Cercando a Rússia e a China com a mão do gato

Tempo de leitura: 15 min

Cercar a Rússia, visar a China: O verdadeiro papel da NATO na grande estratégia dos EUA

Diana Johnstone*, em 02.12.10, no Diario.info, sugestão do pessoal da Vila Vudu, ajustado para o brasileiro

Embora escrito antes da Cúpula da OTAN em Lisboa, este texto de Diana Johnstone mantém toda a atualidade. Depois de desmascarar os objetivos da OTAN, a autora conclui: “Os governos euro-atlânticos proclamam a sua «democracia» como prova do seu direito absoluto de intervir nos assuntos do resto do mundo. Com base na falácia de que os «direitos humanos são necessários para a paz», proclamam o seu direito de fazer a guerra. Uma questão crucial é se a «democracia ocidental» ainda tem força para desmantelar esta máquina de guerra antes que seja tarde demais:

Nos dias 19 e 20 de Novembro, reúnem-se em Lisboa dirigentes da OTAN numa cúpula chamada de “Conceito Estratégico da OTAN”. Entre os tópicos para discussão encontra-se uma série de “ameaças” assustadoras, desde a guerra cibernética até à alteração climática, assim como belas coisas protetoras como armas nucleares e uma inútil Linha Maginot de alta tecnologia destinada a fazer parar os mísseis inimigos em pleno vôo. Os dirigentes da OTAN não conseguirão evitar falar da guerra no Afeganistão, essa cruzada interminável que une o mundo civilizado contra o esquivo Velho da Montanha, Hassan i Sabah, chefe dos Assassinos do século onze na sua mais recente encarnação como Osama bin Laden. Sem dúvida vai haver muita conversa sobre os “nossos valores comuns”.

A maior parte do que vai ser discutido é ficção com uma etiqueta de preço.

A única coisa que falta na agenda da cúpula Conceito Estratégico é uma discussão a sério sobre estratégia.

Isto, em parte, resulta de a OTAN, enquanto tal, não ter qualquer estratégia, e não poder ter a sua própria estratégia. A OTAN é na verdade um instrumento da estratégia dos Estados Unidos. O seu único Conceito Estratégico operacional é o que é posto em prática pelos Estados Unidos. Mas até esse é um fantasma esquivo. Segundo parece, os dirigentes americanos preferem posições impressionantes, “soluções espetaculares”, em vez de definirem estratégias.

Um dos que pretendem definir uma estratégia é Zbigniew Brzezinski, padrinho dos mujahidin afegãos quando estes podiam ser utilizados para destruir a União Soviética. Brzezinski não evitou declarar abertamente o objetivo estratégico da política dos Estados Unidos no seu livro de 1993, O Grande Tabuleiro de Xadrez: “A supremacia americana”.

Quanto à OTAN, descreveu-a como uma das instituições que servem para perpetuar a hegemonia americana, “fazendo dos Estados Unidos um participante-chave até nos assuntos intra-europeus”. Na sua “rede global de instituições especializadas”, que obviamente incluem a NATO, os Estados Unidos exercem o seu poder através de uma “permanente negociação, diálogo, difusão e procura de um consenso formal, apesar de o poder ser sempre proveniente duma única fonte, nomeadamente, Washington, D.C.”

Esta descrição cai como uma luva na conferência “Conceito Estratégico” de Lisboa. Na semana passada, o secretário-geral dinamarquês da NATO, Anders Fogh Rasmussen, anunciou que “estamos muito perto de um consenso”. E este consenso, de acordo com o New York Times, “seguirá provavelmente a formulação do presidente Barack Obama: trabalhar para um mundo não nuclear mantendo, apesar disso, um dissuasor nuclear”.

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Esperem aí, será que isto faz sentido? Não, mas é o tipo de consenso da OTAN. A paz através da guerra, o desarmamento nuclear através do armamento nuclear, e acima de tudo, a defesa dos estados membros enviando forças expedicionárias para enfurecer os nativos de países distantes.

Uma estratégia não é um consenso escrito por comissões.

O método americano de “permanente negociação, diálogo, difusão e procura de um consenso formal” neutraliza qualquer resistência que possa aparecer ocasionalmente. Assim, a Alemanha e a França resistiram inicialmente à entrada da Geórgia na OTAN, assim como ao célebre “escudo anti-míssil”, considerados ambos como provocações abertas capazes de provocar uma nova corrida às armas com a Rússia e de prejudicar as frutuosas relações da Alemanha e da França com Moscou, sem qualquer resultado útil. Mas os Estados Unidos não aceitam um não como resposta, e continuam a repetir os seus imperativos até esmorecer a resistência. A única exceção recente foi a recusa da França em aderir à invasão do Iraque, mas a reação irritada dos Estados Unidos assustou a classe política conservadora francesa, o que levou ao apoio de Nicolas Sarkozy, pró-americano.

À procura de “ameaças” e “desafios”

O verdadeiro conteúdo do que passa por um “conceito estratégico” foi declarado pela primeira vez e posto em ação na primavera de 1999, quando a OTAN desafiou a lei internacional, as Nações Unidas e a sua própria carta inicial entrando numa guerra agressiva, fora do seu perímetro de defesa, contra a Iugoslávia. Esse passo transformou a OTAN de uma aliança defensiva para uma aliança ofensiva. Dez anos depois, a madrinha dessa guerra, Madeleine Albright, foi escolhida para presidir o “grupo de especialistas” que passou vários meses realizando seminários, consultas e reuniões para preparação da agenda de Lisboa.

Entre os mais importantes nesses encontros estavam Lord Peter Levene, presidente do Lloyd’s de Londres, a gigantesca seguradora, e o antigo diretor executivo da Royal Dutch Shell, Jeroen van der Veer. Estas figuras da classe dirigente não são propriamente estrategistas militares, mas a sua participação serve para garantir à comunidade internacional de negócios que vão ser levados em consideração os seus interesses a nível mundial.

É bem verdade que o rol de ameaças enumeradas por Rasmussen num discurso do ano passado dava a entender que a OTAN trabalhava para a indústria dos seguros. Disse ser necessário que a OTAN tratasse do combate à pirataria, da segurança cibernética, da alteração climática, de incidentes radicais do clima tais como tempestades e inundações catastróficas, da elevação dos níveis do mar, da movimentação em grande escala de populações para áreas desabitadas, por vezes atravessando fronteiras, da escassez de água, secas, da diminuição da produção de alimentos, do aquecimento global, das emissões de CO2, do recuo dos gelos do Ártico, que revelam recursos até agora inacessíveis, da eficiência de combustíveis, da dependência de recursos externos, etc.

