O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, está em Havana para a terceira sessão de radioterapia, depois de ter feito duas cirurgias por causa de um câncer na pélvis. Os detalhes sobre o tumor original nunca foram informados. A falta de transparência deu margem a uma ampla gama de especulações. Na semana passada, Chávez, de 57 anos de idade, fez declarações dramáticas durante uma missa: “Dê-me vida, ainda que seja dolorosa, mas dê-me vida. Dê-me sua coroa, Cristo, que eu coloco. Dê-me sua cruz, cem cruzes, Cristo, que eu as levo, mas não me leve ainda, porque ainda tenho coisas para fazer por esse povo e por essa pátria”.
O tom do apelo jogou água no moinho dos que dizem que o estado de saúde de Chávez é gravíssimo, embora o governo negue que tenha havido metástase do tumor original. Deu origem também a outro tipo de especulação.
A oposição venezuelana, que inicialmente apostou que a dúvida sobre o futuro de Chávez tiraria votos do presidente, candidato à reeleição em outubro, agora teme que o drama pessoal se transforme em uma arma para convencer eleitores a dar a Chávez aquele que seria seu último mandato.
A “tese” sobre a morte iminente de Chávez, difundida em todo o mundo — inclusive no Brasil, pelo jornal O Globo — tem relação direta com um artigo escrito por Roger Noriega, um diplomata estadunidense. Roger foi citado na reportagem do jornal carioca que, aliás, descobriu, sem nomear fontes, o itinerário exato do câncer, que “já se alastra para o fígado”. “Recentemente, em artigo intitulado ‘A Grande Mentira de Hugo Chávez e a Grande Apatia de Washington’, Roger Noriega, subsecretário de Estado para Assuntos do Hemifério Ocidental no governo de George W. Bush e ex-embaixador dos EUA na OEA, afirmou que o câncer está se propagando mais rapidamente do que o esperado e poderia causar a sua morte antes mesmo das eleições presidenciais”, escreveu O Globo.
Diante da escassez de informações objetivas, é impossível desmentir o prognóstico. Porém, é importante registrar — o que O Globo não fez – que Noriega nem sempre é levado a sério em Washington, especialmente depois de ter sugerido em artigo que a Venezuela seria fornecedora de urânio enriquecido para o Irã, resultado de um “programa nuclear secreto”. Por isso, é preciso explicar melhor quem é este personagem. Não fosse pela gravidade do tema, teríamos publicado na seção de Humor:
Ele é o rei dos alarmes… falsos. “Nem os direitistas da Venezuela levam o Noriega a sério”, me disse, ao telefone, um bem informado cientista político americano que conversa, regularmente, com parlamentares de todos os matizes na Venezuela. Os venezuelanos podem não dar bola, mas muita gente repercute os boatos que Noriega espalha. Por exemplo, a respeito da saúde do presidente Hugo Chávez. “Olha”, garantiu o mesmo analista, “o câncer do Chávez pode até estar avançando, mas o Noriega, com certeza, não tem informações privilegiadas sobre o assunto”.
O Noriega em questão não é o conhecido panamenho Manuel Noriega e sim o americano Roger, participante ativo do escândalo Irã-Contras, no governo Ronald Reagan, mais tarde promovido a influente articulador da política externa americana para toda a extensão territorial ao sul do Texas. Durante o governo Reagan, ele trabalhava na Agência de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (USAID). Mesmo depois do fiasco da venda clandestina de armas ao Irã para financiar os contras da Nicarágua somada ao tráfico de drogas da América Central para a Califórnia, a mente criativa do ultraconservador tem, até hoje, o ouvido de parte da imprensa e dos políticos dos Estados Unidos.
Roger Noriega foi assessor de deputados e senadores, sempre os ligados às comissões de relações exteriores da Câmara e do Senado. Na assessoria do conhecido senador direitista Jesse Helms, Noriega foi coautor da lei Helms-Burton, que tornou ainda mais duros os termos do embargo a Cuba, depois de quarenta anos. Além do Congresso, ele trabalhou na missão americana junto à OEA e atingiu o ápice da carreira diplomático-política no governo George W. Bush, quando foi empossado como subsecretário de Estado para o Hemisfério Ocidental (ou seja, as Américas). Foram apenas dois anos. Quando a então secretária de Estado Condoleeza Rice transferiu todas as responsabilidades relativas a Cuba para outro grupo, ele deixou o governo.
