Lassance: O real da miséria e a miséria do Real

Tempo de leitura: 4 min

O real da miséria e a miséria do Real

Na trajetória dos últimos 18 anos, só o governo Lula reduziu a pobreza de forma contínua e acentuada. Itamar e FHC tiveram, cada qual, apenas 1 ano de efetiva redução da pobreza: Itamar (que teve pouco mais de 2 anos de governo), em seu último ano (1994), e FHC, em seu primeiro ano (1995). Os números desmentem categoricamente a afirmação de que a miséria e as desigualdades no Brasil vêm caindo “desde o Plano Real”, como é comum encontrar inclusive entre analistas econômicos. O artigo é de Antônio Lassance.

Antonio Lassance (*), na Carta Maior, em 20.07.2010

O gráfico acima merece ser emoldurado. Ele representa os avanços que o Brasil alcançou até o momento na luta pela redução da miséria.

Antes de mais nada, é preciso dar os devidos créditos. O gráfico tem como base os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), colhidos, organizados e divulgados pelo IBGE. São sistematicamente trabalhados pelo IPEA, que tem grandes estudiosos sobre o tema da pobreza, assim como pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas-RJ.

Graças a esses estudos se pode, hoje, visualizar se estamos avançando ou retrocedendo; se o Brasil está resgatando seus pobres ou produzindo quantidades cada vez maiores de pessoas que ganham menos que o estritamente necessário para sobreviver; gente que se encontra sob situação de insegurança e vulnerabilidade.

Os números e a trajetória que os liga permitem não só uma fotografia da miséria, mas também um retrato do que os governos fizeram a esse respeito. Serve até de exame para um diagnóstico do bem estar ou do mal estar que as políticas econômicas podem causar à nossa sociedade.

Descritivamente: esta linha sinuosa decresce em ritmo forte em 1994 e 1995, quando estaciona. Depois de 1995, a queda deixa de ter continuidade e, salvo pequenas oscilações, os patamares de miséria ficam estáveis pelos sete anos seguintes, até 2002. Depois de 2003, ocorre uma nova trajetória descendente e, desta vez, sustentada, pois se mantém em queda ao longo de sete anos.

Na trajetória dos últimos 18 anos, só o governo Lula reduziu a pobreza de forma contínua e acentuada. Itamar e FHC tiveram, cada qual, apenas 1 ano de efetiva redução da pobreza: Itamar (que teve pouco mais de 2 anos de governo), em seu último ano (1994), e FHC, em seu primeiro ano (1995).
O gráfico desmente categoricamente a afirmação de que a miséria e as desigualdades no Brasil vêm caindo “desde o Plano Real”, como é comum encontrar inclusive entre analistas econômicos, principalmente aqueles que são mais entusiastas do que analistas e, a cada 5 anos, comemoram o aniversário do plano como se fosse alguém da família.

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O Plano Real conseguiu reduzir a miséria apenas pelo efeito imediato e inicial de retirar do cenário econômico aquilo que é conhecido como “imposto inflacionário”: o desconto compulsório, que afeta sobretudo as camadas mais pobres, ao devorar seus rendimentos. Retirar a inflação do meio do caminho foi importante, mas insuficiente.

No governo FHC, a miséria alcançou um ponto de estagnação. Uma estagnação perversa, que deu origem, por exemplo, à teoria segundo a qual muitos brasileiros seriam “inimpregáveis”. Para o discurso oficial, o problema da miséria entre uma parte dos brasileiros estaria, imaginem, nos próprios brasileiros. A expressão era um claro sinônimo de “imprestáveis”: pessoas que não tinham lugar no crescimento pífio daqueles 8 anos. Era um recado a milhões de pessoas, do tipo: “não há nada que o governo possa fazer por vocês”. “Se virem!”

O governo Lula iniciou uma nova curva descendente da miséria no Brasil e a intensificou. Sua trajetória inicial foi mais íngrime do que a verificada no início do Plano Real e, mais importante, ela se manteve em declínio ao longo do tempo. Por trás dos números e da linha torta, está o regate de milhões de brasileiros.

A razão que explica essa trajetória está no conjunto de políticas sociais implementadas por Lula, como o Fome Zero, o Bolsa Família, a bancarização e os programas da agricultura familiar, além da melhoria e ampliação da cobertura da Previdência.