A maior parte das ameaças apresentadas nem mesmo de longe podem ser interpretadas como exigindo soluções militares. Obviamente, não são os “estados vilões” nem os “bastiões de tirania” nem os “terroristas internacionais” que são responsáveis pela alteração climática, no entanto Rasmussen apresenta-os como desafios para a OTAN.

Por outro lado, alguns dos resultados destes cenários, como os movimentos de populações provocados pela elevação dos níveis do mar ou pela seca, podem de fato ser considerados como potenciais causas de crises. O aspecto sinistro desta enumeração é precisamente que esses problemas são avidamente agarrados pela OTAN como exigindo soluções militares.

A maior ameaça para a OTAN é ficar obsoleta. E a procura de um “conceito estratégico” é a procura de pretextos para se manter em ação.

A ameaça da OTAN para o mundo

Embora ande à procura de ameaças, é a própria OTAN que constitui uma ameaça crescente para o mundo. A ameaça básica é a sua contribuição para o reforço da tendência liderada pelos Estados Unidos para abandonar a diplomacia e as negociações em favor da força militar. Isto percebe-se claramente quando Rasmussen inclui os fenômenos climáticos na sua lista de ameaças para a OTAN, quando eles deviam ser, pelo contrário, problemas para a diplomacia e negociações internacionais. O perigo crescente é que a diplomacia ocidental está moribunda. Os Estados Unidos deram o tom: nós somos virtuosos, nós temos o poder, o resto do mundo tem que obedecer, senão…

A diplomacia é desprezada como sendo uma fraqueza. O Departamento de Estado há muito que deixou de estar no centro da política externa dos Estados Unidos. Com a sua ampla rede de bases militares em todo o mundo, assim como adidos militares em embaixadas e inúmeras missões em países clientes, o Pentágono é incomparavelmente mais poderoso e influente no mundo que o Departamento de Estado.

Os últimos secretários de Estado, longe de procurarem alternativas diplomáticas à guerra, desempenharam de fato um papel preponderante na defesa da guerra em vez da diplomacia, desde Madeleine Albright nos Balcãs ou Colin Powell acenando com falsos tubos de ensaio no Conselho de Segurança das Nações Unidas. A política é definida pelo Conselheiro de Segurança Nacional, por diversos grupos de opinião financiados por privados e pelo Pentágono, com a intervenção de um Congresso que, por sua vez, é formado por políticos ansiosos em obter contratos militares para as suas clientelas.

A OTAN está arrastando os aliados europeus de Washington pelo mesmo caminho. Tal como o Pentágono substituiu o Departamento de Estado, a OTAN está a ser utilizada pelos Estados Unidos como um potencial substituto para as Nações Unidas. A “guerra do Kosovo” de 1999 foi um primeiro passo importante nessa direção. A França de Sarkozy, depois de ter entrado no comando conjunto da OTAN, está  destruindo os serviços de diplomacia franceses, tradicionalmente competentes, reduzindo a sua representação civil em todo o mundo. Os serviços de relações externas da União Europeia que estão sendo criados por Lady Ashton não vão ter nem política nem autoridade próprias.

Inércia burocrática

Por detrás dos seus apelos aos “valores comuns”, a OTAN é impulsionada sobretudo pela sua inércia burocrática. A própria aliança é uma excrescência do complexo militar-industrial dos Estados Unidos. Há sessenta anos que as aquisições militares e os contratos do Pentágono têm sido uma fonte essencial da investigação industrial, dos seus lucros, de empregos, de carreiras no Congresso e até mesmo de financiamentos universitários. A interação destes diversos interesses converge para determinar uma estratégia implícita dos Estados Unidos de conquista do mundo.

Uma rede global sempre em expansão, de 800 a mil bases militares em solo estrangeiro.

Acordos militares bilaterais com estados-clientes que oferecem formação em troca da compra obrigatória de armas fabricadas nos Estados Unidos e da reestruturação das suas forças armadas, trocando a defesa nacional pela segurança interna (ou seja, repressão) e a possível integração nas guerras de agressão lideradas pelos Estados Unidos.

Utilização dessas relações estreitas com as forças armadas locais para influenciar a política interna de estados mais fracos.

Exercícios militares permanentes com estados clientes, que fornecem ao Pentágono um conhecimento perfeito sobre o potencial militar dos estados clientes, os integram na máquina militar dos Estados Unidos e alimentam uma mentalidade de “prontos para a guerra”.

Posicionamento estratégico da sua rede de bases, exercícios com “aliados” e militares de forma a cercar, isolar, intimidar e acabar por provocar importantes nações consideradas potenciais rivais, nomeadamente a Rússia e a China.

A estratégia implícita dos Estados Unidos, tal como as suas ações dão a entender, é uma conquista militar gradual para garantir o domínio do mundo. Uma característica original deste projeto de conquista do mundo é que, embora extremamente ativo, dia após dia, é praticamente ignorado pela grande maioria da população da nação conquistadora, assim como pelos seus aliados mais estreitamente dominados, ou seja, pelos estados da OTAN.

A propaganda infindável acerca das “ameaças terroristas” (as pulgas do elefante) e outras diversões mantêm a maioria dos americanos totalmente inconscientes quanto ao que está acontecendo, tanto mais facilmente quanto os americanos praticamente desconhecem o o resto do mundo e portanto não se interessam minimamente. Os Estados Unidos podem varrer do mapa um país antes que a grande maioria dos americanos saiba onde é que ele se encontra.

A tarefa principal dos estrategistas dos Estados Unidos, cujas carreiras passam pelos grupos de opinião, conselhos de diretores, firmas de consultoria e governo, é muito mais justificar este gigantesco mecanismo do que tentar dirigí-lo. Em grande medida, ele dirige-se a si mesmo.

Desde o colapso da “ameaça soviética”, que os políticos andam à procura de ameaças invisíveis ou potenciais. A doutrina militar dos Estados Unidos tem como objetivo atuar preventivamente contra qualquer rival potencial para a hegemonia mundial dos Estados Unidos. Desde o colapso da União Soviética, é a Rússia que mantém o maior arsenal bélico para além dos Estados Unidos e a China está crescendo rapidamente em poder económico. Nenhum deles ameaça os Estados Unidos ou a Europa ocidental. Pelo contrário, ambos estão dispostos e desejosos de se concentrarem em negócios pacíficos.

Mas encontram-se cada vez mais alarmados com o cerco militar e com os exercícios militares provocatórios realizados pelos Estados Unidos mesmo à sua porta. A implícita estratégia agressiva pode ser obscura para a maioria dos americanos, mas é certeza absoluta que os dirigentes dos países visados percebem o que está acontecendo.

O Triângulo Rússia-Irã-Israel

Actualmente, o principal “inimigo” explícito é o Irã.

