Contra a depressão, “use” atividade física regularmente

Tempo de leitura: 3 min

por Conceição Lemes

Mens sana in corpore sano –mente sã em corpo são. Vocês já leram ou ouviram em latim ou português essa célebre máxima. É do poeta romano Juvenal (60-130 d.C), que, para criá-la, recorreu aos manuscritos de Hipócrates (460 a 377 a.C). Muito lá trás, o Pai da Medicina antevia o que a ciência só recentemente demonstrou.

“A atividade física beneficia não apenas a saúde física, a mental também”, afirma a psiquiatra Laura Helena Andrade, responsável pelo Núcleo de Epidemiologia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas e professora colaboradora da Faculdade de Medicina da USP. “Está comprovado que ela é eficaz tanto na prevenção quanto no tratamento da depressão.”

Mas antes de ter mais detalhes, é importante saber que a depressão é uma doença comum. Hoje em dia, basta juntar dez mulheres, e terá esta “foto”: duas a três têm, tiveram ou terão o problema. Em caso de dez homens, um a dois aparecerão no “filme”.

O retrato é mundial. A depressão afeta 20% a 30% da população adulta. Segundo pesquisa da Universidade de Harvard, as doenças mentais causam metade dos 1,3 bilhão de dias/ano de afastamentos do trabalho nos Estados Unidos, sendo a depressão a principal responsável. Quadro semelhante ocorre entre os funcionários do Hospital das Clínicas de São Paulo: 45% das licenças médicas devem-se à depressão.

Ela provoca prejuízos duros e doídos. As perdas vão desde dias de trabalho, emprego, bom humor, qualidade de vida e alegria de viver até fim de relacionamentos. Tem mais. Ninguém está livre de ter uma crise um dia.

Logo, prevenir a depressão interessa a todas e todos. Pesquisas de longo prazo demonstram que a atividade física evita o aparecimento de sintomas depressivos em jovens, adultos e idosos, além de melhorar o humor e o bem-estar. Parece ainda reduzir o risco do Mal de Alzheimer e demência senil no futuro. Já em quem tem depressão, ajuda no tratamento.

“É um recurso adjuvante à medicação (os antidepressivos) e à psicoterapia”, salienta a doutora. “Os resultados surgem seis a oito semanas após o início dos exercícios regulares.”

Outra grande vantagem é diminuir as recaídas. Quem tem um episódio depressivo, tem 50% de risco de apresentar um segundo. Se dois, a probabilidade de um terceiro sobe para 70% a 80%. Em caso de três, o perigo de outras crises ultrapassa os 90%. Conseqüentemente é vital investir na prevenção de novas crises. É a chamada prevenção secundária.

Conclusão: os exercícios funcionam – mesmo! — na depressão. O que a ciência ainda não desvendou totalmente são os mecanismos que propiciam tais ganhos. Aparentemente, eles aumentam a liberação pelo cérebro de substâncias, como a serotonina (melhora humor e bem-estar) e as endorfinas (aliviam tensão e ansiedade).

Agora, para conquistá-los, há uma condição: a atividade física tem que ser regular. O ideal, quatro a cinco vezes por semana durante meia hora. Vale o que você preferir ou estiver ao seu alcance: caminhada, corrida, esteira, bicicleta, natação, exercícios com pesinhos, dança, ioga.

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Tanto que a doutora Laura prescreve a todos os meus pacientes. Àqueles saudáveis, sem doenças, é sugestão, visando proteger-lhes mais a saúde mental e física. Já para quem tem depressão, é “remédio” obrigatório, que complementa os antidepressivos e/ou a psicoterapia. Potencializa, inclusive, os efeitos de ambos.

A depressão é problema de saúde como outro qualquer. No Brasil, atinge cerca de 20 milhões de pessoas. Quanto mais precoce o diagnóstico e o tratamento, menor o risco de voltar. Portanto, se você se sente triste ou infeliz, sem esperança no futuro, com vontade freqüente de chorar, atenção: talvez seja “ela”. Não se envergonhe, busque ajuda logo.

E mexa-se– sempre! Ninguém está livre de ter uma crise depressiva. Sua cabeça e seu corpo só lucrarão.

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Comentários

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Mariana

E viva a serotonina e a endorfina!!
Para mim o melhor é começar o dia praticando exercícios, o dia todo fico mais alegre e bem disposta!

maria

Gostaria de sugerir um post: " O preconceito da classe médica, com exceções, pelo paciente que têm depressão" Já fui vítima de discriminação e conheço pessoas que já passaram pela mesma situação. Chega a ser um paradoxo, visto que pela OMS, o maior número de suícidios está exatamente entre a classe médica. Você vai à uma consulta e quando diz que tem depressão, alguns médicos já ficam reticentes e outros chegam a ser desrespeitosos. Mente e corpo são um só, o desequilíbrio mental afeta o físico e vice-versa. Infelismente, alguns médicos são muito mal preparados chegam a ser egocêntricos. Mais humildade e conhecimentos gerais a respeito não só da medicina como um todo, mas de valores humanos, pelo médico, traria mais eficiência ao mesmo e maior segurança ao paciente.
att.
eu e muitos tantos que já passaram pela mesma situação.

    Conceição Lemes

    Maria, acho ótima a ideia. Vc tem razão. Abordaremos isso logo, logo. beijo

ruypenalva

Se for uma deprê exógena, até que minora, mas se for endógena, por baixa de transmissores (dopamina, serotonina, catecolaminas), aí só remédio e conversa. Fora da psicofarmacologia só vejo um grande remédio para depressão: Sexo. Mas na terceira idada só sexo não resolve, precisa sexo, dinheiro, prestígio, sexo e uma dosezinha de antidepressivos.