No campo econômico, além de proteger as camadas sociais mais pobres da volta do imposto inflacionário (estabilidade macroeconômica), houve uma política sistemática de elevação do salário mínimo e, a partir de 2004, patamares mais significativos de crescimento econômico, com destaque nas regiões mais pobres, que cresceram em ritmo superior à média nacional – em alguns casos, superior ao ritmo chinês.

O governo FHC, sem políticas sociais robustas e integradas e com índices sofríveis de crescimento econômico, exibiu uma perversa estabilidade da miséria. Se lembrarmos bem, ao final de seu mandato, a economia projetava inflação de dois dígitos, os juros (Selic) superavam os 21% ao ano (haviam batido em 44,95% em 1999), a crise da desvalorização cambial fizera o dólar disparar, as reservas estavam zeradas e o País precisara do FMI como avalista. Por isso se pode dizer que a característica principal do Governo FHC não foi propriamente a estabilidade macroeconômica. Foi o ajuste fiscal e a estabilidade da miséria.

Por sua vez, a tríade crescimento, estabilidade e redução da miséria, prometida por Lula na campanha de 2002, aconteceu. Se alguém tinha alguma dúvida, aí está a prova.

(*) Antonio Lassance é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e professor de Ciência Política.

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Comentários

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Agenceslau

Comparar o resultado do governo Lula comprando com FHC é desconhecer os verdadeiros motivos para o Brasil ter entrado num período de crescimento quais foram 1 -Criacao de instituicoes como agencias reguladoras no governo FHC que deram garantias a investidor no Brasil. 2 – Criacao no governo FHC da LRF que impossibilitou o estado a se individar sem controle. Somado a isto preços recordes de comodities que o Brasil exporta a exemplo de minerio de ferro , soja que pegaram carno no crescimento da China . Lula tem como merito nao mudar a politica economica baseada no tripe , cambio flutuante , metas de inflacao e superavit primario . O PT vende a ideia que inventou o Brasil , mas no seu governo , a vulnerabilidade externa já mostra deteriorização , explodiu a violencia em todas as cidades do Brasil, a educação ainda não decolou , portanto antes da pirotecnia melhor o leitor se qualificar mais para não escrever bobagens.

Milton Hayek

http://www.tijolaco.com/?p=20631

Na Veja: Dilma abre seis pontos sobre Serra
quarta-feira, 21 julho, 2010 às 13:35
Acaba de sair na coluna Radar, de Lauro Jardim, na Veja, o que seria o resultado de uma pesquisa Vox Populi que será oficialmente divulgada hoje.
Como na semana passada, o mesmo Vox Populi, por encomenda do PT, fez uma pesquisa que mostrou Dilma com seis pontos (43 a 37%) de vantagem sobre José Serra, um a mais que os 40 a 35% registrados no finalzinho de junho, o resultado de hoje não deve ser muito diferente.
A partir de amanhã, o Datafolha já pode liberar a pesquisa que registrou na última sexta-feira junto ao Tribunal Superior Eleitoral.

Milton Hayek

Depois de 8 anos de governo,alguma coisa começa a ser feita para aliviar a carga tributária sobre nós:

http://economia.estadao.com.br/noticias/economia+

quarta-feira, 16 de junho de 2010 19:27T

Medida para investidores com origem em paraíso fiscal também vale para pessoa física

Mais cedo, Receita havia anunciado fim de benefícios fiscais para empresas que operam no Brasil, mas com origem em países enquadrados
Célia Froufe e Fabio Graner, da Agência Estado

BRASÍLIA – A Receita Federal informou há pouco que vale também para pessoas físicas – e não apenas para empresas – o fim de benefícios fiscais para investidores que operam no mercado financeiro do Brasil, mas com origem em países enquadrados como paraíso fiscal.

Segundo Instrução Normativa nº 1.043, da Receita Federal, publicada nesta quarta-feira, 16, no Diário Oficial,as aplicações em ações e títulos públicos, que tinham isenção de Imposto de Renda (IR), agora passam a ser tributadas à alíquota de 15% no caso de ações e de 22,5% a 15%, dependendo do prazo, no caso de títulos públicos. Neste segundo caso, a cobrança do IR ocorrerá sobre os rendimentos obtidos a partir do dia 7 de junho, ficando os rendimentos obtidos antes desse dia livres da tributação.