Washington afirma que o “escudo anti-míssil”, que  tenta impor aos seus aliados europeus, se destina a defender o ocidente do Irã. Mas os russos vêem muito claramente que o escudo anti-míssil está virado contra eles. Primeiro de tudo, sabem perfeitamente bem que o Irã não tem mísseis desses nem nenhum motivo para os usar contra o ocidente. É perfeitamente óbvio para todos os analistas bem informados que, mesmo que o Irã desenvolvesse armas nucleares e mísseis, seriam destinados a funcionar como dissuasor contra Israel, a superpotência nuclear regional que tem mãos livres para atacar os países vizinhos. Israel não quer perder essa liberdade de atacar, e naturalmente opõe-se ao dissuasor iraniano.

Os propagandistas israelenses clamam em voz alta contra a ameaça do Irã, e têm trabalhado incansavelmente para infectar a OTAN com a sua paranóia.

Israel até já foi descrita como o “29º membro da OTAN global”. Os funcionários israelenses têm trabalhado assiduamente junto de uma Madeleine Albright receptiva para se assegurarem de que os interesses israelenses são incluídos no “Conceito Estratégico”. Nos últimos cinco anos, Israel e a OTAN tomaram parte em exercícios navais conjuntos no Mar Vermelho e no Mediterrâneo, assim como em exercícios terrestres conjuntos desde Bruxelas até à Ucrânia. Em 16 de outubro de 2006, Israel tornou-se no primeiro país não europeu a fazer um acordo chamado “Programa de Cooperação Individual” com a OTAN para cooperação em 27 áreas diferentes.

Vale a pena notar que Israel é o único país fora da Europa que os Estados Unidos incluem na área da responsabilidade de seu Comando Europeu (em vez do Comando Central que cobre o resto do Médio Oriente).

Num seminário de Relações OTAN-Israel em Herzliya em 24 de Outubro de 2006, a ministra de relações exteriores israelense de então, Tzipi Livni, declarou que “a aliança entre a OTAN e Israel é uma coisa natural… Israel e a OTAN partilham uma visão estratégica comum. Sob muitos aspectos, Israel é a linha da frente que defende o nosso estilo de vida comum”.

Nem toda a gente nos países europeus considera que os colonatos israelenses na Palestina ocupada refletem “o nosso estilo de vida comum”.

Esta é sem dúvida uma das razões pelas quais o aprofundamento da união entre a OTAN e Israel não assumiu a forma aberta de dar a Israel uma vaga na OTAN. Principalmente depois do selvagem ataque a Gaza, uma decisão dessas iria levantar objeções nos países europeus. No entanto, Israel continua a fazer-se convidado da OTAN, apoiado ardentemente, claro, pelos seus fieis seguidores no Congresso dos Estados Unidos.

A causa principal desta crescente simbiose Israel-OTAN foi identificada por Mearsheimer e Walt: é o vigoroso e poderoso lobby pró-Israel nos Estados Unidos. [1]

Os lobbies israelenses também são fortes na França, na Grã-Bretanha e no Reino Unido. Têm desenvolvido com entusiasmo o tema de Israel como a “linha da frente” na defesa dos “valores ocidentais” contra o islã militante. O facto de o islã militante ser principalmente um produto dessa “linha da frente” cria um círculo vicioso perfeito.

A atitude agressiva de Israel para com os seus vizinhos regionais seria uma responsabilidade grave para a OTAN, capaz de ser arrastada para guerras do interesse de Israel que não interessam mesmo nada à Europa.

Mas há uma sutil vantagem estratégica na conexão israelense que, segundo parece, está sendo usado pelos Estados Unidos… contra a Rússia.

Subscrevendo a histérica teoria da “ameaça iraniana”, os Estados Unidos podem continuar a afirmar, sem corar, que o planjado escudo anti-míssil é dirigido contra o Irã, e não contra a Rússia. Não é que esperem convencer os russos. Mas pode ser utilizado para fazer com que os protestos deles pareçam “paranóicos” – pelo menos aos ouvidos dos ingênuos ocidentais. Meu caro, de que é que eles se queixam, se nós “restabelecemos” as nossas relações com Moscou e convidamos o presidente russo para a nossa alegre assembleia de “Conceito Estratégico?

No entanto, os russos sabem muito bem que:

O escudo anti-míssil vai ser construído em volta da Rússia, que tem mísseis, que mantem como dissuasores.

Neutralizando os mísseis russos, os Estados Unidos ficam de mãos livres para atacar a Rússia, sabendo que a Rússia não pode retaliar.

Portanto, digam o que disserem, o escudo anti-míssil, se funcionar, servirá para facilitar uma eventual agressão contra a Rússia.

O cerco em volta da Rússia

O cerco em volta da Rússia continua no Mar Vermelho, no Báltico e no círculo Ártico.

Funcionários dos Estados Unidos continuam a afirmar que a Ucrânia deve integrar a OTAN.

Ainda esta semana, numa coluna do New York Times, Ian J. Brzezinski, filho de Zbigniew, avisou Obama quanto ao perigo do abandono da “visão” de uma Europa “unida, livre e segura” incluindo “a inclusão da Geórgia e da Ucrânia na OTAN e na União Europeia”. O fato de a grande maioria da população da Ucrânia ser contra a entrada na OTAN não foi levada em consideração.

Para o atual rebento da nobre dinastia Brzezinski é a minoria que conta. Abandonar a visão “isola os que, na Geórgia e na Ucrânia, vêem o seu futuro na Europa. Reforça as aspirações do Kremlin a uma esfera de influência…”

A noção de que “o Kremlin” aspira a uma “esfera de influência” na Ucrânia é absurda, considerando os laços históricos extremamente fortes entre a Rússia e a Ucrânia, cuja capital Kiev foi o berço do estado russo. Mas a família Brzezinski é proveniente da Galícia, a parte da Ucrânia ocidental que pertenceu outrora à Polônia, e que é o centro da minoria anti-russa. A política externa dos Estados Unidos é frequentemente influenciada por essas rivalidades estrangeiras que a grande maioria dos americanos ignora completamente.

Os Estados Unidos continuam com a sua insistência incansável em absorver a Ucrânia, apesar de isso implicar a expulsão da frota russa do Mar Negro da sua base na península da Crimeia, onde a população local é esmagadoramente de língua russa e pró-russa. Isto é a receita para uma guerra com a Rússia, se alguma vez ocorrer.

E entretanto os funcionários americanos continuam a declarar o seu apoio à Geórgia, cujo presidente treinado pelos americanos espera abertamente levar a OTAN a apoiar a sua próxima guerra contra a Rússia.

Para além das manobras navais provocatórias no Mar Negro, os Estados Unidos, a OTAN e a Suécia e a Finlândia que não são (ainda) membros da OTAN, realizam regularmente importantes exercícios militares no Mar Báltico, praticamente à vista das cidades russas de São Petersburgo e Kaliningrado. Estes exercícios envolvem milhares de efetivos terrestres, centenas de aeronaves, incluindo os caças a jato F-15, aviões AWACS, assim como forças navais que incluem o U.S. Carrier Strike Group 12, barcos de desembarque e navios de guerra de uma dúzia de países.

