Jair de Souza: Sobre ecologia e neocolonialismo

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Geopolítica da Amazônia – Debate sobre ecologia e neocolonialismo

Tradução do vídeo de Jair de Souza

Esta é uma conferência que deveria ser vista por todas as pessoas que, de boa fé, lutam em defesa da natureza, contra sua destruição.

Ocorre que, muitas vezes, essas pessoas altruístas acabam por servir os interesses dos maiores destruidores de vida no planeta: as grandes corporações capitalistas.

Como nos revela Álvaro García Linera, existem planos concretos dos países imperialistas e neocolonialistas (da América do Norte e da Europa) para arrebatar o controle da Amazônia. Para levar avante este propósito, fazem uso dos serviços de muita gente (especialmente jovens) que, sem se darem conta, acabam servindo de ponta de lança dos planos mais sórdidos do grande capital multinacional.

Portanto, é de muita importância refletir sobre as revelações presentes neste vídeo, É fundamental que cada militante de uma ONG se pergunte algumas coisas: Qual é o país sede da mesma? Qual é a fonte prinipal de recursos financeiros que sustentam suas atividades? Qual é a visão imperante nesta ONG sobre a soberania dos países do Terceiro Mundo e sobre seus recursos naturais?

Quem sabe se, tão somente com estas poucas indagações, muitas mentes possam ser iluminadas.

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Comentários

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Felipe Melo

Impressionante como as teorias conspiratórias podem ser manipuladas e servir a qualquer luta. Kátia Abreu também reclama da presença da ONGs como se fossem uma coisa só. O que nos resta é um discurso idiota que opõe consevação e desenvolvimento, servindo sempre a interesses excusos.

adriana sampaio

Azenha e pessoal do Viomundo, tem um militar (não pode fazer isso) convocando as pessoas para a marcha da família com deus dia 22 de março em todas as capitais. Dizendo que uma intervenção militar não seria golpe. É assustador. Vejam está numa tal de tv revolta no facebook. Por favor avisem as autoridades.

Marcos

Trabalho com vários colegas, informados, bem intencionados e de esquerda. A maioria deles é contra as usinas hidrelétricas e alguns lamenta a existência do pré-sal!

francisco.latorre

conspiração. não é teoria.

é prática. milenar.

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FrancoAtirador

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“Assim se passou o tempo que me foi dado viver sobre a Terra”
(Bertold Brecht; Aos que Virão Depois de Nós)

02/09/1999

A DESNACIONALIZAÇÃO DA AMAZÔNIA

“Terras, minérios, potencial energético, madeiras, florestas, biodiversidade… O coração da Amazônia foi entregue com todas as suas potencialidades por Fernando Henrique Capachoso [PSDB] aos inimigos do país”,
devemos então conclamar à mobilização patriótica contra a internacionalização desse imenso e rico patrimônio, que concentra um quinto da água doce e um terço das florestas tropicais do planeta.

O tema e o assunto são antigos.

Porém, a cada tempo que passa, a cada dia que corre, a desnacionalização da Amazônia se acentua fortemente.
Esta região é riquíssima em terras agricultáveis, em florestas com reservas imensas de madeiras nobres, em minérios – os mais importantes do mundo -, recursos hídricos, vegetais medicinais e assim por diante.

Mas tudo continua e está indo de embrulho, e caminha de roldão para o capitalismo internacional e colonialista, para as empresas multinacionais, para os de fora, que vêm aqui explorar este nosso país com a complacência de maus brasileiros, de nossos lacaios despudorados.

A Amazônia é hoje, mais do que nunca, o paraíso dos estrangeiros e os brasileiros que lá vivem, e até vegetam, não passam de mendigos sentados às margens das minas de ouro e outros metais preciosos, olhando o faiscamento, o brilho, a riqueza do ouro e dos minérios e de nada, absolutamente nada, podendo usufruir. Se constitui no latifúndio do solo e do subsolo, e neste as empresas multinacionais detêm alvarás de exploração: maioria absoluta de todas as áreas de mineração da região amazônica.