Mas não largou a América Latina. Continuou, e continua trabalhando para isolar a Venezuela, foi contratado para fazer o lobby, no Congresso, em favor dos golpistas de Honduras e no passado também deixou as impressões digitais no golpe estadunidense que derrubou e sequestrou o presidente do Haiti, Jean Bertrand Aristide, em fevereiro de 2004. Com orgulho, Noriega chegou a se referir ao golpe em depoimento diante do Comitê de Relações Exteriores do Senado: “A renúncia de Aristide pode ter sido o meu maior momento”.
Provavelmente. Nos últimos anos, ele se dedicou a escrever artigos, dar entrevistas e disseminar conclusões duvidosas a respeito dos governos da América Latina que discordam das políticas de Washington. Artigos, em geral, desmentidos pela realidade. Ou por informações mais precisas que vêm à tona mais tarde. Roger Noriega é analista do American Enterprise Institute, uma organização de ideólogos direitistas de Washington.
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Este artigo é um exemplo do que ele costuma fazer: “O Programa Nuclear Secreto de Chávez” (http://www.foreignpolicy.com/articles/2010/10/05/chavez_s_secret_nuclear_program). O título diz quase tudo. Sem dados objetivos e com muita especulação, ele sugere que o governo da Venezuela estaria fornecendo urânio enriquecido ao programa nuclear do Irã. “Mas a Venezuela nem produz urânio”, disse Mark Weisbrot, economista da Universidade de Michigan, especialista em América Latina e codiretor do Centro de Pesquisa Econômica e Política, em Washington. Que o economista mais afinado com as causas liberais critique o artigo de Noriega, já seria de se esperar. O que surpreende são as avaliações dos diplomatas do Departamento de Estado, reveladas em documentos que o site Wikileaks tornou públicos. Eles ridicularizam a ideia de que a Venezuela estaria contribuindo para o desenvolvimento de armas nucleares no Irã. Aparentemente, apenas Roger Noriega, e quem repete as declarações dele, estavam levando a possibilidade a sério.
No filme “South of the Border” (em português, poderia ser Ao Sul da Fronteira), do diretor Oliver Stone, até mesmo Hugo Chávez brincou com as declarações de Noriega. E mostrou ao cineasta a fábrica de processamento de milho que o megafone neoconservador apontou como fonte do urânio secreto, destinado ao Irã. No filme, Chávez aproveitou a oportunidade para tirar um sarro: “É aqui que fabricamos a bomba atômica iraniana”, disse a Oliver Stone.
Como bem observou o jornalista Charles Davis, no Right Web, em março do ano passado, o primeiro artigo de Noriega sobre o assunto fazia o alarme e promovia o terror, a tática mais comum. Porém, depois de ridicularizado, ele mudou o discurso. No documento sobre política externa, apresentado como um guia ao Congresso, ele eliminou todas as referências a possíveis contribuições da Venezuela ao programa nuclear do Irã.
Outro dos boatos famosos de Noriega foi sobre a embaixada do Irã em Manágua, na Nicarágua. Tudo parte da fabricação da tese de que o Irã está tentando dominar a América do Sul e a América Central. Este boato ganhou espaço na mídia conservadora e peso político quando, finalmente, foi encampado pela cabeça do Departamento de Estado. A secretária Hillary Clinton repetiu as suspeitas: “Os iranianos estão construindo uma embaixada enorme em Manágua. Nós podemos imaginar para que…”, disse ela, logo após tomar posse, em 2009.
O jornal The Washington Post tentou encontrar a tal embaixada e não conseguiu. Às gargalhadas, o presidente da Câmara de Comércio da Nicarágua, Ernest Porta, disse ao jornal norte-americano: “Essa embaixada não existe”. O economista Mark Weisbrot também riu quando comentou os boatos e rumores espalhados por Noriega. “Tenho certeza que se você analisar os textos dele, vai encontrar vários boatos que ele inventou ao longo dos anos e que são impossíveis de se comprovar. O que ficou claro é que não eram verdadeiros”, disse.
Depois das gargalhadas, ele tentou explicar como uma pessoa como Roger Noriega, que participou do escândalo Irã-Contras, promoveu golpes no Haiti, em Honduras e na Venezuela e foi desmentido, publicamente, mais de uma vez, não perde toda a credibilidade em Washington.