Talvez o mais sinistro disto tudo, os Estados Unidos têm envolvido persistentemente, na região do Ártico, o Canadá e os estados escandinavos (incluindo a Dinamarca através da Gronelândia) num posicionamento estratégico militar abertamente dirigido contra a Rússia. O objetivo deste posicionamento no Ártico foi afirmado por Fogh Rasmussen quando referiu, entre as “ameaças” que a OTAN tem que enfrentar, o fato de que o “gelo do Ártico está recuando, libertando recursos que até agora têm estado cobertos pelos gelos”.

Ora bem, podíamos pensar que esta descoberta de recursos seria uma oportunidade para a cooperação na sua exploração. Mas não é essa a disposição oficial dos Estados Unidos.

Em outubro passado, o almirante americano James G. Stavridis, comandante supremo da OTAN na Europa, disse que o aquecimento global e a corrida aos recursos podia levar a um conflito no Ártico. O almirante Christopher C. Colvin, da Guarda Costeira, responsável pela linha costeira do Alasca, disse que a atividade mercante marítima russa no Oceano Ártico constituía uma “preocupação especial” para os Estados Unidos e pediu mais recursos militares na região.

O Serviço Geológico dos EUA crê que o Ártico contém um quarto dos depósitos mundiais inexplorados de petróleo e de gás. Sob a Convenção da Lei dos Mares das Nações Unidas, de 1982, um estado costeiro tem direito a uma EEZ [Zona Económica Exclusiva] de 200 milhas náuticas e pode reclamar mais 150 milhas se provar que o fundo do mar é a continuação da sua plataforma continental.

A Rússia está requerendo isso.

Depois de pressionar o resto do mundo a adoptar a Convenção, o Senado dos Estados Unidos ainda não ratificou o Tratado.

Em janeiro de 2009, a OTAN declarou que o “Alto Norte” era de “interesse estratégico para a Aliança” e, desde então, a OTAN tem realizado vários importantes jogos de guerra nitidamente em preparação de um eventual conflito com a Rússia sobre os recursos do Ártico.

A Rússia desmantelou fortemente as suas defesas no Ártico depois do colapso da União Soviética e tem apelado para a negociação de compromissos quanto ao controle de recursos.

Em setembro passado, o primeiro-ministro Vladimir Putin apelou por esforços conjuntos para proteger o frágil ecossistema, atrair o investimento estrangeiro, promover tecnologias amigáveis ao ambiente e tentar solucionar as disputas através da lei internacional.

Mas os Estados Unidos, como de costume, preferem resolver as questões pela força. Isso pode levar a uma nova corrida armamentista no Ártico e até mesmo a confrontos armados.

Apesar de todas estas movimentações provocatórias, é muito pouco provável que os Estados Unidos procurem uma guerra com a Rússia, embora não se possam excluir confrontos e incidentes aqui e além.

Segundo parece, a política dos Estados Unidos é cercar e intimidar a Rússia de tal modo que ela aceite um estatuto de semi-satélite que a neutralize no futuro conflito previsível com a China.

O alvo China

A única razão para ter a China na mira é a mesma da razão proverbial para escalar a montanha: ela está ali. É grande. E os Estados Unidos têm que estar no topo de tudo.

A estratégia para dominar a China é a mesma seguida para com a Rússia. É a guerra clássica: cerco, assédio, apoio mais ou menos clandestino a questões internas.

Como exemplos desta estratégia:

Os Estados Unidos estão reforçando de forma provocativa a sua presença militar ao longo das costas chinesas do Pacífico, oferecendo “proteção contra a China” a países asiáticos do leste.

Durante a guerra fria, quando a Índia recebia o seu armamento da União Soviética e assumia uma postura não alinhada, os Estados Unidos armaram o Paquistão como seu principal aliado regional. Agora os Estados Unidos estão desviando os seus favores para a Índia, a fim de manter a Índia fora da órbita da Organização de Cooperação Xangai e de a utilizar como um contrapeso à China.

Os Estados Unidos e seus aliados apoiam qualquer dissidência interna que possa enfraquecer a China, seja o Dalai Lama, os Uighurs, ou Liu Xiaobo, o dissidente preso.

O Prêmio Nobel da Paz foi atribuído a Liu Xiaobo por uma comissão de legisladores noruegueses chefiados por Thorbjorn Jagland, o eco de Tony Blair na Noruega, que foi primeiro-ministro e ministro das relações exteriores da Noruega, e tem sido um dos principais defensores da OTAN em seu país.

Numa conferência patrocinada pela OTAN de parlamentares europeus no ano passado, Jagland declarou: “Quando somos incapazes de impedir a tirania, começa a guerra. É por isso que a OTAN é indispensável. A OTAN é a única organização militar multilateral com raízes na lei internacional. É uma organização que a ONU pode usar quando necessário – para impedir a tirania, tal como fizemos nos Balcãs”. Isto é uma espantosa adulteração dos fatos, considerando que a OTAN desafiou abertamente a lei internacional e as Nações Unidas quando declarou guerra nos Balcãs – onde na realidade havia conflitos étnicos mas não havia “tirania” alguma.

Ao anunciar a escolha de Liu, a comissão norueguesa do Nobel, chefiada por Jagland, declarou que “há muito que considerava que há uma estreita ligação entre os direitos humanos e a paz”. A “estreita ligação”, para seguir a lógica das próprias afirmações de Jagland, é que, se um estado estrangeiro não respeita os direitos humanos segundo as interpretações ocidentais, pode ser bombardeado, tal como a OTAN bombardeou a Iugoslávia. De fato, os mesmos poderes que mais barulho fizeram sobre os “direitos humanos”, nomeadamente os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, são os que mais guerras fazem em todo o mundo. As afirmações do norueguês tornam claro que a atribuição do Prêmio Nobel da Paz a Liu (que passou algum tempo na Noruega quando jovem) correspondia na realidade a uma confirmação da OTAN.

“Democracias” para substituir as Nações Unidas

Os membros europeus da OTAN pouco acrescentam ao poder militar dos Estados Unidos. A sua contribuição é acima de tudo política. A sua presença mantém a ilusão duma “Comunidade Internacional”. A conquista do mundo que está sendo tentada pela inércia burocrática do Pentágono pode ser apresentada como a cruzada das “democracias” do mundo para espalhar a sua ordem política esclarecida pelo resto de um mundo recalcitrante.

