Tradução do Coletivo da Vila Vudu
Campanhistas que se opõem ao uso de aviões-robôs tripulados à distância (drones) no Paquistão exigem que o ex-diretor jurídico da CIA seja preso e acusado de assassinato por ter aprovado ataques de aviões-robôs que mataram centenas de civis.
Enquanto cresce em todo o mundo a preocupação pelo uso de aviões-robôs como arma de guerra, advogados e familiares de vítimas trabalham para conseguir um mandado internacional de prisão contra John Rizzo, que até recentemente trabalhava como assessor da CIA.
Os que se opõem ao uso dos aviões-robôs dizem que esse tipo de arma já matou mais de 2.500 paquistaneses em 260 ataques, desde 2004. Funcionários norte-americanos alegam que a maioria seriam “militantes”. Essa semana, 48 pessoas foram mortas em dois ataques nas regiões tribais do Paquistão. Várias campanhas, em todo o mundo, contestam a definição de “militantes” que os norte-americanos divulgam.
A tentativa de obter mandado internacional de prisão contra Rizzo está sendo conduzida conjuntamente pelo advogado britânico Clive Stafford Smith, do grupo Reprieve de Direitos Humanos, e advogados paquistaneses. O grupo Reprieve também trabalha para obter mandados de prisão contra os operadores dos drones, entrevistados e fotografados em entrevistas coletivas de propaganda dos EUA para jornalistas selecionados.
As primeiras notícias divulgadas sobre a campanha informam que o primeiro passo para conseguir que Rizzo seja processado, é formalizar acusação contra ele no Paquistão – o que deverá ser feito no início da próxima semana, numa delegacia de polícia na capital do Paquistão, Islamabad, em nome de parentes de duas vítimas que morreram em ataques de aviões-robô em 2009. Rizzo será acusado também de formação de quadrilha com intenção de matar contra grande número de cidadãos paquistaneses.
Já aposentado, Rizzo, 63, está sendo acusado, depois de ter admitido, em entrevista à revista Newsweek que, desde 2004, autorizou um ataque de aviões-robôs por mês, contra alvos no Paquistão, apesar de os EUA não estarem em guerra contra aquele país.
Rizzo, o qual, segundo suas próprias palavras, também está “até o pescoço” de tantas autorizações que assinou para que a CIA usasse “técnicas avançadas de interrogatório”, disse naquela entrevista que a CIA trabalha com “uma lista de alvos”. E perguntou: “Quantos professores de Direito Internacional algum dia assinaram sentenças de morte?”
Rizzo também admitiu que esteve presente quando os ataques dos aviões-robô pilotados a distância eram lançados do quartel-general da CIA, no estado de Virgínia.
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Apesar de os advogados do governo dos EUA alegarem que os ataques à distância são feitos sob proteção de “sólida base legal”, muitos argumentam que os civis que operam os aviões-robôs em território norte-americano devem ser classificados como “combatentes ilegais”.
Os primeiros ataques de aviões-robôs tripulados a distância foram lançados contra o Paquistão por autorização do presidente George Bush, mas o número de ataques aumentou muito no governo de Barack Obama.
Grande parte das informações necessárias para os ataques contra alvos predefinidos são fornecidas ou pelo exército do Paquistão ou pelo controvertido serviço secreto paquistanês, ISI.
Ambos têm impedido o acesso de jornalistas e investigadores de grupos de defesa de direitos humanos às áreas tribais que têm sido atacadas, o que torna impossível precisar o número de mortos e feridos.
Para Stafford Smith do grupo Reprieve, há até agora cerca de 2.500 civis mortos; outros dizem que o número aproxima-se de 1.000. Fontes oficiais dos EUA negam que haja grande número de civis mortos e que teriam morrido apenas “poucas dúzias de não combatentes”.
Matar civis em operações militares não configura crime nos termos da lei internacional, a menos que se comprove que as mortes tenham sido planejadas, desproporcionais ou resultado de negligência. Para Stafford Smith, as características específicas da guerra de drones que os EUA fazem contra as áreas tribais no Paquistão são caso para o qual não há precedente.
“Os EUA têm de obedecer as leis da guerra” – diz ele. “A questão legal aqui é que não há guerra declarada entre EUA e o Paquistão. É praticamente garantido que, dada a atual situação política no Paquistão, conseguiremos o mandato de prisão contra Rizzo. A questão é saber o que acontecerá depois. Pode acontecer de pedirmos a extradição de Rizzo, e de os EUA recusarem-se a entregá-lo. Entendo que a Interpol terá de expedir um mandato para prendê-lo, porque a acusação é legítima.”
