Gerson Carneiro: Intolerância fuzila debate

Tempo de leitura: 6 min

francischini

por Gerson Carneiro, especial para o Viomundo

Em um lugar distante há uma casa aonde alguém decretou uma lei que lhe permite, por algum motivo específico, espancar os demais moradores. E o faz publicamente de portas abertas. Inclusive colocou um enorme cartaz na entrada da casa admitindo a tal regra.

Um vizinho, tomando conhecimento do fato porque um filho seu (sabedor da regra da casa vizinha) adentrou à casa e violou a regra, ficou escandalizado. Repudiou em praça pública a prática e alardeou sua denúncia. Porém, no interior do seu lar, e sem oficializar e admitir a adoção da prática do espancamento, o faz, sem nenhum critério, todos os dias, de forma explícita.

Que moral o vizinho delator tem para acusar e repreender o outro?

PS: para não haver distorções, fica desde já combinado que é inquestionável a barbárie do ato em ambas as casas.

Esse quadro me veio à cabeça a propósito dos desdobramentos na internet sobre a execução do traficante brasileiro Marco Archer, na Indonésia, no último final de semana.

De repente, pipocaram opiniões apaixonadas sobre pena capital. Um alarde fervoroso, hipócrita e inútil.

Hipócrita porque todos os textos e opiniões que eu li e ouvi emitidos imediatamente após a confirmação da execução do brasileiro infrator da regra jurídica estrangeira que lhe tirou a vida procuraram primeiramente neutralizar o dolo do réu. Numa tentativa de afastar a responsabilidade dele para o deslinde indigesto do caso, como a preparar o alicerce de suporte da tese de ataque à nação impositora da sanção. A pretensa tese ganharia súbita simpatia quanto mais inocente o réu figurasse. É assim que funciona. Buscaram primeiramente negar o que o réu de forma debochada admitia. Esse é o primeiro ponto da hipocrisia. Hipócrita também porque aqui a campanha é inversa. Demonstrarei adiante.

Aos poucos, foram surgindo textos e opiniões antigos que abalaram a estrutura da estratégia faceira. Até que a ex-ministra dos Direito Humanos, Maria do Rosário, tascou um balde de água gelada no fervor. Via twitter, em 18 de janeiro de 2015, às 13h06min, bingo: “Marco não era herói, era traficante”.

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Afirmou o que eu, solitário, perguntava ao vento, desde o início, a razão da não afirmação.

Levantei a lebre três dias antes da manifestação da ex-ministra. Foi às 11h34min de 15 de janeiro de 2015 quando ainda o assunto em voga era o atentado ocorrido em Paris:

—  Estão vendo o traficante brasileiro que será executado na Indonésia no próximo sábado? Depois volto a falar sobre o assunto, mas de antemão  digo que caberia a ele pesquisar as regras de lá e avaliar o risco. Só um detalhe: aqui, lamenta-se porque a turminha do helicóptero do pó sequer foi indiciada. Gerson Carneiro, no facebook, 15 de janeiro às 11h43min.

Inicialmente houve poucas manifestações quanto à minha declaração.

Comecei a acompanhar a emersão do caso, e proporcionalmente um incomodo foi tomando conta de mim. Às 07h26min de 16 de janeiro de 2015, movido pela curiosidade postei:

— Manchetes dizem ‘um brasileiro’ e não ‘um traficante brasileiro’. Por quê?

Nessa data então, deu-se início à explosão de opiniões contra a pena capital. Cheguei a perguntar se havia um plebiscito do governo da Indonésia consultando os brasileiros. E é aí que entra a inutilidade do clamor de internautas brasileiros pregando contra a pena capital.

Inútil porque o debate travado não tinha em vista a decisão de implantação ou não da pena de morte no Brasil. Não era o caso. E no fervor, defesas simplórias como “só Deus tem o direito de tirar a vida”. Eu até alertei para tomar cuidado ao erguer essa bandeira visto que moramos em um país aonde há pessoas que têm certeza que são Deus.

