Juíza bloqueia R$ 113 mi de Paulo Preto no exterior; Folha acha mais importante depoimento de escrevente sobre Lula

Tempo de leitura: 6 min

Não se larga um líder ferido na estrada a troco de nada. Não cometam esse erro. Paulo Preto, durante a campanha de 2010, quando o tucano José Serra sugeriu que não o conhecia.

Da Redação

Apesar da explosiva descoberta de que Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, homem que frequentou os bastidores tucanos em Brasília e São Paulo, acumulou ao menos R$ 113 milhões na Suiça, o diário conservador Folha de S. Paulo tinha outras prioridades nesta quinta-feira.

Achou mais importante, bem mais importante, destacar o depoimento de um escrevente que disse ter redigido, a pedido do advogado Roberto Teixeira, a minuta da venda de um sítio em Atibaia ao ex-presidente Lula.

A descoberta da fortuna de Paulo Preto equivale à descoberta dos mais de 50 milhões de reais num apartamento de Geddel Vieira Lima, ex-ministro de Temer, em Salvador, menos as malas e a contagem do dinheiro.

Aliás, num esboço de delação premiada, o doleiro Adir Assad, que operava para o PSDB, disse que Paulo Preto usava o cômodo inteiro de uma casa para “estocar” dinheiro. O acusado negou e ameaçou Assad com um processo.

Pois bem, a Folha enfiou a notícia bombástica numa tripinha da página 3, conforme apontou o jornalista Chico Malfitani no Instagram.

As contas identificadas no Exterior são a prova que faltava para demonstrar que Paulo Preto desviou dinheiro das obras que supervisionou quando dirigiu a Desenvolvimento Rodoviário SA, Dersa, no governo Serra: o eixo Sul do Rodoanel e a ampliação da marginal do Tietê, duas vitrines de Serra na campanha presidencial de 2010.

Mas, há bem mais que isso: Paulo Preto não caiu de paraquedas no governo Serra.

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Foi o atual chanceler brasileiro, Aloysio Nunes Ferreira, quem levou Paulo Vieira de Souza para seu primeiro cargo em um governo tucano: foi assessor de Fernando Henrique Cardoso durante todo o segundo mandato, atuando no programa Brasil Empreendedor Rural.

Entrou na Dersa em 2005, ainda no primeiro mandato de Geraldo Alckmin, no cargo de diretor de Relações Institucionais, passando para a estratégica diretoria de Engenharia no ano seguinte.

O nome de Paulo Souza surgiu no noticiário pela primeira vez depois que foi deflagrada a Operação Castelo de Areia, mas àquela altura os agentes da Polícia Federal que escreveram o relatório final diziam tratar-se de “pessoa ainda não identificada.

A Castelo pescou políticos de vários partidos na contabilidade paralela da Camargo Corrêa e poderia ter antecipado os resultados da Operação Lava Jato, mas com um viés tucano — justamente por isso talvez não tenha progredido.

A operação rastreou toda a movimentação de dinheiro do doleiro Kurt Paul Pickel, já falecido. Chamou a atenção o codinome utilizado para os beneficiários de remessas: Gato, Tigre, Jumento e Gambá estavam entre eles. Pantera, Camelo, Periquito e Avestruz frequentaram as planilhas. O Leão também estava lá. O Hipopótamo levou ao menos R$ 1 milhão.

As obras pelas quais a empresa pagava propina se espalhavam por toda a América do Sul.

Na lista de dinheiro dado a campanhas políticas, numa planilha o nome do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia, aparece com doação de 50 mil, o então deputado Michel Temer com outros 50 mil, Aécio Neves com 370 mil, o ex-ministro José Eduardo Cardozo com mais de 150 mil, Soninha Francine com 40 mil, Luiz Antonio Fleury com 100 mil e  Antonio Palocci com outros 100 mil — são dezenas de citados, de vários partidos.

O nome de Augusto Nardes, o relator do TCU que rejeitou as contas de Dilma Rousseff, também aparece no relatório, com a sugestão de que teria beneficiado a empreiteira com decisões em ao menos duas obras. Conselheiros do TCE paulista também são mencionados, com destaque para Robson Marinho.

