DANDO NOME AOS BOIS: O QUE HOUVE FOI ‘PIRATARIA’ E ‘SEQUESTRO’
por Celso Lungaretti
O número de visitantes do meu blogue deu um salto desde o ataque israelense à flotilha de ajuda humanitária a Gaza.
Sinal de que há uma demanda por jornalismo de verdade, que a grande imprensa não atende.
É simplesmente repulsiva a forma como está sendo noticiado o episódio.
Quase ninguém diz que se tratou de um ato de PIRATARIA. E foi. Não há outro nome para a agressão de um bando armado a embarcações civis em alto mar.
E o que aconteceu com os ativistas que não foram mortos nem feridos pelo bando armado? Terão sido detidos, como se lê e ouve na mídia?
Não, porque o bando armado não tinha autoridade para deter ninguém, muito menos em águas internacionais.
O que houve não passou de um SEQUESTRO. Nem mais, nem menos. Então, nunca existiram 700 pessoas detidas, o que há são 700 pessoas sequestradas.
Se quem as tivesse sequestrado fosse o governo de Chávez, Castro ou Ahmadinejad, a terminologia da mídia, com certeza, seria rigorosamente exata.
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Em se tratando de Israel, os jornalistas pisam em ovos e são obrigados a utilizar os mais evasivos eufemismos.
Depois, existe quem esteja perdendo tempo e desperdiçando espaço com análises sobre a ridícula alegação israelense de que seus assassinos teriam exercido o direito de autodefesa. O que não é sério, não devemos levar a sério, caso contrário nos acumpliciaremos com a desinformação.
Se qualquer barco é atacado por piratas no meio do oceano, a tripulação, sim, reage em defesa própria.
Os piratas, não. Eles estão simplesmente tentando neutralizar as vítimas, para concretizarem seu intento ilegal.
Se, para tanto, as matam, o que fizeram foi cometer homicídio, por motivos vis. Ou seja, um crime dos mais crapulosos.
Não são questões semânticas: a linguagem também pode servir para atenuar o impacto de episódios escabrosos, facilitando sua absorção e progressivo esquecimento.
Os jornalistas que se mancomunam com esses contorcionismos retóricos, entretanto, não estão sendo imparciais, mas sim amorais. Ao contribuírem para a aceitação do inaceitável, fazem uma opção pela carreira, em detrimento da missão.
Lembremos Brecht: “em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural, nada deve parecer impossível de mudar”.
Nove seres humanos valorosos deram a vida para que nada parecesse impossível de mudar. O mínimo que podemos fazer é honrar seu sacrifício.
Comentários
Azarias
Dezenove seres humanos deram suas vidas. Por mais que a gente tome cuidados, alguma coisa deles passa. Não foram nove, foram dezenove, fora os lançados ao mar.
Geysa Guimarães
Bravo, Lungaretti! Pão é pão, queijo é queijo. Pirataria e sequestro seguido de morte em águas internacionais, "última moda" em nazifascismo.
luiz carlos lando
lungaretti obrigado por este texto esclarecedor !
A.Cavalcanti
Com todo respeito, pensam como ingênuo ou dissimulam como hipócritas os que defendem a tese maxistóide, antisionista, pan-laicista, e por que não dizer mundialsocialista, de acusar Israel quanto ao episódio desastroso de interceptação da pequena frota de almas-boas, de pirataria deslavada. Desgraçadamente sim, em águas internacionais, a tentativa pacífica de fazer a flotilha não furar o bloqueio mercantil/embargo à Gaza, acabou com vítimas fatais. Um antigo ditado diz: uma imagem vale por mil palavras.
Gustavo
Com certeza, "aonde já se viu" um grupo de terorristas desafirem as ordens supremas do supremos estado Israelense, levando comida e remédios a mercenários palestinos…fogo neles, terroristas….bandidos….pobrezinho de Israel acuado pelo mundo que não vê o sofrimento imposto pelo povo palestino sobre os israelenses…
Leo
Artigo essencial de João Barnardo: "De perseguidos a perseguidores: a lição do sionismo" http://passapalavra.info/?p=24723
Vale muito a pena ler e divulgar. Fatos histórcos de pouco conhecimento das pessoas.