Outro argumento simplório é o de que “pena de morte não reduz a criminalidade”. Sobre isso, em 17 de janeiro de 2015, escrevi:

—  Nem pena de morte, nem alguma das sanções do código penal brasileiro, diminui a criminalidade. A pena de morte é apenas mais uma sanção à infração de uma norma aonde ela, pena de morte, existe. Então esse argumento de que “pena de morte não diminui a criminalidade” embora seja verdadeiro é inócuo ao debate em relação à iminente execução do homem brasileiro condenado na Indonésia. Considero mais eficaz procurar saber que em determinado lugar determinada conduta leva à pena de morte e então ficar longe da encrenca. Nesse momento pouco importa aos detentores do ordenamento jurídico da Indonésia se somos contra ou a favor da sanção adotada por eles.

Em função do emergente assunto “pena capital” muita gente foi embora da minha página no facebook, deixando de me seguir. Mesmo quando ainda eu não tinha manifestado minha posição.

Despertou minha atenção a intolerância de boa parte dos que se apresentaram contrários à pena capital. Passei então a encarar como normalmente encaro, ao meu estilo. Provocando.

— Bateu aquela vontade de ver os Perrelas na Indonésia tentando justificar o helicóptero com 450 quilos de pasta base de cocaína.

— Até um brasileiro não ser a ‘vítima’ a gente não tava nem aí para as leis da Indonésia. #‎prontoFALEI.

— Precisamos decidir se queremos reclamar da impunidade ou da punidade. Ficar no ‘depende’ não dá.

— O governo brasileiro cumpre um protocolo ao pedir pela vida dos brasileiros presos na Indonésia.

— Muita gente é contra a pena de morte mas é capaz de matar quem é a favor.

Essa última, a minha predileta, foi a mais certeira.

Na minha página no facebook, tomei a decisão de não bloquear ninguém por ser contra ou a favor à pena capital. Dei espaço para todos. Ninguém é obrigado a concordar comigo, mesmo porque não tenho opinião formada sobre esse assunto.

Sei dizer apenas que a pena capital é aplicada de formas diversas. Institucionalizada ou não.

Como posso me posicionar sobre esse tema sendo eu intolerante? Se me posicionar contra, entro em contradição por minha intolerância; do contrário a minha intolerância por si me denunciaria. Logo, é tema para ser debatido por tolerantes.

Quanto ao fundamento ao repúdio à pena capital, a civilidade como justificativa a ser contra, a mim não basta, pois a civilidade que a mim a humanidade apresenta, a mim não é satisfatória.

Nesse dilema, e sem me decidir, fui acusado de repetir o discurso da Sheherazade. Comparado ao Bolsonaro. Disseram que eu disse o que eu não disse.

Enfim…fui até insultado por um dono de um blog, no seu blog, por contrariá-lo civilizadamente com meus questionamentos, no tema proposto por ele, com a intenção de promover debate de ideias, supunha. Uma aula de intolerância ministrada por mestres da intolerância que se apresentam contra a pena capital.

Na França ocorreu algo semelhante. Se a pessoa não era Charlie imediatamente recebia a sentença de que defendia terroristas. No Brasil se a pessoa não é Marco Archer recebeu a sentença de que defende pena capital.

A conclusão a que chego é que não temos preparo para debater o que quer que seja. O que deveria ser debate se transforma logo em guerra entre quem concorda e quem discorda, atingindo os indecisos.

Um circo de hipocrisia.

Uma das alegações apresentadas nessa muvuca ideológica pelos que se apresentaram contra a pena capital foi a de que “a vida tem valor acima de qualquer coisa”. No entanto, não me canso de ver grupos de policiais em frente a bancos prontos para matar sumariamente quem atentar contra o dinheiro do estabelecimento.

Se  a quantidade de dinheiro no banco for exatamente à que se paga na Indonésia por 13,4 quilos de cocaína, quantitativamente estaremos diante de delitos equivalentes.

