Altamiro Borges: Dilma deveria se inspirar em Cristina

Tempo de leitura: 3 min

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Dilma deveria se inspirar em Cristina

Por Altamiro Borges, em seu blog

Diante da excitação golpista na Argentina, bem parecida com a que agita o Brasil, a presidenta Cristina Kirchner assumiu seu papel de liderança política na defesa da legalidade. Neste domingo (1), ela falou diretamente à nação num pronunciamento na sede do Congresso Nacional, que foi transmitido em rede nacional de rádio e televisão.

Do lado de fora, mais de 400 mil pessoas tomaram as ruas num vibrante ato pela democracia. Até o jornal Clarín, arqui-inimigo da presidenta, foi obrigado a reconhecer a força do ato antigolpista: “O kirchnerismo lotou a Praça do Congresso para demonstrar apoio à presidenta”.

Segundo a matéria, “o kirchnerismo conseguiu uma maciça mobilização na tarde de domingo para acompanhar a presidenta Cristina Kirchner em sua última abertura das sessões ordinárias do Congresso… A mobilização teve início logo cedo. Muitas organizações kirchneristas e sindicatos já tinham se aglomerando diante do Congresso quando a presidenta chegou ao meio-dia. Milhares de pessoas continuaram afluindo à praça pelas ruas laterais quando o discurso da chefe de Estado já estava em curso”. Meio a contragosto, a reportagem destaca a participação de várias entidades juvenis e sindicatos de trabalhadores.

“Por meio de telões instalados na praça, a multidão acompanhou o discurso presidencial. Após um longo relato das políticas de cada área de governo, a primeira explosão de entusiasmo da multidão foi quando, quase aos gritos (sic), Cristina Kirchner defendeu sua atuação em torno da investigação do atentado contra a Amia [entidade judia que foi alvo de ataque terrorista em 1992]”, relata a matéria.

A presidenta também lamentou a sinistra morte do procurador Alberto Nisman, que apurava o caso, e tem sido utilizada como pretexto pela feroz direita argentina para desestabilizar politicamente o país.

Já o jornal Página/12, menos venenoso, descreveu o ato como uma prova de força do atual governo. “A chuva não assustou a multidão que se concentrou diante do Congresso da Nação para acompanhar o discurso da presidenta Cristina Kirchner. Com uma majoritária presença de juventude, que marcou o tom da mobilização, colunas de La Cámpora, Kolina, Movimento Evita e Unidos e Organizados se reuniram naquele espaço público com milhares de outros manifestantes entre lemas como ‘Cristina somos todos’ e ‘Yankees nem se atrevam’… Às organizações juvenis se somaram os trabalhadores de sindicatos”.

O massivo ato de domingo confirma que a situação no país é polarizada e que nada está definido para a eleição presidencial do final deste ano. Nas últimas semanas, a direita argentina estava na ofensiva, aproveitando-se do cenário de dificuldades na economia e explorando oportunisticamente o caso da suspeita morte do procurador Alberto Nisman.

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Muitos analistas já davam como liquidada a disputa sucessória, como retorno da direita ao poder. Agora, o jogo volta a ficar mais equilibrado, com a presidenta Cristina Kirchner retomando a iniciativa política e as organizações sociais ocupando seu papel na contenda.

A atitude combativa da presidenta argentina até poderia inspirar Dilma Rousseff, que também é alvo da ofensiva golpista da direita. Desde sua posse, a presidenta brasileira optou pelo silêncio diante das constantes provocações. Ela chegou a pregar a “batalha da comunicação”, mas se manteve distante dos movimentos sociais e das grandes polêmicas.

Apenas nos últimos dias ela se expos um pouco mais. “Dilma apareceu mais do que nos 50 dias anteriores do ano”, reagiu a Folha tucana, como se quisesse calar a mandatária reeleita pela maioria dos brasileiros. Mesmo assim, sua postura ainda é tímida, acanhada.

Diante da onda golpista – seja no Brasil, na Argentina ou na Venezuela –, é urgente retomar a iniciativa política. Como afirma o internacionalista Max Altman, que conhece bem as tramoias da direita local e alienígena na região, não basta o movimento social sair às ruas para denunciar os golpistas. “Também é preciso que a própria Dilma se coloque à frente dessa mobilização. É preciso fazer como Cristina Kirchner está fazendo. Defender firme, corajosa e vibrantemente seu governo, seu programa de governo e o projeto de nação em função do qual foi eleita recentemente pela maioria dos brasileiros, em grande medida graças ao esforço incansável dos setores populares e de esquerda organizados”.

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Comentários

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Horridus Bendegó

É só chamar que estarei nas ruas, Dilma! (2015 não é 1964)

Leo

Quem disse que Dilma não está seguindo a presidente argentina? Está sim! Está afundando o país da mesma forma que a companheira portenha!

lulipe

Ela já está se inspirando, mais alguns meses e o Brasil estará o caos como já acontece com a Argentina, inflação galopante, desemprego, moeda sem valor, tarifas aumentando toda semana, desequilibrio nas contas públicas, desconfiança internacional etc…

    abolicionista

    Certo, lulipe, vamos aprender um pouquinho de história? A gente sabe que a economia argentina vai de mal a pior não é de hoje. Quando isso começou?

