. Terminei a prova, entreguei e saí, fiquei lá fora vendo até que horas ia a prova, o que teria que terminar por volta do meio dia, meio dia e pouquinho foi terminar lá pra lá das 13 horas.
Detalhes, ao que parece o tempo estipulado era uma pegadinha para quem não conhecia o esquema. Suspeito disso, pois um outro amigo que prestou a prova disse que tinha ajudado uma outra colega com o básico de inglês, o resultado é que ela passou e ele não. Mas ele foi um dos primeiros a sair da prova e ela uma das últimas. Das duas uma: ou ele é excelente professor que sabe ensinar muito bem e não soube usar para si ou tem maracutaia nesse meio.
Outras coisas chamam a atenção: no processo da geografia física, por exemplo, o resultado além de sair no mesmo dia da prova ainda sai a nota do candidato indicando a ele, caso tenha reprovado, o quanto ainda precisa melhorar. Já na geografia humana, além de demorar um mês para sair o resultado ainda por cima não sai a nota, apenas "aprovado" e "reprovado".
Isso, estamos falando da USP, da UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO.

Daniel Campos

Esse é um didático retrato da nossa sociedade e um excelente exemplo de como ela é extremamente corrupta. E endosso o escrito pelo autor do texto, acontece assim mesmo. O sujeito pode ser o profissional mais medíocre que existe, mas consegue altos cargos (e altos salários) porquê é bem nascido e/ou têm "paitrocínio". E isso não é o pior, o pior é ver os seus semelhantes ENDOSSAREM tal absurdo e dizerem que VOCÊ é o "errado" por não compactuar com isso. Um corrupto você pode sempre enfiar para sempre na cadeia, mas como colocar toda uma nação de corruptos atrás das grades?

Luciano Prado

A Secretaria de Educação da Prefeitura do Rio de Janeiro parece ter assimilado as práticas dos educadores paulistas. Nesse início de ano professores da rede municipal têm uma semana de capacitação antes do início das aulas. A referida capacitação nada mais é do que a apresentação de material das grandes editoras de revistas e livros com o propósito de “amaciar” as mentes possivelmente para uma próxima investida. Em resposta, os professores estão abandonando as tais capacitações quando percebem que os palestrantes ou “capacitadores” são Editores de revistas de grande circulação com propósito bem definidos. A bolsinha (presentinho) recheada de revistas e brindes da Editora não está fazendo a cabeça dos professores da rede municipal do Rio de Janeiro. Os professores reclamam que se a Prefeitura e a Secretaria de Educação querem mesmo melhorar e capacitar os professores existe gente bem mais qualificada (doutores e mestres) no corpo de educadores da Secretaria. “Editores” têm outros objetivos, e nada nobres. Te cuida Eduardo Paes.

    Nilva

    A Cláudia Costin foi "importada" de São Paulo para levar os métodos já testados com os tucanos daqui para o Rio de Janeiro. Não surpreende que seja assim.

Carlos J. R. Araújo

Prezado PHA:
Isto nada mais é o retrato da realidade. Todos sabemos que, desde sempre, trabalhos de conclusão de curso, trabalhos científicos, dissertações e teses de mestrado e doutorado e outros trabalhos equivalentes, também são feitos por terceiros. Seleções de candidatos para o magistério superior ou para cursar a pós-graduação? Sempre houve os apadrinhados. Patrocínio de tudo: dinheiro, sexo, pagamento de favores, relações sociais e familiares, vinculações políticas, etc. Qual a novidade? Uma única e somente ela: o que era exceção no passado, hoje e cada vez mais, se torna regra geral.

Julio Silveira

E é essa mesma gente quem primeiro reclama da corrupção na politica, que dizem que brasileiro, sua própria gente tem vocação para bagunça, para serem subalternos e o diabo a quatro, como que para justificar seus malfeitos. Esses são os mediocres que fazem grande parte da desinteligencia brasileira, mas com muita hipocrisia.