Os governos euro-atlânticos proclamam a sua “democracia” como prova do seu direito absoluto de intervir nos assuntos do resto do mundo. Com base na falácia de que os “direitos humanos são necessários para a paz”, proclamam o seu direito a fazer a guerra.

Uma questão crucial é se a “democracia ocidental” ainda tem força para desmantelar esta máquina de guerra antes que seja tarde demais.

* Diana Johnstone é analista de política internacional especializada em assuntos militares

[1] No seu livro “The Israel Lobby and U.S. Foreign Policy” (2007), descrevem este lobby como uma “coligação informal de indivíduos e organizações que trabalham ativamente para guiar a política externa dos Estados Unidos numa direcção pró-Israel”. O livro “concentra-se principalmente na influência do lobby sobre a política externa dos Estados Unidos e nos seus efeitos negativos para os interesses americanos” (N.T.)

Tradução de Margarida Ferreira

PS do Viomundo: Brilhantes analistas descobriram virtudes no texto do voto brasileiro que aprovou o envio de um investigador dos Direitos Humanos ao Irã. Teria sido um tapa com luva de pelica nos Estados Unidos. [Pausa para a gargalhada]. Podem esperar sentados por uma articulação internacional que resulte numa investigação de Guantánamo. [Pausa para nova gargalhada]. O que interessa a Washington é isolar o Irã politicamente para facilitar a troca de regime. O resto é delírio tropical.

Leia sobre o novo passo dado pela OTAN, na Líbia.

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Comentários

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sergio

o Brasil pisou na bola xom esse voto, saudades do celso amorim, alias, ele escreveu um artigo na carta capital sobre isso.

Celso Amorim: O apoio do Brasil à resolução da ONU contra o Irã terá consequências | Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] aqui sobre a estrategia mais ampla dos Estados Unidos, de cercar a Rússia e a China — e como a troca de regime no Irã se encaixa nisso. […]

OTAN – Cercando a Rússia e a China com a mão do gato | joaquim vai ao centro

[…] Fonte […]

Jean

Achei que o texto falou muita coisa boa, mas sua conclusão é mais que óbvia: a OTAN serve aos interesses americanos. Ora, foi criada para isso mesmo, aprendi nas aulas de história.
O texto erra, contudo, ao dimensionar o aparato militar da OTAN e sua influência como ferramenta de ameaça/dissuassão. A geopolítica global, tal qual discutida nos altos círculos militares, não leva em conta essa sucata militar que a OTAN opera. A entidade serve hoje para dar circulação e aproveitamento à produção militar "periférica" dos parques industriais americanos. A verdadeira estratégia militar é traçada no espaço, com satélites e mísseis e suas contra-medidas. É por isso que a Rússia não usa GPS, que a China lança satélites às dúzias. A verdadeira força militar está na capacidade de interferência em sistemas de posicionamento, deixando os mísseis nucleares "cegos". O resto é resto.

J Luiz

Azenha , acesse o site da rolling-stones magazine, na reportagem sobre a equipe assassina (de civis) do exercito americano no afeganistao..As imagens são muito fortes, com pessoas destroçadas..Um escandalo que a midia nativa passa ao largo, mesmo sendo uma parte da propria midia americana a fazer a critica ( http://www.rollingstone.com/kill-team ) . Tente ver se é possivel abrir uma discussão sobre isso.. Abs

Mariano S. Silva

Porque tiraram a máscara em uma peça de teatro que já dura mais de cem anos? Creio que cabem duas alternativas, ou ambas : já estão suficientemente poderosos ou tem que agir logo senão a bancarrota os atinge antes.
O golpe nas finanças mundiais tinha como alvo a China e demais países emergentes, lembram-se como esta fórmula já foi usada antes? O crescimento do Brasil foi minado, na década de oitenta, pela subida exponencial dos juros do Tesouro Americano.
Tchernobyl foi o estopim para o demonte do rival, que nunca foi tão inimigo assim…Lembram-se quando a URSS estacionou 1 milhão de homens na fronteira com a China? Esta sim sempre foi a verdadeira rival. Leiam o livro : O Cruzeiro Imperial. Lá está detalhado como, ainda no século IXX, os americanos armaram e atiçaram os japoneses contra a China, enquanto os ingleses entupiam o povo chinês de ópio. Isso para não falar da grandes fortunas americanas que foram construídas com o tráfico de ópio na embocadura do Rio das Pérolas.
Quando eu digo que isto é muito antigo…O mundo só tem uma esperança : a China. Tomara que montada nesta esperança não venha junto o Armagedon!

Marat

Quando alguém se sete acuado e desesperançado, pode agir com força muito elevada e despedaçar seu algoz… deixa o paga-pau de roqueiros inconsequentes estadunidenses sair do poder na Rússia e entrar ali um barra pesada desgostoso com a ridícula submissão russa, para ver o que acontecerá!

FrancoAtirador

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Depois da Líbia será a Síria

Depois da Síria, o Irã.

Depois do Irã…
.
.

    Marat

    Logo logo algum maluco joga uma bomba suja nos EEUU. Aliás, já se está fazendo por merecer!

    Scan

    Espero que uma "H" sobre uma usina nuclear deles ou na falha de S. Andreas. Esse povo precisa levar cacete, pois só entende uma linguagem: violência.
    Se gostam tanto de contagem de corpos, que contem os deles.

José Manoel

Nunca na vida que a China e a Rússia vão comer na mão dos norte-americanos!!!!!!!!!!!! Eles são o fiel da balança na estabilidade mundial!!!!!!

José Manoel

Grande brasileiro!!!!!!!!!!!!!!!!! Que Deus o tenha!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Nelson

Análise altamente esclarecedora. Nada tem de "dicotômica parcial e enviesada". Diana Johnstone descreve apenas o que acontece nos bastidores, por detrás da espessa nuvem de fumaça que o aparato de propaganda joga sobre nossos olhos e mentes para que não vejamos e não compreendamos a realidade da disputa intra-capitalista pelos riquezas de cada território.
Como pano de fundo dessa disputa, o que vemos é uma verdadeira guerra de classes. Uma guerra na qual, em praticamente todo o mundo os donos do capital – algo natural no sistema sócio-econômico-produtivo sob o qual vivemos – procuram empurrar os custos por sobre as costas dos trabalhadores e do povão em geral. O objetivo é fazer com que os lucros fluam cada vez mais volumosos para os cofres das grandes corporações.

augustinho

Quando e se eles perderem a condiçao de sua MOEDA ser a moeda de reserva internacional- ou quando o dolar se tornar uma delas,- com 40% ou menos do total mundial, então eles perdem o poder em tres tempos. Isso será devagar e depende da vontade chinesa. Se nao for dessa forma será por alguma catastrofe gigantesca ou enorme crise financeira.
No medio prazo, (25 anos)eu vejo o Brasil aliando-se aos Eua.Antes disso precisa de unificar economica e culturalmente a america do sul e fazer sua bomba.