    Nos anos 90 foram colocadas em prática políticas de ajuste estrutural e de estabilização recomendadas pelo FMI para os países da América Latina. Grande parte dos Estados do continente aderiu ao chamado “consenso liberal”, um marco divisório em suas políticas externas. Os Estados latino-americanos, nessa época, sofriam uma profunda crise institucional. governos como o de Carlos Saúl Menem (1989-1999) na Argentina, e de Fernando Collor de Mello (1990-1992), Itamar Franco (1992-1994) e Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) no Brasil, adotaram a visão neoliberal tendo como um dos objetivos liberalizar o mercado diminuindo a participação do Estado na economia.

    Na esfera comercial, a Argentina foi marcada por uma política de livre comércio, em verdade, “pelo processo de abertura comercial unilateral”. Tais medidas vieram da influência do contexto internacional onde os valores do neoliberalismo estavam cada vez mais a intrínsecos, principalmente, nas políticas econômicas do Estado.

    De fato estas iniciativas econômicas à primeira vista pareciam bem sucedidas e levaram o Estado argentino a um enorme crescimento econômico no primeiro mandato de Menem. Entretanto, no ano de 1998, este modelo econômico da convertibilidade teve conseqüências drásticas para o câmbio argentino devido a sua pouca ou nenhuma flexibilidade, pois foi afetada pela sobrevalorização do peso argentino, a desvalorização do dólar e do real brasileiro. Isto acarretou o déficit na balança comercial a partir do momento em que as arrecadações das privatizações cessaram então foi preciso recorrer a financiamentos em bancos internacionais e instituições internacionais, como FMI. Isso ocasionou o aumento da dívida externa, a dependência dos mercados e do próprio Fundo Monetário, a avaliação negativa das agências internacionais quanto ao risco-país, e principalmente, a enorme desigualdade social, fatores que, combinados, levaram a Argentina a uma das maiores crises econômicas de sua história e a renúncia do presidente Carlos Menem, em 1999.

Vicente Jr.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/10/141004_fmi_pib_reduz_ac_hb

“Entre 10 países sul-americanos analisados, o crescimento brasileiro só supera as projeções para Argentina (de -1,7% em 2014 e -1,5% em 2015) e Venezuela (-3% e -1%).”

Dilma já está se inspirando…

    Mark Twain

    Vicente,

    Não se esqueça que segundo Piketty nos últimos 200 anos são raros os momentos que as nações crescem a mais de 3%. No acumulado a média mundial não chega a 1,0% para este período. Além disso crescimento sem distribuição de renda e sem estado de bem estar social de nada valem a uma nação. O bolo cresce e fica todinho para uma corja de obesos, estes caras nunca repartem, desde Charles Dickens. E além disso, para o caso do Brasil, não sabemos quem são pois o HSBC ainda não nos deu a lista e os dados do Imposto de Renda não são transparentes, provavelmente o Brasil é ainda mais desigual do que imaginamos em termos de distribuição de renda.

    Chega de complexo de Vira Lata. Viva a América Latina!

    A conjuntura atual (últimos dez anos) é extremamente complicada, caminhamos para uma era pós industrial, o Brasil tem se saído razoavemente bem neste contexto é um líder regional. Concordo que precisamos melhorar muito, especialmente no que diz respeito a preservação da nossa natureza e na nutrição da sociedade em geral. Os Estados Unidos da América do Norte acabam de fazer uma lambança no Oriente Médio, atrás de petróleo: trocaram o Saddam e o Osama pelo “Estado Islâmico”. Nós temos o saldo positivo em relação aos Estados Unidos da América do Norte, apesar dos mesmos sabotarem até o nosso suco de laranja. Além disso nós temos uma outra coisinha: Petróleo pra dar com pau no pré sal.

    Você conseguiu ligar os pontinhos ou ainda tá difícil?

    Theo

    Infelizmente estamos como nação a anos luz de atraso político dos argentinos. Eles não se enganam facilmente com os noticiários. Eles mesmo tendo pontos divergentes de Cristina a respeitam como Chefe da nação argentina. Eles não se impressionam com esses números que foram por você citados mas os confrontam com os que Cristina passa e com a realidade que vivem, com a que já viveram e a que grande do mundo vive.

Armando

lá é a Argentina, o país mais politizado das américas
generais ditadores presos
partidos nas ruas
o peronismo tem raízes profundas na cultura dos argentinos

aqui, é o Brasil
com a constituiçāo outorgada de 1988
a mesma que perdoou os crimes da ditadura
a mesma que criou os tantos e tantos e tantos partidos

sem chance, nós brasileiros continuamos analfabetos políticos e continuaremos assim por todo o sempre
ainda bem que temos vizinhos o Uruguai, Argentina, Chile.
e seremos sempre o quintal norte-americano

Romanelli

Dilma odeia o diálogo, odeia a política. Dilma não é nata, foi colocada
.
Lá não sei, mas aqui DILMA paga por sua INABILIDADE, inação, omissão, INCOMPETÊNCIA, arrogância e falta de vocação.
.
Olha, francamente, fazer em tão pouco tempo o país perder o orgulho e o tesão ..fazê-lo retroceder em, dependendo do ângulo, em 10, 15, 20 anos ..sem duvida não é pra qq um não
.
Aliás, um desafio:
.
Que tal apontarmos as ações positivas do governo de DILMA em seus 4 anos ?
.
calma, pensem, vocês tem todo tempo até a eleição do próximo presidente pra chegar a conclusão, ou não, se valeu a pena.