Imaginemos que um indonésio venha ao Brasil voar de asa delta e, movido pelo espírito de aventura, resolva intentar, pela primeira vez em sua vida (como conjecturou-se ser o caso do Marco Archer), contra um banco (isso porque não quero lembrar que o risco de morte é o mesmo se o cofre do Banco estiver vazio). Oras, o risco de morte que ele estará sujeito, é proporcional ao risco de morte de um brasileiro que ouse violar na Indonésia a regra lá definida como passível de punição por pena capital.

O que então autoriza a aplicação da pena capital para o delito cometido aqui e repudiar a aplicação da pena capital, aplicada seguindo um processo legal, para o delito cometido na Indonésia?

Parece delírio minha proposição? Concordo. Parece. Mas há pouco também parecia delírio a execução de brasileiro na Indonésia.

Se não considerarmos hipóteses, corremos o risco de lamentarmos os fatos.

Não são poucos os estrangeiros que vêem a passeio ao Brasil e são vitimados por nossa violência urbana que não conseguimos resolver.

Do imaginário para a realidade.

Enquanto fuzilavam a Indonésia, um surfista em Santa Catarina perdeu a vida, assassinado sumariamente por um policial que lhe desferiu dois tiros no peito, à queima roupa, por estar sendo também questionado. Mais uma morte bárbara de autoria de um policial a entrar na contabilização de tantas outras que contribuíram tristemente para tirar a estupidez assassina da condição de exceção e, infelizmente, inseri-la no estado de normalidade.

Campanha contra pena capital, válida somente para país distante.

Aqui, a campanha é outra. O deputado federal Fernando Francischini (PR-Solidariedade) compareceu a um programa de TV, exibindo arma na cintura.

Não aceito a simples alegação de que “ele tem prerrogativa para andar com arma na cintura” como verdade inquestionável. O exibicionismo não tem justificativa plausível. Passa a mensagem inversa ao pretenso repúdio da campanha contra a pena capital, ou seja, é apologia ao que por um instante circunstancial pretendeu-se repudiar.

Daí, reside minha contrariedade e meu inconformismo com a explosão de manifestações contra a pena capital. O que no meu entender não me torna automaticamente a favor. Pois não discuto o mérito da gravidade e do cabimento da adoção de tal medida, mas sim o fato de que praticamos o que pretensamente condenamos.

Se não somos exemplo, não podemos cobrar absolutamente nada da Indonésia. Precisamos antes resolver nosso dilema interno. Se somos de fato contra a pena capital precisamos acabar com a matança indiscriminada aqui no Brasil (segundo a publicação oficial Mapa da Violência, a cada ano no Brasil, uma população acima de 50 mil pessoas é dizimada vítima da nossa violência urbana). Depois, sim, teremos moral para cobrar alguma coisa de quem quer que seja.

Não quero estar sendo mau, moralista ou banal. Aqui está o que me afligia.” – Acima do Sol – Skank.

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Comentários

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clark

Apesar de sempre me manifestar contra a pena de morte, seu texto que traz implícita sua opinião, é muito importante para suscitar um debate que vai além da punição em suas formas e nos Estados soberanos por aí afora. O fato é que precisamos debater esse assunto à exaustão e no radical do problema. Enfim, excelente texto.

    Gerson Carneiro

    Eu quero apenas aprender. E sem possibilidade de debate não haverá aprendizagem. Jamais concordarei apenas por estar sendo vigiado. E não tenho medo algum de crítica. Eu posso estar sozinho mas eu sei muito bem aonde estou. Enfim, muito obrigado.

Alberto Menezes

Mas a pena de morte, está institucionalizada pelos bandidos e traficantes. Se vc. tem algo e os marginais acham pouco atiram sem dó nem piedade, uma vez vi numa reportagem, que um bandido matava as pessoas, somente para ver o corpo cair. Então a pena de morte está no País, porém ilegalmente entre os bandidos.

Lukas

Taí a prova que pena de morte não inibe o tráfico, como você afirmou no texto sobre sua visita à Cuba.