— Isso se explica somente pela maneira que Washington e que a imprensa de Washington funcionam. Se você olhar para a política externa, por exemplo, está mais do que estabelecido que a guerra do Iraque foi um desastre, não deveria ter acontecido, foi uma invasão feita com base em premissas falsas. Ainda assim, todo mundo que você vê sendo entrevistado na mídia americana deu apoio à guerra. Quem foi contra — e estava certo — foi eliminado, agora, de comentar sobre a proposta de uma guerra contra o Irã. É um critério muito estranho. Mas todo mundo que você vê comentando na televisão ou é do governo ou foi do governo ou é pago pelo governo. O Noriega representa a ultradireita e muitos jornalistas não o levam mais a sério. Mas ele ainda consegue, volta e meia, um espaço na mídia.
Comentários
lauro oliveira
O que o governo Obama faz com tal colaborador?
FrancoAtirador
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Hillary avisa Dilma:
CIA INSTALARÁ MAIS 2 ESCRITÓRIOS NO BRASIL.
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EUA abrirão novos consulados em Porto Alegre e Belo Horizonte
No Brasil, a Embaixada dos Estados Unidos fica em Brasília
e há consulados na capital federal, Rio de Janeiro, Recife e São Paulo.
Da Redação Sul21
http://sul21.com.br/jornal/2012/04/eua-abrirao-no…
Marat
Falou tudo, Franco: os consulados daquele hospício nada mais são que antros de espionagem!
Marat
As verdadeiras armas de destruição em massa (que inexistiam no Iraque) estão nas redações dos PIGs pelo mundo. Aliás, os EEUU têm um séquito de PIGs que é uma verdadeira legião (em todos os sentidos).
Ronald
Ué!!!??? Aqui nós temos o Reynaldo Noriega, Diogo Noriega, William B. Noriega, Bóris Noriega…e por aí vai, tem mais um monte! Cada país com seus Noriegas…
Fabio_Passos
É uma infestação de lacaios dos interesses conservadores.
Marat
Esqueceu-se do time feminino: Dora Noriega, Eliane Noriega, Míriam Noriega, Lúcia Hic Noriega e assim vai!
Sérgio Ruiz
Aqui no Brasil o pig fabrica noriegas aos montes.
Bonifa
Os conservadores radicais tomaram de assalto toda a política externa estadunidense, onde transformaram palpites em realidades e desejos pessoais em verdades indiscutíveis. Hillary Clinton é a expressão deste cenário, e quase sempre passa a impressão de que age por conta própria, acima das vontades do Presidente Obama. Neste reinado de radicais, quem grita mais se impõe. Noriega é isso, mais um delirante que grita alto. esperemos que Obama, no segundo mandato, tenha condições de frear os impulsos destrutivos dessas facções e encaminhar o país para as profundas e necessárias reformas sem as quais não poderá haver uma saudável recuperação econômica.
Marat
Esse tipo de impren$$$a deve ser extirpada do mundo. Precisamos de Imprensa livre e isenta.
O planeta já está repleto de lixo!!!
José Ruiz
A postura dos EUA parece ser exemplo de comportamento para a direita no Brasil. As mentiras espalhadas na mídia não dependem de credibilidade, e sim de do quão estrondosas são.. ou seja, qualquer mentira repetida várias vezes pode se tornar uma verdade.. o mensalão não foi isso?
ZePovinho
Se a Venezuela já enriqueceu urânio(o que é até bom,mais um cliente de nossa tecnologia) eu não sei,mas existem fortes suspeitas de que os EUA explodiram um artefato nuclear no nordeste do Brasil,em 1958,durante a Operação ARGUS:
<img height="500" src="http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/61/Operation_Argus_launch.jpg/250px-Operation_Argus_launch.jpg">
http://planobrasil.com/2012/04/08/a-operacao-argu…
A Operação “Argus” (1958) e as controvérsias sobre a ocorrência de testes atômicos no Nordeste brasileiro
By E.M.Pinto on abril 8th, 2012
Tácito Thadeu Leite Rolim
Sugestão: Armando Rosário
Clique aqui para ver o Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=J-A1wQ_qo2c
O objetivo do artigo é discutir as conjecturas e especulações em torno de dois episódios ocorridos no Brasil no final da década de 1950. O primeiro deles foi uma explosão ocorrida nos céus de uma cidade do interior do Ceará, em julho de 1958, e o segundo a Operação “Argus”, conduzida pelo Departamento de Defesa estadunidense, entre agosto e setembro do mesmo ano. As apropriações feitas pelos sujeitos históricos de um e de outro episódio os levaram a associá-los a um possível teste atômico realizado clandestinamente no Nordeste brasileiro.