Nine

Infelizmente essa é a educação em nosso país, não apenas a escolar, mas a de casa. É um absurdo, mas é o que acontece por todas as universidades. As pessoas estão pouco preocupadas com a educação e a ciência, querem é dinheiro e pretígio.

ricardo silveira

A menos que esteja enganado, trata-se de uma instituição pública, até porque as privadas não estão interessadas na pós stricto sensu, o que evidencia que a picaretagem se encontra em todo lugar. Creio que agora, com a base parlamentar mais afinada ao Governo Dilma, bem que o projeto de reforma da universidade poderia ser desengavetado e voltar à discussão e posterior implementação. Há muito o que fazer e muitos feudozinhos para serem varridos da universidade, para o bem da educação e do país.

riorevolta

O que esperar da Nobreza além de paternalismo, coronelismo, troca de favores, relações pessoais acima da lei… Não pode-se esperar iluminismo de quem vive no Antigo Regime.
http://riorevolta.wordpress.com/2010/12/04/a-repu

joe

Conversava no café da manhã sobre essa "coisa" da Língua. Erros de português, a perda da língua
"pura"(!!!??? rs), a língua como arma, a elite branca, o "jurisdiquês"………..e (Bingo!!) A Industria do Ensino!!
As mutretas nas aprovações dos escolhidos, dos queridinhos dos professores, aqueles apadrinhados. Que fazem o trabalho que a Academia quer. O que está na moda.
Os professores que tem que fazer o trabalho que os pais não fizeram. Uma sociedade que valoriza o dinheiro e não o desenvolvimento pessoal.
Quer saber???? Rancor!!!!!

ZePovinho

Cuidado com a deduragem,mizifio Azenha!!!Sunsê vai aperriá muita gente!!!

[youtube eu8IvVu-W_o http://www.youtube.com/watch?v=eu8IvVu-W_o youtube]

ZePovinho

E as fundações que existem nas universidades públicas,onde os professores prestam serviços para empresas e governos???A universidade fica com todos os custos de funcionamento e as fundações com todos os lucros.
E o predomínio de paulistas,cariocas,gaúchos e gente do sul-maravilha na CAPES e CNPq???Lembram da luta que foi e É para levar recursos para o norte e o nordeste???
E as seleções para o sujeito ser professor???Como as bancas são montadas??Por que só entram(majoritariamente),nesses concursos,professores que estejam na linha daqueles que estiverem na direção do processo?Ou ex-orientados de professores dos programas?
A universidade pública está apinhada de corrupção.É como o Brasil.
São as melhores instituições de educação superior e as mais democráticas,mas precisam discutir em público seus problemas.

George D.

Caro, não duvido da veracidade do texto, agora, por onde eu circulei e circulo na academia, isso é exceção e não a regra.

Observo apenas que, de fato, os problemas com uma escrita que se faça entender, formalmente correta, têm se mostrado recorrentes, infelizmente.

A intervenção paternalista – que seria rechaçada, diga-se – só vi em universidade privada e apenas na graduação, o que já é um absurdo.

Jorge

Quando é que vamos criar uma nova mentalidade, um novo tipo de gente que seja diferente de todo o "lixo" que está ai?

Estou (e sempre estive) a seguir em frente, mesmo que na contramão, com minha honestidade; não que isso seja o que eu quis, é que aprendi assim com o meus pais e não consigo ser diferente e agora sinto-me feliz assim. Fazer o que?

Janes Rodriguez

De algum lugar esses estudantes fascistas têm saído. Essas instituições de ensino superior também são responsáveis pela deformação moral de nossa juventude.

Remindo Sauim

Só lamento que o texto apele para os erros de português, achei que depois dos 8 anos maravilhosos do Lula, até os acadêmicos já tivessem parado com estas bobagens. A solução é contratar um copidesque para cada brasileiro. Com esta abertura elitista, o resto do texto fica comprometido. Vai te catar, Urariano.

Rios

Muitas universidades e muitos cursos de graduação e prós-graduação são antros de corrupção, sabotagem, puxadas de tapete etc tanto de alunos como de professores… mas como se diz, a universidade é um espelho de nossa sociedade, não?

ZePovinho

Eu mesmo vi dezenas deles.De desvio de bolsas da CAPES e CNPQ(para quem ficou nos últimos lugares de seleção para mestrado e doutorado) até aplicação do dinheiro das bolsas no overnight na década de 80-o que até não é reprovável,desde que não ultrapassasse 3 meses e todo o dinheiro fosse para a universidade.
Foi isso que me fez achar que a universidade devia ser administrada por um corpo em separado(com o TCU lá dentro).Professor deve dar aulas e pesquisar.Só.

Evaristo

Eu fiz o mestrado em uma grande universidade de São Paulo e havia uma aluna que não tinha as mínimas condições de escrever e defender uma tese, nós suspeitamos que ela pagou para alguém escrevê-la, até mesmo o seu orientador.

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