    Gerson Carneiro

    Mais um que diz que eu disse o que eu não disse.

mineiro

eu comentei sim , que esse traficante foi para la sabendo da pena de morte por porte de drogas e mesmo assim foi. isso nao quer dizer que eu sou a favor da pena. mas nao sou a favor de traficante sair daqui e levar drogas para matar as pessoas de la. porque drogas matam , nao é so a pena de morte que mata , drogas matam , arruinam familias, é so olhar a cracolandia aqui no brasil. o que eu nao concordo é querer santificar esse traficante , se ele fosse condenado a prisao perpetua , para min seria a soluçao. mas como la tem a pena de morte e ele sabia , entao o que ele foi fazer la assim mesmo , correndo o risco de morrer , como morreu. é nesse sentido é que temos que debater, e assino em baixo no texto , nos nao temos moral nenhuma para julgar ninguem. se fosse um trabalhador , gente inocente , ai sim teriamos que fazer uma comoçao. mas pera ai , gente , o cara é traficante e destruiu muitas familias.

Mauro Assis

“Nem pena de morte, nem alguma das sanções do código penal brasileiro, diminui a criminalidade”.

Ah, é? Porque será que são Paulo é o estado com o menor número de mortos/100.000 habitantes do Brasil?

R. Porque, tendo 20% da população, tem 40% da população carcerária.

Ou seja, a cana dura diminui a criminalidade sim.

    Gerson Carneiro

    Alguém esqueceu de combinar isso aí com os chefões do PCC.

Romanelli

feliz ainda é vc que pode encontrar algum espaço pra se expressar livremente.

Eu fui censurado, estou sendo, tive que trocar meu nick-nome pra continuar tendo acesso a alguns canais aonde me posicionei tb contra a opinião reinante ..canais que frequento a 9 anos.

A melhor forma de defesa é o ataque ..justifique-se apontando o erro dos outros ..responsabilize a história e seus personagens pelos problemas que vc não consegue dar conta ..São destas tontices e praticas que hoje mais ouço.

Sou contra a pena de morte no BRASIL – to nem ai com a Indonésia,Honduras ou Venezuela – contra não por achá-la inapropriada ou proporcional a determinado crime continuado, mas MUITO mais pela possibilidade de erro e impossibilidade de reparo.

Acho que o tráfico é dos crimes MAIS bárbaros ..esfacela a família, dilacera a sociedade ..diferente do passional e do emotivo, este é pensado, visa o material, tal qual um sequestro, um latrocínio ..horrível

Acho que o mundo esta MUITO melhor sem o tal do Marcos Archer ..não tive dó, nem piedade ..solidarizei-me momentaneamente pelas versões que descreviam-no como ingênuo, pequeno, primário ..só que não ..até no coitadismo abusaram

Do mais importante numa pena, pra mim, é o exemplo, é a CERTEZA, primeiro da punição, depois da intimidação pra quem pensa em tentar ..se brando e tardio, ninguém segura, é a barbárie ..tipo esta em que vivemos, com 60 MIL MORTES/ano aonde nem ministra dos direitos humanos se escandaliza.

Portanto, “meu caro “reaça de direita” eu sei como vc se sente ..eu vi parte do debate aonde NÃO podia participar pela censura que me impuseram ..pior é querer entender, debater, dividir e compartilhar experiência, conhecimento, duvida mesmo, solidarizar-se, confrontar sadiamente, e encontrar doutro lado BESTAS FERAS que só fazem ofender, desmerecer, cercear e calar que deles pensa o contrário ..dá desespero, ao vezes nojo, sentimento de desprezo, sei lá

..pior que depois querem se passar como exemplo, não dá ..definitivamente não dá

    Gerson Carneiro

    Romanelli,

    Eu já vinha pensando em fazer uma declaração aqui ao VIOMUNDO. Não o fiz para evitar distorções. Agora você me deu a senha.

    O VIOMUNDO sabiamente em nenhum momento emitiu opinião. Simplesmente fez o contraponto. Publicou reportagens há muito existentes que não estavam aparecendo no alvoroço. Ou seja, veio pela contra-mão da via aonde a boiada estava indo.