Foi a primeira vez que investigadores relacionaram o andamento de obras ao pagamento de propina e/ou doações eleitorais.

Ademar Palocci, o Paloção, irmão do ministro, teria feito caixa na ampliação da hidrelétrica de Tucuruí, sugere o relatório final.

Dentre as obras, a linha 4 do Metrô paulistano, tocada por Geraldo Alckmin em seu primeiro mandato.

Mas o singelo documento que certamente deixou os tucanos de cabelo em pé foi uma planilha apreendida com um “resumo” de pagamentos feitos supostamente a pedido dos caciques do partido, totalizando mais de R$ 13 milhões.

Nela, o “Santo” da Odebrecht, Geraldo Alckmin, aparece como beneficiário de mais de R$ 5 milhões. Serra ficou em segundo lugar, com mais de R$ 4 milhões. Aécio em terceiro, com mais de R$ 1,7 milhão. A planilha menciona a CCR, empresa que tem contratos de pedágio com o estado de São Paulo. No caso de Serra, o Rodoanel.

São fartos indícios de como os tucanos construiram suas candidaturas em 2006 (Alckmin presidente, Serra governador) e 2010 (Serra presidente, Alckmin governador).

Posteriormente, a Operação Castelo de Areia foi anulada pelo STJ por supostamente ter tido origem numa denúncia anônima.

As provas foram destruídas a mando da Justiça.

O “Paulo Souza” do relatório eventualmente foi identificado como o diretor da Dersa e, no ano eleitoral de 2010, ganhou notoriedade quando Dilma Rousseff fez uma pergunta sobre Paulo Preto a Serra num debate.

Depois de sugerir que mal o conhecia, Serra voltou atrás.

“Ele é considerado uma pessoa muito competente e ganhou até o prêmio de Engenheiro do Ano (em 2009). Nunca recebi nenhuma acusação a respeito dele durante sua atuação no governo”, afirmou ainda durante a campanha de 2010.

Não se larga um líder ferido na estrada.

PS do Viomundo: Este post foi editado para acréscimo de informações e ilustração.

Ex-diretor da Dersa tem R$ 113 mi no exterior, diz juíza

Informações sobre as contas em nome de Paulo Vieira de Souza estão em decisão que autorizou o bloqueio do montante e o estabelecimento de cooperação entre o Ministério Público Federal e a Suíça

por Fabio Serapião e Luiz Vassallo, no Estadão

Autoridades suíças encontraram R$ 113 milhões em quatro contas no país europeu em nome do ex-diretor da empresa Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa) Paulo Vieira de Souza [obs do Viomundomais conhecido como Paulo Preto] . Ele foi diretor da estatal paulista entre 2007 e 2010, durante governo do PSDB.

As informações sobre as contas em nome de Souza estão na decisão em que a juíza federal Maria Isabel do Prado autorizou o bloqueio do montante e o estabelecimento de uma cooperação internacional entre o Ministério Público Federal e a Suíça para recuperar os valores.

A decisão é de 17 de outubro do ano passado e foi tornada pública ontem.

“Constam das informações que em 7 de junho de 2016 as quatro contas bancárias atingiam o saldo conjunto de cerca de 35 milhões de francos suíços, equivalente a 113 milhões de reais, convertidos na cotação atual”, diz o despacho da magistrada.

As contas, abertas no banco Bordier e Cie, estão vinculadas a uma offshore panamenha chamada Groupe Nantes. De acordo com a decisão, o dinheiro teria sido mantido no banco suíço até fevereiro de 2017, quando foi transferido para o Deltec Bank and Trust Limited, sediado em Nassau, nas Bahamas.

No documento, a juíza cita informações do MPF de que Souza também teria reduzido seu patrimônio declarado de R$ 4 milhões, em 2014, para R$ 2,8 milhões em 2017.

Essa redução indicaria “desfazimentos de bens a fim de evitar eventual ressarcimento ao erário”. Outro trecho do despacho afirma que, entre 2009 e 2010, época em que era diretor da Dersa, Souza efetuou transações acima de R$ 2,5 milhões que eram incompatíveis com seu patrimônio.