No caso de ações, a cobrança do IR será feito no momento da venda do papel e sobre todo o ganho obtido na operação. Além de ações e títulos públicos, os Fundos de Investimento em Participação (FIP) e os Fundos de Investimento em Empresas Emergentes (FIEE) também deixam de ser isentos de IR e passam a ter tributação de 15%. Os fundos de ações, que tinham tributação de 10%, passam a ser taxados com alíquota de IR de 15%. E as demais aplicações, que tinham taxação de 15%, passam a pagar IR de 22,5% a 15%, conforme o prazo.

Segundo o subsecretário de Tributação da Receita, Sandro Serpa, trata-se de uma equalização da situação de investidores provenientes de paraísos fiscais com a de contribuintes residentes no Brasil. Na semana passada, a Receita incluiu 14 novos países, entre eles a Suíça, em uma lista de chamados "paraísos fiscais". São considerados paraísos fiscais aqueles países que têm tributação de renda inferior a 20% e ou trabalham com sigilo societário.

Carlos

Dvorak (ou Ubaldo?), Henderson,… fugiram da missão de discorrer sobre a tal "tese de doutorado" do sr. Serra.
Vinícius Abreu se habilita?

    Milton Hayek

    Essa tese é muito difícil de se encontrar,Carlos.É procurada por todos nós há anos e,até agora,nada.Eu tenho curiosidade de saber como alguém que não tem diploma de curso superior(Serra) fez uma tese.Principalmente em economia e logo em Cornell.

    Carlos

    Não percamos a esperança , pois o Serra "pode mais", Hayek…

Carlos

Engraçado que o PIG tenta empurrar de goela a baixo as mentiras dos demotucanos, como se o povo brasileiro ainda fosse burro, mas esquecem que o povo deixou de ser marionete da classe dominante e agora sabe o que é bom e o que ruim. DILMA 2010!

Patricia Pires

" … O gráfico acima merece ser emoldurado. Ele representa os avanços que o Brasil alcançou até o momento na luta pela redução da miséria. … "

E essa luta se reflete na melhoria e na qualidade de vidas das pessoas que resgataram sua dignidade ……
Fatos e dados, não tem coisa melhor, para mostrar de fato a quem os governos serviram e para quem de fato olharam …..

Carlos

● Em 2010 (*), registro no “Balanço do Transporte Ferroviário de Cargas – 2009”:

“Com a atuação do Governo Federal podemos atingir em 2015
35.000 km de malha ferroviária e 40.000 km, em 2020.”

● Em 1995, exatos 55 anos antes (destaque meu):

“POSSUÍMOS cerca de 250 mil quilômetros de rodovias e 37 MIL QUILÔMETROS DE FERROVIAS” (**)

Ou seja: em 2015, 60 anos depois, a malha ferroviária brasileira estará – 2 mil quilômetros – aquém da que tínhamos em 1955!
E a malha em 2015 só será alcançada "Com a atuação do Governo Federal", né Vinícus?

(*) http://www.antfferrovias.org.br/Files/balanco_201
(**) Fonte: artigo de Antônio B.Cavalcanti (anticomunista!) publicado na Gazeta do Povo (Curitiba-PR) de 13 de julho de 1955

    Carlos

    Patinamos no asfalto…

    Zilhões de recursos desperdiçados por conta dos interesses rodoviaristas…
    Quantas mortes nas estradas ao longo destas décadas envolvendo caminhões?

Marcelo Fraga

A PNAD é (era, pois hoje se usam PDAs) um questionário de uns 3cm de espessura que é feito em várias casas em forma de amostra. Pergunta de tudo, desde quantas geladeiras têm até nupcialidade, além de muitas outras coisas que eu não lembro direito. É um questionário completíssimo, mas que só é feito em amostra devido à inviabilidade de se fazer em todas as casas todos os anos. Para isso, como todos aqui sabem, existe o Censo que está sendo feito este ano. É como a PNAD mas é feito em todos os domicílios do Brasil. Até vai dar pra fazer uma comparação bem mais detalhada das condições de 2010 e das de 2000.

Só falta alguém dizer que o IBGE é petista e está ligado com as FARC, então os dados não prestam. Apenas precisam dizer como é que se corrompe mais de 200.000 funcionários.