Com a privatização da Vale do Rio Doce, cerca de 80% dos minérios passaram para os alienígenas.
E diga-se desnacionalização, porque o senhor Benjamim Steinbruch é um mero fantoche das seguintes multinacionais que dominam a Vale:
CSN Steel Corporation e o Banco norte-americano Nations Bank, ambos com sede nas Ilhas Cayman.
Também ajudaram com dólares o Citibank, o J.P. Morgan e até o mega especulador, o senhor George Soros, através do Fundo Quantum Industrial Partners, no qual trabalhava o senhor Armínio Fraga [PSDB], antes de ir para a chefia do Banco Central.

E assim, juros e lucros vão-se embora, com a bomba de sucção.

Com a entrega da Vale, perdeu o Brasil as maiores jazidas de minério de ferro do mundo, cobre, manganês, estanho, alumínio, etc.

Para os EUA, foi um grande negócio ter as suas companhias formadas por verdadeiras quadrilhas dentro da Amazônia.
Recebem os minérios do jeito que gostam, pois não os possuem e importam o que consomem:
98% do manganês, 91% do alumínio, 91% do cromo, 82% do
estanho, 70% do níquel, 57% do zinco, 52% de tungstênio e 48% do ferro.

Pirataria e sangue

A derrocada foi quase total.

Antes disto tínhamos a seguinte situação numa seqüela de pirataria e sangue com a intervenção das multinacionais no setor mineral brasileiro:

1 – Antes da usurpação da Vale os grupos econômicos detinham a “fatia do leão” e possuíam 65% do loteamento do subsolo.
A divisão era a seguinte: grupos estrangeiros 400.292 Km2 (38%), grupos privados nacionais 368.690 Km2 (20%) e grupos nacionais estatais, 284.418 Km2 (27%) – onde a Vale atuava e que, como já acentuado, foram de embrulho.
O que quer dizer que os grupos estrangeiros controlam uma área bem superior a todos os estados do leste e do sul. É de se notar que a classificação de grupos econômicos se deu pela origem do controle do capital, o que permite ainda que várias empresas com participação majoritária nacional, mas com participação efetiva de multinacionais, sejam consideradas nacionais, o que na prática não ocorre porque o poderio econômico e político das multinacionais acaba por impor seus interesses nestas empresas.
Como exemplo temos as Minas da Serra Geral S.A., com a participação da japonesa Kawasaki Steel que detém 41% e outras consorciadas com a Vale.
Tudo agora virou empresa estrangeira, como é o caso da Caemi, de propriedade do grupo dos sucessores de Azevedo Antunes, que é uma associação com outras empresas internacionais, inclusive com a Bethelem Steel.

2 – No final dos anos 80, constatou-se, através de pedidos de pesquisa e alvarás, e concessão de lavras existentes no Departamento Nacional de Produção Mineral, que 60.720 áreas distintas do subsolo brasileiro estavam reservadas sob as mais diferentes formas acima enunciadas.
Isto corresponde a 1.624.555 Km2, ou seja, 19% do território brasileiro ou o equivalente a região centro-oeste, duas vezes a região sudeste.
E na Europa, às áreas juntas da Alemanha, França, Inglaterra, Portugal e Espanha.
É de se frisar, novamente, que são números antes da passagem da Vale do Rio Doce para mãos estrangeiras.
Continuamos na tese que é tese real: 80% deste tipo de armação é de estranhos.
São dados e números para a região amazônica propriamente dita.

3 – Analisando-se a empresa dominante, a maior delas, a British Petroleum, veremos que até fins de 1980 conseguiu deter uma área de subsolo do território brasileiro – quase inteiramente na Amazônia-, de 192.958 Km2 ou seja, o equivalente às extensões do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina e de Sergipe.
Uma área tão grande quanto a Inglaterra.
Para a obtenção de todas estas mutretas veremos mais: a fraude é generalizada.
Apesar da enorme benevolência legal, a British Petroleum criou mais 100 empresas fantasmas ou de papel para chegar associada à multinacional Brascan a 4.641 áreas.