A decisão da juíza foi anexada pelos advogados do ex-diretor da Dersa ao inquérito em curso no Supremo Tribunal Federal que investiga o senador José Serra (PSDB-SP).

A investigação foi autorizada pelo ministro da Corte Edson Fachin com base na delação da Odebrecht – ex-executivos da empreiteira relataram irregularidades em obras do Rodoanel, em São Paulo.

Souza tenta, por meio de sua defesa, enviar as investigações contra ele que tramitam em São Paulo para o Supremo. O ministro Gilmar Mendes é relator do inquérito sobre Serra.

A defesa do ex-diretor da Dersa alega que os fatos investigados em São Paulo já estão sob apuração no STF. Ontem, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, se posicionou contra o pedido dos advogados de Souza.

A Dersa e a defesa de Paulo Vieira de Souza não responderam aos contatos das reportagem. José Serra, por meio de sua assessoria, informou que não iria se manifestar.

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Comentários

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Julio Silveira

Rsrsrs, mas o mais engraçado é observar aqui no blog (quando apresentam essas “evidencias” dessa mafia tucana, por quando se trata de tucanos fica sempre no campo das evidencias com pouca vontade de se tornarem provas), desaparecem aqueles tradicionais golpistas coxinhas que direcionam suas iras para o Lula. Rsrsrs. Pode ser que agora venham dizer, como hipocritas e justiceiros que são, que querem todos os corruptos na cadeia. Mas se levarem só o Lula, mesmo num processo viciado, politico e canalha, para eles vai estar de bom tamanho.

Francisco de Assis

Paulo Preto era diretor do DERSA desde 2005 (de relações institucionais) e foi para a área da bufunfa (diretor de engenharia) nomeado por José Serra assim que assumiu o governo em 2007, mesmo ano que Paulo Preto abriu as 4 contas na Suiça. Isso é que é planejamento rouboviário.

robertoAP

Esse é apenas mais um dos milhares de TUCANEIROS(tucanos bucaneiros), todos soltos e roubando bilhões nas barbas da nossa justiça vagabunda e partidarizada.

Jose Benedito de Oliveira

O BRASIL REAL – DE 2002 A 2013
Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira, lido no Jornal GGN, atualizado em 12/2/2017

1– Produto Interno Bruto:
2002 – R$1,48 trilhão
2013 – R$4,84 trilhão

2– PIB per capita:
2002 – R$7,6 mil
2013 – R$24,1 mil

3– Dívida líquida do setor público:
2002 – 60% do PIB
2013 – 34% do PIB

4– Lucro do BNDES:
2002 – R$550 milhões
2013 – R$8,15 bilhões

5 – Lucro do Banco do Brasil:
2002 – R$2 bilhões
2013 – R$15,8 bilhões

6 – Lucro da Caixa Econômica Federal:
2002 – R$1,1 bilhão
2013 – R$6,7 bilhões

7 – Produção de veículos:
2002 – 1,8 milhão
2013 – 3,7 milhões

8 – Safra agrícola:
2002 – 97 milhões de toneladas
2013 – 188 milhões de toneladas

9 – Investimento estrangeiro direto:
2002 – 16,6 bilhões de dólares
2013 – 64 bilhões de dólares

10 – Reservas internacionais:
2002 – 37 bilhões de dólares
2013 – 375,8 bilhões de dólares

11 – Índice Bovespa:
2002 – 11.268 pontos
2013 – 51.507 pontos

12 – Empregos gerados:
Governo FHC – 627 mil/ano
Governos PT – 1,79 milhão/ano

13 – Taxa de desemprego:
2002 – 12,2%
2013 – 5,4%

14 – Valor de mercado da Petrobras:
2002 – R$15,5 bilhões
2014 – R$104,9 bilhões

15 – Lucro médio da Petrobras:
Governo FHC – R$4,2 bilhões/ano
Governos PT – R$25,6 bilhões/ano

16 – Falências requeridas em média/ano:
Governo FHC – 25.587
Governos PT – 5.795

17 – Salário mínimo:
2002 – R$200 (1,42 cestas básicas)
2014 – R$724 (2,24 cestas básicas)