Carlos

Em janeiro/1996, nos tempos em que Serra integrava a "equipe FHC" como ministro do Planejamento…

Aloysio Biondi escreveu…

A falsa "quebradeira"

O secretário de Energia de São Paulo, David Zylberstajn, ficou escandalizado com os salários dos vigias da Eletropaulo: R$ 22 por hora… "Pode liberar o assalto que fica mais barato", soltou Zylbertajn.
(…)
2) Privatização – O movimento de cargas no trecho ferroviário São Paulo a Santos, da Fepasa, era o maior do país. Recentemente, o secretário de Transportes do governo Covas revelou que ele está praticamente parado, com 90% de ociosidade.
Mistério? Não. As empresas "preferem" transportar as cargas por caminhão. Motivo, segundo o próprio secretário: sonegação. Nas rodovias, a mesma nota fiscal é usada para várias viagens (com cargas diferentes, que, assim, não pagam o ICMS).
Sonegação consentida, portanto, pois bastaria o governo do Estado exigir que a nota fiscal ficasse retida em um posto de fiscalização da rodovia, e a fraude não existiria.
Prejuízos para o Tesouro. E prejuízos para a Fepasa. Que, ironicamente, agora vai ser "privatizada" por "ineficiência"…
(…)

Íntegra em http://www.aloysiobiondi.com.br/spip.php?article6

doutormario

Uma imagem fala mais do que mil palavras…

Carlos Adriano

Azenha, a redução da miséria em 1994/95 foi exclusivamente devido a recuperação do poder de compra com a queda da inflação. Política e trabalho de inclusão social para reduzir a miséria num cenário de inflação baixa, só o governo Lula/PT teve coragem de fazer. Lula fez o que todos os especialistas em política dizem que é necessário: manter o que estava certo, no caso inflação baixa e alguns pontos da política econômica; e melhorar o que estava deficiente, como política de inclusão social, investimentos por parte do estado para o país crescer e por tabela criar empregos, e muito mais. Ainda falta muito a fazer, mas tentar comparar os 8 anos do FHC com os de LULA é brincadeira de mau gosto. Abs.

Marat

Analisando o gráfico, vejo que o ano de 2003 revelou o que FHC é!!!

O Brasileiro

Em 2002: http://www.youtube.com/watch?v=Elo8UDUmsn8

E em 2010: http://www.youtube.com/watch?v=-riSOV8ePXc&fe

Milton Hayek

http://www.tijolaco.com/?p=20573

Financial Times vê Brasil capaz de explorar pré-sal
terça-feira, 20 julho, 2010 às 21:39

Lula mostra ao mundo que o pré-sal é nosso
Ao contrário de O Globo que disse que o Brasil ia na “contramão do mundo” ao iniciar a exploração do pré-sal após o acidente da BP no Golfo do México, o conservador Financial Times fez ontem uma matéria correta, dizendo que o Brasil encara os riscos da operação e está muito mais preparado que os Estados Unidos para abrir uma nova província petroleira em águas profundas.
Mesmo com sua postura claramente antiestatal, em nenhum momento o Financial Times condena a exploração do pré-sal ou sugere que ela seja entregue às multinacionais do petróleo, e, de forma jornalisticamente responsável, aponta as vantagens brasileiras diante dos riscos.
“As regras brasileiras são geralmente vistas como mais severas que as dos Estados Unidos, onde o Serviço do Gerenciamento dos Minerais enfrentou críticas por permitir a autoregulação da indústria”, aponta o jornal inglês.
O Financial Times diz que o vazamento de óleo na Baía de Guanabara, no início de 2000, e o afundamento da P-36, em março de 2001, levaram a Petrobras a aprimorar seus procedimentos de segurança. “Ao contrário de muitos de seus pares grandes produtores de petróleo, a Petrobras manteve sua expertise de engenharia e exploração em águas profundas em casa, ao invés de terceirizar isso para outras empresas”, ressalta o jornal econômico, destacando uma diferença essencial da Petrobras para a BP.
“Esses recursos internos são de grande importância para intervenões rápidas em situações de emergência”, destaca Ildo Sauer, ex-diretor da Petrobras, e grande conhecedor do setor de petróleo. Aliás, O Globo não ouviu ninguém da Petrobras em sua matéria que foi manchete de capa, condenando o Brasil por explorar o pré-sal quando EUA e Europa reduzem sua produção.
O Financial Times, por suas posições conservadoras e “pró-mercado”, faz suas ressalvas ao maior controle da Petrobras e da Petrosal sobre o óleo do pré-sal, mas é honesto em sua reportagem, inclusive já tratando de novas medidas anunciadas pela Agência Nacional do Petróleo após o acidente da BP.
O problema que o FT vê, pela ótica das empresas, é a incerteza que ronda a discutida compra pela BP, em março deste ano, por US$ 7 bilhões, de 10 blocos no pré-sal, que pertenciam a Devon Energy. A BP espera que a compra seja aprovada até o fim do ano, mas a ANP está revendo o negócio “com o Golfo do México em mente”.
Está aí uma boa pauta para O Globo acompanhar diante de sua “preocupação com o meio ambiente” após o acidente da BP. Que exigências serão feitas à empresa britânica? Será que ela poderá terceirizar a exploração como fez no Golfo do México? Que medidas de segurança ela passou a adotar após o recente acidente?
São apenas algumas perguntas que o jornal, com os profissionais que tem, poderá desenvolver muito melhor do que eu. A menos que sua preocupação ambiental seja seletiva e só aconteça em relação a petrobras.