4 – Outras multinacionais na região:

a) no Vale dos Trombetas: Alcan, Shell-Billington, Reynolds, Nacional de Alumínio (espanhola), para o alumínio. A Alcan também tem enormes reservas, e aqui serão anotadas as maneiras como as adquiriu;

b) no Vale dos Tapajós, que é o responsável pela produção de 50% do ouro do Estado do Pará.
É uma verdadeira mixórdia com estrangeiros por todos os lados e, inclusive agora, com o National Banks, principal sucessor da Vale do Rio Doce;

c) no Vale do Xingú, que é tão promissor quanto a Serra dos Carajás, lá estão a Rhodia – para a exploração de cassiterita (estanho) – e a Inco que controla e explora o níquel;

d) no Amapá, a Icomi, já mencionada, explora até a exaustão o manganês e o cromo, enquanto as grandes reservas de ouro estão divididas entre os grupos japoneses Yukio Yoshidon e pela Mineração Novo Astro S.A. no município de Calcoene. O grupo oriental detém 75%;

e) em Roraima existe ocorrência de minerais radioativos como urânio e tório que estão em áreas multinacionais;

f) finalmente, na Serra dos Carajás, realmente o lugar mais rico do mundo, onde existem todos os minérios do globo que foram engolfados pelos grandes trustes e cartéis internacionais.

Só com relação ao Estado do Pará, as multinacionais possuem atualmente 231.000 hectares em alvarás de pesquisa e 37.000 hectares em decretos de
lavra.
No norte de Mato Grosso, que também abrange a Amazônia, pois está na chamada Amazônia Legal, 31.000 hectares em pesquisa; em Rondônia, 358.000 hectares em alvarás e 40.500 hectares em decretos de lavra.

Isto tudo sem mencionar o que tinha a Docegeo que é o setor da Vale nesta questão de alvarás e decretos de lavras. O Docegeo foi embora junto com a Vale.

Fica perfeitamente provado que os estrangeiros mantêm verdadeiramente o latifúndio do subsolo da Amazônia.

É de se citar novamente a história aqui já levantada: as multinacionais, de forma fraudulenta, em larga escala, conseguem alvarás de pesquisa e concessão de lavra para simplesmente caírem em cima das jazidas, escondê-las e reservá-las.
E mais: os trustes que operam ou que pretendem operar na Amazônia possuem com grande perfeição, melhor do que qualquer nacional, os mapas completos de jazidas e minas.

Por mais que as forças vivas da nação, as correntes democráticas, nacionalistas e populares lutem e combatam, não conseguem barrar a sanha voraz dos trustes e cartéis (que atualmente tem o nome pomposo de multinacionais) e estes são ajudados e impulsionados pelos maus brasileiros, que são os seus testas-de-ferro, incrustados na maioria das vezes no próprio governo.

O caso da Vale do Rio Doce foi o maior crime que se praticou contra a Amazônia e, consequentemente, contra o Brasil.

Testas-de-ferro

A Vale do Rio Doce foi adquirida em podre leilão, por preço vil, não por firma nacional, pois se constituiu numa companhia composta majoritariamente – e debaixo do pano – por alienígenas e testas-de-ferro locais sob a denominação bombástica de Sweet River.

Com relação ainda à Vale do Rio Doce é de se acentuar que por ocasião de sua nefanda desnacionalização, 103 juízes de direito, juízes livres, competentes, inteligentes e legalistas, de Comarcas de diversos locais do Brasil, concederam liminar contra a venda.

Só que o senhor Demócrito Reinaldo, do Superior Tribunal de Justiça [STJ], sem pudor, sem critério e sem nada, derrubou todas elas, porque havia sido nomeado anteriormente pelo senhor Marco Maciel [ex-PFL, hoje DEM], vice presidente da República, e como um simples capacho não poderia contrariar o seu amo e senhor. {!!!]
Pagou assim, com a vergonhosa decisão, a nomeação.

Existem pouquíssimos anteparos com relação ao truncamento de desejos malfadados de desnacionalização na Amazônia.
Podemos citar a concessão de liminar contra o leilão das jazidas de nióbio localizadas nos confins do norte do estado do Amazonas, na região de Uapés ou dos Sete Lagos, que valem, medidas pelo próprio CPRM, um órgão governamental, um trilhão de dólares.