18 – Dívida Externa em relação às reservas:
2002 – 557%
2014 – 81%

19 – Posição entre as economias do mundo:
2002 – 13ª
2014 – 7ª

20 – ProUni – 1,2 milhão de bolsas

21 – Salário mínimo convertido em dólares:
2002 – 86,21
2014 – 305,00

22 – Passagens aéreas vendidas:
2002 – 33 milhões
2013 – 100 milhões

23 – Exportações:
2002 – 60,3 bilhões de dólares
2013 – 242 bilhões de dólares

24 – Inflação Anual Média:
Governo FHC – 9,1%
Governos PT – 5,8%

25 – Pronatec – 6 milhões de pessoas

26 – Taxa Selic:
2002 – 18,9%
2012 – 8,5%

27 – FIES – 1,3 milhão de pessoas com financiamento universitário

28 – Minha Casa, Minha Vida – 1,5 milhão de famílias beneficiadas

29 – Luz Para Todos – 9,5 milhões de pessoas beneficiadas

30 – Capacidade Energética:
2001 – 74.800 MW
2013 – 122.900 MW

31 – Criação de 6.427 creches

32 – Ciência Sem Fronteiras – 100 mil beneficiados

33 – Mais Médicos (Aproximadamente 14 mil novos profissionais): 50 milhões de beneficiados

34 – Brasil Sem Miséria – Retirou 22 milhões da extrema pobreza

35 – Criação de Universidades Federais:
Governos PT – 18
Governo FHC – zero

36 – Criação de escolas técnicas:
Governos PT – 214
Governo FHC – 11
De 1500 até 1994 – 140

37 – Desigualdade social:
Governo FHC – Queda de 2,2%
Governo PT – Queda de 11,4%

38 – Produtividade:
Governo FHC – Aumento de 0,3%
Governos PT – Aumento de 13,2%

39 – Taxa de pobreza:
2002 – 34%
2012 – 15%

40 – Taxa de extrema pobreza:
2003 – 15%
2012 – 5,2%

41 – Índice de Desenvolvimento Humano:
2000 – 0,669
2005 – 0,699
2012 – 0,730

42 – Mortalidade infantil:
2002 – 25,3 em 1.000 nascidos vivos
2012 – 12,9 em 1.000 nascidos vivos

43 – Gastos públicos em saúde:
2002 – R$28 bilhões
2013 – R$106 bilhões

44 – Gastos públicos em educação:
2002 – R$17 bilhões
2013 – R$94 bilhões

45 – Estudantes no ensino superior:
2003 – 583.800
2012 – 1.087.400

46 – Risco Brasil (Ipea):
2002 – 1.446
2013 – 224

47 – Operações da Polícia Federal:
Governo FHC – 48
Governo PT – 1.273 (15 mil presos)

48 – Varas da Justiça Federal:
2003 – 100
2010 – 513

49 – 38 milhões de pessoas ascenderam à nova classe média (Classe C)

50 – 42 milhões de pessoas saíram da miséria

Fontes:
47/48 – http://www.dpf.gov.br/agencia/estatisticas
39/40 – http://www.washingtonpost.com
42 – OMS, Unicef, Banco Mundial e ONU
37 – índice de GINI: http://www.ipeadata.gov.br
45 – Ministério da Educação
13 – IBGE
26 – Banco Mundial

Julio Silveira

Esse deixou rastros por realizar negocios excusos no Brasil e acabou por ser desmascarado. Mas, e aqueles que surgem do nada, elevados, derrepente, a condição de herois da patria, que ostentam meteorico sucesso nas instituições publicas nacionais, com curriculos educacionais feitos em instituições estrangeiras , e que de forma inequivocamente trabalham em beneficio, principalmente, dos paises de origem dessas instituições?
Se por ventura algum pagamento extranacional puder existir, e uma conta na Suiça, ou outro paraiso fiscal de uso da cleptocracia mundial, puder ter sido aberta por país beneficiario, para pagamento por serviços prestados, não haverá a possibilidade de investigação do país vitimado, então quem buscará reparar seu prejuizo?

Calebe

“A coisa tá feia, a coisa ta preta…Quem não for filho de Deus,”, e nem Tucano, “tá na unha do capeta.”.

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