    Almerindo

    Ruy, concordo PLENAMENTE com você a respeito da importância GIGANTESCA do sexo para tratar a depressão, e não entendo como especialistas NÃO recomendam abertamente sexo como um ótimo tratamento… INACREDITÁVEL. Inclusive acho que deveriam escrever matérias mostrando a importância do sexo neste campo também, já que as pessoas são extremamente ignorantes ainda neste campo, chegando até a se separar por falta dele, JUSTAMENTE ele que poderia ajudá-los tanto…

O Brasileiro

Conceição Lemes,
Sugiro uma discussão sobre o artigo do link abaixo, sobre os custos do sistema de saúde. http://economia.ig.com.br/empresas/comercioservic
É algo sobre o qual todos pagam, e sobre o qual há pouca discussão. Muitas vezes são solicitados exames desnecessários e repetidos, ou usados medicamentos desnecessários, sujeitando os usuários aos efeitos colaterais.

P.S.: Existe um livro interessante sobre depressão, "O demônio do meio-dia". Acho que o autor é um jornalista americano. Ajuda as pessoas que nunca tiveram depressão a entender as pessoas que têm.

O Brasileiro

Conceição Lemes,
Sugiro uma discussão sobre o artigo do link abaixo, sobre os custos do sistema de saúde. http://economia.ig.com.br/empresas/comercioservic
É algo sobre o qual todos pagam, e sobre o qual há pouca discussão. Muitas vezes são solicitados exames desnecessários e repetidos, ou usados medicamentos desnecessários, sujeitando os usuários aos efeitos colaterais.

P.S.: Existe um livro interessante sobre depressão, "O demônio do meio-dia". Acho que o autor é um jornalista americano. Ajuda as pessoas que nunca tiveram depressão a entender as pessoas que têm.

    Conceição Lemes

    Brasileiro, já ouvi falar desse livro. Foi dito isso. Vou lê-lo. Até porque nós vamos abordar mais profundamente este tema daqui alguns meses. Uma pesquisa importantíssima foi feita aqui no Brasil e tão logo a pesquisadora termine de "digerir" todos os dados, vamos fazer uma entrevista com ela. E aproveitaremos para discutir o assunto. Anotei também a sua sugestão sobre os custos do sistema de saúde. Aí, vc fala do sistema público, certo? Nos planos de saúde, vc vê o contrário. Cada vez mais há restrição de exames. Ás vezes o´paciente de um mais sofisticado, tem direito e o plano de saúde nega, posterga, faz o médico colocar n justificativas. Isso sem falar que, às vezes, o médico, não pede por já estar enquadrado pelo plano de saúde. Obrigadíssima pelas sugest~eso. Abs

Marco Aurelio

Gostaria de pedir a ajuda de vocês,meus amigos.Um grande amigo está precisando de alguém compatível para transplante de medula.O nome dele é Sérgio.Por favor,Conceição Lemes,se souber de alguém que possa ajudá-lo eu agradeceria muito:

Engenheiro alagoano precisa de transplante de medula com urgência
Ele é portador de doença rara
http://www.tudonahora.com.br/noticia/maceio/2010/

Maxwell

Eu gostei muito desse texto. Comecei a fazer terapia à quase um ano e sinto que meu humor melhorou. Antes disso eu fazia uso de cápsulas de omega 3, pois havia lido que elas ajudam em casos de depressão, mas hoje eu não sinto falta delas. Graças aos incentivos de um amigo, costumo correr perto de casa umas duas vezes por semana, se bem que meu ritmo de exercício se mostra muito irregular.

De dia, quais são os horários mais recomendáveis para se praticar exercícios ao ar livre?

Weber

Resolvi praticar ciclismo em 2005 e desde então não parei mais. Faço os meus treinos regulares 4 vezes por semana e observei uma melhora significativa na minha condição física e mental. Atividade física é um ótimo remédio!

Rosko

Olá!

Quando era jovem, costumava caminhar mais de meia hora até o local de trabalho. Passava por dois morros íngremes na ida e na volta. Isso durou um ano e meio. Também praticava corrida 3 ou 4 vezes por semana num percurso de 8 quilômetros, sempre contra o relógio.

Sempre dispensei o ônibus para ir ao centro da cidade, por exemplo ao cinema. Então lá de novo ia para uma caminhada de 30 minutos de ida e 30 para voltar, quase todos os finais de semana nos anos 80.

Todo esse esforço, somado a uma alimentação sem exageros, álcool muito pouco, consegui adquirir uma boa saúde.
Atualmente estou com mais de 40 anos e apesar de fazer somente caminhadas, tenho uma frequência cardíaca de 50 a 55 bpm e uma pressão 10 X 5. Não tomo remédios, muito menos para resfriados e gripes. E assim pretendo levar até o fim, pois não existe nada melhor do que viver sem dor.

Felicidades..

Gerson Carneiro

Dica boa (e que está "na moda" em todo o Brasil): Corra.

É uma delícia. Comece com caminhadas. Entre em um grupo, participe de corridas. É tão estipulante, e você ainda acaba conhecendo pessoas. É uma atividade relativamente barata (um par de tênis, shorts, e camisa).

Costumo dizer que correr é deixar a depressão para trás. Recuperei meu espírito leve e alegre. Recuperei meu bom humor. Hoje faço parte de um grupo, além de treinarmos toda semana, e de participarmos de corridas, mensalmente realizamos uma caminhada chamada "Caminhada da Lua", 20 quilômetros, à noite, no primeiro final de semana de lua cheia de cada mês.

Adicione qualidade de vida em sua rotina.

Aproveite o incentivo deste post, saia do sofá, e venha viver!

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