    Mark Twain

    Romanelli: Fale por si.

    O meu Tesão contínua intacto.

    Theo

    Seria melhor termos um crescimento a 3% aa sem melhorias em todas as classes, principalmente as mais pobres? Seria melhor deixarmos funcionários cobrando graninha por fora em todas as obras e nem sonharmos que isso estava acontecendo? Seria melhor termos um(a) Presidente que gastaria tudo em verba publicitária para só termos notícias positivas de seu governo quando com uma boa dose de realidade saberíamos tratar-se de uma enganação? Eu tenho certeza que não!

    Romanelli

    Theo
    .
    Seria melhor não ter havido congelamento no cambio, represamento de tarifas e combustíveis. e adoção equivocada do projeto do Minha Casa Minha DIVIDA que inflacionou tudo, nem se insistido criminosamente com a venda de automóveis.
    .
    Teria sido melhor ter-se feito desonerações e reformas com BOM SENSO e responsabilidade, ter-se tido cuidado com a “escolha” do que seriam os ditos campeões Nacionais, ou não se ter abusado da SELIC placebo. Ter-se atentado pra desindexação e qualidade das contas internas e externas, não se ter aparelhado tanto o Estado e se insuflado novamente a Carga Tributária, ou ainda, se ter aditivado e menosprezado o orçamento de projetos BILIONÁRIOS e essenciais à Nação, e convenientemente atrasados e perpetuados por gerações (transposição, ferrovia Norte Sul, Trans nordestina, portos, aeroportos, reforma de estradas, construção de USINAS de energia etc).
    .
    Seria, Theo, por exemplo, de bom tom ter tomado conta da nossa principal Estatal (a Petrobrás), o maior simbolo Nacional, ter-se acompanhado de perto a explosão de seus principais custos, despesas, projetos e resultados, das suas aquisições e expansão, isso desde o tempo em que a dama de bege era ministra e membro do Conselho – e recebeu HORRORES para tanto – (teve Bolívia, Pasadilma, Okinawa, Gasodutos, reformas de refinarias, teve Abreu e Lima, teve tb o Comperj e a associação e abertura de uma dezena de empresas e sociedades suspeitas).
    .
    Claro, concordo, não seria necessário pagar pra se fabricar e tubinar uma falsa imagem na mídia concessionada mas também não dar trela pra outra, na amadora e irresponsável. Aliás, melhor mesmo teria sido nos proporcionar um Código de REGULAÇÃO ÉTICA pra mídia, melhor do que ficar financiando, ou facilitando, a sobrevalorização de obras pra que, noutra ponta, a grana fluísse das empreiteiras pros COOPTADOS de sempre.
    .
    nota – a propósito, não se iluda nem iluda, a LAVA JATO não é obra deste governo, ela surgiu ao acaso, por acidente ..inclusive, do que lembro, este governo fez de tudo pra evitar, por exemplo, que uma CPI se antecipasse e levasse a cabo a execração de muitos dos culpados.

Euler

Dilma pode escolher em quem se inspirar: Cristina na Argentina, ou Maduro na Venezuela. São governantes que colocam o bloco na rua, convocam redes de rádios e TVs, denunciam as tramas golpistas e empolgam a militância com exemplos de coragem. Que tal, Dilma, deixar de lado essa estranha forma de fazer política (presa nos gabinetes palacianos) e virar de novo a presidenta de coração valente?

Lukas

Que susto! Li o título da matéria e por um momento pensei que sugeriria que matasse o procurador.

    FrancoAtirador

    .
    .
    Seria conveniente para o PSDB
    que o PGR aparecesse morto.
    .
    .

    Andre

    você tem provas que Cristina matou o procurador? apresente-as vai ficar muito famoso. Trollzão da direitona.

    Theo

    Cristina é muito inteligente! Vivi isso tudo que aconteceu no dia primeiro de março e ainda estou impactado por ela. Matá-lo seria um tiro no pé. Desacreditá-lo não. Para ela seria muito fácil fazer isso.

FrancoAtirador

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Tarde demais, Camarada.
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Lá tem Ley de Medios.
Aqui é Medios sem Lei.
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Lá, o Clarin é o 1º da Lista
do Banco HSBC na Suíça.
Aqui, nem se sabe de Lista.
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    abolicionista

    Exatamente, caro Franco. Cristina foi combativa desde o primeiro dia, nunca diria algo como “basta usar o controle remoto”. Além disso, ela já tem uma base social que Dilma ainda precisa construir. Não é fácil reunir 400 mil quando os trabalhadores estão com os direitos cortados e a taxa de juros só faz subir…

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