Pessoal do Viomundo, é uma bela dica pra vcs publicarem aqui!
dukrai
O Francisco.latorre é preciso e sintético, eu preciso me estender pra poder dizer a mesma coisa. A reação de defesa dos ativistas foi considerada pela mídia/israel como agressão aos atacantes, uma completa inversão do fato. Pirata é pirata, vc pode e deve reagir se tiver condições para tal e quando os assassinos sionistas se viram em desvantagem, abriram fogo. Tem relato do capitão do navio mandando todo mundo ficar quieto porque a munição dos piratas era letal e aí já tinha morrido não se sabe quantos. israel diz que não pode dizer quem são os mortos porque não tem como identificá-los, mas a pergunta não é esta, queremos saber quantos foram executados, alguns até deitados nos beliches. Com a entrega dos mortos saberemos as suas identidades e as circunstâncias da sua morte.
dukrai
os prisioneiros sequestrados por israel estão declarando que tem dezenas de desaparecidos além dos nove assassinados no navio turco.
Eugênio
Fiquei meio tonto com o "Ubaldo": Incidente, disse ele…. Fico pensando, como assim, incidente?? Quase que "Ubaldo" diz que foi um "acidente"…
O que houve "Ubaldo", é que já existe desde a criação de Israel, Ubaldo.
Israel agora é Estado bandido | ESTADO ANARQUISTA
[…] por Celso Lungaretti, pelo Viomundo […]
Ubaldo
Sou de paz e pela paz. Nunca dei um só tiro, mesmo por brincadeira. Repudio os métodos truculentos de Israel em suas operações. Sou contra o bloqueio em Gaza. Que isso fique bem claro. Agora leiam essa historinha:
Imaginem um americano, de bermudas brancas e camisa florida com uma camera na mão no cruzamento das Avenidas Ipiranga e São João em SP, olhando para os prédios e portando um maço de dólares à mostra em seu bolso traseiro. Aparece um trombadinha e lhe arrebata a camera e os dólares. Na sequência os policiais prendem o menino qual já havia passado a outro o equipamento e o dinheiro. Algo a reclamar? Sim o gringo vai dar queixa mas nunca mais vai ver seus pertences e a polícia vai mandar o menino de volta às ruas. Por que? Conivência com a agressão. O gringo se expôs e provocou a situação. Foi quase um convite ao furto ao menino necessitado.
Há uma jurisprudência no Direito sobre a culpabilidade da vítima.
Bulent Yildrim, chefe da ONG turca IHH e ligado ao Hammas, organizou o comboio com 700 pessoas de diversos países em seis embarcações turcas para levar ajuda humanitária à Gaza. Foram interceptados e avisados que deveriam se dirigir a uma pequena cidade de Israel para que fosse feita a vistoria do carregamento. Sob a negativa houve a estapafúrdia intervenção dos soldados, quais são treinados para guerrear, gerando o grave incidente que vitimou diversas pessoas e qual promove a IHH, conforme comemorou seu presidente.
Penso que o incidente deva ser esclarecido por pessoal independente e sejam punidos os responsáveis.
Quanto ao pessoal que participava da entrega da carga, me pareceu exagerado o número para uma entrega simplesmente e fico em dúvidas se eles foram usados pelo Yildrim ou sabiam de suas ligações com o Hammas e resolverem correr esse grande risco nessa viagem.
Jairo_Beraldo
"Nunca dei um só tiro, mesmo por brincadeira"….claro que não, ubaldo….vc atira com metranca, não com um taurus 22.
Jhumberto
Carissimo Ubaldo, ocorre que:
a) A ocupacao da Palestina por Israel, alem das fronteiras anteriores 'a guerra de 1967, e' ilegal de acordo com resolucoes da ONU.
b) O bloqueio de Gaza e' ilegal; tem uma resolucao da ONU, 1866 se nao me engano, exigindo que Israel levante o bloqueio e declarando a sua ilegalidade.
c) O que Israel esta' fazendo com o bloqueio de Gaza e' punir a populacao por ter votado no Hamas e o terem escolhido para ser o unico governo Arabe democratico no Oriente Medio. Essa punicao de uma populacao civil e' crime de guerra pela convencao de Geneva.
d) O navio Mavi Marmara e' um navio da Turquia operando, ate' aquele momento, em aguas internacionais. De acordo com ex-militar aposentado norte americano, alta patente e especializado em planejamento militar, o que Israel fez nao foi pirataria, que e' bandidagem proibida por leis internacionais do mar; o que Israel fez foi um Ato de Guerra, rigorosamente falando. Se Israel tivesse esperado o navio cruzar as aguas territoriais de Gaza, coisa de uns 40 kilometros ou coisa assim, ainda continuaria sendo uma ato ilegal por causa dos items a) e b); mas em aguas internacionais, foi Ato de agressao a uma parte do territorio da Turquia, pois era um navio de bandeira Turca.