    Carlos

    "vazamento de óleo na Baía de Guanabara, no início de 2000, e o afundamento da P-36, em março de 2001,"

    FT ´esqueceu´ o vazamento na REPAR, em 16 de julho/2000, apenas seis (6) dias após o início do "negócio da China" com lote de ações (capital votante) da Petrobrás…

    VAZAMENTO NA BAÍA DE GUANABARA: 18 DE JANEIRO/2000…

    Na mesma data (18), conforme jornais do dia seguinte:

    Folha de S. Paulo 19/JANEIRO/2000 – 2-6 – Isabel Clemente / Rio

    ANP desmonta monopólio da Petrobrás

    Agência cogita venda ou troca de ativos para aliviar concentração na área de refino e transporte

    O Estado de S. Paulo 19/JANEIRO/2000 – B8 – Irany Tereza / Rio

    ANP quer que Petrobrás se desfaça de parte de seus ativos

    Empresa ainda é dona de 11 das 13 refinarias do País e opera toda a rede de dutos de óleo e gás

    O Estado de S. Paulo 19/JANEIRO/2000 – Capa

    FHC nomeia advogado-geral para a Defesa

    Indicação frustra militares, que esperavam ministro com mais influência nas Forças Armadas e no Congresso

    O advogado-geral da União, Geraldo Magela Quintão, foi nomeado para o Ministério da Defesa no lugar de Élcio Álvares, demitido ontem pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Funcionário aposentado do Banco do Brasil, Quintão ocupava a chefia da Advocacia-Geral desde o governo Itamar. Sua indicação foi recebida com pouco entusiasmo pelos militares, que esperavam um ministro com mais influência nas Forças Armadas e no Congresso. Quintão não foi a primeira opção de FHC, que cogitou outros nomes, como o ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardenberg, e o ex-ministro do Desenvolvimento Celso Lafer – mas eles enfrentavam a resistência dos oficiais pelo fato de serem diplomatas de carreira. Álvares deixou o governo depois de ser submetido a intenso desgaste político motivado por três fatores: as investigações abertas pela CPI do Narcotráfico sobre uma assessora, os conflitos que levaram à substituição do comandante da Aeronáutica e os atritos com os ministros José Serra (Saúde) e José Carlos Dias (Justiça).

    Carlos

    ● NO DIA 19, SEGUINTE AO VAZAMENTO NA REDUC, CONFORME JORNAIS DO DIA 20:

    Folha de S. Paulo 20/JANEIRO/2000 – Eliane Cantanhêde / Brasília

    ANP faz ultimato contra monopólio

    Folha de S. Paulo 20/JANEIRO/2000 – Vivaldo Barbosa

    ESTATAIS Demora no modelo de transação e dificuldades políticas no Congresso devem deixar negócio para 2001

    Venda de ações da Petrobrás será adiada

    Folha de S. Paulo 20/JANEIRO/2000 – Capa

    Aprovada lei que veta divulgação de processos
    (…)
    Os dispositivos da chamada “Lei da mordaça” foram aprovados. Eles proíbem procuradores e juízes de dar informações sobre processos em andamento. Um projeto com texto semelhante foi aprovado pela Câmara no mês passado e espera aprovação pelo Senado. A reforma cria ainda a súmula vinculante, que obriga instâncias inferiores da Justiça a seguirem decisões do Supremo Tribunal Federal, e proíbe os juizes aposentados de advogar onde atuavam.