    Aliás, diferentemente, por exemplo, do blog aonde fui insultado por pensar diferente, o VIOMUNDO dá toda liberdade inclusive para a gente que vem aqui insultar o VIOMUNDO.

    Não conheço espaço mais democrático.

    Parabéns ao VIOMUNDO.

    É por isso que sou um *mensaleiro do VIOMUNDO assumidamente orgulhoso.

    *pra quem tá chegando agora: assinante.

Luciano Costa

Intolerância fuzila debate e delação também.

http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2015/01/24/moro-e-o-ustra-da-democracia/

Publicado em 24/01/2015 no conversa afiada

Moro é o Ustra da Democracia
A nova Cadeira do Dragão é o PiG

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O que o Moro quer ?

Tudo.

O que é tudo ?

Ele quer concluir o trabalho que a AP 470 – o mensalão, o do PT – não fez.

O que a AP 470 deixou de fazer ?

Fechar o PT de vez, imobilizar o PAC, ferrar o Lula (Ali Babá) e a Dilma, e entregar o Brasil ao PSDB e às empreiteiras americanas.

Tao simples quanto isso.

Como ?

Com a conclusão rápida da investigação e do julgamento.

Presos cumprem as penas.

E, para o contribuinte, seu dinheiro de volta.

Quer Justiça mais eficaz do que essa ?

E ainda por cima ferra o PT.

Sim, porque embora não haja um petista indiciado ou citado, o Moro já conseguiu que o PiG transformasse a Lava Jato no “Segundo Maior Escândalo da História” – do PT !

O Paulo Moreira Leite já demonstrou como ele “julga” com o PiG.

Por que ele age assim ?

Porque é vaidoso.

É frio.

É competente.

Ao se olhar no espelho ele deve dizer: eu sou maior que o Joaquim Barbosa !

E, logo, o advogado e a Defesa que se danem !

A Defesa passa a ser um estorvo no processo criminal.

O “método Moro” significa que o Direito de Defesa vai sucumbir no Brasil.

Como ?

Porque ele é o Ustra da Democracia ! Assim como o Ministério Público é o DOI-CODI da Democracia.

O Moro refinou os princípios do Direito na Democracia corrente: só solta se delatar.

Funciona assim.

Ele prende, não solta, oferece a delação.

O preso pensa: se me defendo, não saio daqui de dentro tao cedo e o PiG lá fora me esculhamba e a minha família.

Se delato – delato qualquer coisa – pego uma mixaria e vou embora.

Se não delato, o Moro me dá 50 anos de cana.

Vou delatar.

O Youssef, por exemplo.

É a terceira “delação” dele.

A segunda com o Moro.

Foi lá, disse o que queria, e o Moro condenou ele a cinco anos, saindo da cadeia direto para uma “domiciliar”.

Não é uma moleza ?

Em bom português, trata-se de uma “extorsão legal”.

Uma extorsão promovida pelo Estado, sob a forma de Direito.

Porque o delator abre mão de qualquer prerrogativa de se defender.

Habeas corpus, recurso, nada !

Ou fala ou fica lá dentro.

O amigo navegante já viu como isso funciona.

No DOI-CODI.

O preso só saía se cuspisse os feijões.

E qual é a Cadeira do Dragão da Democracia Morinha?

O PiG.

Se não ferrar o PT, o PiG te ferra !

Dia 2 de fevereiro a cobra vai fumar.

Acaba o recesso do Judiciário e talvez a gente saiba quem são os detentores de foro privilegiado – políticos – que caíram na Lava Jato.

Com foro, vai para o Ministro Teori, no Supremo.

Sem foro, cai na Força Tarefa que o Dr Janot criou para a Lava Jato – e se esqueceu do helicoca e do jatinho sem dono.

E, depois, cai nas mãos suaves do Moro.

E, a conta gotas, o Moro administra o PiG e mantém a chama acessa.

O advogado diz para o cliente: não trabalho com delatores.

Sou pelo “princípio da Legalidade”.

Eu quero te defender.

Com os instrumentos que o Direito confere ao cidadão numa Democracia.

O preso pensa.