Foi por esta razao que o chanceler turco rodou as tamancas antes, durante e depois de uma reuniao com Hillary Clinton em Washington, exigindo "condenacao" de Israel, e nao uma nota ridicula dividindo a responsabilidade pelo ocorrido e "lamentando" as mortes. Ele disse mais ou menos que quando um bandido ou terrorista entra na sua casa e comete um crime voce nao tem que aguardar uma investigacao para saber a verdade dos fatos, ou quem esta' certo ou errado. E' so' por causa da obsfucacao da midia, nacional e internacional, que mihoes de pessoas como voce ainda acha que existe algum razao do lado de Israel nessa questao da Palestina. Se fosse qualquer outro pais do fundo fazendo o que Israel fez, a reacao estaria sendo diametralmente oposta ao que estamos vendo agora – pois trata-se de Israel, a Terra Santa doada por Deus ao povo escolhido.
A Turquia e' um dos paises mais importantes da OTAN, e este incidente ira, provavelmente, ter desdobramentos graves nas proximas semanas, ou meses, se a Turquia nao for acomodada de alguma forma. Israel nao 'e membro da OTAN; varios paises membros da OTAN tinha cidadaos presentes no navio atacado.
Mesmo que voce tivesse alguma razao, na essencia, ainda assim teriamos que perguntar – como varios governos e cidadaos que apoiam Israel, inclusive cidadaos israelenses – se o que fizeram foi a unica forma que tinham de fazer parar o comboio.
O fato e' que houve uma deliberada agressao contra o movimento de solidariedade a Gaza, e tambem contra a Turquia, talvez ate' para puni-la com relacao ao papel que ela jogou na questao Iraniana junto com o Brasil.
FatimaBahia
Perfeito!seu comentário complementa o artigo do Lungaretti.É preciso que além de PIRATARIA E SEQUESTRO,inclua-se o termo ATO DE GUERRA contra a Turquia.Não que eu defenda que acaba em guerra,mas Israel precisa ser enquadrado corretamente,pelo bem da humanidade!
zuleica jorgensen
É claro, amigo, que não se tratava de uma simples entrega de equipamentos/suprimentos. Tratava-se de furar o embargo ILEGAL imposto por Israel, que tenciona matar de fome os palestinos de Gaza. O número exagerado de pessoas a bordo dos navios tinha, sim, propósito intimidador, de impedir Israel de fazer o que fez e conseguir furar o bloqueio. Objetivos políticos da mais alta relevância e legitimidade. Do que se trata, na verdade, é de obrigar Israel a parar de agir como se fosse dono do Oriente Médio, com a cobertura indecente dos EUA, e fazer o "país judeu" (???!!!) aceitar que deve submeter-se às determinações da ONU e respeitar as demais nações do mundo. Fazer Israel parar de achar que TEM DIREITO A TUDO E QUE ESTÁ ACIMA DA LEI! O Holocausto impôs pesadíssimo ônus ao povo judeu, mas não pode se transformar num álibi a legitimar todas as atrocidades cometidas contra árabes/palestinos/muçulmanos. Esse é, aliás, o verdadeiro sentido do que o Ahrmadinejadh fala a respeito do holocausto. O fato de 6 milhões de judeus terem sido exterminados na II Guerra, não apaga que milhões de outros povos o foram igualmente, no mesmo período, e que milhões de palestinos têm sido sistematicamente exterminados desde a criação do Estado de Israel, em 1948.
Gustavo
Ahahahha, nossa Ubaldo, sabe vc precisa consultar um psiquiátra, conselho de amigo, pois o contorcionismo metafórico é ilário, comparar um trombadinha a um estado, nossa, cara daria uma bela tese de mestrado no hospício…
francisco.latorre
semânticamente exato.
..
Leonidas de Souza
Eu sempre entendi esse episódio triste como um ato de pirataria e sequestro. Os barcos estavam em águas internacionais e nem se dirigiam ao território israelense.
Para ficar igual aos piratas da Somália só faltou pedirem resgate.
Outro erro, e aí culpo a nossa Mídia que fica repercutindo propaganda israelense, é chamar a libertação dos sequestrados como deportação, que é um instrumento legítimo, suportado por Lei.
Deportação seria a expulsão de pessoas que entraram no país por livre e espontânea vontade e eles entraram pela força das armas.
Repugnante foi a reação do governo americano (pobre Obama, esta perdidinho), foi tanta a dubiedade que cheirou a cumplicidade explicita.
rocmatos
Não adianta a mídia ocidental tentar minimizar os fatos ao elitizar a retórica. O fato em si caracteriza PIRATARIA, SEQUESTRO e CRIME HEDIONDO. Assim o judaísmo fascista deverá se reportar à ONU e apresentar desculpas a humanidade, inlusive indenizar os familiares das vítimas.
José Vitor
A primeira coisa que pensei quando li sobre o que aconteceu foi exatamente essa: pirataria e sequestro.
José Vitor
Apesar de tudo o que está se escrevendo sobre o assunto, nada vai mudar.