    Carlos

    ● EM 21/JANEIRO SOBRE O VAZAMENTO NO DIA 18 (CONFORME JORNAL DO DIA 22):

    O Estado de S. Paulo 22/01/2000 – A13 – Adriana Ferreira

    Óleo jorrou na baía durante quatro horas

    Petrobrás também falhou ao avaliar inicialmente que vazamento durou 30 minutos

    ● EM 22 DE JANEIRO (CONFORME JORNAL DO DIA 23):

    Folha de S. Paulo 23/JANEIRO/2000 – Domingo – 1-6 – Lydia Medeiros

    Privatizações terão novas regras

    O FGTS (…) poderá ser usado pelo trabalhador para adquirir ações das estatais que serão privatizadas pela União.
    A próxima reunião do CND (…), marcada para a última semana de fevereiro, vai definir o novo modelo, que ampliará a venda pulverizada de ações em bolsa de valores e terá no FGTS o principal instrumento para atrair pequenos investidores.
    (…)
    A estrutura formal para que o FGTS passe a servir também às privatizações está pronta desde 1998. Foram criados Fundos Mútuos de Privatização, os FMP-FGTS, que ainda não saíram do papel à espera da decisão, que finalmente deve ser formalizada pelo governo. A CVM (…) já autorizou a formação de 25 fundos.
    (…)
    Entre esses cuidados, estão a definição do volume de recursos do FGTS que poderá migrar para as bolsas,

    Carlos

    (Parte 1/3)

    ● NO DIA 26, COM A PETROBRÁS EM DIFICULDADES POR CONTA DO VAZAMENTO NA REDUC NO DIA 18, E A “EQUIPE FHC” DISPARANDO:

    “Está na hora. A decisão está madura”

    Folha de S. Paulo 27/JANEIRO/2000 (5ª feira) – 2-6 – Eliane Cantanhêde – Brasília

    Petrobrás negocia ação neste semestre

    O ministro das Minas e Energia, Rodolpho Tourinho, anunciou ontem que o governo deve vender ainda neste semestre os 32% de ações ordinárias excedentes da Petrobrás. Trata-se das ações que o governo detém além dos 51% que lhe garantem o controle acionário da empresa.
    “Está na hora. A decisão está madura”, disse Tourinho ontem à Folha, explicando que as ações serão pulverizadas e os recursos obtidos irão direto para o Tesouro.
    Segundo o ministro, que é também presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, a idéia era vender as ações excedentes no ano passado, mas a desvalorização cambial e as incertezas internacionais adiaram os planos.
    O governo preferiu tomar um conjunto de medidas em 15 de outubro – inclusive a entrada no mercado americano – para encorpar o preço das ações da Petrobrás antes de vendê-las. Desde então, as ações ON da empresa subiram 46%, e as PN, 44%.
    O único obstáculo para a venda das ações excedentes, agora, seria político. Tourinho, porém, acha que o governo não terá problema para derrubar na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, um projeto que o proíbe de vender as ações da empresa.

    Carlos

    (Parte 2/3)

    Ele explica: a base governista tem ampla maioria não só no Senado como na comissão.
    Setor elétrico – Também está definido o modelo de privatização do setor elétrico, que ficará sob a responsabilidade do Ministério de Minas e Energia, e não mais do Ministério do Desenvolvimento: venda do controle acionário (51%) para uma empresa ou bloco de empresas, com pulverização do restante.
    O objetivo, no caso das elétricas, é que uma empresa ou um grupo assuma a gerência das estatais privatizadas e possa, assim, se responsabilizar por metas de investimentos e de universalização de serviços. Com a simples pulverização de ações, haveria também pulverização de responsabilidades e de compromissos.
    A justificativa para a privatização de Furnas, Eletronorte e Chesf (…) é a falta de recursos públicos para investimentos e a necessária ampliação de geração de energia. Neste ano, o governo pretende investir em torno de R$ 2,6 bilhões no setor, quando julga que seriam necessários pelo menos R$ 8 bilhões.
    “A diferença só pode ser coberta de uma forma: pela iniciativa privada”, resumiu Tourinho.
    Ele discutiu a questão na terça-feira, no Palácio do Planalto, com os ministros Pedro Parente (Casa Civil) e Alcides Tápias (Desenvolvimento), mais o presidente do BNDES (…), Andrea Calabi.
    Privatização – A privatização das empresas de petróleo na França, por exemplo, começou com a venda de ações. Além disso, a decisão de vender as ações excedentes da Petrobrás coincide com a discussão interna sobre a abertura de refinarias e dutos para empresas privadas.
    Tourinho, entretanto, nega qualquer intenção do governo FHC de privatizar a empresa: “Não vejo como privatizar agora. Tem um tempo que pode ser lá na frente, mas eu não sei como vai ser nem se vai ser”.