    Bonifa

    Porquê aliando-se aos EUA? Aliando-se em quê? Na fabricação de sofás e travesseiros?

Florival Scheroki

Trata-se de uma análise corajosa, irretocável do início ao fim. Todo texto sintetiza aspectos relevantes que merecem endosso. É de uma lucidez rara em que alguns pontos delicados são escancarados sem dar voltas. Escolhi dois pontosque tocam minhas víceras.

1. >>> "Os Estados Unidos e seus aliados apoiam qualquer dissidência interna que possa enfraquecer a China, seja o Dalai Lama, os Uighurs, ou Liu Xiaobo, o dissidente preso.
A política americana não está dissociada do desejo de seu povo, dos valores incrustrados nas p´raticas imperialistas. Como camaleões adotam as condutas e discursos pragmáticos que os levem aos propósitos últimos: manter o domínio imperial militar e econômico. Insuflam rebeliões, bancam dissidentes e protegem, oportunisticamente atores que os ajudam a manter a hegemonia. Têm na mídia global e no poderio militar suas principais forças. Não é possível enfrentá-los com as mesmas armas. A democracia tornou-se um mantra para justificar a aculturação e roubo das riquezas e identidades dos povos. Atuam como lobos em capa de cordeiros ou como bruxas com voz de fadas. Não sei antídoto eficiente que não seja a unidade de uma nação em trono de sua soberania, apesar de divergências políticas. Preocupam-se os lobies americanos e israelenses que vaão, aos poucos, ocupando posições de decisão e influência em nosso país.
Direitos humanos está sendo equiparado à ampla liberdade de permissão para que dissidentes financiados pelo poder da OTAN e outras fachadas do império tenham o direito de matar uma cultura que tenta se defender da invasão. Só os americanos e seus aliados têm bondade no genocídio e democracia tornou-se o estilo político em que eles podem influenciar e ganhar nos tabuleiros econômico, bélico e político. OU conseguimos formar um bloco tecnologicamente capaz de se proteger e neutralizar a força dos mercadores mafiosos que vendem segurança como os traficantes e mílicias em morros, ou corremos o risco de sermos totalmente sujugados pelo império militar americano que não precisa autorização para eliminar quem não está com eles. Obama e Bush, mudam as armas e mantêm as mesmas políticas sujas. A paz não será capaz de neutralizar a maldade dos americanos e seus aliados israelenses, britânicos e outros cultuadores da morte.

r godinho

Supondo que nenhum grupo megafascista, como o Tea Party, assuma o controle nos EUA, levando o mundo à Terceira Guerra, o que deve ocorrer nas próximas décadas?
O custo de manter a imensa máquina de guerra em que se tornou os EUA após a 2ª GG, aliado a uma crescente pauperização das camadas da população que efetivamente pagam impostos e a uma hegemonia econômica do setor financeiro e de seus pensadores, vão mais e mais tornar dificil a manutenção desse modelo norte-americano.
Por outro lado, a China, ainda nesta década, deve cumprir a meta de urbanizar pelo menos 2/3 de sua população. Esse movimento, pela simples mudança da força produtiva de um meio econômico rural e de baixa produtividade para um meio urbano de, pelo menos, média produtividade, deve impulsionar o PIB chinês para bem próximo do americano.
A vantagem qualitativa chinesa vai ser imensa, então: enquanto o PIB americano mais e mais depende dos serviços, e dentre eles, dos serviços financeiros, que nada produzem de real, o chinês estará ainda na fase intermediária do desenvolvimento, sendo fortemente baseado em produto industrial. Isto dará à China, comparativamente aos EUA, uma base econômica muito mais sólida para a guerra.
Se, diferente da atitude norte-americana em relação à América Latina, os chineses souberem compartir seu sucesso com seus vizinhos, Índia inclusive, cooptando e impulsionando suas economias, formando laços políticos e econômicos poderosos, estará montado o cenário para a guerra do Juízo Final.
Acho que, lá por esse tempo, os megafascistas finalmente terão assumido o controle nos EUA, e suas lideranças ignorantes, paraquiais, brutais, incapazes de ver qualquer outro caminho que não o do confronto, a la OK Corral, desencadearão o armagedon.
Lamento muito que esse seja o mundo que meus filhos e netos vão herdar, mas, a não ser que uma vantagem tecnológica avassaladora e surpreendente permita a conquista dos EUA por outra potência, não vejo como isso não venha a acontecer.

    Bonifa

    Infelizmente este é um cenário muito provável, caro Godinho. Mas o que considero ainda mais provável é sua primeira hipótese. No caso, podemos considerar que o grupo megafascista já assumiu o poder. Prova inconteste disso é que todo o mundo está perplexo em ver a completa ausência de poder nas mãos do presidente Obama. Fica cada vez mais claro que ele está fingindo governar e o povo está fingindo acreditar que ele governa. Hoje os Estados Unidos não são mais uma democracia: são, por todas as definições, uma aristocracia. E uma aristocracia não se preocupa muito com os que não são aristocratas. Com todo o poder de fato, o mais provável é que partam para resolver sua interminável crise com uma guerra muito grande, preservando ao máximo o seu próprio território. A ONU como poder aclamado e respeitado acima dos poderes locais, não existe mais, foi um sonho que passou. Engana-se a Europa pensando que sob o guarda-chuva americano estará segura. Tio Sam juntará todos e retirará o guarda-chuva, deixando-os no temporal. Segundo a lógica dominante, quanto mais destruição houver na Europa e em outros continentes, melhores seriam as condições de restabelecimento uma nova ordem capitalista fundada na reconstrução e em nova repartição de recursos, com hegemonia americana absoluta.

fernandoeudonatelo

Acredito que o principal papel da OTAN hoje, é o de repartir custos e riscos econômico-militares, de guerras ou intervenções executadas ao redor do globo pelos EUA (que é o principal componente político), entre seus estados-membro.

Isso além de criar, plataformas geoestratégicas para o compartilhamento da logística, em regiões que sejam próximas do objetivo-alvo, sem a necessidade de incorrer em elevados investimentos para o deslocamento de efetivos próprios e construção de bases fixas.