Palavras-chave: Guerra Fria – Operação “Argus” – Testes Atômicos
Clique aqui para ler Operação ARGUS: http://planobrasil.com/2012/04/08/a-operacao-argu…
Operation Argus: http://nuclearweaponarchive.org/Usa/Tests/Argus.h…
Lista de navios envolvidos na Operação
USS Tarawa (CV-40)
USS Bearss (DD-654)
USS Warrington (DD-843)
USS Courtney (DE-1021)
USS Hammerberg (DE-1015)
USS Neosho (AO-143)
USS Salamonie (AO-26)
USS Norton Sound (AVM-1)
USS Albemarle (AV-5)
ZePovinho
OPERAÇÃO ARGUS.Artigo com 15 páginas:
http://www.planobrasil.com/wp-content/uploads/201…
Francisco
E esses caras têm cinco mil ogivas nucleares para arrebentar o meu cadeadozinho Pado no portão da minha casa.
Tô ferrado…
Fabio_Passos
Lembro de um artigo hilário que passaram por e-mail do ipojuca pontes – min da Cultura de collor – afirmando que Fidel Castro estava morto e a info era escondida pelo regime cubano.
Faz alguns anos mas ainda está na rede p/ quem desejar rir do tolo.
Fico imaginando…
– O que será que o ipojuca pontes responde a quem lhe questiona hoje? Será que insiste e afirma que o Fidel morreu e o que anda por aí é um holograma? Um robô?
– Como diabos um traste deste nível foi min da Cultura do Brasil?
Bem, temos aí este roger noriega, ex-embaixador e subsecretário de estado ianque, do mesmo nível.
A direita é o atraso.
Só a mídia-lixo-corporativa para dar atenção a estes tipos caricatos.
Marat
Aqueles que adoram apregoar mentiras ou rogar pragas serão os primeiros a contrair câncer, seja na garganta, seja na cabeça (se é que esta exista!)
Elton
E viva a liberdade de impressa (Golpista)!!!! É deveria estar mesmo na sessão de humor…O palhaço aqui agradeceria…kkkkkk
Paulo P.
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O ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, pretende criar uma frente na América Latina contra Hugo Chávez e os governos progressistas da região, para isso, está tratando de incorporar ex-presidentes, dirigentes de partidos e parlamentares de extrema direita de vários países, segundo veículos latino-americanos.
O ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, pretende criar uma frente na América Latina contra Hugo Chávez e os governos progressistas da região, para isso, está tratando de incorporar ex-presidentes, dirigentes de partidos e parlamentares de extrema direita de vários países, segundo veículos latino-americanos.
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De acordo com as fontes citadas pelo portal Contrainjerencia, Uribe recentemente viajou para a Espanha para somar a este projeto o presidente do governo espanhol Mariano Rajoy e o ex-mandatário José María Aznar, “muito conhecido por seu ódio visceral a Chávez e a tudo o que soe de esquerda”.
Em tal viagem, o chefe de Estado colombiano estabeleceu que a prioridade da Frente em todos esses momentos é apoiar o candidato opositor na Venezuela, Henrique Capriles e esfriar as relações de Juan Manuel Santos com Chávez.
Outro dos objetivos desta campanha seria o presidente equatoriano, Rafael Correa, que consideram “outra besta negra”, e para isso apóiam o ex-militar golpista Lucio Gutiérrez.
Vários são os fatos — segundo a imprensa — conhecidos que apoiam o que está tentando Uribe. No final do ano passado foi apresentada a neoliberal “Fundação Internacionalismo Democrático Álvaro Uribe Vélez (FEUDAIV)”, criada em Washington com o propósito de promover e defender os valores da democracia e da liberdade no âmbito continental. Assim como “fazer frente aos projetos autoritários e populistas estabelecidos em algumas nações da América Latina, que ameaçam se propagar em outros países do continente”. A fundação também pretende criar “uma rede continental de líderes juvenis democratas do continente. O site da fundação tem o servidor localizado em Houston, Estados Unidos.
Outros membros da Fundação ou que estão em sintonia com seus propósitos são: os jornalistas Moisés Naim, da Venezuela e Andrés Oppenheimer de origem argentina, a blogueira cubana anticastrista Yoani Sánchez, os colombianos Eduardo Mackensie, Rafael Nieto e Saúl Hernández.
Os fatos revelam que há uma estratégia continental montada pela direita latino-americana apoiada por extremistas dos Estados Unidos para derrotar ou criar problemas para Hugo Chávez, satanizá-lo e criar um clima similar ao que viveu a Líbia e que agora sofrem Irã e Síria. Eliminado Chávez, o caminho fica libre para golpear os demais governos progressistas da América Latina. http://burgos4patas.blogspot.com.br/2012/04/uribe…
carlos
o primeiro texto é de quem?
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