    Carlos

    (Parte 3/3)

    Apesar de o diretor-geral da ANP (…), David Zylbersztajn, defender a venda de refinarias e de dutos da Petrobrás, Tourinho foi enfático e repetitivo que “nada nesta área está definido”.
    “A venda de refinarias é uma das possibilidades, mas há outras a ser analisadas. É preciso saber se é um bom negócio, se é um bom momento e de que forma vai afetar o refino”, disse.
    O assunto seria discutido na segunda ou terça-feira entre Tourinho, Zylbersztajn e o presidente da Petrobrás, Henri Philippe Reichstul, mas a reunião foi adiada para a próxima semana, por causa da crise com o vazamento de óleo na baía de Guanabara e das discussões sobre a privatização do setor elétrico.
    “A questão do refino não é fundamental”, disse Tourinho, relatando todo o processo de abertura da exploração e da distribuição à iniciativa privada.
    Segundo ele, há dúvidas quanto ao interesse de investidores na área de refino e seria necessária a avaliação de uma grande empresa de consultoria internacional. Como exemplo, citou o caso da venda de uma refinaria na Bolívia. Nenhuma empresa se interessou, apenas a Petrobrás.
    Além disso, a importação de gasolina e diesel deverá ser liberada em janeiro de 2001. Os investidores, na opinião do ministro, vão querer antes saber o resultado dessa nova concorrência interna, antes de se aventurar a comprar refinarias e dutos no Brasil.
    Mesmo que o governo decida vender refinarias, ele acha que isso não caracteriza o início da privatização da Petrobrás: “Na privatização, o governo perde o controle e sai do negócio. Venda de ativo é outra coisa, completamente diferente”.

    EM JANEIRO, EM MEIO AO VAZAMENTO NA REDUC, A DECISÃO FINAL DE VENDER AS AÇÕES: "A HORA É AGORA. A DECISÃO ESTÁ MADURA".

    EM 16 de JULHO, SEIS DIAS APÓS O INÍCIO DA VENDA, UM NOVO VAZAMENTO – NA REPAR – QUE – MAIS UMA VEZ – DESESTABILIZOU A PETROBRÁS….

Fabio_Passos

Que dúvida.

fhc é o pior presidente da história do Brasil.
Um boneco a serviço dos ricos.

E agora a gangue dele ainda quer voltar?!?

Sem chance!

Milton Hayek

O governo Lula está longe de enfrentar os banqueiros,mesmo mantendo uma relação dívida/PIB de 41% hoje em dia.Porém,não dá pra dizer que o IBGE seja um reduto de petistas.Aí já é dor de cotovelo demais.

blogdacoroa

Azenha, eu fiz um post no meu blog sobre isso, e com um título bem sugestivo, dá uma olhada:

O IPEA atua para o Serra!
http://blogdacoroa.wordpress.com/2010/07/14/o-ipe

    edisilva64

    Muito bom. Mas a imprensa não tem tempo para estas amenidades. São "detalhezinhos" sem importância.
    O importante é dar um jeito de dizer que o fh também ajudou.

    @marisps

    Se fosse somente dizer que FHC também ajudou ainda passaria; o problema maior é que a "grande" imprensa diz que FHC é o responsável por tudo de bom que aconteceu no país; isso pra não mencionar os ataques descabidos, injustos e muitas vezes baseados em mentiras que são feitos ao Governo Lula. Parcialidade criminosa.

    Heitor Rodrigues

    Parabéns pelo seu trabalho!

Milton Hayek

O IBGE só compara dados de anos diferentes com uma mesma metodologia.Os caras são "profissa".

Milton Hayek

Tem que combinar com os russos do Congresso Nacional,Klaus.O PT não passa por cima da democracia.Se fosse fácil, assim, eu me candidatava a presidente ao invés de dar minhas aulinhas chinfrins.

Ed.

É de uma clareza cristalina!
Desnuda toda a hipocrisia do príncipe e seu séquito com um peteleco!
Reino este posto e reposto com a mesma ladainha… (tá, tinha a "ameaça" do "northeastern")…
Se a propaganda de Dilma usar demonstrações como essa + notícias do próprio PIG, para desmascará-los, vai ser, como dizem os ingleses, "mais fácil que dar tiro em pato chocando"…

George Santos

uma duvida: durante todos esse anos, em algum momento, houve alguma mudança na forma de calculo, base a ser considerada, etc.. utilizada pelo IBGE pra identificar o nivel de pobreza do cidadao ?
Geralmente essas coisas sao "mascaradas" entre administracoes justamente pra causar essa diferenca tao visivel no grafico.
Nao foi a folha "se enganou" na base considerada para divulgar um resultado de pesquisa de opiniao, que mostrava Jose Serra na frente ?