Ana cruzzeli

Caro Azenha
Ninguém é ingênua de achar que se pode enfraquecer os EUA com uma bala só, e nem bala atingirá o escudo estadunidense. Esse jogo é de muitos movimentos. A estratégia é fazer um circulo de contrangimento contra os EUA. Em momentos como esse o constrangimento é a melhor arma.
Alguns constrangimento estratégicos…
-A ONU ao visitar o Irã e observar que tudo está sendo obedecido retardará os movimentos contra esse pais, dizem alguns que a bola proxima é a Siria.Se não fossem os movimentos do Lula lá atrás agora seria o Irã e não a Libia a ser atacado, agora os movimentos da Dilma prolongarão para mais adiante a¨ intervenção humanitária do imperio do mal ¨junto a esse país.
Outras coisas a serem observadas para mais adiante:
* Como bem o texto coloca a Russia e China estão sendo visada. A invasão da Libia está atrapalhando os negocios da China e agora começa a reagir a Russia também está perdendo dinheiro com o caos africano. Ninguém gosta de perder dinheiro.
*O Mercosul está de vento em poupa, a mais solida de todas as ligas de nações do mundo. Para paises desenvolvidos isso é muito constrangedor você não acha?
*A Islandia e seu posiciomento contra os bancos é um tapa em : Belgica, França, Dinamarca, Reino Unido , Canadá e logicamento EUA. O povo desses países se tiverem brio vão ficar contrangidos e vão começar a pedir a cabeça dos banqueiro começando pelos seus lideres. Barack Obama perde a reeleição de 2012 e talvez nem Republicanos nem Democratas façam presidente nas proximas eleições. Parece que tudo caminha para isso, lá na França a direita de Sarkozy já perdeu nas eleições regionais, logo o povo sofrido está dando ou vai dar o troco. Esses politicos de direita que acham que dinheiro compra tudo se esquecem que na mais arcaica democracia prevalece a máxima: Um cidadão um voto.
* Outra questão, a guerra na Libia era para ser de um dia só era para matar Kadafi no primeiro dia. Quanto mais tempo o Kadafi se mentem vivo mais destruição acontecerá na Libia, mais explicações constrangedoras deverão ser dadas pela coalização do Mal . A Libia tavez seja o provocador da reformulação da ONU.
* Dilma vai a China e aos EUA sabendo que sua missão é importantissima. Ela entrará sorrindo e sairá do mesmo jeito contudo a sua passagem aos EUA lembrarão que ela sucedeu um ex-sindicalista mais bem avaliado dos todos os tempos e ela Dilma foi militante pela liberdade algo muito cobrado pelos estadunidenses pelas ruas de todo o país. Esse momento é constrangedor para o Obama, para seu partido e para a segunda via. Então os estadunidenses devem se perguntar por que não tentar uma terceira via? Pior do que está não dá para ficar.
Caro Azenha , muita calma nessa hora.
Um dialogo bem conduzido faz milagres e o Brasil é muito bom de bico. Sempre vou defender que a pena é mais poderosa que a espada e o contrangimento é uma arma poderosissima.

Silvio I

Muito bom o artigo. Mostra bem, como se movem as peças no tabuleiro. Todos estão com esperanças, de que EUA caia rápido. Isso não vai a ocorrer, da noite para o dia.O Império Inglês, demorou de 70 a 100 anos, para acabar.E os EUA, ainda vão a dar muito dor de cabeça ao mundo.

Bernardino

Augusto,meu caro precisa tua analise,comungamos da mesma avaliaçao.A ONU E OTAN sao duas PROSTITUTAS dos EUA,elas so chutam cachorro Morto.Como exemplo a Coreia do Norte em 2008 testou seu misseis e artefato nuclear no mar .O Bush enfurecido ameaçou com a ONU.O CHICO CEsar da coreia retrucou tome mais um missil cujo alcance vai a MIAMI.Ha uma base Americana no vizinha Coreia do sul com 50 mil soldados Yankes,na ocasiao o KIM coreano falou se entrarem aqui Morrerao todos.I sso é que é desafio o resto é trololó dessa impreensa corrupta"
Os EUA sao corruptos,antidemocraticos e BANDIDOS e Bandidos so temem a FORÇA
Os TUCANOS tiraram os sapatos no territorio Americano;OS PETISTAS arriaram as calçao no propio país
Parece que a CIGANA Dilma esta de lua de mel com os YANKES!!

monge scéptico

"ARTIGAO". Estamos mais que cientes, de que a pretenção inaque é essa mesmo.
Podem até conseguir enganar os russos. Mas imagino que os russos seguem aten-
-tamente, os movimentos do tigre de papel e, se não forem tolos, tomarão as devi-
-das providências. Podem ser agredidos sim um dia, mas os ianques não deixarão
de receber no côco, umas cabeças nucleares. Não ficarão ilesos como da segun-
-da guerra, quando suas Perdas foram pífias. Com isso todos perderemos e, perde-
rá mais, que não tiver um "traque atômico" para lançar sobre a USA.
Isso ocorrerá, por que esses últimos não tiveram coragem de desenvolver no peito
e na raça, seus "traques" nucleares. Há bom senso nisso? Claro que não!. O mundo
ideal seria um mundo de comércio, cultura esportes, tecnologia "limpa".
Porém somos humanos e queremos a todo custo defender nossos valores individuais
e coletivos. Nesse rol não se inclue a USA e seus "forçados" da europa. Arrolados no
peito pela personifocação do mal, estão aprendendo a matar. Para sair disso……………..

Bonifa

Obama garantiu ao povo norte-americano que nenhum centavo dos cofres públicos será gasto nesta guerra contra a Líbia. Até o chicletes mastigado pelos soldados será pago com o dinheiro líbio bloqueado nos EUA, cerca de 70 bilhões de dólares. Este dinheiro, segundo ele, seria da família de Kadafi (Mas Kadafi nega: diz que o dinheiro pertence ao país, à Líbia). Agora se entende porque não economizaram em contemplar a Líbia com chuvas de mísseis tomarrowk caríssimos, de última geração. Tratamento de primeira classe.

edv

A Otan era a contraposição pós-guerra ao Pacto de Varsóvia. Com o fim da URSS, passou até a ter a adesão de alguns países do antigo pacto…
Ou seja, esvaziou-se em necessidade "real".
Mas sempre têm as "outras", relacionadas a grana e poder…
(que são as reais "reais")
Virou a gangue do pedaço…
Hoje comentam a adesão de países do Atlântico Sul… e do Pacífico (sul e norte)… e por que não, do Índico?!
Acho que devemos "democratizar a Otan para todos!
Depois de todos os oceanos e hemisférios, basta incluir a Rússia e a China!…
Aí teremos uma notável organização para "defender a todos" contra países e organizações como a Coréia do Norte, o Irã, os palestinos, a Al Quaeda e simpatizantes ou indecisos…
Prontchiu!