O pedido de mandato baseia-se em dois casos. O primeiro foi um incidente dia 7/9/2009, quando um avião-robô atingiu um conjunto de prédios durante o Ramadan. A vítima é um homem de nome Sadaullah, que perdeu as duas pernas e três pessoas da família no ataque. A segunda vítima é Kareem Khan, que perdeu o filho e um irmão em ataque, dia 31/12/2009, na vila de Machi Khel, no Waziristão Norte.
Os dois homens acusam Rizzo de ter autorizado o ataque. A CIA não quis comentar as acusações.
Um processo contra Rizzo complicará ainda mais as já difíceis relações entre EUA e Paquistão, sob tensão depois de anos de ataques de aviões-robôs e da morte de Osama bin Laden em maio. Semana passada, os EUA suspenderam a ajuda militar de 800 milhões de dólares ao Paquistão.
O primeiro ataque com aviões-robôs tripulados a distância contra alvo no Paquistão aconteceu em 2004 e foi o único, naquele ano. Em 2010 foram 118 ataques, depois que Obama expandiu o programa em 2009; até julho de 2011, já foram 42.
O emprego de aviões-robôs tripulados a distância tem sido severamente criticado tanto por paquistaneses como por investigadores internacionais, inclusive pelo relator especial da ONU, Philip Alston, que, no final de 2009, exigiu que os EUA comprovassem que o emprego dos aviões-robôs teria qualquer outro propósito além de programa secreto, sem qualquer transparência, cujos únicos resultados comprováveis seriam o grande número de mortes entre população civil.
Comentários
Pedro
A política americana é coisa de bandidos.
Marcia Costa
Obrigada ao Silvio, Daniel, Gus, Vitor e Roberto pela boa resposta à minha dúvida. è aterrorizante. Será que um dia eles podem usar contra nós, brasileiros?
bissolijr
por um novo Pacto de Varsóvia!
walter melo
a pergunta que não quer calar é: quando eles vão nos atacar, sim, porque os instintos assassinos dessa corja não tem limites. é terrível saber que um poder de destruição desses, que é uma covardia, visto que eles não se arriscam, está nas mãos de quem cometeu os genocídios de HIROSHIMA E NAGASAKI e que não têem qualquer resquício de consciência, ética e/ou humanidade. se existisse um deus e Ele fosse, de fato, poderoso e justo, esse povo teria que sentir o mesmo que esses povos sentiram e que chovesse bombas sobre esse câncer que se chama usa.
operantelivre
Isso é brincadeira. Essa Cia não é empresa individual. Também não é SA. Agora vão condenar um só cara?
Quero vê-los condenados como fizeram com Sadan Hussein, quero vê-los em Haia como puseram outros.
Bush, o Rumsfield e toda a gangue da guerra que adora matar seus inimigos e quem estiver à volta deles?
Esses caras são muito piores do que os Milosevic, Sadans e outros que eliminaram no reality show.
Werner_Piana
Os "Democratas" americanos. Matanças mundo afora, impunes, SEMPRE.
E o Tribunal Penal Internacional criminalizando o Chefe do Governo Líbio, Gadhafi.
Hipocrisia sem fim. Mundo sem futuro.
Ditadura Global sob o tacão assassino dos EEUU e seus lacaios.
É nojento!
Bonifa
"Funcionários norte-americanos alegam que a maioria seriam “militantes”. Mesmo que "militantes" fosse sinônimo de combatentes, se houvesse um único não-militante o bombardeio já seria moralmente indefensável. Então os americanos agora são, por definição, assassinos?
Roberto Locatelli
Quanto mais o Império se torna duro e brutal, maior a força que se opõe a ele. O Império está tão duro que não se dobrará, se quebrará.
Regina Braga
O novo passa tempo americano..video-game de terror…não faltava mais nada.
João
Os EUA se constituem na nação que mais matou em toda a história da humanidade. Sua escandalosa ação assassina fica mais evidente a cada dia. O estado americano se transformou numa verdadeira máquina de matar. Não estamos longe de testemunhar sua desconsideração completa sobre os valores da civilização e, imposição absoluta de sua ação de extermínio como resultado de sua própria degeneração como núcleo de valores positivos para a humanidade.
