Marcelo Zero: Acordo para a guerra

Tempo de leitura: 3 min
Fotos: Reprodução de vídeo

Acordo Para a Guerra

Por Marcelo Zero*

Os EUA e a Ucrânia acabaram de celebrar e anunciar, na reunião do G7, um acordo bilateral sobre segurança, com duração de pelo menos 10 anos, o qual, basicamente assegura e intensifica a manutenção da guerra naquele país.

O Acordo firmado obviamente é “binding”, isto é, os EUA se obrigam, mediante um tratado, a “defender” a Ucrânia contra a Rússia ou outras ameaças.

Dessa maneira, os EUA praticamente “bilatelarizaram”, o famoso Artigo 5º do Tratado da Otan, que obriga as Partes a intervirem em caso de agressões contra quaisquer dos Membros.

Em síntese, o Acordo prevê, conforme a Casa Branca:

• Construir e manter a capacidade credível de defesa e dissuasão da Ucrânia. O acordo estabelece uma visão para uma futura força ucraniana que seja forte, sustentável e resiliente. Os Estados Unidos e a Ucrânia aprofundarão a cooperação em segurança e defesa e colaborarão estreitamente com a ampla rede de parceiros de segurança da Ucrânia. Apoiaremos toda a gama das atuais necessidades defensivas da Ucrânia, agora e a longo prazo, ajudando a Ucrânia a vencer a guerra e reforçando as suas capacidades de dissuasão contra ameaças futuras. Juntos, expandiremos a partilha de informações, melhoraremos a interoperabilidade entre as nossas forças armadas, em conformidade com os padrões da Otan, e trabalharemos com os nossos aliados e parceiros para posicionar a Ucrânia como um contribuidor a longo prazo para a segurança europeia.

• Reforçar a capacidade da Ucrânia para sustentar a sua luta a longo prazo, nomeadamente através do reforço dos esforços para reforçar a base industrial de defesa da Ucrânia e do apoio à sua recuperação econômica e segurança energética.

• Acelerar a integração euro-atlântica da Ucrânia, nomeadamente através da implementação pela Ucrânia de reformas nas suas instituições democráticas, econômicas e de segurança, em linha com os seus objetivos de adesão à UE e com o programa de reformas da Otan.

Alcançar uma paz justa que respeite os direitos da Ucrânia ao abrigo do direito internacional, seja subscrita por um amplo apoio global, defenda os princípios fundamentais da Carta das Nações Unidas, incluindo a soberania e a integridade territorial, e inclua a responsabilização pelas ações da Rússia. (isto é, apoiar a proposta de “paz da” Zelensky, a qual significa a capitulação Rússia).

Apoie o jornalismo independente

• Consultar, no caso de um futuro ataque armado russo contra a Ucrânia, aos mais altos níveis, para determinar medidas apropriadas e necessárias para apoiar a Ucrânia e impor custos à Rússia.

Ainda conforme a Casa Branca, este acordo, juntamente com os acordos e acordos de segurança que se reforçam mutuamente e que a Ucrânia assinou com uma ampla rede de parceiros ao abrigo da Declaração Conjunta de Apoio à Ucrânia do G7, é uma parte fundamental da ponte da Ucrânia para a adesão à OTAN.

Dessa maneira, os EUA (e também o G7) se comprometem a apoiar incondicionalmente o esforço de guerra na Ucrânia e a colocar esse país na Otan, justamente um dos principais motivadores do conflito.

De imediato, haverá o envio de sistemas de mísseis Patriot e de caças F-16, entre outros equipamentos militares relevantes. Esses equipamentos poderão, agora, ser usados ofensivamente contra o território russo.

Ademais, foi anunciado, pelo G7, haverá a liberação de uma nova ajuda (empréstimo) de US$ 50 bilhões para a Ucrânia, que serão retirados (surrupiados) de fundos russos congelados.

Não bastasse, os EUA anunciaram também mais de 300 novas sanções econômicas, dirigidas principalmente contra empresas e bancos chineses que estariam “ajudando” a Rússia em seu esforço para manter sua economia funcionando.

A guerra na Ucrânia, agora, tornou-se mandatória, sedimentada em um compromisso internacional.

E a paz, a paz viável, torna-se, cada vez mais, uma possibilidade distante.

*Marcelo Zero é sociólogo e especialista em Relações Internacionais.

*Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

Leia também

Marcelo Zero: Celebração do Dia D, que deveria ser um apelo à paz, tornou-se um grito de guerra

Marcelo Zero: Enquanto o governo Lula trabalha pela paz, boa parte da direita brasileira parece apostar na guerra

Apoie o jornalismo independente


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Nelson

A quantidade de absurdos, impropérios e ignomínias que se originam daqueles governos que se dizem democráticos, respeitadores dos direitos humanos e das normas de convivência entre os povos é tal que a gente acaba por ficar impotente para encontrar palavras que possam definir o que se passa.

Então, eu só posso dizer isso: os governos dos Estados Unidos e da Europa Ocidental optaram por submergir numa podridão que, por incrível que pareça consegue sempre aumentar e apodrecer ainda mais.

Eu não tenho qualquer prazer em afirmar algo assim, pois acredito que a busca pela paz deve prevalecer sobre tudo, mas, ao que tudo indica só mesmo a força das armas conseguirá colocar tais governos em seus lugares.

Deixe seu comentário

Leia também