Emerson Silveira

E a China é boazinha, democrática, respeita os direitos humanos e tudo. A OTAN é o "mal", esconde interesses econômicos. Mas que diabos de análise redutora da realidade é essa! Ideologicamente enviesada! Me diga qual geoestratégia política de qualquer país, não tem interesses econômicos misturados a outros interesses? A China avança na África porque é "bondosa" e quer libertar o mundo da "ditadura" dos EUA. Os EUA é o pai todo-poderoso que pode tudo e vai fazer tudo. Mas tal análise se esquece de muitos outros fatores políticos e sociais. Eita análise dicotômica parcial e enviesada… Ou seja, mostra só um viés…

    Marcelo Fraga

    Para você, o "mocinho" da história é aquele que guerreia por dinheiro, loteia o mundo com suas bases militares, dá golpes de estado em outros governos, aplica sanções pelos outros fazerem o que ele também faz?

    A sua noção da realidade é fantástica!!!
    Meus parabéns por uma visão de mundo tão realista e imparcial!!!
    Lá no blog do Reinaldo Cabeção vão adorar você.

    Julio Silveira

    Emerson, não se trata de qual país é mais ou menos bondoso com seus cidadãos, nesse interim se diferem pouco. Mas qual é mais prejudicial ao mundo, neste os Yankes tem feito muito mais mal que a China, pelo menos neste momento temporal que tem a predominância na ingerência em assuntos internos de outras nações são o Yankes, quem se propõe a propagar sua cultura com claros retornos economicos para sí, são os Yankes. Amigo, se me permite tratá-lo como tal, não é a toa que após a segunda guerra o States são os donos da economia com todo o mal para o mundo que isso representa, que tem lhes permitido toda sua arrogante unilateralidade, que agora tentam disfarçar, para os desavisados, usando seus marionetes cães de guarda .

    Bonifa

    Amigo, sem se sentir você está mergulhado até os olhos na doutrina americana que define os países em "bonzinhos"e "malvados". Apegue-se a um galho qualquer, saia do pantano e tome um bom banho. Talvez você então possa ver que o mundo não se divide em "bonzinhos" e "malvados". Aliás, o mundo não se divide. São muitos países cheios de problemas e o que os difere ou aproxima é a forma de tentarem resolver seus problemas.

Augusto

É a guerra da informação, como disse a Hillary Clinton. O papel da imprensa ocidental é esse.

Augusto

A gente tem a sensação de que a China e a Russia temem os Estados Unidos porque somos obrigados a engulir a informação que essa imprensa oferece, que não tem um pingo de verdade em nada. Agora a imprensa diz que a OTAN vai comandar a guerra na Líbia, tenta nos convencer que os Estados Unidos não tem nada a ver com isso. É uma guerra da OTAN, em defesa dos cidadãos civis da Líbia. É tanta hipocrisia na mídia que só rindo para não chorar. Há vários países onde os direitos humanos são violados. Na África, por exemplo, há muitos deles. Só que nesses países a OTAN não vai. Guerra custa muito, muito dinheiro… Mesmo apenas um bombardeio custa muito dinheiro, muito dinheiro mesmo. Só para tirar os caças do chão, que vale milhões de dólares, consome outros tantos milhões de dólares. Por que os Estados Unidos, França, Inglaterra etc perderiam muito dinheiro para defender cidadãos líbios??? Francamente, haja estômago para tudo isso.

    Aristharco

    Crueldade com a humanidade, é a prática desse país hipócrita, o mais belicoso do mundo. Duro é agüentar quinta-colunas (traidores) em postos-chaves no governo e nas cercanias, mesmo após exposição de seus atos vis para o mundo inteiro via Wikileaks.

Augusto

A Geórgia é um exemplo. A Russia entrou lá e detonou tudo tudo que viu pela frente. Não pediu permissão a ninguém, não avisou os Estados Unidos, nem comunicou a OTAN. Simplesmente foi lá destruiu tudo. Os Estados Unidos sabem perfeitamente que não se deve mexer com russos. A Russia tem instalado mísseis nas suas fronteiras… O problema dos Estados Unidos é que eles estão desesperados com a perda da sua hegemonia, com seu declínio inevitável perante a China. Aqui onde moro tem duas pastelarias de chineses. Até hoje eles só falam obrigado em português. Vieram para cá há pouco tempo. Trabalham duro, poupam muito, moram no próprio prédio onde trabalham em condições ruins. No entanto, em menos de dez anos, já possuem outras propriedades na cidade. Chinês só quer enriquecer e ponto final.

Marcos Roma Santa

E nós, latinoamericanos, temos duas opções: ou nos unimos ou…

Augusto

Muito bom o texto. Mas, em minha opinião, não importa o que façam, os Estados Unidos vão perder a hegemonia mundial de qualquer jeito. Nem a China nem a Russia temem essas ameças. Os Estados Undidos não são pários nem para a China nem para a Russia, nem economica, nem militarmente. Eu me lembro bem do Boris Yeltsim, aquele presidente russo que vivia trêbado de vodka. Ele várias ameaçou apertar uns botãos vermelhos que dizia que tinha lá em Moscou… Os Estados Unidos sempre afinaram para a Russia. A estratégia da China é simples: enquanto os Estados Undidos se afundam em guerras, a China ganha dinheiro e fica cada vez mais rica. É uma estratégia que tem tudo a ver com sua história milenar. Eles são pacientes, trabalham duro, poupam muito e ficam ricos. Já a Russia… Não mexa com a Russia.

    Aristharco

    E o império do norte está ruindo lentamente em suas bases…

Rafael

Todos assistem passivamente os crimes cometidos pelos eua. Por que ninguém pune os eua pelas mortes cometidas no Iraque?
Agora a Líbia, vai pagar pelos gastos dos americanos nos bombardeios com o seu petróleo. É saque dos recursos da Líbia. O mundo é extremamente violento. direitos humanos não existem. Os eua atacam a Líbia em nome de diereitos humanos, então para defender esses direitos os americanos matam pessoas. Pior que não vejo uma voz dissonante na mídia. Todos assistem a essa barbárie enganados pelos americanos. Penso que se os nazistas tivessem vencido a segunda guerra mundial o mundo seria exatamente igual ao que é hoje, sem por nem tirar um detalhe sequer. Será que já houve algum período na história da humanidae que foi tão violento e cínico. Hoje existem vários meios de comunicação e cada vez mais somos manipulados e enganados.

    Augusto

    Toda vez que o UOL notica os bombardeios na Líbia, é quase em festa; é quase em comemoração. Mas esses grupos apenas cumprem a pauta dos Estados Unidos. Essa gente não tem ideia do que é uma guerra. http://www.rollingstone.com/politics/photos/the-k

    Aristharco

    De quem é a imprensa? É, a dita brasileira, de quem é? Não escapa um…

    joao

    SIONISMO PURO !! PURO !!

A OTAN se dá o papel de derrubar governos | Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] Ver, interessantíssimo, “Cercar a Rússia, visar a China: O verdadeiro papel da OTAN na grande estratégia dos EUA”, 2/12/2010, Diana Johnstone, Counterpunch (http://www.counterpunch.org/johnstone11182010.html ), […]

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