O_Brasileiro
Acho que isso vai acabar em outro prêmio Nobel da Paz…
Nelson
Se “não há guerra declarada entre EUA e o Paquistão”, podemos qualificar os ataques de alguma outra forma que não seja como terrorismo?
De outras parte, se estou errado que me corrijam. Mas, o certo é que não vi um sequer – e existem tantos na mídia brasileira – dos (de)formadores a tecer comentários raivosos contra o terrorismo do governo dos EUA diante de repetitivos fatos como estes: “A vítima é um homem de nome Sadaullah, que perdeu as duas pernas e três pessoas da família no ataque. A segunda vítima é Kareem Khan, que perdeu o filho e um irmão em ataque, dia 31/12/2009, na vila de Machi Khel, no Waziristão Norte.”
Há pouco tempo, quando o STF definiu-se pela não extradição do italiano Cesare Battisti, esses mesmos (de)formadores de opinião esbaldavam-se em tachá-lo de terrorista. Joelmir Beting, por exemplo, babou e rosnou sua indignação pela não extradição de Battisti por duas ou três edições do Jornal da Band, pretenso informativo de credibilidade.
Contra os sucessivos e corriqueiros atentados terroristas praticados pelo governo dos EUA e da Europa, nenhuma palavra, apenas silêncio subserviente.
Bonifa
Joelmir Betting? Havia um jornalista de economia com este nome. Creio que há vinte anos atrás.
Nelson
Como acredito no senso de justiça e equanimidade, na honorabilidade e nos valores morais dos governos da Europa Ocidental (Itália, Espanha, Inglaterra, França, Alemanha, etc), sei que, logo, logo, a Otan estará enviando seus aviões para despejarem bombas sobre a sede da CIA, nos EUA, acabando, assim, com a base de controle dos tais drones.
Afinal, não é para isso que a Otan anda agindo ultimamente, na “proteção aos civis”?
Lucas
É importante lembrar que o Paquistão é apenas um dos países que estão sendo bombardeados por aviões teleguiados estadunidenses. Somália, Iêmen e Afeganistão também sofrem ataques regularmente. Os EUA não estão oficialmente em guerra com nenhum desses países.
Não é violação da lei internacional matar cidadãos de países com o qual não há guerra? Se não é, devia ser.
Silvio I
Azenha:
A culpa não e do porco, si não de quem cosa o lombo. Este senhor ex- diretor da CIA e apenas a ponta do iceberg. Ele bombardeou, porque Bush fez uma lei que permitia a EUA bombardear qualquer lugar do mundo, sempre que entendesse que podia ser prejudicial, a eles. E a ONU não tem tomado nenhuma medida contra esse abuso por ter superioridade militar, contra o Pakistão. Alem do mais o tem feito com consentimento, do governo dos pakitães. Com isto não quero dizer, que ele não tenha sua parcela de culpa.Mais se está querendo atacar a parte mais fina da corda y de esta forma tapar o sol com uma peneira.
jojo
Sensacional poder ler essa materia do guardian em portugues, pois impossivel encontra-la em qualquer outro meio de comunicação….
Na minha singela opiniao, os eua sao so verdadeiros terroristas globais, exterminadores do futuro de diversos povos, cowbois sem lei, grupo de exterminio, e apoiadores da derrubada de lideres nacionalistas.
malditos americanos inescrupulosos
Marat
Terroristas e genocidas como o Bush e o Obama jamais serão questionados por grupos de direitos humanos ou pela tal TPI. O mundo é uma farsa, onde os fariseus estadunidenses fazem o que bem entendem!
Bertold
Infelizmente, o outro lado da moeda é que os tais "drones" se tratam de uma nova teconologia de ataque à distância visando hipotéticos combates com países também capazes de revidar e infrigir perdas numerosas em confrontos diretos com os americanos. O Paquistão, por ser um país com armas "nucleares" ( a aspas é porque muita gente duvida que o país de fato as tenha), política, cultural e socialmente atrasado, parece ser o melhor cenário (ou será laboratório) para testes e aperfeiçoamento desse tipo de arma.
Silvio I
Bertold:
O problema não e ter armas nucleares, estas não prestam, si não se tem o vetor para transportar elas ate u objetivo.
Julio Silveira
Essa nova forma de guerra é a covardia levada ao extremo. O sujeito destroi os humanos que julgam inimigos a distância, sem risco, apenas enviando-lhes bombas.