So pra confirmar…

Fabiano

É isso aí. É Dilma!

Fabiano

Itamar reduziu mais a pobreza do que FHC! (na verdade no periodo FHC nem reduziu…)

    Heitor Rodrigues

    É verdade. E fica claro que FHC nada fez para mudar a vida dos brasileiros. A decisão política para a implantação do Real foi de Itamar Franco. O mineiro em seu Governo, mandou tocar o pau na máquina, obteve avanço do PIB durante seu exercício e abriu caminho para dias melhores. Deve ser por isso que FHC o perseguiu e ridicularizou o quanto pôde, para poder se assenhorear de coisas que não construiu. Particularmente, eu acho que, de verdade, o Plano Real sobreviveu ao Governo FHC, que não conseguindo destruí-lo, desvirtuou sua função, negando seus benefícios à maioria do povo e ainda estigmatizando-o.

Marcio Gaspar

Isto mostra a quem cada governo serviu. O governo FHC aos banqueiros com sua politica de transferencia de renda para os mais ricos. O Lula com uma politica redistributiva aos mais pobres, porem os banqueiros ainda continuam ganhando muito ainda.

Zé Povinho

São dados da PNAD/IBGE.Cristalinos.A metodologia é aberta para todos verem.São dados públicos.Se tivesse algum viés o Azenha não publicaria.

klaus

Acho que o PT deveria implementar num possível futuro governo Dilma todas as suas idéias econômicas. Todas, todas mesmo: Banco Central menos independente, forte queda nos juros básicos, crescimento econômico acelerado, fim da Lei de Responsabilidade Fiscal, aumento bem acima da inflação do salário mínimo, uma reforma da previdência que voltasse a situação anterior da reforma de FHC, maior participação estatal em todos os setores da economia, redução da jornada de trabalho sem diminuição dos salários, imposto progressivo sobre grandes fortunas. Acho que se se está num governo é para implementar suas idéias.

    Leider_Lincoln

    A maioria será implementada, pode ter certeza, Klaus. Mesmo descontando a parte me que você força a barra. É o tal direito dos vencedores, não?

    klaus

    Onde forcei a barra?

    Ed.

    Em insinuar que os sucessos do governo "analfanordestino" vêm das "'idéias orignais" do príncipe, que estava meramente seguindo ordens do FMI (e não só para o Brasil). E olha que fez algum caixa com a privataria.
    FHC foi o maior corretor que o Brasl já teve…

    Carlos Adriano

    Acorda Klaus, muitas dessas idéias já foram implementadas: quedas dos juros básicos (lembra, era 40%!), crescimento econômico (PIB + de 5%, lembra, era nada), aumento do mínimo acima da inflação (lembra,não repassavam nem a inflação), maior participação estatal (lembra, privatizaram tudo o que puderam). As demais, poder crer, ainda serão implementadas pela Dilma. Acorda Klaus !

    Heitor Rodrigues

    De qualquer forma, podemos alimentar a esperança de que o futuro Congresso, principalmente o Senado, esteja livre da tutela das bancadas do DEM e do PSDB. Com boa parte da atual tropa de choque da direita fora do Congresso, acredito que Dilma terá mais facilidade do que teve o Presidente Lula para aprovar o que interessar aos brasileiros.

Dias Melhores

Muito bom, precisamos de outros tópicos sobre a economia do Brasil.
Azenha, sempre que possível coloque assuntos do IPEA.

ferrera13

Só o psdb vê virtudes no (des) governo de FHC para reivindicar méritos nos avanços que os brasileiros conquistaram. O povo mesmo já deu mostras de que não acredita muito nesse discurso não.

Polengo

Olha, eu nunca tinha ligado muito pra números, talvez bobagem de minha parte, talvez não ligue muito até hoje.

Mas, quando são escandalosos, alguma coisa tem. Nessas comparações Lula X resto, tem umas coisas assustadoras.

    Tavaresdemello

    Assustadoras?
    Sem medo de ser feliz e vamos a luta!

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