Em ação popular (http://migre.me/i65uI) que propusemos perante a 15ª vara da Justiça Federal, sob nº 1997-3400029392-6 em Brasília, acabou-se com a mutreta, pois o preço estipulado no prevenido leilão era o valor ridículo de três veículos BMK – e este se destinava a endereço certo ou seja, a Union Oil Molicorp, monopólio mundial do setor.
Aí o governo federal desistiu do desejo e o processo de doação foi arquivado.

Pessoas físicas e jurídicas nacionais (inclusive bancos) e internacionais que nada têm a ver com a produção agrícola possuem grandes latifúndios de terras na Amazônia e os seguram aguardando valorização, construção de estradas próximas ou pedido ao Incra para desapropriação através de super avaliação.

Cambalacho

O caso mais típico de cambalachos na Amazônia ocorreu com o célebre Jari, do controvertido especulador norte-americano, senhor Daniel Keith Ludwig, que quando foi embora recebeu avantajada importância do governo brasileiro a título – vejam só – de indenização.
Este flibusteiro moderno chegou até a ganhar dos donos do poder de então, imensas jazidas de alumínio em Trombetas, Estado do Pará, a preço de ninharia e depois as repassou para a Alcoa, embolsando alguns bilhões de dólares.
Com dificuldades, pois o senhor Ludwig não tinha capacidade alguma, o projeto Jari passou para empresários brasileiros e agora fala-se com insistência que irá ser cedido às multinacionais americanas.
A área de Jari, segundo seus informantes, é de 3.500.000 ha., porém 70% foi grilada ou arranjada através de truques cartorários e nunca teve mais do que 5% de aproveitamento.
É o maior latifúndio do mundo.

A Amazônia é foco de contrabandistas que contam com pistas de pouso clandestinas que levam dolosamente para fora do país mais da metade do ouro aqui produzido e levam também minérios mais ricos e raros, e pedras
preciosas.

No que concerne à biopirataria, esta existe e se difunde na Amazônia e deve ser reprimida e combatida.
O problema ainda não ganhou a devida e completa notícia na chamada grande imprensa nacional.

A Chanel, conhecida fabricante francesa de perfumes, está contribuindo para a extinção do pau-rosa, pois o óleo da mesma é extraído desta árvore.

Uma outra organização internacional de nome Selva Viva, fundada por um cidadão suíço de nome Ruediger Von Renighaus, está vendendo dados sobre raízes, cascas e sementes de árvores e plantas menores às indústrias farmacêuticas estrangeiras e por isto está sendo processada.

Indígenas e caboclos são acusados de fornecerem informações privilegiadas sobre o assunto.

E os repasses são feitos mormente a grandes empresas farmacêuticas internacionais como Ciba-Geigy, Hoechst, Sandoz, Lilly e Johnson & Johnson.

Os casos aqui apontados se somam a numerosas outras denúncias, algumas já comprovadas e, objetivo de processos penais, ainda muito tímidos.

O estado do Acre é hoje o centro de repressão à biopirataria e sua Assembléia Legislativa aprovou lei de proteção à biodiversidade, impondo duras condições para o acesso de estrangeiros na floresta amazônica.

Esta legislação, que deve ser aplicada e não ficar apenas no papel, tem que impor o fim do neocolonialismo, que não traz nenhum benefício à região.
A senadora Marina Silva [PT], do estado do Acre, tem se esmerado também com discursos e propostas firmes para livrar a Amazônia deste novo tipo de invasão.
O saque sobre a Amazônia é completo e se acentua em outros ramos e setores.

Um aspecto em particular merece atenção especial e análise detalhada. É o avanço maluco e de rapinagem de madeiras de outras nações sobre nossas florestas.
Exploram irracionalmente e exportam sem atender regras e às vezes até com
isenções fiscais.
As madeiras que faltam para construir casas aos nossos trabalhadores, sobram para idêntica finalidade nos países da Europa Ocidental e Japão.

O desmatamento feito por agricultores e pecuaristas que tanto se fala, ainda é pequeno diante dos realizados pelas madeireiras internacionais, sem regras, sem condições, sem observação de nada. E vem de longe.