Pelo menos os sujeitos que fizeram o 11 de setembro (ainda por se provar que eram de fato aqueles a quem se atribui o crime), se o fizeram, tiveram mais hombridade, foram junto.
Ana Cruzzeli
O Obama está a mirar o Paquitão para depois de espoliar a Libia atacar o Irã via este país. A morte do Osama teve esse proposito de lançar dúvidas sobre o Paquistão ser um pais que não só abriga o terror mas também o pratica. Coisas daquela cabecinha despudorada do SENHOR DA GUERRA Barack Hussein Obama II.
Para a sorte do mundo que está cansado de guerra é que existe uma Libia no meio do caminho, no meio do caminho existe uma Libia.
Vamos cantar aquela musiquinha para o SENHOR DA GUERRA que não gosta de crianças.
Se uma libio incomoda muita gente.
Dois libios incomodam incomodam muito maais
Se dois libio incomoda muita gente.
Três libios incomodam incomodam incomodam muito maaaais
Se três libios incomoda muita gente.
Um milhão deles incomodam incomodam ………………………………………………………………………. muito maaaaais
http://www.youtube.com/watch?v=rSrmF6x7aNo
João PR
Fiquei mais otimista quando li esta matéria. Afinal, quanto mais denúncias nas instâncias democráticas quanto à política que os EUA praticam (ataques com drones, prisão ilegal de Guantánamo, uso da força em interrogatórios, entre outros), mais o mundo ficará sabendo destas barbaridades.
Quero ver um Juiz do Paquistão ter peito para ir contra provas de que os EUA, mesmo não estando em guerra contra o Paquistão, atacaram e mataram civis naquele país com armas de guerra letais.
Os EUA não precisam de inimigos: eles estão se auto-destruindo.
SILOÉ -RJ
OS HORRORES E O MARKETING DA GUERRA.
COM CERTEZA JOHN RIZZO SERÁ CONDECORADO INVÉS DE PUNIDO.
Com o sucesso da operação DRONES não há mais a nessecidade da presença dos soldados americanos e aliados, daí a sua retirada em massa.
O massacre no Paquistão e Afganistão agora serão teleguiados por robôs que além de ser muito mas barato, sem custo social, ainda faz a divulgação do produto para outros países.
Marcia Costa
Não entendi como esses aviões funcionam… alguém poderia esclarecer? Mas, qualquer que seja o método, é desumano e desigual. Algo tão horrendo que custa a crer que um ser humano tenha a capacidade de inventar e por em operação algo tão terrível.
Vitor
Se trata de um avião-robô pequeno que é teleguiado por alguém que está bem longe do combate.
Roberto Locatelli
Pois é, a coragem de enfrentar o inimigo foi substituída pela covardia de destruí-lo sem enfrentar riscos. Os filmes de guerra do século passado ficaram velhos…
gus
funciona da seguinte forma, uma base de lançamento de uma aeronave não tripulada, a base situa-se no Afeganistão ou sob algum porta aviões ou outra embarcação sobre o mar da região, esta aeronave é tripulada por um indivíduo em solo Norte Americano, caso seja abatido, não haverá baixas as tropas dos EUA, na realidade é como um video game, aonde o tripulante opera através da tela de um computador….
Daniel
É basicamente um avião controlado remotamente via rádio, igual aos aeromodelos de brinquedo, só que muito maior, avançado e armado com mísseis.
Roger
Marcia,
Até onde sei, é um avião em escala menor, muito menor, como se fosse um missil teleguiado, contudo com asas mais longas, turbinas (em alguns casos), câmera e radar, controlado inteiramente à distância.
É controlado por um operador em Langley, Virginia, na sede da CIA, que vê tudo pelas câmeras do engenho, mas é lançado de um lugar mais proximo do alvo, e para lá retorna.
Possui armas diversas, inclusive misseis.
Silvio I
Marcia:
Completando vossa informação. A traves dos satélites se observa qualquer lugar da terra,em tempo real e em função de isso se tem a foto planimétrica e altimétrica do local com as coordenadas geográficas precisas.No programa do Google vocês podem observar qualquer lugar do mundo com luxo de detalhes.Eles trabalham com isso.
Alexei_Alves
É um brinquedo de quem acha que a realidade é um videogame ou talvez um filme de hollywood enquanto que a vida humana alheia é uma ficção
Marat
E isso é só o começo: as mentes doentias made in USA não hesitarão em "aprimorar" seus roubos e seus assassinatos. A impren$$$a está devidamente paga!
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