É, mas e se eu perder ?

Eu me ferro.

Vou delatar !

E o Moro vira Rei.

Ou o Obama.

Porque ele reproduz o “método Guantánamo”, como diz amigo navegante: ameaça, faz tudo em segredo e obtém a delação que quer.

Isso o Barbosa não conseguiu !

Ser o Obama de Guantánamo ou o Rei do Brasil !

Paulo Henrique Amorim

lulipe

Quem disse que pena de morte não diminui a criminalidade? Desde a execução do traficante brasileiro temos menos um criminoso no mundo!!!A matemática é infalível…

albertina maletta

Ô Gerson, adorei o seu texto. Eu penso igualzinho a você e fui olhada de forma enviesada todas as vezes em que manifestei a minha opinião a respeito do assunto. Pena que não sabia de sua página no Facebook, quando certamente seria uma voz dissonante dos demais que passaram a lhe insultar, já que penso exatamente como você.Aliás, sempre gostei de seus comentários neste blog,da qual sou leitora assídua e ávida.Vou procurá-lo no Facebook e ler suas postagens. Um abraço fraterno.

    Gerson Carneiro

    Albertina,

    Um internauta, no face, postou o seguinte comentário a respeito desse post:

    – Ao menos nas redes sociais, não houve debate, houve uma quase intimidação, e levada a efeito por muita gente esclarecida que fez um debate emocional. Bruno Pereira.

    Eu o respondi:

    – “Intimidação”, você chegou próximo do que ainda não consegui definir Bruno Pereira. Digo que estava mais para o crime descrito no art. 146 do código penal brasileiro: Constrangimento Ilegal.

Jorge Moraes

A soberania para criar e aplicar leis é, em tese, dos diferentes países e regiões dentro desses diferentes países.

A Declaração dos Direitos Universais do Homem é um documento de princípios, gerado em uma época e em uma circunstância determinada.

De lá para cá, um número cada vez maior de países foram reconhecidos como tal. E como tal – são países – vindicam, evidentemente, soberania.

A Indonésia é um desses vários países.

E segundo apurei em matéria aparentemente sólida aqui neste sítio, a sanção máxima para o crime de tráfico, no país em questão, guardaria relação com as chamadas Guerras do Ópio, disputas “assimétricas” entre potências coloniais, imperialistas e a China, com resvalo em países ou regiões próximas deste último. Caso da Indonésia.

Países oriundos do processo de descolonização (a meu ver inconcluso) precisam afirmar, inclusive e principalmente para seus próprios povos, seu predicado mais significativo: sua soberania.

E uma das formas menos complicadas e mais eficazes (no sentido propagandístico do termo) de afirmar a existência de soberania é na matéria penal.

É o que a Indonésia fez.

Concordo com o articulista quando diz que a questão é falsa.

Sou avesso à pena de morte. Mais ainda sou avesso à pena de morte extrajudicial, existente, em graus variados, em todos os recantos do mundo. Particularmente, nos “recantos” habitados pelos descolonizados.

O debate interno em nosso país está fortemente contaminado pelas deformações ideológicas existentes “desde sempre”, porém gravemente acentuadas pelo clima golpista facilmente perceptível em visitas às chamadas redes sociais.

Uma coisa é certa: condenados a viver – e a morrer, portanto – todos estamos.

Pelo menos a execução não foi realizada sob sua forma (parece que legal na Indonésia) mais terrível: por esmagamento a partir de patadas de elefante!

Nessas horas lembro muito do que o saudoso Professor Milton Santos dizia: que a humanidade, a rigor, nunca tinha existido. Ainda viria (virá) a existir, talvez.

Os problemas são complexos.

direitos humanos

ONU CONDENA INDONÉSIA POR EXECUÇÃO DE BRASILEIRO

http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2015/01/20/nacoes-unidas-condenam-execucao-de-brasileiro-na-indonesia.htm

    Gerson Carneiro

    Parece que a ONU também condenou a invasão do Iraque em 2003. No entanto…

    A ONU está igual cachorro correndo atrás dos carros.

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