Multinacionais asiáticas

A partir de 1997, aportaram na Amazônia poderosas empresas asiáticas que detêm 80% do comércio mundial e desmatam a mais não poder os locais que enfiam suas garras.
Primeiro invadiram o Suriname e a Guiana, e agora entram na Amazônia.
A invasão asiática, principalmente pela Indonésia e Malásia, e até a Coréia do Sul, tem uma estratégia que está sendo colocada em prática:
comprar grandes propriedades, serrarias e tudo mais do ramo a preços baratos.
Preferem atuar aqui porque encontram facilidades financeiras do governo, mão-de-obra barata, e condições de violar as leis ambientais e trabalhistas.
Antes de 1997, o quadro em anexo retrata a situação das madeireiras internacionais que por volta do final dos anos oitenta já apresentavam situação de privilégio.
Com a chegada dos asiáticos, o domínio e o avanço se acentuou loucamente. A situação ficou estarrecedora.
Tivemos a criação de outros países dentro de um outro, que é o próprio Brasil.
Suas áreas atuais, só das asiáticas, somam 8 milhões de hectares e consta que eles querem chegar a 30 milhões.
Superam-se assim extensões de alguns estados.

As madeireiras citadas não passam pelas anteriores e aqui vieram depois: Carolina (Malásia), MilMadeiras (Suíça) e Gethal (Alemanha).

E quais as asiáticas?

1 – Manasa, recentemente adquirida por Taiwan, com dois milhões de
hectares.

2 – Amaplac S/H Indústrias de madeira da Malásia, do grupo WTH Organization, que comprou 1,2 milhões de hectares às margens do rio
Jurúa, no município de Caraurai, estado do Amazonas.
Depois comprou mais 30.000 da família Costa Pereira no mesmo município.

3 – Sifk, de Taiwan.

4 – Tiajin, também de Taiwan.

As áreas que adquiriram foi a preço vil: R$ 30,00 o hectare.
Às vezes usam empresas brasileiras de simples fachada.

Devastação

As madeireiras da Malásia detêm 80% do comércio de madeira tropical no globo, tendo devastado todos os locais por onde transitaram.
Não respeitam leis ambientais, de reposição e a extração que fazem é sempre irregular.

As quatro empresas acima citadas já foram multadas e de nada acaba adiantando, pois outras são aplicadas e nunca cobradas como se deve.
E ademais usam métodos arcaicos e incorretos, com um processamento errado, em que o desperdício da tora da árvore chega a 70%.
Para cada árvore abatida são danificadas outras 30.

Antes dos asiáticos existiam na Amazônia mais de 80 empresas madeireiras, a maior parte estrangeira sendo destas, 60 exportadoras.

Um caso recente e mais típico de exploração e roubo é o da Eco-Brasil Holanda Andirá, filial do grupo holandês Eco Direct Niderlang B.V., cujo principal dirigente aqui no Brasil foi um tal de Mr. Gerard Laurentius Joseph Bartels, inclusive ex-cônsul da Holanda no Brasil.
Este madeireiro desobedeceu a legislação e não fez manejo florestal, ficando até sob ameaça de prisão.
A sua madeireira possui 72,6 milhões de hectares de terra a 400 quilômetros de Manaus, no município de Barreirinhas, na margem esquerda do rio Andirá, e pretendia expulsar 300 famílias de pequenos proprietários que viviam nas divisas das terras da sua empresa.
A gestão de Mr. Bartels foi desastrosa.

Muitas madeireiras internacionais que atuam no estado do Amazonas sonegam vergonhosamente o pagamento do Imposto Territorial Rural declarando áreas inferiores ao que realmente possuem.
Entre estas é de citar:
Amplac Indústrias de Madeiras (Malásia), Madeiras Compensadas da Amazônia (Taiwan), Cifec Madeiras, Indústria e Comércio (Taiwan), Carolina Indústria de Madeiras Tropicais (Malásia) e Eco-Brasil Holanda Andirá (Holanda).
Só entre estas consta diferenças de mais de 200.000 hectares e temos mais ainda: Nada consegue parar a ação das madeireiras…

*Leia mais sobre ‘Desnacionalização do Brasil’ no livro “BRASILINO”, subtitulado “O QUE É NECESSÁRIO SABER SOBRE UM DIA NA VIDA DE BRASILINO”,
de João Batista Berardo (Thesaurus, 1ª edição, 1987, 166 páginas).
Resenha em: “A volta de Brasilino”, na edição nº 345 do jornal Tribuna da Luta Operária (25-31/01/1988; página 5).