Enquanto não houver uma "mudança de regime" nos 2 países árabes que considero mais importantes (Egito, e especialmente Arábia Saudita) os palestinos vão continuar a ser prisioneiros dos israelenses. Acredito que apenas quando estes países tiverem governos que não passem de títeres americanos a situação possa mudar no OM. Antes disso, sem chance. Porque quem pode defender o povo árabe é ele mesmo, o próprio povo árabe. Dos estrangeiros eles não devem esperar nada.
Aliás, uma coisa que deploro no governo Lula foi a assinatura do tratado de livre comércio do Mercosul com Israel. Uma aberração que não consegui entender.
Tweets that mention Lungaretti: Dando nome aos bois | Viomundo – O que você não vê na mídia — Topsy.com
[…] This post was mentioned on Twitter by Blog Arlesophia and Paulo Lamas, Luciano Alvarenga. Luciano Alvarenga said: Lungaretti: Dando nome aos bois | Viomundo – O que você não vê na mídia http://goo.gl/BrCF […]
O Brasileiro
Eu poderia até listar os grandes anunciantes que eles não querem perder.
Isso para não falar nas agências de publicidade ligadas à religião predominante na teocracia nazi-sionista.
E para não falar no canal de televisão que pertence a alguém protegido por agentes do Mossad.
Isso para não falar dos canais de televisão que têm colunistas endinheirados ligados à teocracia nazi-sionista.
Os que dizem que a ONU não serve para quase nada, a não ser para matar palestinos, estão certos!!!
Jairo_Beraldo
O mundo moderno nos dá diversas chances de não sermos estúpidos demais. A principal delas é essa aqui, mesmo, a internet. Você não é mais obrigado a ficar amarrado ao que a imprensa mentirosa te diz. Sempre existe alguém pra contradizer a ladainha do lado de lá. Bendita internet!
Leider_Lincoln
Mas se engana a mídia se acha que pode esconder o que mostramos dia e noite. Meu miserável blogue, que apenas está repercutindo os mais competentes, triplicou sua audiência, o que confirma a tese do Lungaretti: as pessoas descobriram que não precisam dos portais, se têm o Google…
Leider_Lincoln
Ah, justiça seja feita: a dica do Emerson Luís, aqui no Viomundo, de usar e abusar das tags, ajudou muito.
augustinho
azenha.
um amigo sugeriu e achei muito boa ideia. Voce conhece alg jornalista europeu que tenha vontade e capacidade de escrever um livro.? Sobre Celso amorim. O cara ganharia uma boa grana, ha assunto , ha interesse fora e dentro do pais… O titulo eu mesmo sugiro: por ex. "O Sanhco Pança que deu certo" (sub titulo "A S aga de Celso Amorim".
toque a ideia pra frente.
Marcelo Fraga
Como não tenho mais nenhum contato com a velha mídia golpista, eu fico sabendo pelo Viomundo como são tratadas as manchetes. E me parabenizo por já ter cortado as assinaturas a um bom tempo.
Jhumberto
A agressao israelense contra a Flotilha da Liberdade nao foi uma pirataria. Segundo Robert Mackay, ex-militar norte americano de alta patente, especializado em planejamento de guerra, afirmou num artigo no Huffington Post, que a acao israelense foi um ataque militar a uma embarcacao de uma nacao estrangeira, em alto mar, involvendo mortes de civis desarmados. Tratou-se, diz ele, de uma inequivoca ACAO DE GUERRA (maiusculas dele) por parte de Israel contra a Turquia.
VanderResende
Os malabarismos verbais na grande mídia – recentemente exemplificados aqui nesse site em um texto brilhante de Robert Fisk, do Independent, da Inglaterra – demonstram cabalmente o modo como se busca transformar uma ação de pirataria em uma ação heróica. Além disso é fascinante ler os argumentos de defesa de ministros israelenses, como Lieberman, que declaram que a ocupação israelense da faixa de Gaza é Legal. Alguém poderia me dizer qual lei internacional possibilita que um pais transforme um território de outro estado em um GULAG? Ou seria alguma legislação específica de Israel que lhes daria esse direito? Oh, claro, eu me esquecia, deve ser a palavra de Deus, ou estou delirando?.
Marcos C. Campos
" Não são questões semânticas: a linguagem também pode servir para atenuar o impacto de episódios escabrosos, facilitando sua absorção e progressivo esquecimento. "
A MÍDIA e os governos de Israel e EUA , pelo menos na grande maioria dos episódios do tipo PIRATARIA, ou INVASÕES, trabalham sempre assim: os OUTROS (os inimigos) são SEMPRE os CULPADOS.
Para eles, EUA e Israel nunca erram …
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