(http://grabois.org.br/admin/arquivos/arquivo_34_1176.pdf)

    FrancoAtirador

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    Reforma Agrária Já – PT-Diretório Regional São Paulo – Abril de 1997

    No ‘Quinzena’ nº 249 – 30/04/1997

    Quem são os donos da terra no Brasil?

    Grupo industrial estrangeiro Manasa/Cifec é o maior proprietário de terras no país

    O Brasil tem uma extensão territorial de 850 milhões de hectares (ha.)

    Segundo levantamento realizado em 1986, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), deste total somente 600 milhões se encontram cadastrados pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).

    Isto porque, da totalidade do território nacional, muitas áreas são ocupadas por rios, lagos, estradas, cidades.
    Das terras que estão cadastradas pelo lucra, 250 milhões são devolutas, pertencentes ao Estado.

    As áreas ocupadas por latifúndios, grandes extensões de terras, algumas produtivas e outras não, somam 285 milhões de hectares, o equivalente a 45% do total de terras do país, que estão cadastradas

    Um enorme território, se levarmos em consideração que está concentrado nas mãos de uma minoria de proprietários, radicados nas grandes cidades.

    Enquanto que as pequenas propriedades – aproximadamente 100 milhões de hectares pertencem a uma parcela maior de pessoas, e esta sim mora e trabalha efetivamente no campo.

    Analisando agora com mais detalhes, o recadastramento feito pelo Incra/SNCR (Secretaria Nacional de Cadastro Rural) em 1992, podemos perceber o grande contraste da estrutura fundiária no país.

    Só para se ter uma idéia, 2,337 milhões de propriedades (com áreas de até 50 ha) representam ao todo 35 milhões de hectares;
    enquanto que apenas 75 propriedades (com áreas acima de 100 mil ha) são donas de 24 milhões de hectares de terras no país.

    Porém, tal análise refere-se somente a um aspecto do contraste que cerca a distribuição de terras no país.

    Outro fator não menos desprezível diz respeito aos grupos econômicos que concentram grandes extensões territoriais. Conforme cadastro, de 1987, do Incra, o maior proprietário de terras no pais possui uma área de 4.160.658 hectares, das quais somente 51.222 são produtivas.

    Estamos falando da Manasa/Cifec, grupo industrial estrangeiro.

    Em seguida, temos a Aplub (*), do setor financeiro, com 2,279 milhões de hectares de terras, e, destas, apenas 900 ha utilizadas para produção.

    Somente em quarto lugar é que aparece um representante do setor agropecuário, propriamente dito, o Cotriguaçu, proprietário de 1.611.757 ha, sendo que, deste total de área, nenhuma é utilizada pela empresa.

    Foram destas contradições gritantes, muita terra na mão de pouca gente, que emergiu a luta dos trabalhadores rurais sem-terra, excluídos do campo e da cidade, que hoje marcham, de vários pontos do país, rumo a Brasília em busca de Terra, Trabalho e Cidadania.

    (http://www.cpvsp.org.br/upload/periodicos/pdf/PQUINSP041997249.pdf)
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    (*) 17 de Setembro de 2013
    Cypress

    Aplub confirma venda das suas unidades de capitalização e previdência para a Capemisa

    A CAPEMISA Seguradora de Vida e Previdência S/A, que tem presença nos segmentos de Previdência e Seguros de Pessoas, e a APLUB – Associação dos Profissionais Liberais Universitários do Brasil, com forte atuação no mercado de Capitalização, que operam há mais de cinco décadas, pretendem unir forças para atuar melhor nestes mercados.

    A aquisição por parte da Capemisa, que foi submetida ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE e à Superintendência de Seguros Privados envolve a APLUB Previdência, a APLUB Capitalização, a APLUB Agroflorestal e demais empresas controladas, e pelo lado da CAPEMISA, a Seguradora e a Sociedade de Capitalização.

    A Fundação APLUB de Crédito Educativo – FUNDAPLUB não integra o acordo firmado.

    Concluída a negociação, o Grupo contará com ativos totais da ordem de R$ 2 bilhões, faturamento anual de R$ 1 bilhão e 500 milhões, patrimônio líquido de R$ 1 bilhão e mais de 12 milhões de clientes.

    (http://www.cypressassociates.com.br/noticias/aplub-confirma-venda-das-suas-unidades-de-capitalizacao-e-previdencia-para-a-capemisa)
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    Mário SF Alves

    “Só para se ter uma ideia, 2,337 milhões de propriedades (com áreas de até 50 ha) representam ao todo 35 milhões de hectares;
    enquanto que apenas 75 propriedades (com áreas acima de 100 mil ha) são donas de 24 milhões de hectares de terras no país.”

    _________________________________
    A isso dava-se o nome de concentração fundiária. Neste caso, algo tendente pra o absoluto no Índice Gini.
    ______________________________________________

    Entre nós a expressão reforma agrária ainda é sacrilégio. Quão diferente da realidade encontrada nos países falidos pelo neoliberalismo e que um dia dia foram considerados países desenvolvidos.

    Mário SF Alves

    “Com a entrega da Vale, perdeu o Brasil as maiores jazidas de minério de ferro do mundo, cobre, manganês, estanho, alumínio, etc.

    Para os EUA, foi um grande negócio ter as suas companhias formadas por verdadeiras quadrilhas dentro da Amazônia.
    Recebem os minérios do jeito que gostam, pois não os possuem e importam o que consomem:
    98% do manganês, 91% do alumínio, 91% do cromo, 82% do
    estanho, 70% do níquel, 57% do zinco, 52% de tungstênio e 48% do ferro.”
    _____________________________________
    Diante disso, imagine se ao poder hegemônico interessaria a eclosão, o vir-a-ser, de um Brasil soberano, um Brasil desenvolvido. Considere o que já fizeram e imagine o que serão capazes de fazer para evitar que esse mundo de riquezas seja repartido com o povo brasileiro.

Fabio Nogueira

Impressionante. Mais interessante do que o velho medo de ONGs (de que também falam pessoas como Kátia Abreu, Ronaldo Caiado e velhos generais) foi a fala do vice da Bolívia a respeito do que fizeram para garantir a presença nacional nos locais onde o Estado boliviano sempre foi ausente (antes de Evo Morales).
Ele listou (+ou- aos 58 minutos):
– diminuição do tamanho das propriedades, acabando com os latifúndios;
– intensa demarcação das terras indígenas;
– tomada do Estado das mãos dos ruralistas e coronéis, passando a administração dos equipamentos públicos aos indígenas e aos camponeses;
– rompimento com a lógica do Estado ser apenas um prolongamento do poder dos latifundiários/ruralistas.

Se seguirmos essas prioridades de ação para que a ocupação da Amazônia seja feita pelos povos até então explorados, e não mais pelos exploradores locais de indígenas e camponeses, temos o seguinte no Brasil:

– empoderamento econômico do latifúndio;
– intensa ofensiva contra a demarcação de terras indígenas e quilombolas chegando a sua atual completa paralisação;
– empoderamento político dos ruralistas e dos coronéis (ex: Kátia Abreu, Blairo Maggi, família Sarney, Jader Barbalho, Renan Calheiros, Luiz Carlos Heinze…), que formam a mais poderosa bancada do Congresso Nacional e mantêm-se eternamente mandatários locais;
– absoluta dependência da produção de latifúndios monocultores para o fechamento das contas do país e da conta final do PIB.

Assim, se as práticas dos governos recentes do Brasil vêm ponto a ponto se contrapondo ao que a Bolívia vem fazendo para o povo – na verdade, fazendo exatamente o oposto – fica uma enorme dúvida em relação ao caminho que estamos tomando.

Muito bom o alerta que Jair de Souza nos faz.

Mário SF Alves

Ao Jair de Souza, como forma de agradecimento e homenagem:

Fernando

Espero que não venham dizer que o seringueiro caboclo Chico Mendes, fundador do PT no Acre, era um agente do imperialismo.

    Marcos

    Bem intencionado e lutou mesmo pelos povos da floresta contra grandes donos de terra, mas é claro que foi utilizado por interesses internacionais, isto foi muito bem explicado na palestra.

Caracol

Muito obrigado, Jair, por seu magnífico trabalho.
Abraço.

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